PROPOSTA DE RESOLUÇÃO
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1 PARLAMENTO EUROPEU Documento de sessão B7-0000/2013 PROPOSTA DE RESOLUÇÃO apresentada na sequência de uma declaração da Comissão nos termos do artigo 110.º, n.º 2, do Regimento sobre a celebração do Acordo de Parceria Voluntário entre a União Europeia e a República da Indonésia relativo à aplicação da legislação, à governação e ao comércio no setor florestal no que respeita aos produtos de madeira importados para a União Europeia (RSP) Yannick Jadot em nome da Comissão do Comércio Internacional RE\ doc PE v01-00 Unida na diversidade
2 Resolução do Parlamento Europeu sobre a celebração do Acordo de Parceria Voluntário entre a União Europeia e a República da Indonésia relativo à aplicação da legislação, à governação e ao comércio no setor florestal no que respeita aos produtos de madeira importados para a União Europeia (RSP) O Parlamento Europeu, Tendo em conta a proposta de decisão do Conselho (11767/1/2013), Tendo em conta o Acordo de Parceria Voluntário entre a União Europeia e a República da Indonésia relativo à aplicação da legislação, à governação e ao comércio no setor florestal no que respeita aos produtos de madeira importados para a União Europeia (11769/1/2013), Tendo em conta o pedido de aprovação apresentado pelo Conselho, nos termos do artigo 207.º, n.º 3, primeiro parágrafo, do artigo 207.º, n.º 4, primeiro parágrafo, do artigo 218.º, n.º 6, segundo parágrafo, alínea a), subalínea v), e do artigo 218.º, n.º 7, do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia (C7-0344/2013), Tendo em conta a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas (aprovada pela Resolução 61/295 da Assembleia-Geral da ONU, em 13 de setembro de 2007) 1, Tendo em conta o Regulamento (UE) n.º 995/2010 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de outubro de 2010, que fixa as obrigações dos operadores que colocam no mercado madeira e produtos da madeira 2, Tendo em conta o relatório do Banco Mundial intitulado «Justiça para as florestas: melhorar os esforços da justiça criminal para combater a exploração madeireira ilegal», de 14 de março de , Tendo em conta o relatório da organização Human Rights Watch intitulado «O lado negro do crescimento verde. O impacto da má governação no setor florestal indonésio sobre os direitos humanos», de 16 de julho de , Tendo em conta o artigo 110.º, n.º 2, do seu Regimento, JO L 295 de , p Banco Mundial, Justice for forests: improving criminal justice efforts to combat illegal logging, 2012, pp. 5-10, 4 Human Rights Watch, The dark side of green growth. Human rights impacts of weak governance in Indonesia s forestry sector, 2013, PE v /7 RE\ doc
3 A) Considerando que, em 30 de setembro de 2013, o Governo da Indonésia e a UE assinaram um Acordo de Parceria Voluntário (APV) relativo à aplicação da legislação, à governação e ao comércio no setor florestal no que respeita aos produtos de madeira importados para a UE (FLEGT), confirmando o seu compromisso mútuo em garantir que a madeira que entra na UE seja produzida, abatida e expedida legalmente; B) Considerando que os APV foram concebidos para erradicar a exploração madeireira ilegal, melhorar a governação no setor florestal e, por fim, conduzir à gestão sustentável das florestas, bem como apoiar os esforços mundiais para pôr termo à desflorestação e à degradação das florestas; C) Considerando que os APV visam fomentar alterações sistémicas no setor florestal, recompensando os esforços dos operadores diligentes que adquirem madeira proveniente de fontes legais e fidedignas e protegendo-os da concorrência desleal; D) Considerando que a Indonésia alberga a terceira maior área de floresta tropical, depois da Amazónia e da Bacia do Congo, mas é também o terceiro maior emissor de gases com efeito de estufa e impacto nas alterações climáticas do mundo, devido à destruição persistente e cada vez maior nos últimos tempos, das suas florestas tropicais e dos terrenos turfosos, ricos em carbono, para produção de óleo de palma e de papel, E) Considerando que a Indonésia perdeu, pelo menos, hectares de floresta no período entre 2009 e 2011; F) Considerando que apenas dez por cento, em valor, das exportações de madeira e de produtos de madeira indonésios têm atualmente como destino a UE, sendo o grosso das exportações canalizado para os países asiáticos, e que o APV desempenha, assim, um papel importante na definição de normas para toda a indústria madeireira indonésia; G) Considerando que o setor florestal da Indonésia é um setor com um índice de criminalidade elevado, apresentando um risco substancial de branqueamento de capitais e evasão fiscal, de acordo com a INTERPOL e com um estudo do Banco Mundial de 2012; que, segundo a lei indonésia de 2010 que procura combater o branqueamento de capitais, os crimes cometidos nos domínios florestal e ambiental alcançaram um nível de evasão fiscal e de corrupção tal que permitem a dedução de acusação por branqueamento de capitais; H) Considerando que, segundo a Human Rights Watch, a corrupção, a evasão fiscal e o branqueamento de capitais no setor florestal custaram ao país cerca de 7 mil milhões USD entre 2007 e 2011; que o Vice-Presidente da Comissão de Erradicação da Corrupção da Indonésia (KPK) descreveu o setor florestal como uma «fonte de corrupção sem limites» 5 ; que a Indonésia tem, todavia, realizado progressos significativos nos últimos anos relativamente à dedução de acusação por crimes financeiros, como comprova a condenação pelo Supremo Tribunal do grupo produtor de óleo de palma Asian Agri, por evasão fiscal, em dezembro de 2012; 5 Notícias em linha da agência Reuters, 17 de setembro de 2010, «Corrupção pode prejudicar acordos climáticos da Indonésia», RE\ doc 3/7 PE v01-00
4 I) Considerando que ambas as partes devem acordar os termos do Sistema de Garantia da Legalidade da Madeira da Indonésia (Sistem Verifikasi Legalitas Kayu - SVLK), de modo a que a madeira e os produtos de madeira indonésios abrangidos pelo APV possam entrar no mercado da UE como madeira coberta por licenças FLEGT, que é automaticamente considerada legal nos termos do Regulamento da UE sobre a madeira 6, J) Considerando que o SVLK está atualmente a ser revisto, de modo a cumprir os requisitos do APV, K) Considerando que a Comissão, nos termos da sua proposta de alteração do Regulamento (CE) n.º 2173/2005 do Conselho relativo ao estabelecimento de um regime de licenciamento para a importação de madeira para a Comunidade Europeia (FLEGT) 7, está capacitada para adotar um ato de execução através do procedimento de exame, de modo a aprovar o SVLK indonésio; 1. Congratula-se com os enormes esforçados envidados voluntariamente pela Indonésia para resolver a exploração madeireira ilegal descontrolada e o comércio relacionado com esta prática mediante o desenvolvimento do seu SVLK e, em particular, com os progressos consideráveis alcançados nos últimos meses; regista, contudo, a sua preocupação com os problemas que ainda subsistem e salienta que o processo de reforma do SVLK ainda não chegou ao ponto de garantir o desempenho e a integridade do sistema nem a obtenção dos objetivos proclamados no acordo de parceria assinado; 2. Observa com inquietação que, até ao momento, menos de metade das fontes de madeira no país foram certificadas pelo SVLK e que volumes consideráveis e cada vez maiores de madeira não verificada proveniente da desflorestação estão a entrar na cadeia de abastecimento para dar lugar à agricultura e à produção de celulose e papel; 3. Regista com preocupação que, atualmente, o SVLK não exige a separação entre madeira certificada e madeira não certificada e não controla todas as etapas da cadeia de abastecimento, o que torna virtualmente impossível assegurar a legalidade nas unidades de transformação ou no porto de exportação; 4. Considera que a questão da conversão florestal constitui um problema persistente do ordenamento do território na Indonésia; lamenta que o SVLK não controle, atualmente, o processo de concessão de licenças às empresas para conversão florestal, em particular no que toca à forma como procedem à realização das avaliações do impacto ambiental (AMDALS) e dão cumprimento às restrições impostas no processo de obtenção de licenças de conversão florestal (IPK); 5. Salienta com apreensão que o sistema de classificação do SVLK leva a que sejam certificadas como legais operações de abate de madeira, mesmo quando estão por resolver 6 Regulamento (UE) n. 995/2010 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de outubro de 2010, que fixa as obrigações dos operadores que colocam no mercado madeira e produtos da madeira 7 COM(2013) 15 final PE v /7 RE\ doc
5 conflitos com os povos indígenas e as comunidades locais quanto à utilização dos solos e que o SVLK não confere, atualmente, um mandato específico aos organismos de verificação (OV) para avaliarem se as empresas estão a respeitar os direitos locais de utilização das terras; 6. Apela à Comissão para que condicione a sua aprovação do SVLK à garantia de que: - a origem da madeira, incluindo a respetiva cadeia de produção seja sempre controlada, incluindo, desde logo, o direito das empresas madeireiras a proceder ao abate, - a madeira e os produtos de madeira certificados e não certificados se mantenham separados, - a conversão de florestas naturais para a agricultura e para a produção de celulose e papel seja reduzida ao mínimo e a origem legal da madeira proveniente de áreas de conversão seja comprovada, em particular a existência de um sistema AMDAL e/ou a conformidade com as normas por ele adotadas que regulam a utilização dos terrenos em concessão. 7. Observa que o SVLK não está a auditar o cumprimento, por parte das empresas, das normas indonésias em matéria fiscal e de branqueamento de capitais, embora, de acordo com a Comissão de Erradicação da Corrupção da Indonésia (KPK), esteja claramente demonstrado que muitas concessões comerciais que fornecem todos os tipos de mercado doméstico e de exportação indonésios, de todos os tipos, foram adquiridas, no mínimo, de forma duvidosa e, em alguns casos, ilegal; defende que, enquanto a corrupção na Indonésia continuar enraizada em todos os níveis governamentais, a credibilidade do país para emitir licenças FLEGT será questionável; 8. Apela ao Governo indonésio para que dê seguimento à sua recente determinação em reforçar as leis fiscais e exija documentação que comprove que as empresas exportadoras de madeira cumprem as normas indonésias em matéria fiscal, bem como a lei de branqueamento de capitais de 2010, em conformidade com os objetivos definidos no plano de ação FLEGT (objetivo 6, relativo à utilização dos instrumentos legislativos existentes), apesar de o APV não o exigir atualmente e de o SVLK estar a controlar o cumprimento destas normas por parte das empresas; 9. Regista com preocupação a falta de mapas e de informação atualizada, transparente e acessível, o que dificulta uma boa governação florestal na Indonésia e resulta em interpretações variadas e inconsistentes da legislação, bem como em conflitos com as comunidades locais e indígenas; sublinha que os Controladores Florestais Independentes devem ter acesso a essas informações básicas para que possam desempenhar, de forma credível, as suas funções e que os mapas das concessões, os planos de abate e as cópias das licenças devem ser inscritos em registos públicos; 10. Apela à Comissão para que condicione a sua aprovação do SVLK à garantia de que: - será acordado com a Indonésia um conjunto de mapas claros das zonas florestais, de forma a comprovar a origem e a conformidade legal da madeira, - os organismos de verificação publiquem, nos seus relatórios de síntese, cópias digitais de todos os documentos, aprovações governamentais, mapas e dados utilizados na avaliação de conformidade, RE\ doc 5/7 PE v01-00
6 - o Comité Misto de Execução assegure que o risco de fraude e corrupção seja substancialmente reduzido, nomeadamente através da preparação de um plano de controlo da fraude baseado no risco. 11. Reconhece que as certificações dependem quase inteiramente do desempenho dos auditores e do controlo independente (CI); saúda o SVLK pelo papel que atribui oficialmente ao controlo independente (CI); salienta, contudo, que a capacidade das redes de CI é limitada em termos de recursos humanos e de capital, cobrindo apenas cinco por cento do total de certificações SVLK emitidas pelos organismos de verificação; 12. Apela à Comissão para que condicione a sua aprovação do SVLK à garantia de que os auditores e os organismos de verificação, bem como os controladores florestais independentes sejam devidamente financiados e formados para assegurar não só um trabalho de campo regular, mas também verificações e auditorias aleatórias; 13. Realça que o Ministério das Florestas indonésio não dispõe de uma política clara quanto ao controlo, à catalogação e ao acompanhamento das violações do SVLK cometidas pelas empresas; lamenta que as empresas apanhadas a infringir a lei, na maioria dos casos, só sejam obrigadas a submeter-se a nova auditoria SVLK favorável, em vez de serem denunciadas às autoridades judiciais; 14. Exorta a Comissão a condicionar a sua aprovação do SVLK à garantia de que seja dado seguimento aos relatórios dos controladores independentes que assinalem infrações e que sejam impostas sanções dissuasoras e eficazes, nomeadamente uma possível ação penal, às violações do SVLK; 15. Sublinha que o controlo independente e o respeito pelos direitos dos povos indígenas e das comunidades locais constituem fatores determinantes que conferem credibilidade ao SVLK; salienta, por isso, que é importante que este compromisso se mantenha e que a transparência para com outros intervenientes da sociedade civil seja reforçada, devendo-se simultaneamente garantir o bom exercício de um controlo independente e que a violência, as ameaças e qualquer forma de abuso para com os controladores seja vigorosamente perseguida judicialmente; 16. Apela à Comissão para que condicione a sua aprovação do SVLK à garantia de que: - o envolvimento das partes interessadas na implementação e na operacionalização do SVLK seja mantido e reforçado, - seja assegurada a proteção dos controladores independentes, das organizações da sociedade civil e dos cidadãos que exponham as empresas infratoras envolvidas em crimes contra o património florestal, - se obtenha sempre o consentimento livre, prévio e informado dos povos indígenas e das comunidades locais, como condição não negociável para todas as licenças FLEGT, - os requisitos de auditoria do SLVK sejam atualizados regularmente, de modo a incorporarem nova legislação sobre direitos de propriedade e, em particular, a recente decisão PE v /7 RE\ doc
7 do Tribunal Constitucional indonésio, segundo a qual as terras dos povos indígenas não podem ser classificadas como floresta estatal; 17. Encarrega o seu Presidente de transmitir a posição do Parlamento ao Conselho e à Comissão, bem como ao Governo e ao Parlamento da Indonésia. RE\ doc 7/7 PE v01-00
PROJETO DE CONCLUSÕES DO CONSELHO
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