PROJETO DE LEI Nº 137/2018 Poder Executivo

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1 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, quinta-feira, 2 de agosto de PRO 1 PROJETO DE LEI Nº 137/2018 Poder Executivo Dispõe sobre a gestão de recursos, a remuneração dos depósitos judiciais utilizados pelo Estado do Rio Grande do Sul, nos termos da Lei nº , de 22 de abril de 2004, e a recomposição do saldo da conta dos depósitos judiciais. Art. 1º A parcela dos depósitos judiciais utilizados pelo Poder Executivo nos termos do 1º do art. 1º da Lei nº , de 11 de abril de 2004, será por ele remunerada na forma que lhe foi originalmente atribuída. Parágrafo único. Fica afastada a aplicação do caput deste artigo para os depósitos judiciais a que se referem o art. 3º da Lei Complementar Federal nº 151, de 5 de agosto de 2015, e art. 101, 2º, incisos I e II, alínea b, e 3º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Art. 2º Ficam cancelados o saldo financeiro da conta no Sistema Integrado de Administração de Caixa, sob o nº 041/1099/ denominada Renda DJ, o saldo do passivo potencial do Recurso 1157, transferindo-se ao Tesouro do Estado, e os empenhos não liquidados à conta do Recurso 1157, do exercício de 2018 e de exercícios anteriores. Art. 3º Fica assegurada dotação orçamentária, com a fonte de recursos Tesouro Livre, ao Fundo de Reaparelhamento do Poder Judiciário, até o limite de R$ ,00 (trezentos e dez milhões de reais), na medida da necessidade, para substituir o saldo do passivo potencial do Recurso 1157, transferido ao Tesouro do Estado, e os empenhos cancelados nos termos do artigo 2º desta Lei. 1º O Poder Judiciário apresentará, para validação da Secretaria da Fazenda, no prazo de até 30 dias a contar da aprovação desta Lei, cronograma de desembolso, cujo prazo não poderá ser inferior a 36 meses, com a demonstração da necessidade dos recursos. 2º Os recursos referidos no caput desta artigo não compõem base para o orçamento. Art. 4º A partir do término do repasse financeiro de que trata o artigo 3º desta Lei, o Estado do Rio Grande do Sul iniciará a recomposição do saldo dos depósitos judiciais utilizados em razão da autorização do 1º do art. 1º da Lei nº /04, da seguinte forma: I anualmente, por 70% (setenta por cento) do montante médio anual pago em razão do disposto no artigo 3º desta Lei; II extraordinariamente, no montante de 3% (três por cento) de superávits financeiros ocorridos no exercício; e III por meio de dotações orçamentárias próprias. Art. 5º Enquanto não for totalmente recomposto o saldo dos depósitos judiciais utilizados pelo Estado do Rio Grande do Sul, nos termos do 1º do art. 1º da Lei nº /04, o Estado efetuará a recomposição do saldo dos depósitos judicias, em até 48 horas, após a comunicação da instituição financeira, sempre que o Fundo de Reserva for inferior a 5% (cinco por cento) ou insuficiente para dar cobertura aos levantamentos. Art. 6º Ficam garantidas, no exercício de 2018, dotações orçamentárias fonte Tesouro Livre ao Fundo de Reaparelhamento do Poder Judiciário, de forma complementar aos recursos obtidos pelo Poder Judiciário em decorrência de eventual cessão onerosa da administração dos depósitos judiciais às instituições financeiras oficiais ou de operação similar, viabilizando execução financeira equivalente à realizada no exercício de 2017, no Fundo de Reaparelhamento do Poder Judiciário, Recurso 1157, como forma de

2 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, quinta-feira, 2 de agosto de PRO 2 sustentar o Fundo transitoriamente, pela perda do recebimento de rendimentos líquidos do Sistema de Gerenciamento Financeiro, instituído pela Lei nº , de 11 de setembro de 2001, e remodelada pala Lei nº , de 24 de setembro de º Para fins desta Lei, entende-se como execução financeira os valores efetivamente pagos. 2º Do valor previsto no caput deste artigo serão descontados os valores executados financeiramente no exercício até a aprovação desta Lei. 3º É vedado ao Poder Judiciário contratar remuneração sobre a parcela utilizada pelo Poder Executivo nos termos do 1º do art. 1º da Lei nº /04. 4º Serão abatidos do montante a ser repassado os valores a serem pagos pelo Poder Executivo relativos à prestação de serviços de advogados designados para atuar como assistentes judiciários de partes beneficiadas pela concessão de justiça gratuita até 05 de março de 2018, para a qual foi emitida certidão pelo Poder Judiciário com fundamento no Ato nº 031/2008-P e alterações posteriores. Art. 7º Os valores repassados diariamente à conta nº , do Banrisul, nos termos do art. 2º da Lei /04, a partir de 6 de março de 2018, serão revertidos ao Tesouro do Estado e serão utilizados para a complementação financeira de que trata o artigo 6º desta Lei. Art. 8º A Lei de Diretrizes Orçamentárias preverá dotações orçamentárias na fonte Tesouro Livre ao Fundo de Reaparelhamento do Poder Judiciário para fins da complementação de que trata o artigo 6º desta Lei, não podendo, em qualquer hipótese, ser superior ao limite estabelecido nesse artigo, e devendo, se for o caso, ser readequadas proporcionalmente na medida do aferimento de novos recursos ao Poder Judiciário, fruto da cessão onerosa da administração dos depósitos judiciais ou de operação similar. Art. 9º O pagamento dos serviços prestados pelos advogados designados para atuar como assistentes judiciários de partes beneficiadas pela concessão de justiça gratuita, nas localidades em que não haja atendimento da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul, será realizado pela Procuradoria- Geral do Estado nos termos desta Lei, conforme regulamento e tabela estabelecidos por Resolução do Procurador-Geral do Estado, ouvida a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Rio Grande do Sul OAB/RS. 1º A designação para atuar como assistente judiciário de partes beneficiadas pela concessão de justiça gratuita deverá recair em advogado credenciado pela Procuradoria-Geral do Estado, conforme regulamento. 2º O regulamento de que trata o 1º deste artigo preverá termo de compromisso a ser firmado pelo advogado credenciado do qual constará a vedação de cobrar, combinar ou receber vantagens e valores de seu assistido, a título de honorários advocatícios, taxas ou outras despesas, salvo honorários de sucumbência, bem como a expressa concordância e renúncia ao excedente com os valores estabelecidos na tabela de que trata o caput deste artigo. 3º O Regulamento de que trata o caput deste artigo poderá dispor sobre o pagamento dos serviços prestados pelos advogados designados para atuar como assistentes em Delegacias, nas localidades em que não haja atendimento da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul. 4º Nas localidades em que houver atendimento da Defensoria Pública, o pagamento de que trata o caput deste artigo somente poderá ocorrer em situações excepcionais, conforme regulamento.

3 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, quinta-feira, 2 de agosto de PRO 3 5º O Poder Executivo garantirá dotações orçamentárias específicas para o pagamento, a partir de 6 de março de 2018, dos valores de que trata o caput deste artigo. 6º Fica o Poder Executivo autorizado a abrir crédito suplementar de R$ ,00 (sete milhões de reais) para o pagamento dos valores de que trata o caput deste artigo. Art. 10. Ficam convalidados todos os atos de Gerenciamento Financeiro dos Depósitos Judiciais praticados até a publicação desta lei, com fundamento nas Leis nº /01, nº /04 e nº /15. Parágrafo único. Inclui-se na convalidação o recebimento, até 05 de março de 2018, dos rendimentos líquidos pelo Poder Judiciário e pelo Poder Executivo, em decorrência do Sistema de Gerenciamento Financeiro instituído pela Lei nº /01, e remodelado pela Lei nº /15. Art.11. Os recursos financeiros repassados pelo Poder Executivo para dar suporte ao cumprimento desta Lei serão obrigatoriamente mantidos pelo Poder Judiciário em conta vinculada ao Sistema Integrado de Administração de Caixa SIAC. Art. 12. Fica autorizado o Poder Executivo a abrir as dotações orçamentárias para o cumprimento do disposto na presente Lei. Art. 13. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. JUSTIFICATIVA A Lei nº , de 11 de setembro de 2001 instituiu o Sistema de Gerenciamento Financeiro dos Depósitos Judiciais pelo Poder Judiciário do Estado do Rio Grande do Sul, estabelecendo, no art. 2º, que os rendimentos líquidos auferidos em decorrência dessa gestão, resultantes da diferença verificada entre os índices fixados por lei para a remuneração de cada depósito judicial e os estabelecidos para o referido Sistema equivalente à taxa praticada pelo sistema centralizado de liquidação e custódia para as Letras Financeiras do Tesouro Nacional LFT - constituiriam item de receita do Fundo de Reaparelhamento do Poder Judiciário - Lei nº 7.220, de 13 de dezembro de 1978-, excetuando os referentes a tributos estaduais. A Lei nº /01 estabeleceu também que os rendimentos líquidos decorrentes do gerenciamento do Sistema Financeiro dos Depósitos Judiciais poderiam ser utilizados para, além das destinações previstas na Lei nº 7.220/78, atribuídas aos Recursos do Fundo de Reaparelhamento do Poder Judiciário, o pagamento da prestação de serviços a advogados designados para atuar como assistentes judiciários de partes beneficiadas pela concessão de justiça gratuita, nas localidades em que não houvesse atendimento da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Sul. A Ordem dos Advogados do Brasil, em 1º de julho de 2003, ajuizou a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2909, a qual foi julgada procedente em maio de 2010, reconhecendo vício de iniciativa legislativa do Poder Judiciário, em razão do disposto no inc. II do art. 96 da Constituição Federal, que lista de modo taxativo as matérias reservadas à iniciativa deste Poder, e competência legislativa privativa da União sobre depósitos judiciais, por se inserir no âmbito do Direito Processual, nos termos do inc. I do art. 22 da Carta da República. Diante do efeito desconstitutivo e erga omnes da decisão proferida, a Procuradoria-Geral do Estado opôs embargos declaratórios, buscando a modulação dos efeitos da decisão, para estabelecimento de efeitos pro futuro. Recentemente em 9 de fevereiro de 2018 foram julgados improcedentes os embargos de declaração, transitando em julgado a decisão em 05 de março de Entendeu o Supremo Tribunal

4 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, quinta-feira, 2 de agosto de PRO 4 Federal que não se faziam presentes os requisitos necessários para a modulação dos efeitos, fosse para a preservação da segurança jurídica ou para o atendimento de excepcional interesse social. Consignou-se no acórdão que não é possível resultar, rigorosamente, hipótese sustentável de qualquer convalidação dos efeitos da Lei do Estado do Rio Grande do Sul e assim desde a sua origem. Cabe, pois, como necessária e incontinenti a correção do quadro sob patologia, ficando eventuais reflexos que daí decorram como providências de responsabilidade e a cargo do embargante. Sob a vigência da Lei nº /01, foram praticados atos pelos Poderes Judiciário e Executivo que demandam, conforme determinado pelo acórdão do Supremo Tribunal Federal, providências do Estado do Rio Grande do Sul, para sanar os reflexos da decisão de inconstitucionalidade e garantir a segurança jurídica. A durabilidade e a permanência da própria ordem jurídica e a legítima confiança na permanência das respectivas situações jurídicas, seja no que tange às relações já estabelecidas ou àquelas necessárias para a manutenção mínima das condições da prestação do serviço pelo Poder Judiciário nos próximos anos, com a continuidade do seu reaparelhamento e satisfação dos compromissos assumidos, demandam o encaminhamento de providências para sanar a crise instaurada em razão do julgamento de inconstitucionalidade da Lei nº /01. De outra sorte, importante ressaltar também que, em decorrência da previsão da Lei nº /01 de que o montante dos rendimentos seria parcialmente utilizado para o pagamento de honorários aos advogados designados para atuar como assistentes judiciários de partes beneficiadas pela concessão de justiça gratuita, o Tribunal de Justiça editou atos regulamentando o procedimento administrativo para se efetivar esse pagamento, estando vigente, no momento da declaração de inconstitucionalidade, o Ato nº 031/2008-P, revogado pela Presidência do Tribunal de justiça após o trânsito em julgado da decisão. Com isso, atualmente, carece de regulamentação o pagamento dos honorários dos advogados designados, gerando prejuízos à população necessitada e à prestação da justiça. Relevante destacar, também, que em 2004 foi publicada a Lei nº /04, que determinou a disponibilização ao Estado do Rio Grande do Sul, pela Instituição Financeira, de 70% dos depósitos judiciais, alargado posteriormente para 85 e 95%, pelas Leis nº /06 e /15, prevendo mecanismos de segurança para a garantia da higidez do fundo para o pagamento dos depositantes após a ordem judicial. Em decorrência da existência, no momento da edição da Lei nº /04, de previsão de destinação para o spread dos depósitos, pela Lei nº /01, hoje declarada nula, o art. 2º da Lei nº /04 estabeleceu que os rendimentos da parte utilizada pelo Estado do Rio Grande do Sul seriam repassados diariamente pela instituição financeira ao Fundo de Reaparelhamento do Poder Judiciário, debitado pela Instituição Financeira em conta disponível do Estado. Dessa forma, a maior parte dos recursos repassados e utilizados pelo Poder Judiciário desde a edição da Lei nº /01 até o trânsito em julgado da decisão de inconstitucionalidade 06 de março de 2018 o foram pelo Tesouro do Estado. De outra sorte, o Estado do Rio Grande do Sul não vem mais utilizando os recursos dos depósitos judiciais, desde janeiro de 2018, e a presente proposta proporcionará a recomposição paulatina do fundo ao longo do tempo. Com as medidas ora previstas, pretende-se estabelecer razoabilidade no cumprimento da decisão de inconstitucionalidade transitada em julgado, garantindo o Reaparelhamento do Poder Judiciário e a continuidade da prestação de serviços pelos advogados dativos. Além disso, fará a correção do quadro de patologia, tendo em vista a utilização desses recursos pelo Poder Judiciário, com fonte basicamente no Tesouro do Estado. Assim, em linhas gerais, a presente proposição pretende convalidar os atos passados praticados, cuja desconstituição é inviável no mundo dos fatos, preservando, com isso, a segurança jurídica, bem como

5 DIÁRIO OFICIAL DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA Porto Alegre, quinta-feira, 2 de agosto de PRO 5 trata da recomposição dos saldos dos depósitos judiciais utilizados em razão da autorização contida no artigo 1º da Lei nº /04. De igual sorte, disciplina a remuneração dos recursos dos depósitos judiciais utilizados pelo Poder Executivo com base na Lei nº /04, ainda válida e vigente, sanando um vácuo legislativo que se pôs com a declaração de inconstitucionalidade já mencionada, bem como formaliza o cancelamento de recursos oriundos dos rendimentos pretéritos dos depósitos judiciais, garantindo dotações orçamentárias ao fundo de Reaparelhamento do Poder Judiciário para dar continuidade às obras em andamento e suprir temporariamente a perda dos recursos do rendimento dos depósitos judiciais. Estas são, pois, as razões que justificam a presente proposição. RC 91/2018 OF.GG/SL Porto Alegre, 1º de agosto de Senhor Presidente: Dirijo-me a Vossa Excelência para encaminhar-lhe, no uso da prerrogativa que me é conferida pelo artigo 82, inciso III, da Constituição do Estado, o anexo Projeto de Lei que dispõe sobre a gestão de recursos, a remuneração dos depósitos judiciais utilizados pelo Estado do Rio Grande do Sul, nos termos da Lei nº , de 22 de abril de 2004, e a recomposição do saldo da conta dos depósitos judiciais, a fim de ser submetido à apreciação dessa Egrégia Assembleia Legislativa, no regime de urgência previsto no artigo 62 da Carta Estadual. proposta. A justificativa que acompanha o Expediente evidencia as razões e a finalidade da presente Atenciosamente, JOSÉ IVO SARTORI, Governador do Estado. Excelentíssimo Senhor Deputado MARLON SANTOS, Digníssimo Presidente da Assembleia Legislativa, Palácio Farroupilha, NESTA CAPITAL.