The Performance of Accounting Brazilian Journals related to Higher Education Institutions that offer Post-Graduate Studies Programs

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1 53 O Desempenho de Periódicos Nacionais da Área Contábil vinculados a Instituições de Ensino Superior que oferecem Programas de Pós-Graduação Stricto Sensu The Performance of Accounting Brazilian Journals related to Higher Education Institutions that offer Post-Graduate Studies Programs Amanda Rosa de Santana 1 Igor Vieira Nunes 2 Wesley Sidney de Mendonça 3 Denise Mendes da Silva 4 Resumo O objetivo geral deste estudo é identificar o desempenho, em relação aos aspectos formais, de periódicos nacionais da área contábil vinculados a Instituições de Ensino Superior que oferecem programas de pós-graduação stricto sensu. Adicionalmente deseja-se conhecer se um melhor desempenho dos periódicos, em relação aos aspectos formais, está relacionado à estratificação Qualis CAPES, ao número de edições e à nota do programa de pós-graduação, obtida na avaliação da CAPES. Para análise do desempenho em relação aos aspectos formais foi utilizado o modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998), adaptado de Braga e Oberhofer (1982). Foram analisados 15 periódicos de 1989 a 2011 e 337 artigos publicados em Os resultados demonstraram que a maioria dos periódicos analisados (66,6%) apresenta desempenho mediano. Pela matriz de correlação, verificou-se que o desempenho dos periódicos está correlacionado positivamente com a estratificação Qualis CAPES e não está correlacionado ao número de edições nem à nota do programa de pós-graduação. Palavras-chave: Periódico. Contabilidade. Desempenho. Abstract The aim of this study is to identify the performance in relation to the formal aspects of accounting Brazilian journals related to Higher Education Institutions that offer post-graduate studies programs. Additionally is desired to know if a better performance of the journals in relation to the formal aspects, is related to the stratification Qualis CAPES, the number of edits and the grade of post-graduate program, obtained from CAPES. To analyze the performance in relation to the formal aspects was used the model of Krzyzanowski and Ferreira (1998) adapted from Braga and Oberhofer (1982). We analyzed 1 Discente do curso de Ciências Contábeis; integrante do PET Ciências Contábeis da Faculdade de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Uberlândia (FACIC/UFU). Av. João Neves de àvila, 2121, bloco F, Campus Santa Mõnica, Uberlândia MG. amandarosa1994@hotmail.com 2 Discente do curso de Ciências Contábeis; integrante do PET Ciências Contábeis da Faculdade de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Uberlândia (FACIC/UFU). Av. João Neves de àvila, 2121, bloco F, Campus Santa Mõnica, Uberlândia MG. igornunesv@gmail.com 3 Discente do curso de Ciências Contábeis; integrante do PET Ciências Contábeis da Faculdade de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Uberlândia (FACIC/UFU). Av. João Neves de àvila, 2121, bloco F, Campus Santa Mõnica, Uberlândia MG. wesleysidney.mendonca@gmail.comn 4 Docente da Faculdade de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Uberlândia (FACIC/UFU) denysemendes03@gmail.com Artigo editado por Luiz Carlos Marques dos Anjos. Recebido em 19/08/2014. Avaliado e revisões requeridas em 12/01/2015. Reformulado em 12/02/2015. Recomendado para publicação em 15/07/2015.

2 54 15 Journals from 1989 to 2011 and 337 articles published in The results showed that most of the analyzed journals (66.6%) has average performance. The correlation matrix, it was found that the performance of the journals is positively correlated with the stratification Qualis CAPES and is not correlated to the number of edits and the grade of the post-graduate program. Keywords: Journal. Accounting. Performance. 1. INTRODUÇÃO O conhecimento científico visa explicar porque e como os fenômenos ocorrem, na tentativa de evidenciar os fatos que estão correlacionados. Como produto desse conhecimento científico nasce a produção científica. No Brasil, esta é evidenciada, principalmente, como fruto de trabalhos realizados nos cursos de pós-graduação promovidos pelas Instituições de Ensino Superior. São estudos que buscam evidenciar os vários temas correlatos ao conhecimento produzido sobre a ciência (CARDOSO et al., 2005, p. 5). Conforme Santos (2003) os programas de pós-graduação no Brasil tiveram início por volta de 1930, mas apenas em 1960 é que se teve um impulso para o desenvolvimento dos mesmos. Lapini (2012, p. 29) relata que, de acordo com relatório da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), os primeiros cursos de Mestrado em Contabilidade e Administração foram instalados no Brasil na década de 1970, ou seja, essa área ainda está em processo de consolidação, se comparada a áreas como Direito e Filosofia, que remontam à década de Silva et al. (2005, p. 22) afirmam que as pesquisas da área contábil, em sua maioria, são apresentadas em encontros, congressos e, sobretudo, publicadas em periódicos, viabilizando a difusão do conhecimento, e reforçam: como principais instrumentos de divulgação do trabalho científico brasileiro, há uma preocupação quanto à qualidade dos periódicos que divulgam esses trabalhos. Com o desenvolvimento dos programas de pós-graduação stricto sensu a CAPES organizou um processo de avaliação da produção científica que, atualmente, é o sistema Qualis. De acordo com informações constantes no site da CAPES, Qualis é o conjunto de procedimentos utilizados para estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação. A CAPES explica que a classificação de periódicos é realizada pelas áreas de avaliação e passa por processo anual de atualização. Esses veículos são enquadrados em estratos indicativos da qualidade: A1, o mais elevado; A2, B1, B2, B3, B4, B5, C com peso zero. De maneira complementar a este processo, muitos pesquisadores vêm trabalhando na avaliação da produção científica em diversas áreas do conhecimento, inclusive na área contábil, com a utilização de parâmetros bibliométricos, epistemológicos e de formato, tais como: Krzyzanowski e Ferreira (1998); Martins (2002); Martins e Pucci (2002); Oliveira (2002); Batistella et al. (2008); Brunozi Junior et al. (2011); Machado et al. (2012); Ribeiro (2013); Sola e Bonacim (2013). Nesse contexto, questiona-se: qual o desempenho, em relação aos aspectos formais, de periódicos nacionais da área contábil vinculados a Instituições de Ensino Superior que oferecem programas de pós-graduação stricto sensu? Assim, o objetivo geral deste estudo é identificar o desempenho, em relação aos aspectos formais, de periódicos nacionais da área contábil vinculados a Instituições de Ensino Superior que oferecem programas de pósgraduação stricto sensu. Para isso foram selecionados os periódicos nacionais vinculados a Instituições de Ensino Superior que oferecem programas de pós-graduação stricto sensu em

3 55 Contabilidade e que apresentaram publicações até o ano de Tal período foi escolhido no intuito de resgatar todos os números publicados, tendo em vista que na época de realização da pesquisa (janeiro de 2013) algum dos periódicos poderia ainda não ter publicado o último número do ano de Para a avaliação do desempenho em relação aos aspectos formais foi utilizado o modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998) adaptado de Braga e Oberhofer (1982). Adicionalmente, como objetivo específico, deseja-se conhecer se um melhor desempenho dos periódicos, em relação aos aspectos formais, está relacionado à estratificação Qualis CAPES, ao número de edições e à nota do programa de pós-graduação, obtida na avaliação da CAPES. A escolha dessas variáveis se justifica por algumas razões: os periódicos que estão classificados no Qualis passaram por um processo de avaliação, portanto, espera-se que tenham um melhor desempenho; periódicos com um maior número de edições também podem apresentar melhor desempenho, visto que podem ter mais experiência; já a nota do programa de pós-graduação é obtida pela avaliação da CAPES e uma nota maior refletirá, entre outros aspectos, equipe de professores bem estruturada, boas condições físicas nas instituições, boa produção científica do corpo docente e discente, sendo que isso também pode influenciar o desempenho do periódico vinculado à Instituição. A avaliação da produção científica é de fundamental importância para se medir a qualidade das pesquisas científicas e das publicações periódicas (LEITE FILHO e SIQUEIRA, 2007, p. 103). Desse modo, as principais contribuições esperadas dessa pesquisa são: identificar o desempenho dos periódicos nacionais da área contábil vinculados a Instituições de Ensino Superior que oferecem programas de pós-graduação stricto sensu, em relação ao formato, que é um aspecto de qualidade, visando oferecer subsídios para o conhecimento de resultados avaliativos da produção científica brasileira; apresentar reflexões sobre a qualidade dos periódicos científicos da área contábil; identificar aspectos que podem impactar o desempenho dos periódicos. Ressalta-se que o presente estudo não tem a intenção de formular juízo sobre os periódicos avaliados. O artigo está dividido em cinco seções, incluindo-se esta introdução. Na sequência têmse a revisão da literatura, que fundamenta as discussões, os aspectos metodológicos, que possibilitam o alcance do objetivo proposto, a apresentação e análise dos resultados encontrados, encerrando-se com as considerações finais acerca do tema em questão. 2. REVISÃO DA LITERATURA Esta seção apresenta os principais estudos relacionados à temática central do artigo, que é a avaliação dos aspectos formais de periódicos, bem como, alguns trabalhos que revelam o estado da arte de pesquisas que analisam a produção periódica em Contabilidade. Além disso, apresentam-se alguns trabalhos relacionados à produtividade acadêmica nos Programas de Pós Graduação em Contabilidade, tendo em vista que o foco do presente trabalho está nos periódicos vinculados a Instituições que oferecem tais programas. Em 1982, Braga e Oberhofer propuseram diretrizes para a avaliação de publicações periódicas científicas e técnicas brasileiras, considerando a inexistência de um índice brasileiro de citações, o que limita a inclusão de critérios já aceitos internacionalmente, como o fator de impacto. De acordo com Braga e Oberhofer (1982) os critérios incorporados ao modelo proposto procuram refletir aspectos de qualidade e estão dirigidos à avaliação de parâmetros objetivamente mensuráveis. Dessa forma, as autoras ressaltam que um dos principais fatores de qualidade o texto dos artigos não foi considerado no modelo. Braga e Oberhofer (1982) explicam que a escolha dos critérios usados no modelo foi norteada por sua aplicabilidade, pelas características peculiares aos periódicos nacionais e,

4 56 principalmente, pela validade que conferem ao julgamento de qualidade de duas funções básicas das publicações periódicas: função memória (arquivo do conhecimento) e função disseminação (transmissão ampla de ideias). Assim, o modelo proposto contempla aspectos como normalização, duração, periodicidade, indexação, difusão, colaboração e autoridade, que seguem escala numérica e classificam o desempenho do periódico como fraco, mediano, bom ou muito bom. Anos mais tarde Krzyzanowski e Ferreira (1998) avaliaram periódicos brasileiros quanto ao mérito (conteúdo) e ao desempenho (forma). O universo estudado foi de 407 títulos da lista da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e 130 títulos da lista do CNPq/Finep (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e Financiadora de Estudos e Projetos) no período de 1995 e Para a avaliação de mérito, as autoras contaram com a colaboração de especialistas das coordenadorias de áreas da Fapesp e, para realizar a avaliação de forma (desempenho), foi utilizado o modelo de Braga e Oberhofer (1982), adaptado à proposta do estudo. Os aspectos avaliados e os critérios de pontuação do desempenho no modelo adaptado são praticamente os mesmos do modelo original. As alterações dizem respeito ao aspecto autoridade, referente ao corpo editorial e respectivas titulações, não ser considerado no trabalho de Krzyzanowski e Ferreira (1998) e, também, que estas autoras adaptaram o modelo para duas grandes áreas: área de exatas e biológicas e área de humanas, com diferenças sutis. Os resultados do trabalho de Krzyzanowski e Ferreira (1998) apontaram que os periódicos que obtiveram avaliação de mérito como prioritários e desempenho classificado como muito bom e bom constituem o núcleo das revistas mais refinadas do estudo e que os periódicos avaliados no mérito como importantes e que obtiveram um desempenho muito bom e bom devem ser considerados de boa qualidade. Krzyzanowski e Ferreira (1998, p. 168) também destacam que (...) os periódicos que atingiram altos índices de desempenho foram influenciados, principalmente, por duas variáveis do modelo (duração e indexação). Apesar dessas variáveis não invalidarem por si só a classificação de mérito dos periódicos (por exemplo, os prioritários com menos de cinco anos de existência), elas podem comprometer seu desempenho, considerando-se que as bases de dados internacionais demoram para aceitar a indexação de novos títulos. Partindo dessas considerações, o presente estudo avalia o desempenho dos periódicos de contabilidade quanto à forma, analisando, inclusive, quais variáveis mais favorecem tal desempenho. Alguns autores brasileiros já analisaram periódicos da área de administração e contabilidade, como pode ser visto na sequência. Martins (2002) avaliou doze anos (de 1989 até 2001) do Caderno de Estudos, atual Revista de Contabilidade & Finanças da USP (Universidade de São Paulo). A metodologia utilizada foi a proposta por Krzyzanowski e Ferreira (1998), cujo objetivo era a avaliação do periódico quanto ao mérito e desempenho. O conceito obtido a partir do método aplicado foi mediano e mostra que o periódico não apresentou informações de forma clara, demonstrando uma carência na exposição da periodicidade, divulgação da missão e dos objetivos. Martins e Pucci (2002) analisaram a Revista de Administração da Universidade de São Paulo (RAUSP) e, a partir do modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998), classificaram o periódico como muito bom. Foram analisados 266 artigos de 40 fascículos da revista,

5 57 publicados de 1990 a Essa análise mostrou que aproximadamente 80% dos autores publicaram um artigo, sendo 6 o máximo de artigos de um único autor e que dos 14 autores que publicaram de 4 a 6 artigos na década avaliada, 11 pertenciam ao quadro de docentes do Departamento de Administração da FEA/USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo). Porém, eles não constituíam a maioria dos autores, respondendo apenas por 24% do total encontrado. Sendo assim, nos artigos pesquisados não predominou a endogenia. Oliveira (2002) fez um levantamento dos artigos publicados entre 1990 e 1999 em cinco periódicos nacionais de contabilidade. Os resultados mostraram que grande parte dos autores é de docentes e a maioria com pós-graduação, evidenciando, também, que é nas universidades que se origina a maior parte das pesquisas contábeis. A autora constatou, ainda, que as cinco áreas mais pesquisadas são: Contabilidade Gerencial, Contabilidade Financeira, Teoria da Contabilidade, Educação e Pesquisa Contábil e Contabilidade de Custos, apresentando uma mudança no paradigma contábil, realçando a importância da Contabilidade Gerencial e das pesquisas sobre este tema. Batistella et al. (2008) analisaram a forma dos periódicos Contabilidade & Finanças (USP) e Revista Base (Unisinos Universidade do Vale do Rio dos Sinos) no período de 2005 a Concluíram que, para o quesito forma, a Revista Contabilidade & Finanças apresentou um desempenho categorizado como bom e a Revista Base, desempenho mediano. Quanto ao número de artigos publicados por fascículo, a Revista Contabilidade & Finanças apresentou maior estabilidade. Os resultados desta pesquisa também revelaram que existe uma maior concentração de autores no periódico da USP, em relação ao da Unisinos. Sola e Bonacim (2013) analisaram e contrastaram as formas bibliométricas de cinco periódicos nacionais pela metodologia empregada pelo Qualis CAPES e pelo modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998), no período de 2007 a Os resultados obtidos pelos autores sugerem a validação externa das classificações dos periódicos feita pelo Qualis CAPES por outra métrica, a de Krzyzanowski e Ferreira (1998), além de um aparente aperfeiçoamento dos periódicos estudados, no quesito forma, para o período pesquisado. Todos esses trabalhos tiveram em comum a aplicação de parâmetros bibliométricos e do modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998) para avaliação do conteúdo (artigos) e do desempenho (forma) dos periódicos, respectivamente e destacam a relevância deste modelo na avaliação da forma dos periódicos. A seguir são elencados alguns trabalhos recentes que utilizaram outros parâmetros bibliométricos para avaliação da produção científica em contabilidade. Brunozi Junior et al. (2011) analisaram a distribuição, as características metodológicas, a evolução e a temática em 354 artigos publicados entre 1989 e 2009, na Revista Contabilidade & Finanças (USP). As principais conclusões desse estudo foram: concentração de autores afiliados à USP, com aparecimento da participação de outras entidades nas publicações a partir de 2003; predominância de estudos relacionados a Finanças e Contabilidade; endogenia de trabalhos descritivos; concentração de publicações de cunho bibliográfico e documental entre 1989 e 2002; predominância de estudos realizados com o uso de dados primários ou secundários, caracterizados como empíricos, entre 2003 e Machado et al. (2012) realizaram uma pesquisa de caráter indutivo com o objetivo de identificar as características da produção científica de custos, publicada em periódicos nacionais de contabilidade listados no Qualis CAPES, sob a perspectiva das redes sociais e da bibliometria. Foram analisados 80 artigos publicados em 9 periódicos, desde sua primeira edição até julho de 2011, disponibilizados na plataforma Qualis CAPES. Com base nos

6 58 resultados os autores concluíram que as redes sociais estão em fase embrionária, prevalecendo as pequenas redes, sem consideração aos centros de distribuição de informações nas pesquisas publicadas. Ribeiro (2013) estudou 106 artigos da Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade no período de 2007 a 2012, com a utilização de técnicas de análise bibliométrica, de rede social e estatística descritiva. Os principais resultados obtidos pelo autor mostram a predominância de artigos em parceria (91%), a Universidade de São Paulo como a Instituição de Ensino Superior mais produtiva e os temas mais abordados, entre os quais, Ensino e Pesquisa, Transparência, Contabilidade Internacional etc. Por estes estudos é possível perceber uma evolução na condução de pesquisas bibliométricas, pois estas não quantificam dados apenas, mas sim, envolvem reflexões sobre o desenvolvimento da ciência e caminham da análise descritiva para a avaliativa, sem esquecer das redes sociais. Verifica-se, também, que a publicação de artigos em periódicos tem se tornado crescente na área contábil, buscando divulgar o desenvolvimento das pesquisas e contribuir para o avanço da ciência. No que diz respeito à produção acadêmica nos Programas de Pós Graduação em Contabilidade, verifica-se um crescimento significativo, principalmente nos últimos anos (LUCENA, ALMEIDA e MORAES JÚNIOR, 2013). Entretanto, nem sempre o aumento na quantidade de publicações pelos docentes dos Programas de Pós Graduação em Contabilidade corresponde a um aumento na qualidade das pesquisas ou à produção de conhecimento relevante. Lucena, Fernandes e Cavalcante (2010) investigaram as linhas de pesquisas seguidas pelos Programas de Pós Graduação Stricto Sensu em Contabilidade no Brasil, visando delinear as tendências, desafios e perspectivas da pesquisa. Tais autores analisaram informações coletadas diretamente das teses e dissertações defendidas nos programas. Os resultados demonstram que as perspectivas da pesquisa giram em torno da contabilidade positiva, o mainstream na área contábil, com predominância do uso de modelos econométricos e estatísticos para tratamento de dados relacionados, especialmente, a gerenciamento de resultados, retornos de mercado e contabilidade internacional. Lucena, Almeida e Moraes Júnior (2013) analisaram os Programas de Pós-Graduação em Ciências Contábeis no tocante ao corpo docente, traçando o perfil das publicações, as linhas de pesquisas, grupos de pesquisas e os principais periódicos utilizados para publicação dos trabalhos. Esses autores observaram um incremento de 42% nas publicações de artigos em periódicos pelos docentes dos programas, do triênio de 2006 a 2008 para o triênio de 2009 a Em termos de publicações em periódicos internacionais, o programa da Universidade de São Paulo (USP) é o que apresenta o maior número. Essa pesquisa apontou, ainda, que os periódicos Brazilian Business Review, Revista Contabilidade Vista & Revista e Revista Contabilidade & Finanças, são os mais procurados pelos docentes para submissão de seus artigos. Martins e Lucena (2014) também buscaram identificar o perfil da produção científica dos Programas de Pós Graduação em Contabilidade, alertando para práticas prejudiciais à qualidade das publicações. Esses pesquisadores concluíram que os docentes tendem a separar os resultados de suas pesquisas em diferentes partes publicáveis a fim de aumentar sua produtividade. Isso impacta diretamente a qualidade das publicações, pois estas são direcionadas a periódicos de menor fator de impacto quando rejeitadas por periódicos de maior fator de impacto, considerados mais relevantes. Essa prática é decorrente do atual

7 59 sistema de avaliação dos programas de pós graduação, o qual privilegia a quantidade e não a qualidade das publicações. Toda essa discussão acerca da produtividade acadêmica dos Programas de Pós Graduação em Contabilidade é importante para o presente trabalho, que, entre outras análises, tenta verificar a relação entre este aspecto avaliativo dos programas de pós graduação e o desempenho dos periódicos da área contábil, como demonstrado nas próximas seções. 3. ASPECTOS METODOLÓGICOS 3.1 Procedimentos de coleta dos dados Para o desenvolvimento deste trabalho, inicialmente foi feito um levantamento, no site da CAPES, de todos os programas de pós-graduação stricto sensu (mestrados e doutorados) ativos no Brasil que apresentam em sua denominação as palavras Contabilidade, Ciências Contábeis ou Controladoria. Em janeiro de 2013 foram localizados 22 programas nesses termos. Em seguida foi investigado se as Instituições de Ensino Superior que oferecem esses programas possuem periódicos vinculados. Foram encontrados 15 periódicos vinculados a Instituições de Ensino Superior que oferecem programas de pós graduação na área contábil e estes constituem a amostra desta pesquisa. No site da CAPES também foram obtidas as notas dos programas de pós-graduação oferecidos pelas Instituições aos quais os periódicos da amostra estão vinculados. Para a identificação do desempenho dos periódicos em relação ao formato foi aplicado o modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998), considerando as informações disponíveis no site de cada um dos periódicos na época da pesquisa (janeiro de 2013). Para a aplicação do modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998), foram investigadas todas as edições disponíveis de cada um dos 15 periódicos da amostra, desde a sua criação. Desse modo, a pesquisa abordou mais de 20 anos de publicações para alguns periódicos, como é o caso da Revista Contabilidade Vista & Revista e da Revista Contabilidade & Finanças, que iniciaram suas edições no ano de Foram coletados, também, todos os artigos publicados no ano de 2011 em cada periódico, último ano com todas as edições disponíveis na época da pesquisa (janeiro de 2013), totalizando 337 artigos. Em linha com os estudos de Martins (2002), Martins e Pucci (2002), Oliveira (2002), Batistella et al. (2008) e Sola e Bonacim (2013), os quesitos avaliados referem-se à: i) normalização: do periódico, do fascículo e dos artigos; ii) duração; iii) periodicidade; iv) indexação; v) difusão: formas de distribuição e existência de coleções razoavelmente completas no sistema de bibliotecas do CCN (Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas); vi) colaboração e divisão do conteúdo. A cada um desses quesitos Krzyzanowski e Ferreira (1998) atribuem uma quantidade de pontos e, quando computados todos os pontos, encontra-se o desempenho do periódico, que pode ser fraco, mediando, bom ou muito bom. O instrumento de coleta de dados utilizado nesta pesquisa, que inclui todos os itens e pontuações preconizados por Krzyzanowski e Ferreira (1998) para a área de humanas, é apresentado no Anexo Procedimentos de análise dos dados Com as pontuações de todos os periódicos analisados foi possível avaliar o desempenho geral de cada um em relação aos aspectos formais e, ainda, fazer comparações relativas a cada um dos aspectos. Posteriormente, o desempenho dos periódicos foi confrontado com as variáveis: estratificação Qualis CAPES, quantidade de edições e nota do programa de pós-graduação,

8 60 por meio da análise de correlação de Spearman, já que o teste de Kolmogorov-Smirnov não apontou para uma distribuição normal de todas as variáveis. Para a estratificação Qualis CAPES foi utilizada a pontuação da avaliação de 2012 (a mais atual disponível na época da pesquisa janeiro de 2013), correspondente a cada estrato, ou seja: A2 = 80 pontos; B1 = 60 pontos; B2 = 50 pontos; B3 = 30 pontos; B4 = 20 pontos. A nota de cada programa de pós-graduação, obtida na avaliação da CAPES, é apresentada na Tabela 1 e o número de edições consta na Tabela 2, ambas na seção 4. A relação esperada é de que estratificação Qualis mais alta, maior número de edições e programa de pós-graduação com nota mais elevada impliquem em melhor desempenho dos periódicos. 4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Como dito anteriormente, são 15 os periódicos avaliados nesta pesquisa. A Tabela 1 apresenta estes periódicos, a região geográfica de origem, a instituição à qual estão vinculados, a nota do programa de pós-graduação e o estrato Qualis CAPES em que cada periódico se enquadrava na época da pesquisa (janeiro de 2013). Tabela 1 Periódicos avaliados Nota do UF Instituição Programa Periódico Qualis CAPES SP USP 6 Revista Contabilidade & Finanças A2 ES FUCAPE 4 Brazilian Business Review A2 SC FURB 4 Revista Universo Contábil B1 MG UFMG 4 Revista Contabilidade Vista & Revista B1 SP UNIFECAP 4 Revista Brasileira de Gestão e Negócios B1 SP USP/RP 4 Revista de Contabilidade e Organizações B1 CE UFC 4 Contextus Revista Contemporânea de Economia e Gestão B2 DF UNB 5 Revista Contabilidade, Gestão e Governança B2 RS UNISINOS 5 Revista Base B2 PE UFPE 4 Revista de Informação Contábil B3 PR UFPR 4 Revista de Contabilidade e Controladoria B3 RJ UFRJ 5 Revista Sociedade, Contabilidade e Gestão B3 SC UFSC 4 Revista Contemporânea de Contabilidade B3 3 Revista de Contabilidade Mestrado Ciências Contábeis da RJ UERJ UERJ B4 BA UFBA 3 Revista de Contabilidade da UFBA B4 Fonte: elaborada a partir de dados da pesquisa. Pela Tabela 1 nota-se que 20% dos periódicos da amostra são do estado de São Paulo. Em seguida aparecem os estados do Rio de Janeiro e de Santa Catarina, com 13% cada. O restante dos periódicos (54%) está pulverizado em diversos estados brasileiros. É possível depreender, também, que 53,3% das instituições que oferecem programas de pós-graduação stricto sensu na área contábil e que têm periódicos vinculados são federais, 26,7% são privadas e 20% são estaduais. Ainda é possível observar na Tabela 1 as revistas mais bem classificadas pelo Qualis CAPES, que são a Brazilian Business Review da FUCAPE (Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças) e a Revista Contabilidade & Finanças da

9 61 USP, ambas no estrato A2, sendo que os programas de pós-graduação da USP (mestrado e doutorado na cidade de São Paulo) são os que possuem nota 6, a mais alta na avaliação da CAPES, dentro da amostra estudada. As revistas com menores pontuações pelo Qualis são a Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e a Revista de Contabilidade da UFBA (Universidade Federal da Bahia), ambas no estrato B4, cujos programas de pós-graduação se restringem ao mestrado e possuem, também, as menores notas. A Tabela 2 demonstra a quantidade de edições desde o primeiro ano de existência dos periódicos até o ano de Constata-se que as duas revistas mais antigas, que são a Revista Contabilidade Vista & Revista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e a Revista Contabilidade & Finanças da USP, possuem mais de 20 anos de existência. A mais recente é a Revista de Contabilidade e Controladoria da UFPR (Universidade Federal do Paraná), editada a partir de Tabela 2 - Quantidade de edições dos periódicos avaliados Periódico Ano Ano Última Qtide Média 1ª Publicação Publicação* edições anual Revista Contabilidade & Finanças ,6 Revista Contabilidade Vista & Revista ,6 Revista Contabilidade, Gestão e Governança ,1 Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ ,4 Contextus Revista Contemporânea de Economia e Gestão ,0 Revista Brasileira de Gestão e Negócios ,5 Revista Base ,1 Brazilian Business Review ,8 Revista Contemporânea de Contabilidade ,0 Revista Universo Contábil ,6 Revista Sociedade, Contabilidade e Gestão ,2 Revista de Informação Contábil ,6 Revista de Contabilidade da UFBA ,6 Revista de Contabilidade e Organizações ,6 Revista de Contabilidade e Controladoria ,0 Nota: * ano de última publicação para efeitos deste estudo Fonte: elaborada a partir de dados da pesquisa. Quando analisada a média de edições por ano, verifica-se que revistas criadas mais recentemente como a Revista Universo Contábil da FURB (Universidade Regional de Blumenau) e a Revista de Informação Contábil da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) possuem média maior do que revistas mais antigas. Isso acontece devido à periodicidade das revistas que, no caso das mais antigas, apresenta irregularidade, variando entre edições anuais, semestrais, quadrimestrais e trimestrais. Importante destacar que para essa contagem considerou-se as edições especiais. A Tabela 3 apresenta o desempenho dos periódicos avaliados conforme o modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998) em relação aos aspectos formais. Tabela 3 Desempenho dos periódicos avaliados

10 62 Periódico Pontuação Desempenho Revista Brasileira de Gestão e Negócios 99 muito bom Revista Universo Contábil 82 muito bom Revista Contabilidade & Finanças 81 muito bom Revista de Contabilidade e Organizações 63 bom Revista Contabilidade Vista & Revista 60 bom Revista Base 55 mediano Revista Contemporânea de Contabilidade 50 mediano Brazilian Business Review 47 mediano Revista de Contabilidade e Controladoria 46 mediano Revista Contabilidade, Gestão e Governança 44 mediano Contextus Revista Contemporânea de Economia e Gestão 43 mediano Revista Sociedade, Contabilidade e Gestão 41 mediano Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ 35 mediano Revista de Informação Contábil 33 mediano Revista de Contabilidade da UFBA 32 mediano Fonte: elaborada pelos autores com base no modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998). Como pode ser visto na Tabela 3, a maioria dos periódicos analisados (66,6%) apresenta desempenho quanto à forma classificado como mediano, enquanto 13,3% apresentam desempenho bom e 20% muito bom. Não houve, na amostra pesquisada, periódicos com desempenho fraco, segundo o modelo aplicado. Constata-se que a Revista Contabilidade & Finanças apresentou desempenho muito bom, o que significa uma evolução no que tange ao desempenho mensurado pelo modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998), pois, Martins (2002) classificou seu desempenho como mediano, no período do chamado Caderno de Estudos, e Batistella et al. (2008) encontraram desempenho classificado como bom para esta revista. As pontuações detalhadas para cada um dos 6 quesitos avaliados em cada um dos 15 periódicos são demonstradas na Tabela 4. Tabela 4 Pontuação dos periódicos por quesito Quesito Revista Brasileira de Gestão e Negócios Revista Universo Contábil Revista Contabilidad e & Finanças Revista de Contabilidade e Organizações Revista Contabilidad e Vista & Revista Normalização Duração Periodicidade Indexação Difusão Colaboração e divisão do conteúdo Total

11 63 Quesito Revista Base Revista Contemporâne a de Contabilidade Brazilian Business Review Revista de Contabilida de e Controlador ia Revista Contabilidade, Gestão e Governança Normalização Duração Periodicidade Indexação Difusão Colaboração e divisão do conteúdo Total Quesito Contextus Revista Contemporân ea de Economia e Gestão Revista Sociedade, Contabilidade e Gestão Revista de Contabilidad e do Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ Revista de Informação Contábil Revista de Contabilidade da UFBA Normalização Duração Periodicidade Indexação Difusão Colaboração e divisão do conteúdo Total Fonte: elaborada a partir de dados da pesquisa. Os periódicos precisam apresentar-se de maneira que o público que tem acesso ao seu conteúdo possa realizar as buscas de forma clara e dinâmica. Quando se trata do quesito normalização dos periódicos, a capa é a primeira página acessada antes da pesquisa específica dos artigos neles contidos. Os critérios, neste quesito, para a avaliação dos periódicos foram: i) periódico como um todo; ii) fascículo, iii) artigos. Quanto ao periódico como um todo são avaliadas características como: legenda bibliográfica; ISSN (International Standard Serial Number) incluído na capa, página de rosto e/ou sumário; endereço completo; periodicidade explícita e instruções aos autores. No que diz respeito ao fascículo, esteve em análise o sumário, verificando se há existência em língua original ou bilíngue e referências bibliográficas, normalizadas e/ou com normalização explícita. Nos artigos foram analisados: filiação do autor, idioma dos resumos, descritores e data de recebimento e/ou publicação dos mesmos. Todos os artigos constantes nas edições do ano de 2011 de todos os periódicos foram analisados, o que corresponde a 337 artigos. A esses critérios foram estabelecidas as pontuações, a partir do modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998), o que ocasionou o resultado total do quesito mostrado na Tabela 4. Os periódicos que apresentaram maior pontuação no quesito normalização foram: Revista Universo Contábil (FURB); Revista de Contabilidade e Controladoria (UFPR); Revista

12 64 Contemporânea de Contabilidade (UFSC Universidade Federal de Santa Catarina) e Revista Contabilidade, Gestão e Governança (UNB Universidade de Brasília). Entre as mais pontuadas neste quesito a Revista Contabilidade, Gestão e Governança iniciou suas atividades em 1998, se apresentando como a mais antiga, já a Revista de Contabilidade e Controladoria, criada em 2009, é a mais recente neste grupo. A partir desta informação, verifica-se que tanto periódicos recentes quanto os mais antigos têm a capacidade de fornecer informações claras ao público. Outro aspecto observado é que estes periódicos apresentaram pontuação acima de 70% do máximo de pontos possível para o quesito. A duração foi o segundo quesito analisado, no qual os periódicos recebem um ponto a cada dois anos ininterruptos de publicações. Para esta avaliação foram consideradas todas as edições a partir de 2009, ano de criação do periódico mais novo da amostra, até 2011, pois, caso contrário, haveria um viés, visto que os periódicos mais antigos seriam privilegiados com pontuações maiores. Desse modo, todos receberam um ponto, considerando que neste período não houve interrupção das publicações em nenhum deles. Para o quesito periodicidade, o modelo prega a redução de um ponto a cada intervalo irregular de aparição das edições, porém, mais uma vez foram consideradas as edições a partir de 2009, para possibilitar comparações entre os 15 periódicos, o que fez com que não fosse descontado nenhum ponto por irregularidade ou atraso. Quanto mais edições por ano, mais pontos o periódico recebe. Este quesito não provocou grande diferença na pontuação geral dos periódicos, variando entre 1 ponto (edição semestral), como é o caso da Contextus Revista Contemporânea de Economia e Gestão (UFC Universidade Federal do Ceará) e da Revista Contemporânea de Contabilidade (UFSC), 2 pontos (edições quadrimestrais) e 3 pontos (edições trimestrais), que corresponde a 40% e 46,6% dos periódicos da amostra, respectivamente. Para a avaliação e pontuação desse quesito não foram consideradas as edições especiais. Quando se compara os resultados relacionados à periodicidade na Revista Contabilidade & Finanças (USP) e na Revista Base (Unisinos) com os resultados obtidos por Batistella et al. (2008) observa-se que a primeira manteve sua pontuação e, consequentemente, sua regularidade de três publicações por ano. Já a segunda aumentou sua classificação em um ponto, isso porque no período de 2005 a 2008 apresentava periodicidade quadrimestral, porém a partir de 2009 passou a apresentar edições trimestrais. A indexação diz respeito à inclusão em bibliografias, abstracts, sumários correntes em serviços estrangeiros e/ou nacionais, sendo que cada inclusão conta 5 pontos, de acordo com o modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998). Os indexadores reúnem um conjunto de títulos de periódicos que passaram por um processo de seleção. Impulsionados pela internet, eles levam os dados sobre os artigos de periódicos indexados, ou ainda, seus resumos, aos leitores. Os indexadores fornecem informações dos artigos originais ao leitor para facilitar a localização do material de interesse sem que seja necessário procurar minuciosamente todos os periódicos da área em questão. Essas informações incluem, usualmente: autor; título do artigo; título do periódico; ano, volume e/ou número do fascículo; número de páginas etc. Normalmente, a lista de indexadores de um periódico figura no verso da página de rosto, próximo à ficha catalográfica. No caso da presente pesquisa, a busca pelos indexadores foi feita diretamente nos sites dos periódicos, os quais apresentam os indexadores na página principal ou em um link específico dentro das informações sobre a revista. A indexação contribui para a aceitação e para o status da publicação no meio acadêmico-científico. Este quesito impactou fortemente a avaliação geral do desempenho dos periódicos, tendo seus extremos entre 0 e 40 pontos, corroborando o resultado encontrado por Krzyzanowski e Ferreira (1998). Comparando este

13 65 quesito com o trabalho de Batistella et al. (2008) é possível observar que a Revista Contabilidade & Finanças (USP) teve um aumento de dois indexadores, enquanto a Revista Base (Unisinos) aumentou um indexador. Os periódicos avaliados que mais se destacaram quanto à indexação são os que, de acordo com o Qualis CAPES, estão classificados no estrato A2 ou B1 e possuem acima de quatro indexadores. Observa-se, porém um contraponto na Brazilian Business Review (FUCAPE), pois esta pertence ao estrato A2 do Qualis e a pontuação quanto à indexação é baixa quando comparada aos outros periódicos. O quesito difusão se subdivide na forma de distribuição e na existência de coleções razoavelmente completas no sistema de bibliotecas do CCN (Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas). Os resultados encontrados a partir deste quesito foram que, aproximadamente, 66,6% dos periódicos analisados obtiveram apenas um ponto pela sua distribuição gratuita. Os demais periódicos também atingiram um ponto pelo mesmo item e ainda apresentaram coleções no sistema de bibliotecas do CCN, tendo destaque a Revista Contabilidade & Finanças com 30 pontos neste segundo item. A consulta ao CCN foi feita pela internet. Verifica-se que Batistella et al. (2008, p. 93) não avaliaram a existência de coleções razoavelmente completas no sistema de bibliotecas do CCN em seu estudo. O último quesito refere-se à colaboração (autores estrangeiros e de diversas instituições do país) e à divisão do conteúdo (artigos originais, artigos de revisão, comunicação de novas pesquisas, cartas, resenhas bibliográficas, artigos de atualização, estudos de caso). Analisando o item de autoria observou-se que do total de periódicos da amostra, 60% apresentam participação ou colaboração de autores estrangeiros e todos reúnem artigos de autores de várias instituições do país. Ainda dentro deste quesito observou-se que todos os periódicos analisados apresentam, na sua composição, artigos ou ensaios, não incluindo outros tipos de publicações. Lembrando que foram analisados 337 artigos publicados no ano A Tabela 5 resume os periódicos mais bem avaliados em cada quesito. Tabela 5 Periódicos com maiores pontuações em cada quesito analisado Quesito Revistas Pontuação Normalização Revista Universo Contábil Revista de Contabilidade e Controladoria Revista Brasileira de Gestão e Negócios Duração Todas as revistas 1 Periodicidade Brazilian Business Review Revista Universo Contábil Revista de Informação Contábil Revista Contabilidade, Gestão e Governança Revista Contabilidade Vista & Revista Revista Brasileira de Gestão e Negócios Revista Base Indexação Revista Universo Contábil 40 Difusão Revista de Contabilidade & Finanças

14 66 Colaboração e divisão do conteúdo Revista Universo Contábil Revista Contabilidade Vista e Revista Revista de Informação Contábil Revista de Contabilidade e Controladoria Revista Sociedade, Contabilidade e Gestão Revista Contemporânea de Contabilidade Revista Contabilidade, Gestão e Governança Revista Brasileira de Gestão e Negócios Revista de Contabilidade e Organizações Fonte: elaborada a partir de dados da pesquisa. 13 De acordo com Braga e Oberhofer (1982), cada quesito tem uma implicação na qualidade do periódico. A normalização visa o julgamento global do modo de apresentação da informação e gera consistência, fator de qualidade da função memória e que, por sua vez, contribui para o aprimoramento da função disseminação. A duração é um indicador de sobrevivência, atributo da função memória. Já a periodicidade é um indicador da função disseminação: quanto mais regular e frequente, mais capacidade de disseminação. O quesito indexação foi o que mais impactou o desempenho dos periódicos, seguido da difusão, sendo que a Revista Universo Contábil (FURB) possui o maior número de indexadores e a Revista Contabilidade & Finanças (USP) é a que mais possui coleções razoavelmente completas em bibliotecas do sistema de Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas. Para Braga e Oberhofer (1982) a indexação é um indicador de julgamentos de qualidade já consolidados e, como a maioria desses serviços é seletiva, a inclusão do periódico reflete um reconhecimento positivo da qualidade dos artigos. Assim, quanto mais numerosa a inclusão em serviços de indexação, maior a disseminação. As autoras destacam, também, que a difusão é um indicador de qualidade das funções memória e disseminação e a existência de coleções completas em bibliotecas reflete o reconhecimento, pelos usuários/bibliotecários, da qualidade do conteúdo do periódico. No que diz respeito à colaboração e divisão de conteúdo, conforme Braga e Oberhofer (1982) este é um indicador de qualidade da função memória e a capacidade de atrair ampla colaboração é reflexo positivo do prestígio do periódico. Com relação à função disseminação, seções regulares de comunicações de pesquisas e de cartas facilitam e agilizam a disseminação de ideias; resenhas bibliográficas e artigos de revisão, principalmente, compactam e disseminam a memória do conhecimento já armazenada em outras fontes de informação. No entanto, esses conteúdos não foram encontrados nos periódicos avaliados, talvez porque seja uma característica da própria área contábil no Brasil. A análise do relacionamento das variáveis externas ao modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998) com o desempenho dos periódicos permitiu chegar à seguinte matriz de correlação de Spearman (Tabela 6): Tabela 6 Matriz de Correlação Variáveis Desempenho Qualis Edições Nota Programa Desempenho Qualis Coeficiente de correlação 1 Sig. (2 extremidades). Coeficiente de correlação,788 ** 1 Sig. (2 extremidades),000.

15 67 Edições Nota Coeficiente de correlação,507,596 * 1 Sig. (2 extremidades),054,019. Coeficiente de correlação,332,425,390 1 Programa Sig. (2 extremidades),226,114,150. Notas: N = 15; ** A correlação é significativa ao nível de 0,01; * A correlação é significativa ao nível de 0,05. Fonte: elaborada a partir de dados da pesquisa. Pela matriz de correlação verifica-se que o desempenho dos periódicos, identificado pelo modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998), está correlacionado positivamente à estratificação do Qualis CAPES e não está correlacionado ao número de edições e nem à nota do programa. Isto quer dizer que quanto melhor o desempenho do periódico, no que tange aos aspectos formais, maior sua pontuação no Qualis e vice-versa. Esse resultado corrobora o estudo de Sola e Bonacim (2013), pois estes autores verificaram que o modelo de Krzyzanowski e Ferreira (1998) valida a classificação dos periódicos feita pelo Qualis CAPES. Observa-se, também, que existe uma correlação positiva entre o número de edições e a estratificação Qualis CAPES, ou seja, quanto maior o número de edições publicadas, maior a estratificação do periódico e vice-versa. Entretanto, o desempenho do periódico não parece ser influenciado pela quantidade de edições publicadas e pela nota do programa, ou seja, aparentemente, nestes periódicos e dentro do recorte temporal utilizado, o número de edições não reflete uma maior experiência para aperfeiçoamento da forma, assim como, características da instituição e do corpo docente do programa não estão afetando o desempenho das publicações quanto aos aspectos formais. Desse modo, apenas a relação esperada que estratificação Qualis mais alta implica em melhor desempenho do periódico quanto à forma foi encontrada. Para a amostra pesquisada não foram encontrados indícios de que maior número de edições e programa de pósgraduação com nota mais elevada implicam em melhor desempenho dos periódicos com relação aos aspectos formais. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com esta pesquisa buscou-se avaliar o desempenho, em relação aos aspectos formais, de periódicos nacionais da área contábil vinculados a Instituições de Ensino Superior que oferecem programas de pós-graduação stricto sensu em Contabilidade. Os resultados encontrados possibilitam conhecer o desempenho geral dos periódicos quanto aos aspectos formais, bem como, em cada um dos quesitos e itens avaliados. Observou-se que nenhum dos periódicos analisados dentro do modelo proposto apresentou desempenho classificado como fraco o que demonstra uma preocupação dos editores em atender tais quesitos e até mesmo pelo fato destes periódicos estarem estratificados pelo Qualis CAPES. Entretanto, a maioria dos periódicos apresenta desempenho mediano e a observação dos quesitos avaliados deve fornecer indicativos para aqueles que precisam ser melhorados. Os estudos anteriores mencionados que utilizaram a mesma metodologia aqui aplicada avaliaram amostras menores de periódicos, possibilitando poucas comparações com os resultados ora encontrados, visto que este estudo abrangeu uma amostra maior. No entanto, os resultados encontrados são limitados à amostra estudada, não permitindo generalizações.

16 68 Em consonância com Oliveira (2002), acredita-se que, dada a importância dos periódicos para a comunicação científica e para a avaliação dos cientistas e dada a quase inexistência de pesquisas no Brasil sobre a forma dos periódicos nacionais de contabilidade, conhecê-la em maior profundidade pode contribuir para apontar pontos fortes, que devem ser ressaltados, e fracos, que precisam ser melhorados. Os principais resultados desse estudo revelam que maior atenção deve ser dada à inserção dos periódicos em bases de dados internacionais, bem como, em bibliotecas nacionais. A análise de correlação foi uma forma de ponderar o desempenho dos periódicos com variáveis que possam expressar as histórias evolutivas dos próprios periódicos, ao considerar o estrato Qualis e o número de edições, assim como, das diferentes instituições que originam esses periódicos, no que tange à nota dos programas de pós-graduação. Há que se considerar que a área contábil é relativamente nova em termos de pesquisa e que os periódicos também estão evoluindo neste sentido. Sugere-se para pesquisas futuras proceder à avaliação de mérito (conteúdo) dos periódicos, principalmente com relação às áreas temáticas, titulação e afiliação dos autores, além de estudos longitudinais com cada periódico individualmente. REFERÊNCIAS BATISTELLA, F. D.; BONACIM, C. A. G.; MARTINS, G. de A. Contrastando as produções da Revista Contabilidade & Finanças (FEA-USP) e Revista Base (Unisinos). Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade, v. 2, n. 3, p , set./dez BRAGA, G.M.; OBERHOFER, C. A. Diretrizes para a avaliação de periódicos científicos e técnicos brasileiros. Revista Latinoamericana de Documentación, v. 1, n. 1, p , jan./jun BRUNOZI JUNIOR, A. C.; EMMENDOERFER, M. L.; ABRANTES, L. A.; KLEIN, T. C. Revista Contabilidade & Financas USP: uma análise do perfil da produção científica de 1989 a Revista Universo Contábil, v. 7, n. 4, p , out./dez CAPES. Disponível em < Acesso em 21/12/2012. CARDOSO, R. L.; NETO, O. R. de M.; RICCIO, E. L.; SAKATA, M. C. G. Pesquisa científica em contabilidade entre 1990 e Revista de Administração de Empresas, v. 45, n. 2, p.34-45, abr./jun KRZYZANOWSKI, R. F.; FERREIRA, M. C. G. Avaliação de periódicos científicos e técnicos brasileiros. Ciência da Informação, v. 27, n. 2, p , mai/ago LAPINI, V.C. Panorama da formação do professor em Ciências Contábeis pelos cursos stricto senso Brasil p. Dissertação (Mestrado) Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto LEITE FILHO, G. A.; SIQUEIRA, R. L. Revista Contabilidade & Finanças USP: uma análise bibliométrica de 1999 a Revista de Informação Contábil, v.1, n. 2, p , out/dez LUCENA, W. G. L. ; FERNANDES, M. S. A. ; CAVALCANTE, P. R. N.. As Tendências, Desafios e Perspectivas da Pesquisa nos Programas de Pós-Graduação em Ciências