COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA. PROJETO DE LEI N o 5.772, DE 2005 I - RELATÓRIO

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1 COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA PROJETO DE LEI N o 5.772, DE 2005 Acrescenta parágrafos ao art. 190 da Consolidação das Leis do Trabalho, para considerar o amianto como substância cancerígena e estabelecer o limite de tolerância para fibras respiráveis de asbesto crisotila. Autora: Deputada DRA. CLAIR Relator: Deputado MANATO I - RELATÓRIO O presente projeto de lei propõe incluir o amianto na lista de produtos cancerígenos, estabelecendo novo limite de tolerância para fibras respiráveis de asbesto crisotila. Na exposição de motivos do projeto, alega-se que o Brasil deveria, a exemplo de várias outras nações, banir as atividades que utilizam o amianto. Porém, por considerar tal medida inviável, propõe medidas para minimizar os possíveis riscos. projeto. No prazo regimental, não foram apresentadas emendas ao Além desta Comissão de Seguridade Social e Família, a proposição será também encaminhada para análise de mérito à Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público. Em seguida, será apreciada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, a respeito de sua **

2 2 constitucionalidade, regimentalidade e juridicidade. Por ter caráter conclusivo nas comissões, dispensa a apreciação do Plenário. Cabe a esta Comissão de Seguridade Social e Família a análise da proposição do ponto de vista sanitário e quanto ao mérito. Eventuais ponderações acerca da redação ou da técnica legislativa deverão ser apontadas pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. II - VOTO DO RELATOR A ilustre autora do projeto demonstra louvável preocupação para com os trabalhadores expostos ao amianto no Brasil. De fato, trata-se de tema da maior relevância. O asbesto, ou amianto, consiste em um grupo heterogêneo de minerais facilmente separáveis em fibras. Conforme o tipo de fibras em sua composição, pode ser classificado nos tipos anfibólios ou serpentinas. Ambos apresentam potencial carcinogênico importante; por essa razão, em vários países, o uso de qualquer das formas foi abolido. Entre as patologias causadas pelo amianto, encontram-se: neoplasia maligna de estômago, laringe, brônquios e pulmões; mesotelioma da pleura, do peritônio ou do pericárdio; placas epicárdicas, pericárdicas ou pleurais; asbestose e derrame pleural. As normas para utilização do amianto no Brasil vêm sendo há muito discutidas. A Lei nº 9.055/95 proíbe quase todos os tipos de amianto, porém mantém a possibilidade de uso do amianto crisotila. Posteriormente, o Decreto nº 2.350/97 veio regulamentar essa lei mantendo o mesmo preceito. Além dessa legislação já em vigor, inúmeras proposições que tratam do amianto vêm sendo debatidas na Câmara dos Deputados. Em 1996, o Sr. Deputado Eduardo Jorge e co-autores apresentaram o Projeto de Lei **

3 , que dispõe sobre a substituição progressiva da produção e da comercialização de produtos que contenham asbesto/amianto, e dá outras providências. Em 1999, para apreciar as muitas emendas apresentadas, foi criada uma Comissão Especial para a apreciação do projeto. Tal PL está aguardando deliberação da Mesa para decidir se será apreciado em Plenário desde Ainda, a própria autora do PL em pauta, Deputada Dra. Clair, apresentou recentemente duas outras proposituras sobre o tema: uma indicação ao Ministro do Trabalho e Emprego sugerindo modificar a NR 15, para alterar o limite de tolerância para fibras respiráveis de asbesto e para incluí-lo na lista das substâncias cancerígenas, e um requerimento para, em audiência pública, discutir a situação dos vitimados pelo amianto. Efetivamente, lembramos que no ano de 2004 já foi realizada uma audiência pública para debater a questão do amianto, solicitada pelo Sr. Deputado João Pizzolatti. Tal audiência, contudo, não alcançou posição de consenso. Dessa forma, fica evidente que o assunto amianto ocupa posição de relevo na pauta legislativa da Casa. Isso deve-se ao fato de também a forma crisotila, permitida no Brasil, apresentar relação com a gênese de patologias; pode, comprovadamente, causar asbestose, câncer de pulmão e mesotelioma. Várias entidades internacionais a consideram substância carcinogênica, a exemplo da Agência de Proteção Ambiental (EPA), dos Estados Unidos, da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), da OMS, e da ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists). De fato, a problemática do amianto crisotila não preocupa apenas o âmbito legislativo, mas também o acadêmico e a própria sociedade civil, especialmente os setores mais diretamente influenciados por sua utilização. Para decidir sobre a questão, foi criada, em 2004, a comissão interministerial do amianto/asbesto, cuja função era elaborar uma política nacional relativa ao amianto/asbesto. Salientamos que a portaria de sua criação Portaria Interministerial nº 8, de 19 de abril de 2004 assume como premissa a **

4 4 comprovada carcinogenicidade do amianto/asbesto em todas as suas formas e a inexistência de limites seguros de exposição. No entanto, a comissão não chegou a deliberar sua vedação no Brasil. Isso posto, fica claro que o tema é pulsante, de vital importância. Ainda hoje, mesmo à luz de tantos conhecimentos científicos, não existe unanimidade quanto as assunto. Nota-se que os setores ligados à saúde pública posicionam-se favoráveis ao banimento do produto no País, enquanto os relacionados à produção do amianto tencionam apenas sua regulação. É nesse contexto que o projeto de lei em apreço se insere. Como primeira providência, o PL propõe classificar o amianto como produto cancerígeno. Ocorre, no entanto, que as principais instituições internacionais já o classificam como tal, conforme explicitado anteriormente. Além disso, o PL pretende definir limite de tolerância inferior ao atual para as fibras respiráveis do tipo crisotila, porém não o seu banimento. Quanto a esse ponto, não nos parece também a melhor conduta. Ainda que a insigne Autora considere tal medida inviável, parece-nos forçosa e inevitável sua definição. Salientemos o grande número de proposições na Casa que, inclusive, já propõem a proibição. Ademais, ainda que tal análise extrapole a questão do mérito a ser debatido nesta Comissão, o assunto tratado nesta propositura, em sua natureza, não cabe a uma lei federal. O próprio art. 190 da CLT, cuja alteração é sugerida no presente PL, remete ao Ministério do Trabalho a definição desses critérios. Dessa forma, a inclusão dos artigos sugeridos levaria a uma incongruência na lei. Lei nº 5.772, de Pelo acima, manifestamo-nos pela rejeição do Projeto de **

5 5 Sala da Comissão, em de de Deputado MANATO Relator ArquivoTempV.doc _247 **