ANÁLISE PRELIMINAR DE SISTEMA DE AR CONDICIONADO VEICULAR UTILIZANDO MÁQUINA DE ABSORÇÃO LiBr H 2 O
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1 Proceedings of the 10th Brazilian Congress of Thermal Sciences and Engineering -- ENCIT 004 Braz. Soc. of Mechanical Sciences and Engineering -- ABCM, Rio de Janeiro, Brazil, Nov Dec. 03, 004 ANÁLISE PRELIMINAR DE SISTEMA DE AR CONDICIONADO VEICULAR UTILIZANDO MÁQUINA DE ABSORÇÃO LiBr H O Luiz Carlos Martinelli Júnior UNESP - Universidade Estadual Paulista FEG - Faculdade de Guaratinguetá Av. Dr. Ariberto Pereira da Cunha, Guaratinguetá SP Brasil martinelli@feg.unesp.br José Luz Silveira UNESP - Universidade Estadual Paulista FEG - Faculdade de Guaratinguetá Av. Dr. Ariberto Pereira da Cunha, Guaratinguetá SP Brasil joseluz@feg.unesp.br CIT04-47 Resumo. Máquinas de absorção são dispositivos que produzem frio ou calor útil. Esses sistemas trabalham utilizando como fonte principal o calor residual de processos ou da queima de combustíveis diversos. No geral esses sistemas utilizam dois tipos de misturas: NH 3 + H O ou LiBr + H O. A diferença entre os sistemas que utilizam a primeira ou a segunda mistura está na dimensão do equipamento em função da capacidade frigorífica. No caso do LiBr + H O, as dimensões são menores em comparação com NH 3 + H O, para uma mesma capacidade frigorífica. Assim, estes sistemas de refrigeração por absorção podem ser recomendados para aplicações em sistemas de condicionamento de ar de ônibus e caminhões, onde o espaço disponível para a instalação do mesmo é pequeno. Neste trabalho efetua-se o balanço exergético de uma máquina de absorção que utiliza os gases de exaustão de um motor de combustão interna (diesel) como fonte de energia. Este sistema é aplicado como ar condicionado veicular alternativo. O cálculo baseia-se em sistema aplicado a um ônibus, onde há um grande fluxo de gases de exaustão a elevadas temperaturas. A carga térmica para conforto térmico (resfriamento) do ônibus nas condições brasileiras se situa em torno de 6 TR. Conclui-se que o calor residual liberado pelo ônibus é suficiente para acionar o sistema de ar condicionado alternativo, e que em termos exergéticos as maiores irreversibilidades estão associadas ao gerador (desorbedor), indicando de certo modo a necessidade de efetuar melhorias neste componente do sistema de absorção. Palavras Chave: ar condicionado alternativo, sistema de refrigeração por absorção, balanço exergético, ônibus 1. Introdução Indicando uma tendência mundial, nota-se que o usuário de veículos automotivos está mais preocupado com aspectos referentes a conforto interno do que aos de desempenho veicular. Para atender estas exigências, a indústria automobilística na área de conforto térmico tem desenvolvido sistemas de climatização que propiciem níveis de conforto adequados. Na indústria de veículos pesados, ônibus e caminhões, e de equipamentos agrícolas, o conforto térmico torna-se uma necessidade devido à competição em um mercado muito disputado. Em ambos os nichos dois fatores predominam: a limitação de espaço disponível para instalação e funcionamento dos equipamentos e a necessidade de redução do consumo energético destes. Devido à evolução do mercado, veículos mais aerodinâmicos, de visual moderno, mais silenciosos e confortáveis são projetados. Estes veículos devem fornecer o máximo de espaço interno aos usuários sem aumentar suas principais dimensões externas. Assim, o compartimento do motor torna-se cada vez menor. Como conseqüência os componentes satélites tornam-se mais compactos. Ao mesmo tempo, os baixos níveis de consumo do veículo, exigidos pela situação econômica atual, tem causado restrições quanto ao uso de opcionais de alto consumo energético, exigindo dos fabricantes projetos mais criteriosos, utilizando-se controles eletrônicos e componentes melhor dimensionados. Todos os veículos movidos por um motor de combustão interna possuem necessariamente um duto de escapamento através do qual escoam os gases quentes resultantes da combustão. Esses gases quentes são jogados na atmosfera passando antes por um sistema catalisador, que diminui a poluição, mas não utiliza a energia térmica dos gases. Este trabalho se propõe analisar um sistema de refrigeração por absorção utilizando mistura de LiBr + H O como fluido de trabalho e a energia térmica desses gases de exaustão como fonte de energia para o gerador.
2 . Caracterização da Carga Térmica Um projeto adequado de condicionamento de ar para um veículo automotor deve produzir condições internas favoráveis, proporcionando um ambiente confortável independentemente das condições externas. De acordo com Stancato (199), a carga térmica em veículos automotores é o resultado da transmissão de calor por condução, por radiação, por fontes internas, equipamentos, infiltração e renovação de ar. A condução dentro do ônibus, por sua natureza efêmera, pode ser menosprezada, pois ocorre em materiais metálicos ou com pequena camada de isolante. Por estarem as superfícies internas em uma temperatura elevada, a transmissão por radiação entre as superfícies internas é reduzida, considerando-se apenas a radiação proveniente das paredes externas para o cálculo. Os equipamentos internos como ventilador e luzes, em escala, são ínfimos no cálculo pela sua condição passageira. A carga térmica gerada pelas infiltrações pode ser desprezada, pois, ao se colocar o sistema de ventilação em funcionamento com renovação de ar, criase uma pressão positiva no interior do veículo, impossibilitando que as mesmas ocorram. Assim, para o cálculo da carga interna do veículo toma-se extremo cuidado com as fontes internas e a renovação de ar pois alcançam os mais altos valores. Johnson (198) utilizando uma condição de conforto de 4ºC e temperatura externa de 43ºC, apresenta resultados de cálculos de carga térmica para a cabine de um caminhão, Tab. 1. Tabela 1. Resultados de carga térmica para cabine de caminhão (Johnson, 198) Fonte de carga térmica Admissão (kw) Recirculação (kw) Condução 1,014 1,014 Radiação solar 1,810 1,810 Ar externo,160 - Infiltração - 0,88 Outros 0,41 0,41 Total 5,396 3,54 Johnson (198) assumiu duas condições distintas, uma com a renovação do ar interno e outra com apenas a recirculação do ar interno pelo sistema. Stancato (199) apresenta cálculos de carga térmica para um ônibus rodoviário monobloco, utilizando admissão de ar externo com, m³/s por pessoa, com 40 pessoas em repouso e/ou com pouca atividade, Tab.. Tabela. Resultados de simulação de carga térmica em ônibus (Stancato, 199) Fonte de carga térmica Admissão (kw) Condução através de paredes,96 Condução através de vidros 0,755 Condução através do compartimento do motor 0,054 Radiação solar 5,44 Pessoas 5,575 Admissão de ar externo 4,147 Motores de ventilação 0,70 Total 18,791 Stancato (199), em sua simulação, utiliza as seguintes condições externas: Temperatura de Bulbo Seco/Bulbo Úmido: 30ºC / 5ºC Temperatura do asfalto: 39ºC Velocidade do veículo: 0 m/s Este trabalho considera a carga térmica achada por Stancato (199) para um ônibus como a carga a ser retirada pelo sistema de refrigeração em estudo, adotando as condições externas acima para efeito de cálculo.
3 3. Sistema de Refrigeração por Absorção O sistema de refrigeração por absorção possui algumas características em comum com os ciclos de compressão de vapor, mas diferencia-se em dois detalhes importantes: a natureza do processo e a necessidade de se retirar o vapor de refrigerante da solução líquida. No primeiro, em vez de se comprimir o vapor entre o evaporador e o condensador, o refrigerante de um sistema de absorção é absorvido por uma substância secundária chamada solução absorvente de modo a formar uma solução líquida. Esse processo ocorre no absorvedor (Fig. 1). Essa solução líquida é, em seguida, bombeada para um nível mais elevado de pressão. Como o volume específico médio da solução líquida é muito menor que o do vapor do refrigerante, uma quantidade significativamente menor de trabalho é requerida, necessitando assim de uma menor potência de acionamento em comparação com os sistemas de compressão de vapor. A segunda diferença é que deve ser introduzido nos sistemas de absorção um mecanismo (gerador Fig. 1) para a retirada do vapor de refrigerante da solução líquida antes que o refrigerante entre no condensador. Esse processo envolve uma transferência de calor de uma fonte que esteja a uma temperatura relativamente alta e abundante. O condensador, a válvula de expansão do refrigerante e o evaporador são semelhantes aos utilizados em ciclos de refrigeração por compressão de vapor. Com a finalidade de melhorar a eficiência do sistema, acrescenta-se ainda um trocador de calor. O mesmo tem como função aquecer a mistura que está sendo bombeada para o gerador utilizando-se da energia da solução pobre, que retorna para o absorvedor. 16 condensador gerador VE refrigerante bomba W Trocador de calor solução VE solução evaporador absorvedor Figura 1. Esquema do sistema de refrigeração por absorção. Neste trabalho, utiliza-se como fonte de energia térmica os gases de exaustão de um motor diesel de um ônibus rodoviário e ar ambiente como fluido de arrefecimento do absorvedor e condensador. Pelo objetivo do sistema proposto (refrigeração do ambiente interno do ônibus), refrigera-se o ar diretamente no evaporador, não havendo controle de umidade relativa do mesmo. 4. Análise Energética Bomba Para um regime permanente o balanço energético do ciclo é dado: m & + & = & (1) 1h1 W mh Trocador de Calor m & h + m& 4h4 = m& 3h3 + m& 5h5 ()
4 Válvula de Expansão da Solução h 5 = h 6 (3) Absorvedor Gerador Q & abs + m& 6h6 + m& 10h10 = m& 1h1 (4) Q & ger + m& 3h3 = m& 4h4 + m& 7h7 (5) Condensador Q & cond + m& 7h7 = m& 8h8 (6) Válvula de Expansão Água h 8 = h 9 (7) Evaporador Q & evap + m& 9h9 = m& 10h10 (8) 5. Análise Exergética O método da análise exergética consiste na avaliação qualitativa das perdas através da análise pela ª Lei da Termodinâmica. Uma tendência que se observa pela atuação de diversos pesquisadores é de que este tipo de avaliação vem gradualmente assumindo papel relevante nos processos de análise de sistemas térmicos, sem,no entanto desprezar a análise de 1ª Lei (balanço energético), antes complementando-a e reforçando-a. A expressão exergia é dada às parcelas da energia efetivamente transformáveis em trabalho, quando se desprezam as variações de energia cinética e potencial de um sistema aberto. Mediante tal conceito é possível expressar a energia como sendo composta de duas parcelas, a primeira delas possível de ser transformada em trabalho, a exergia, e a outra que não pode ser transformada em trabalho, que se denominou anergia - Nogueira et al. (1989). Quando um sistema estiver em equilíbrio com o meio, não ocorrerá nenhuma reação espontânea de estado e o sistema não será capaz de realizar o trabalho. Portanto, se um sistema, num dado estado, sofre um processo inteiramente reversível até atingir um estado em que ele esteja em equilíbrio com o meio, o sistema terá realizado o máximo trabalho reversível. Se um sistema está em equilíbrio com o meio, ele deve certamente estar em equilíbrio de pressão e temperatura este meio, isto é, à pressão P 0 e temperatura T 0. Também deve estar em equilíbrio químico com o meio, o que implica em não ocorrer mais alguma reação química. O equilíbrio com o meio requer que o sistema tenha velocidade zero e energia potencial mínima. Exigências análogas são estabelecidas em relação aos efeitos magnéticos, elétricos e de superfícies, se estes forem relevantes num dado problema. Segundo Silveira e Lacava (199) a exergia inclui, além das parcelas relacionadas ao equilíbrio termodinâmico, parcelas devidas à diferença de concentração entre espécies químicas, ao potencial químico associado às reações, etc., segundo a Eq. 9. V n ex = ( ) ( ) + i i h i h 0 T 0 s i s 0 gz G RT 0 v i ln x +... (9) f i i= 1 De acordo com Wall (1990) e Ebinuma et al. (1990) para o sistema energético apresentado é suficiente considerar apenas a parcela referente ao equilíbrio termodinâmico, ou seja: exi ( hi h0 ) T0 ( si s0 = ) (10)
5 ex i exergia de cada ponto do sistema (kj/kg) h 0 entalpia do estado de referência (kj/kg) h i entalpia de cada ponto do sistema s 0 entropia do estado de referência (kj/kg.k) s i entropia de cada ponto do sistema T 0 temperatura de referência (ambiente) (K) Para o cálculo da exergia do ar e os gases de combustão, utilizou-se a Eq. 11, considerando c p ar = 1,0035kJ / kg.k e c pgases = 1,1414kJ/kg.K ex = cp [( Tar T0 ) T0 Ln( Tar T0 ) RLn( P P0 )] (11) 6. Avaliação de Parâmetros e Propriedades 6.1 Valores Iniciais Herold et al (1996), Lukanin et al (1985) e Johnson (198) estabelecem parâmetros que servirão de base para o cálculo. Concentração da solução forte: 64,5% Concentração da solução fraca: 58,9% Temperatura de evaporação: 6,0 ºC Temperatura de condensação: 45 ºC Temperatura ambiente interno: 3 ºC (bulbo seco) Pressão atmosférica: 0,1 MPa Temperatura de entrada / saída do ar refrigerado: ºC / 1ºC (bulbo seco) Temperatura dos gases do motor: 450ºC Carga térmica: 18,791 kw 6. Consumo Específico Médio O consumo específico médio do motor é calculado como média ponderada dos consumos específicos das categorias de veículos, sendo o fator de ponderação o produto da participação de cada categoria na frota de veículos pesados no transporte rodoviário pela potência nominal da categoria (Ministério da Ciência e Tecnologia, 00). Os resultados estão resumidos na Tab. 3. Tabela 3. Consumo específico mínimo por categoria de veículos de transporte rodoviário Categoria Potência Nominal Consumo Específico Mínimo (kw) (kg/kw.h) Comerciais leves 90 0,01 Caminhões 195 0,19 Ônibus 155 0,197 Para a categoria ônibus, em estudo neste trabalho, o consumo específico versus a rotação do motor pode ser visto na Fig..
6 0,0 Consumo Específico - Categoria Ônibus 0,15 consumo específico (kg/kw.h) 0,10 0,05 0,00 0,195 0,190 0, rotação (rpm) Figura. Consumo específico de diesel x rotação do motor para categoria ônibus Conforme indicado na Fig., adota-se para efeito de cálculo um motor de ônibus de 155kW de potência nominal, consumo específico de 0,199kg/kW.h de óleo diesel para rotação de 1900rpm. Considerando uma mistura combustível-comburente estequiométrica de 1:14,45 (Lukanin et al, 1985) e um excesso de ar de combustão de 30%, tem-se uma vazão mássica de 0,170kg/s saindo do motor a uma temperatura de aproximadamente 450ºC (Lukanin et al, 1985). 6.3 Gases de Exaustão O processo de combustão é uma reação química de oxidação que se processa em altas temperaturas. Nos motores em geral, o processo de combustão oxida uma parcela dos componentes que são admitidos no interior do cilindro. O combustível derivado de petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos que contém outros materiais, tais como enxofre, vanádio, sódio, potássio, etc. Por outro lado, o ar, comburente da reação, é uma mistura de gases diversos, sendo que o oxigênio é o gás o que interessa ao processo de combustão. A Tab. 4 apresenta a composição média dos gases de exaustão (Pereira, 004). Tabela 4. Composição média dos gases de exaustão Componentes 10³.kg/kW.h %kg Hidrocarbonetos não queimados HC 3,6 0,05 Óxidos de Nitrogênio como N NO x 15,61 0,5 Monóxido de Carbono CO 0,54 0,01 Material particulado PM 0,68 0,01 Anidrido Sulfuroso SO 0,84 0,01 Gás Carbônico CO 69,93 11,10 Nitrogênio N 4.619,57 73,99 Oxigênio O 665,76 10,66 Vapor d água H O 44,57 3,9 Considerando a composição média dos gases de exaustão, calcula-se o calor específico a pressão constante dos gases de exaustão achando-se, para a temperatura de saída dos gases, c p = 1,1414kJ/kg.K. Assim, o motor especificado disponibiliza 9,0kW para o sistema de refrigeração, na forma de temperatura dos gases de exaustão Propriedades da Mistura Refrigerante As propriedades termodinâmicas da mistura LiBr + H O são calculadas em função da concentração mássica de brometo de lítio (X, dada em %) e da temperatura da solução (T, em ºC). Kaita (001), baseado em relações de McNeely (1979), Rockenfeller (1987) e Feuerecker (1993), propõe as equações seguintes para a determinação destas propriedades em uma faixa de temperaturas mais alta (de 40 a 10ºC).
7 6.4.1 Temperatura de orvalho (TD) A temperatura de orvalho é obtida pela Eq TD = A ( ) j i ij X 40 T (1) i= 0 j= 0 TD - temperatura de orvalho; T - temperatura da solução (0 T 10ºC) X - concentração de LiBr da mistura (40 X 65%) A ij coeficientes apresentados na Tab. 5. Tabela 5. Coeficientes para determinação da temperatura de orvalho j A 0j A 1j A j 0-9, ,439697E-1-7,3435E-5 1-4,7594E-1 -,88015E-3-1,556533E-5-5,638171E- -1,345453E-4 1,99657E-6 3 1,108418E-3 5,85133E-7-3,9405E Pressão do vapor A pressão do vapor é obtida utilizando-se a Eq. 13: k k log P = k ( TD + 73,15) ( TD + 73,15) (13) k 0 = 7,05 k 1 = -1603,544 k = , Calor Específico O calor específico à pressão constante é obtido utilizando-se a Eq. 14 proposta por Rockenfeller (1987). ( + A1X) + ( B1X T C p = A0 B0 + ) (14) A 0 = 3,4603 A 1 = -,679895E- B 0 = 1,3499E-3 B 1 = -6,55E Entalpia A entalpia da solução pode ser representada pela Eq. 15. ( A + A ) ( B0 + B1X ) T + ( D + D X + D X D 3) h = 0 1X T X (15) A 0, A 1, B 0 e B 1 são os mesmos da Eq. 14 D 0 = 16,81 D 1 = -6,0418 D = 4,5348E-3 D 3 = 1,053E-3
8 A Eq. 15 é válida para 0 T 10ºC e 40 X 65% e para um estado de referência (entalpia zero), dado por McNeely (1979) e Feuerecker (1993), como T = 0ºC e X = 50% de brometo de lítio na solução Entropia A entropia, calculada pela Eq. 16, possui como estado de referência (entropia zero) as mesmas condições para a determinação da entalpia na Eq. 15 como também são válidos os mesmos intervalos para a temperatura e concentração de brometo de lítio. 3 3 s = B j i ijx T (5) i= 0 j= 0 B ij coeficientes apresentados na Tab. 6. Tabela 6. Coeficientes para determinação da entropia j B 0j B 1j B j B 3j 0 5,175500E-01-1, E-0,941450E-05 9, E ,67800E-0-9,156800E-05 1,804530E-08-7, E-10-1, E-05 1, E-07-1, E-09 1,597840E ,015010E Resultados Obtidos Partindo de uma potência frigorífica de 18,791kW, carga térmica adotada para o ônibus, determina-se o fornecimento mínimo de energia necessário para o gerador e as energias a serem rejeitadas ao ambiente pelo absorvedor e condensador respectivamente, seguindo-se a análise energética explicitada anteriormente. Q& ger = 6, 949kW (17) Q& abs = 4, 01kW (18) Q& cond = 0, 0kW (19) Q& evap COP = 0,69 Q & = ger (0) Como o motor diesel em estudo tem capacidade de fornecer 9,0kW nas condições acima descritas, verifica-se a real possibilidade da utilização do sistema de refrigeração por absorção em um ônibus. Para a determinação das propriedades termodinâmicas da mistura LiBr + H O utilizou-se as equações de entalpia e entropia propostas por Kaita (001), explicitadas anteriormente. Na Tab. 7 são apresentadas as condições físicas de cada ponto do ciclo de absorção proposto como base para a construção do diagrama de Grassman, Fig. 3. A partir da energia dos gases de combustão do motor diesel foram calculadas as porcentagens de degradação exergética associadas às irreversibilidades e geração de entropia.
9 Tabela 7. Valores do balanço energético e exergético para o sistema proposto P T X LiBr s h m ex (kpa) (ºC) % (kj/kgk) (kj/kg) (kg/s) (kj/kg) 1 0,870 37,5 58,9 0,0 108,814 0,093 45,614 9,65 37,5 58,9 0,0 108,819 0,093 45, ,65 71,1 58,9 0, ,861 0,093 51,67 4 9,65 99,0 64,5 0,51 53,834 0, , ,65 60,0 64,5 0,33 183,35 0,085 89, ,935 49,6 64,5 0,34 183,35 0,085 88, ,65 86,6 0 8,396 66,000 0, , ,65 44,0 0 0, ,400 0,008,61 9 0,935 6,0 0 0, ,400 0,008-8, ,935 6,0 0 9,000 51,000 0, , ,0 450,0 0, , ,0 300,0 0,170 91, ,0 35,0 4,81 0, ,0 41,0 4,81 0, ,0 35,0 3,3 0, ,0 41,0 3,3 0, ,0,0 1,873 0, ,0 1,0 1,873 0,93 Na Tab. 8 apresenta-se o balanço exergético dos componentes do sistema de refrigeração por absorção estudado. Tabela 8. Balanço exergético dos componentes do sistema Componentes I ε ψ Gerador 7,75 0,35 0,707 Absorvedor 0,934 0,546 0,871 Evaporador 0,760 0,406 0,556 Trocador de Calor 0,395 0,591 0,969 Condensador 0,197 0,643 0,751 Bomba 0,007 0,999 0,998 Os parâmetros ε e ψ são denominados eficiência exergética e racional, respectivamente. O primeiro relaciona a variação da exergia do produto com a variação da exergia dos insumos utilizados no processo. O segundo, também denominado eficiência de Bosjnakovic, relaciona a saída de exergia pela entrada da mesma no equipamento. O parâmetro I denomina a irreversibilidade do componente estudado.
10 8. Conclusões Figura 3. Diagrama de Grassman O trabalho objetivou a análise preliminar de um sistema de refrigeração por absorção operando com BrLi + H O tendo como fonte de energia os gases de exaustão de um motor de combustão interna (diesel). Para os cálculos optou-se por um motor que possui como potência nominal a média da potência dos motores da categoria ônibus. A existência de motores de maior ou menor potência possibilita o desenvolvimento de sistemas de absorção para diversas necessidades e cargas térmicas. A utilização do sistema de refrigeração proposto possibilita um considerável ganho de potência, a qual pode ser utilizada na tração do veículo. Dentre os componentes do sistema, o gerador (desorbedor) apresentou a maior irreversibilidade, indicando a necessidade de se efetuarem melhorias. 9. Referências Ebinuma, C. D., Silveira, J. L., Balestieri, J. A. P., 1990, Análise Exergética para a Determinação do Desempenho Ótimo de uma Bomba de Calor, Anais do XI Seminário da ADUNESP, pp , Guaratinguetá, SP. Feuerecker G., Scharfe J., Greiter I., Frank C. and Alfeld G., 1993, Measurement of thermophysical properties of LiBr solutions at high temperatures and concentrations, AES vo. 31, International Absorption Heat Pump Conference, ASME, p Herold, K.E. and Radermacher, R., 1996, Absorption chillers and heat pumps, CRC Press, Florida. E.U.A. Johnson, T. J., 198, Truck climate controls: Past, present and future climate controls for the truck cab, SAE Tech. Paper, Series Kaita, Y., 001, Thermodynamic Properties of Lithium Bromide-Water Solutions at High Temperatures, International Journal of Refrigeration, Vol. 4, pp Lukanin, V. N., Jachiyán, A. S., Morózov, K. A., Trúsov, V. I. Baguírov, D. D. and Korsi, E. K., 1985, Motores de Combustión Interna, Editorial Mir, Moscou. McNeely LA., 1979, Thermodynamic properties aqueous solutions of lithium bromide, ASHRAE Transactions, 85 (Part 1): p Ministério da Ciência e Tecnologia, 00, Primeiro Inventário Brasileiro de Emissões Antrópicas de Gases de Efeito Estufa - Emissões de Gases de Efeito Estufa por Fontes Móveis, no Setor Energético, pp Nogueira, L. A., Silveira, J. L., Balestieri, J. A. P., Massafelli, N., 1989, Análise Exegética da Unidade 1 da Termoelétrica Piratininga, Anais do X SNPTEE, Informe Técnico GPT II, pp. 1-6, Curitiba, Brasil. Pereira, J. C., 004, Motores e Geradores - Princípios de Funcionamento, Instalação, Operação e Manutenção de Grupos Diesel Geradores, Rockenfeller U., 1987, Laboratory results: solution LiBr H O properties = P T X, heat capacity. Unpublisched data. Boulder City (NV): Rocky Research Inc.
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