RESISTÊNCIA DE ACESSOS DE ALGODOEIRO ORIUNDOS DO BANCO DE GERMOPLASMA DA EMBRAPA ALGODÃO À Planococcus minor MASKELL (HEMIPTERA: PSEUDOCCOCIDAE).

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1 RESISTÊNCIA DE ACESSOS DE ALGODOEIRO ORIUNDOS DO BANCO DE GERMOPLASMA DA EMBRAPA ALGODÃO À Planococcus minor MASKELL (HEMIPTERA: PSEUDOCCOCIDAE). Tadeu Barbosa Martins Silva (Universidade Federal da Paraíba / tadeucb@yahoo.com.br), Cristina Schetino Bastos (Embrapa Algodão), Francisco das Chagas Vidal Neto (Embrapa Algodão), Sebastião Lemos de Souza (Embrapa Algodão), Figueiredo Alexandria Júnior (Universidade Federal da Paraíba) RESUMO - A cochonilha Planococcus minor é uma praga importante de mais de 250 espécies de plantas de importância econômica. Na família Malvaceae, existem registros de ocorrência de P. minor em plantas pertencentes a cinco gêneros, incluindo o gênero Gossypium, do qual o algodoeiro faz parte. Como este inseto foi incluído apenas recentemente como praga do algodoeiro, ainda não existem métodos disponíveis para convívio com o inseto. Este trabalho objetivou avaliar preliminarmente a resistência de acessos do banco de germoplasma da Embrapa Algodão ao ataque de P. minor. Durante a avaliação, três plantas de cada acesso foram selecionadas ao acaso, sendo o número de cochonilhas (adultos + ninfas) contabilizados nos três primeiros ramos a partir do ápice das plantas. Os resultados foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott a p<0,05. O acesso do banco de germoplasma de algodão mais preferido (atacado) por P. minor o CE O acesso CE 4.22.B não apresentou infestação por P. minor, constituindo-se em uma possível fonte de resistência à praga. As cultivares comerciais CNPA 6M, CNPA 7MH, CNPA 5M e BRS 200 foram pouco atacadas pela praga em comparação a outros acessos. Testes adicionais devem confirmar estes resultados preliminares. Palavras-chave: não preferência, cochonilha, resistência de plantas a insetos. INTRODUÇÃO A cochonilha Planococcus minor Maskel (Hemiptera: Pseudococcidae) é uma praga importante de mais de 250 espécies de plantas de importância econômica pertencentes a cerca de 80 famílias e cultivadas na África, Austrália, Ásia e regiões Neárticas, Neotropicais e Orientais (VENETTE e DAVIS, 2004). Entre as culturas atacadas e de maior expressão econômica pode-se citar a banana, citros, cacau, café, milho, uva, manga, batata, berinjela e soja (REDDY e SEETHARAMA, 1997; LIT JR. et al., 1998; REDDY et al., 1999; SANTA-CECÍLIA et al., 2002; VENETTE e DAVIS, 2004). Logo, é considerada como uma praga altamente polífaga, sendo capaz de se alimentar de uma ampla gama de hospedeiros selvagens e cultivados (WILLIANS e GRANARA DE WILLINK, 1992). Na família Malvaceae, existem registros de ocorrência de P. minor em plantas pertencentes a cinco gêneros, incluindo o gênero Gossypium, do qual o algodoeiro faz parte (VENETTE e DAVIS, 2004). A constatação da ocorrência vem sempre acompanhada pela ampla disseminação do inseto, alertando para a possibilidade de que o território brasileiro possa vir a ser infestado indistintamente. Como esta espécie é considerada uma praga de alto potencial de impacto ambiental em países como os Estados Unidos, sendo incluída na lista do Global Pest and Disease Database, sua ocorrência generalizada no território nacional poderá levar a imposição de restrições ao comércio estabelecido com este e com outros países.

2 Nas safras 2005 e 2006 detectou-se ataque de cochonilhas a lavouras de algodão localizadas no sertão da Paraíba (Patos, São João do Rio do Peixe e Itaporanga), na região do brejo paraibano (Campina Grande) e no sertão (Choró) e cariri (Barbalha e Missão Velha) do Ceará, bem como em plantios experimentais de algodão em Recife, PE (J.B. Torres, observação pessoal). O ataque ocorreu de maneira mais intensa na época de baixa precipitação pluviométrica e altas temperaturas (entre final de agosto e final de novembro). Amostras do inseto oriundas das várias regiões de ocorrência foram coletadas e enviadas a especialista para identificação. A espécie foi identificada como P. minor. O material identificado, com os seus dados de coleta, está depositado na coleção da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (FEPAGRO) (BASTOS et al., no prelo). Devido a recente constatação dessa espécie como causadora de injúria significativa ao algodoeiro cultivado no semi-árido nordestino, medidas para convívio e controle da praga ainda não se encontram disponíveis. Logo, este trabalho objetivou avaliar preliminarmente a resistência de acessos do banco de germoplasma da Embrapa Algodão ao ataque de P. minor. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi realizado na estação experimental da Embrapa Algodão localizada em Barbalha CE. Foram avaliados 56 acessos, pertencentes ao banco de germoplasma da Embrapa Algodão, além de quatro cultivares já disponíveis comercialmente (CNPA 6M, CNPA 7MH, CNPA 5M e BRS 200). Durante a avaliação, três plantas de cada acesso foram selecionadas ao acaso, sendo o número de cochonilhas (adultos + ninfas) contabilizados nos três primeiros ramos a partir do ápice das plantas. Os resultados referentes à densidade de cochonilhas por acesso foram submetidos à análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott a p<0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve diferença estatística significativa entre os acessos em relação ao ataque de Planococcus minor (Tab. 1). O teste de média permitiu separar os acessos em três grupos que incluem: muito atacados (agrupados pela letra A), medianamente atacados (agrupados pela letra B) e pouco atacados (agrupados pela letra C) (Tab. 1). Considerando que este tipo de ensaio mede a preferência do inseto em atacar as plantas em condição de escolha (LARA, 1991), outros ensaios dessa natureza devem ser realizados em condição de não escolha, visando avaliar se estes acessos também possuem outros mecanismos de resistência à praga. Adicionalmente, a realização de avaliações em outras condições (safras, locais) conferirá maior confiabilidade aos resultados fornecendo subsídios quanto a seleção de parentais para obtenção de cultivares com resistência à praga. CONCLUSÕES O acesso do banco de germoplasma de algodão mais preferido (atacado) por P. minor foi o CE O acesso CE 4.22.B não apresentou infestação por P. minor, constituindo-se em uma possível fonte de resistência à praga. As cultivares comerciais CNPA 6M, CNPA 7MH, CNPA 5M e BRS 200 foram pouco atacadas pela praga em comparação a outros acessos. Testes adicionais devem confirmar estes resultados preliminares.

3 CONTRIBUIÇÃO PRÁTICA E CIENTÍFICA Considerando tratar-se sobre inclusão recente deste organismo como praga do algodoeiro, não existem nenhum registro de trabalhos na literatura científica a este respeito, sendo, portanto um trabalho totalmente inovador. Os resultados fornecem subsídios para seleção de parentais a serem utilizados na geração de novas cultivares que apresentem resistência à praga.

4 Tabela 1. Densidade (adultos + ninfas) de P.minor ± EPM (erro padrão da média) em diferentes acessos de algodoeiro semi-perene. Acesso Densidade média de P. minor Acesso Densidade média de P. minor CE ,67 ± 35,41 A CE ,00 ± 8,50 C CE ,67 ± 8,97 B CE.4.70.B 10,00 ± 3,05 C CE ,33 ± 5,33 B CE.4.4 9,00 ± 6,56 C CE.4.63.B 40,67 ± 20,00 B CE.4.14.B 9,00 ± 2,52 C CE.4.63.A 38,33 ± 24,11 B CE ,00 ± 0,58 C CE.4.75.B 37,00 ± 12,50 B CE ,00 ± 6,51 C CE.4.21.A 32,00 ± 17,79 B CE ,00 ± 2,31 C CE.4.66.B 28,33 ± 6,96 C CE ,00 ± 2,89 C CE ,00 ± 2,08 C CE.4.18.A 8,67 ± 3,18 C CE.4.31.B 25,00 ± 11,93 C CE.4.12.B 8,33 ± 2,40 C CNPA 6M 24,92 ± 2,05 C CE.4.2.B 8,00 ± 2,65 C CE.4.13.B 21,67 ± 5,78 C CE.4.11.A 8,00 ± 5,69 C CE.4.33.A 20,67 ± 3,18 C CE.4.72.A 8,00 ± 2,08 C CE.4.64.B 19,67 ± 7,31 C CE ,67 ± 3,38 C CE ,33 ± 11,35 C CE.4.3.A 7,00 ± 4,04 C CE.4.2.C 19,00 ± 8,54 C CE ,67 ± 1,20 C BRS ,61 ± 1,79 C CE.4.37.B 5,67 ± 1,45 C CE ,33 ± 6,96 C CE.5.5 5,33 ± 2,60 C CE ,67 ± 6,89 C CE ,33 ± 1,86 C CE.4.2.A 15,67 ± 2,73 C CE ,00 ± 1,15 C CE.4.18.C 15,67 ± 4,98 C CE.4.24.A 4,67 ± 3,71 C CE ,33 ± 6,49 C CE.4.67.B 4,67 ± 0,67 C CE ,00 ± 6,51 C CE.4.11.B 4,33 ± 4,30 C CE ,67 ± 6,17 C CE.4.22.A 3,00 ± 0,58 C CE.4.72.B 13,33 ± 5,49 C CE.4.33.B 3,00 ± 2,52 C CE ,00 ± 6,08 C CE.4.3.B 2,33 ± 1,86 C BRS 7MH 12,58 ± 7,09 C CE.4.31.C 2,33 ± 0,88 C CE.4.14.A 12,33 ± 6,57 C CE.4.32.A 2,33 ± 0,33 C CE ,00 ± 4,36 C CE ,67 ± 0,60 C CNPA 5M 11,00 ± 2,83 C CE.4.22.B 0,00 ± 0,00 C *As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey a p<0,05.

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BASTOS, C.S.; ALMEIDA, R.P. de; VIDAL NETO, F. das C.; ARAÚJO, G.P. de. Ocorrência de Planococcus minor Maskell (Hemiptera: Pseudococcidae) em Algodoeiro no Nordeste do Brasil. Neotropical Entomology, No Prelo. LARA, F.M. Princípios de resistência de plantas a insetos. São Paulo: Ícone, p. LIT JR., I.L.; LIT, C.M.; CALILUNG, V.J. The mealybugs (Pseudococcidae, Coccoidea, Hemiptera) in the Philippines. Philipine Entomologist, v.12, p.29-41, REDDY, K.B.; SEETHARAMA, H.G. Integrated management of mealybugs in coffee. India Coffee, v.61, p.26-28, REDDY, K.B.; BHAT, P.K.; NAIDU, R. Suppresion of mealybugs and green scale infesting coffee with natural enemies in Karnataka. Pest Management and Economic Zoology, v.5, p , SANTA-CECÍLIA, L.V.C.; REIS, P.R.; SOUZA, J.C. Sobre a nomenclatura das espécies de cochonilhas-farinhentas do cafeeiro nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo. Neotropical Entomology, v.31, p , VENETTE, R.C.; DAVIS, E.E. Mini risk assessment passionvine mealybug: Planococcus minor (Malkell) [Pseudococcidae: Hemiptera]. St. Paul: University of Minnesota, p.