REVISTA PORTUGUESA DE CIÊNCIAS DO DESPORTO 2017/ S2A 1 RPCD 17 (S2.A)

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1 REVISTA PORTUGUESA DE CIÊNCIAS DO DESPORTO 2017/ S2A 1 RPCD 17 (S2.A)

2 REVISTA PORTUGUESA DE CIÊNCIAS DO DESPORTO 2017/ S2A ÍNDICE Apresentação António Manuel Fonseca Triagem de escoliose em escolares de 10 a 12 anos de idade 65 Avaliação do perfil de nipo-brasileiros através de análise subjetiva e numérica Alexandre Magno dos Santos, Andréa Damasceno Rocha, Hideo Suzuki, José Carlos Tatmatsu-Rocha, Adaneuda Silva Aguinaldo Silva Garcez Segundo, Maurício Britto, Francisca de Fatima dos Anjos, Marliane Almeida Cardoso, Isabella Simões Holz, Aline da Silva Magalhães, Tiago Lopes Farias, Leopoldino Capelozza Filho Daisy de Araujo Vilela 22 Disciplina e bullying em alunos do ensino fundamental Tatiana Lima Boletini, Cristina Carvalho de Melo, 78 Alterações na função da musculatura escapular em indivíduos com diagnóstico de Síndrome do Impacto Camila Cristina F Bicalho, Franco Noce Giovanna Mendes Amaral, Silvia Murta Peixoto, Hellen Veloso Rocha Marinho, Marco Túlio O licenciamento compulsório de patentes de medicamentos Elton Dias Xavier, Sheile Nayara Ferreira Percepção da saúde e dor em idosos em unidades de saúde 92 S dos Anjos, Sérgio Teixeira Fonseca Efeitos da kinesio taping no índice do arco plantar em pés normais e planos: um estudo piloto Maikon Gleibyson R dos Santos, Daisy de Araújo Vilela, Isadora Prado de Araújo José Roberto de Souza Junior, Ingredy Paula Vilela, Jose Carlos Tatmatsu Rocha, Danielle M Garcia, Helen Cristian Marques Tomaz, I B Tatmatsu, Marina Prado de Araújo Vilela, Thiago Vilela Lemos, Humberto de Sousa Rafael Pedroza C Marques Fontoura, João Paulo C Matheus

3 104 The relative age effect in olympic swimmers Renato Melo Ferreira, Emerson Filipino Coelho, Adelita Vieira de Morais, Francisco Zacaron Werneck, Guilherme Tucher, Ana Luiza Rocha Lisboa 152 Influência da presença ou da ausência de jogos nas percepções de fadiga de atletas profissionais de voleibol durante uma temporada competitiva Francine Caetano de Andrade Nogueira, 115 Características motivacionais de corredores de diferentes provas do atletismo Bernardo Miloski, Maurício Gattá Bara Filho, Lelio Moura Lourenço 127 Marcus Vinicius da Silva, Josária Ferraz Amaral, Renato Miranda Níveis de ansiedade pré-competitiva e eficiência técnica e tática de uma equipe adulta de futsal feminino participante dos jogos de minas gerais Transtorno dismórfico corporal, insatisfação corporal e influência sociocultural em mulheres frequentadoras de academias de ginástica que realizaram cirurgia plástica estética Fernanda Dias Coelho, Pedro Henrique Geraldo Magela Durães, Bruna Santos Durães, B de Carvalho, Santiago Tavares Paes, Jean Claude Lafetá, Maria de Fatima de Matos Tassiana Aparecida Hudsson, Maia, Alexandre Caribé Maria Elisa Caputo Ferreira 141 Depressão e dança de salão: fatores de influência em idosos Cristina Carvalho de Melo, Tatiana Lima Boletini, Israel Teoldo da Costa, Agnes Vasconcelos Arreguy, Franco Noce

4 CORPO EDITORIAL DA RPCD FICHA TÉCNICA DA RPCD CONSELHO EDITORIAL Adroaldo Gaya (UNIVERSIDADE FEDERAL RIO GRANDE SUL, BRASIL) António Prista (UNIVERSIDADE PEDAGÓGICA, MOÇAMBIQUE) Eckhard Meinberg (UNIVERSIDADE DESPORTO COLÓNIA, ALEMANHA) Gaston Beunen (UNIVERSIDADE CATÓLICA LOVAINA, BÉLGICA) Go Tani (UNIVERSIDADE SÃO PAULO, BRASIL) Ian Franks (UNIVERSIDADE DE BRITISH COLUMBIA, CANADÁ) João Abrantes (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA, PORTUGAL) Jorge Mota (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) José Alberto Duarte (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) José Maia (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) Michael Sagiv (INSTITUTO WINGATE, ISRAEL) Neville Owen (UNIVERSIDADE DE QUEENSLAND, AUSTRÁLIA) Rafael Martín Acero (UNIVERSIDADE DA CORUNHA, ESPANHA) Robert Brustad (UNIVERSIDADE DE NORTHERN COLORADO, USA) Robert M. Malina (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE TARLETON, USA) EDITOR CHEFE António Manuel Fonseca (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) EDITORES ASSOCIADOS Amândio Graça (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) António Ascensão (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) João Paulo Vilas Boas (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) José Maia (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) José Oliveira (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) José Pedro Sarmento (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) Júlio Garganta (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) Olga Vasconcelos (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) Rui Garcia (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) CONSULTORES Alberto Amadio (UNIVERSIDADE SÃO PAULO) Alfredo Faria Júnior (UNIVERSIDADE ESTADO RIO JANEIRO) Almir Liberato Silva (UNIVERSIDADE DO AMAZONAS) Anthony Sargeant (UNIVERSIDADE DE MANCHESTER) António José Silva (UNIVERSIDADE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO) António Roberto da Rocha Santos (UNIV. FEDERAL PERNAMBUCO) Carlos Balbinotti (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL) Carlos Carvalho (INSTITUTO SUPERIOR DA MAIA) Carlos Neto (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA) Cláudio Gil Araújo (UNIVERSIDADE FEDERAL RIO JANEIRO) Dartagnan P. Guedes (UNIVERSIDADE ESTADUAL LONDRINA) Duarte Freitas (UNIVERSIDADE DA MADEIRA) Eduardo Kokubun (UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, RIO CLARO) Eunice Lebre (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) Francisco Alves (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) Francisco Camiña Fernandez (UNIVERSIDADE DA CORUNHA) Francisco Carreiro da Costa (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA) Francisco Martins Silva (UNIVERSIDADE FEDERAL PARAÍBA) Glória Balagué (UNIVERSIDADE CHICAGO) Gustavo Pires (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA) Hans-Joachim Appell (UNIVERSIDADE DESPORTO COLÓNIA) Helena Santa Clara (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA) Hugo Lovisolo (UNIVERSIDADE GAMA FILHO) Isabel Fragoso (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) Jaime Sampaio (UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO) Jean Francis Gréhaigne (UNIVERSIDADE DE BESANÇON) Jens Bangsbo (UNIVERSIDADE DE COPENHAGA) João Barreiros (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) José A. Barela (UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA, RIO CLARO) José Alves (ESCOLA SUPERIOR DE DESPORTO DE RIO MAIOR) José Luis Soidán (UNIVERSIDADE DE VIGO) José Manuel Constantino (UNIVERSIDADE LUSÓFONA) José Vasconcelos Raposo (UNIV. TRÁS-OS-MONTES ALTO DOURO) Juarez Nascimento (UNIVERSIDADE FEDERAL SANTA CATARINA) Jürgen Weineck (UNIVERSIDADE ERLANGEN) Lamartine Pereira da Costa (UNIVERSIDADE GAMA FILHO) Lilian Teresa Bucken Gobbi (UNIV. ESTADUAL PAULISTA, RIO CLARO) Luis Mochizuki (UNIVERSIDADE SÃO PAULO) Luís Sardinha (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA) Luiz Cláudio Stanganelli (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA) Manoel Costa (UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO) Manuel João Coelho e Silva (UNIVERSIDADE DE COIMBRA) Manuel Patrício (UNIVERSIDADE DE ÉVORA) Manuela Hasse (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) Marco Túlio de Mello (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO) Margarida Espanha (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) Margarida Matos (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) Maria José Mosquera González (INEF GALIZA) Markus Nahas (UNIVERSIDADE FEDERAL SANTA CATARINA) Mauricio Murad (UNIVERS. ESTADO RIO DE JANEIRO E UNIVERSO) Ovídio Costa (UNIVERSIDADE DO PORTO, PORTUGAL) Pablo Greco (UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS) Paula Mota (UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO) Paulo Farinatti (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO) Paulo Machado (UNIVERSIDADE MINHO) Pedro Sarmento (UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA) Ricardo Petersen (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL) Sidónio Serpa (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA) Silvana Göllner (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL) Valdir Barbanti (UNIVERSIDADE SÃO PAULO) Víctor da Fonseca (UNIVERSIDADE TÉCNICA LISBOA) Víctor Lopes (INSTITUTO POLITÉCNICO BRAGANÇA) Víctor Matsudo (CELAFISCS) Wojtek Chodzko-Zajko (UNIVERS. ILLINOIS URBANA-CHAMPAIGN) A RPCD TEM O APOIO DA FCT PROGRAMA OPERACIONAL CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÃO DO QUADRO COMUNITÁRIO DE APOIO III Revista Portuguesa de Ciências do Desporto Publicação quadrimestral da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto [ISSN ] DESIGN E PAGINAÇÃO Rui Mendonça COLABORAÇÃO Bruno Lisboa Noémia Guarda FOTOGRAFIA NA CAPA José Pedro Martins A REPRODUÇÃO DE ARTIGOS, GRÁFICOS OU FOTOGRAFIAS DA REVISTA SÓ É PERMITIDA COM AUTORIZAÇÃO ESCRITA DO DIRECTOR. ENDEREÇO PARA CORRESPONDÊNCIA REVISTA PORTUGUESA DE CIÊNCIAS DO DESPORTO Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Rua Dr. Plácido Costa, Porto Portugal Tel: ; Fax: expediente@fade.up.pt PREÇO DO NÚMERO AVULSO Preço único para qualquer país: 20 A Revista Portuguesa de Ciências do Desporto está representada na plataforma SciELO Portugal Scientific Electronic Library Online [site], no SPORTDiscus e no Directório e no Catálogo Latindex Sistema regional de informação em linha para revistas científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal.

5 NORMAS DE PUBLICAÇÃO NA RPCD TIPOS DE PUBLICAÇÃO INVESTIGAÇÃO ORIGINAL RPCD publica artigos originais relativos a todas as áreas das ciências do desporto; REVISÕES DA INVESTIGAÇÃO A RPCD publica artigos de síntese da literatura que contribuam para a generalização do conhecimento em ciências do desporto. Artigos de meta-análise e revisões críticas de literatura são dois possíveis modelos de publicação. Porém, este tipo de publicação só estará aberto a especialistas convidados pela RPCD. COMENTÁRIOS Comentários sobre artigos originais e sobre revisões da investigação são, não só publicáveis, como são francamente encorajados pelo corpo editorial; ESTUDOS DE CASO A RPCD publica estudos de caso que sejam considerados relevantes para as ciências do desporto. O controlo rigoroso da metodologia é aqui um parâmetro determinante. ENSAIOS A RPCD convidará especialistas a escreverem ensaios, ou seja, reflexões profundas sobre determinados temas, sínteses de múltiplas abordagens próprias, onde à argumentação científica, filosófica ou de outra natureza se adiciona uma forte componente literária. REVISÕES DE PUBLICAÇÕES A RPCD tem uma secção onde são apresentadas revisões de obras ou artigos publicados e que sejam considerados relevantes para as ciências do desporto. REGRAS GERAIS DE PUBLICAÇÃO Os artigos submetidos à RPCD deverão conter dados originais, teóricos ou experimentais, na área das ciências do desporto. A parte substancial do artigo não deverá ter sido publicada em mais nenhum local. Se parte do artigo foi já apresentada publicamente deverá ser feita referência a esse facto na secção de Agradecimentos. Os artigos submetidos à RPCD serão, numa primeira fase, avaliados pelo editor-chefe e terão como critérios iniciais de aceitação: normas de publicação, relação do tópico tratado com as ciências do desporto e mérito científico. Depois desta análise, o artigo, se for considerado previamente aceite, será avaliado por 2 referees independentes e sob a forma de análise duplamente cega. A aceitação de um e a rejeição de outro obrigará a uma 3ª consulta. PREPARAÇÃO DOS MANUSCRITOS ASPECTOS GERAIS Cada artigo deverá ser acompanhado por uma carta de rosto que deverá conter: Título do artigo e nomes dos autores; Declaração de que o artigo nunca foi previamente publicado. FORMATO: Os manuscritos deverão ser escritos em papel A4 com 3 cm de margem, letra 12 com duplo espaço e não exceder 20 páginas; As páginas deverão ser numeradas sequencialmente, sendo a página de título a nº1. DIMENSÕES E ESTILO: Os artigos deverão ser o mais sucintos possível; A especulação deverá ser apenas utilizada quando os dados o permitem e a literatura não confirma; Os artigos serão rejeitados quando escritos em português ou inglês de fraca qualidade linguística; As abreviaturas deverão ser as referidas internacionalmente. PÁGINA DE TÍTULO: A página de título deverá conter a seguinte informação: Especificação do tipo de trabalho (cf. Tipos de publicação); Título conciso mas suficientemente informativo; Nomes dos autores, com a primeira e a inicial média (não incluir graus académicos) Running head concisa não excedendo os 45 caracteres; Nome e local da instituição onde o trabalho foi realizado; Nome e morada do autor para onde toda a correspondência deverá ser enviada, incluindo endereço de . PÁGINA DE RESUMO: Resumo deverá ser informativo e não deverá referir-se ao texto do artigo; Se o artigo for em português o resumo deverá ser feito em português e em inglês Deve incluir os resultados mais importantes que suportem as conclusões do trabalho; Deverão ser incluídas 3 a 6 palavras-chave; Não deverão ser utilizadas abreviaturas; O resumo não deverá exceder as 200 palavras. INTRODUÇÃO: Deverá ser suficientemente compreensível, explicitando claramente o objectivo do trabalho e relevando a importância do estudo face ao estado actual do conhecimento; A revisão da literatura não deverá ser exaustiva. MATERIAL E MÉTODOS: Nesta secção deverá ser incluída toda a informação que permite aos leitores realizarem um trabalho com a mesma metodologia sem contactarem os autores; Os métodos deverão ser ajustados ao objectivo do estudo; deverão ser replicáveis e com elevado grau de fidelidade; Quando utilizados humanos deverá ser indicado que os procedimentos utilizados respeitam as normas internacionais de experimentação com humanos (Declaração de Helsínquia de 1975); Quando utilizados animais deverão ser utilizados todos os princípios éticos de experimentação animal e, se possível, deverão ser submetidos a uma comissão de ética; Todas as drogas e químicos utilizados deverão ser designados pelos nomes genéricos, princípios activos, dosagem e dosagem; A confidencialidade dos sujeitos deverá ser estritamente mantida; Os métodos estatísticos utilizados deverão ser cuidadosamente referidos. RESULTADOS: Os resultados deverão apenas conter os dados que sejam relevantes para a discussão; Os resultados só deverão aparecer uma vez no texto: ou em quadro ou em figura; O texto só deverá servir para relevar os dados mais relevantes e nunca duplicar informação; A relevância dos resultados deverá ser suficientemente expressa; Unidades, quantidades e fórmulas deverão ser utilizados pelo Sistema Internacional (SI units). Todas as medidas deverão ser referidas em unidades métricas. DISCUSSÃO: Os dados novos e os aspectos mais importantes do estudo deverão ser relevados de forma clara e concisa; Não deverão ser repetidos os resultados já apresentados; A relevância dos dados deverá ser referida e a comparação com outros estudos deverá ser estimulada; As especulações não suportadas pelos métodos estatísticos não deverão ser evitadas; Sempre que possível, deverão ser incluídas recomendações; A discussão deverá ser completada com um parágrafo final onde são realçadas as principais conclusões do estudo. AGRADECIMENTOS: Se o artigo tiver sido parcialmente apresentado publicamente deverá aqui ser referido o facto; Qualquer apoio financeiro deverá ser referido. REFERÊNCIAS As referências deverão ser citadas no texto por número e compiladas alfabeticamente e ordenadas numericamente; Os nomes das revistas deverão ser abreviados conforme normas internacionais (ex: Index Medicus); Todos os autores deverão ser nomeados (não utilizar et al.) Apenas artigos ou obras em situação de in press poderão ser citados. Dados não publicados deverão ser utilizados só em casos excepcionais sendo assinalados como dados não publicados ; Utilização de um número elevado de resumos ou de artigos não peer-reviewed erá uma condição de não aceitação; EXEMPLOS DE REFERÊNCIAS: ARTIGO DE REVISTA 1 Pincivero DM, Lephart SM, Karunakara RA (1998). Reliability and precision of isokinetic strength and muscular endurance for the quadriceps and hamstrings. Int J Sports Med 18: LIVRO COMPLETO Hudlicka O, Tyler KR (1996). Angiogenesis. The growth of the vascular system. London: Academic Press Inc. Ltd. CAPÍTULO DE UM LIVRO Balon TW (1999). Integrative biology of nitric oxide and exercise. In: Holloszy JO (ed.). Exercise and Sport Science Reviews vol. 27. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, FIGURAS Figuras e ilustrações deverão ser utilizadas quando auxiliam na melhor compreensão do texto; As figuras deverão ser numeradas em numeração árabe na sequência em que aparecem no texto; As figuras deverão ser impressas em folhas separadas daquelas contendo o corpo de texto do manuscrito. No ficheiro informático em processador de texto, as figuras deverão também ser colocadas separadas do corpo de texto nas páginas finais do manuscrito e apenas uma única figura por página; As figuras e ilustrações deverão ser submetidas com excelente qualidade gráfico, a preto e branco e com a qualidade necessária para serem reproduzidas ou reduzidas nas suas dimensões; As fotos de equipamento ou sujeitos deverão ser evitadas. QUADROS Os quadros deverão ser utilizados para apresentar os principais resultados da investigação. Deverão ser acompanhados de um título curto; Os quadros deverão ser apresentados com as mesmas regras das referidas para as legendas e figuras; Uma nota de rodapé do quadro deverá ser utilizada para explicar as abreviaturas utilizadas no quadro. SUBMISSÃO DOS MANUSCRITOS A submissão de artigos para à RPCD poderá ser efectuada por via postal, através do envio de 1 exemplar do manuscrito em versão impressa em papel, acompanhada de versão gravada em suporte informático (CD-ROM ou DVD) contendo o artigo em processador de texto Microsoft Word (*.doc). Os artigos poderão igualmente ser submetidos via , anexando o ficheiro contendo o manuscrito em processador de texto Microsoft Word (*.doc) e a declaração de que o artigo nunca foi previamente publicado. ENDEREÇOS PARA ENVIO DE ARTIGOS Revista Portuguesa de Ciências do Desporto Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Rua Dr. Plácido Costa, Porto Portugal (+351) rpcd@fade.up.pt

6 PUBLICATION NORMS WORKING MATERIALS (MANUSCRIPTS) ORIGINAL INVESTIGATION The PJSS publishes original papers related to all areas of Sport Sciences. REVIEWS OF THE LITERATURE (STATE OF THE ART PAPERS): State of the art papers or critical literature reviews are published if, and only if, they contribute to the generalization of knowledge. Metaanalytic papers or general reviews are possible modes from contributing authors. This type of publication is open only to invited authors. COMMENTARIES: Commentaries about published papers or literature reviews are highly recommended by the editorial board and accepted. CASE STUDIES: Highly relevant case studies are favoured by the editorial board if they contribute to specific knowledge within the framework of Sport Sciences research. The meticulous control of research methodology is a fundamental issue in terms of paper acceptance. ESSAYS: The PJSS shall invite highly regarded specialists to write essays or careful and deep thinking about several themes of the sport sciences mainly related to philosophy and/or strong argumentation in sociology or psychology. BOOK REVIEWS: the PJSS has a section for book reviews. GENERAL PUBLICATION RULES: all papers submitted to the PJSS are obliged to have original data, theoretical or experimental, within the realm of Sport Sciences. It is mandatory that the submitted paper has not yet been published elsewhere. If a minor part of the paper was previously published, it has to be stated explicitly in the acknowledgments section. All papers are first evaluated by the editor in chief, and shall have as initial criteria for acceptance the following: fulfilment of all norms, clear relationship to Sport Sciences, and scientific merit. After this first screening, and if the paper is firstly accepted, two independent referees shall evaluate its content in a double blind fashion. A third referee shall be considered if the previous two are not in agreement about the quality of the paper. After the referees receive the manuscripts, it is hoped that their reviews are posted to the editor in chief in no longer than a month. MANUSCRIPT PREPARATION GENERAL ASPECTS: The first page of the manuscript has to contain: Title and author(s) name(s) Declaration that the paper has never been published FORMAT: All manuscripts are to be typed in A4 paper, with margins of 3 cm, using Times New Roman style size 12 with double space, and having no more than 20 pages in length. Pages are to be numbered sequentially, with the title page as n.1. SIZE AND STYLE: Papers are to be written in a very precise and clear language. No place is allowed for speculation without the boundaries of available data. If manuscripts are highly confused and written in a very poor Portuguese or English they are immediately rejected by the editor in chief. All abbreviations are to be used according to international rules of the specific field. TITLE PAGE: Title page has to contain the following information: Specification of type of manuscript (but see working materialsmanuscripts). Brief and highly informative title. Author(s) name(s) with first and middle names (do not write academic degrees) Running head with no more than 45 letters. Name and place of the academic institutions. Name, address, Fax number and of the person to whom the proof is to be sent. ABSTRACT PAGE: The abstract has to be very precise and contain no more than 200 words, including objectives, design, main results and conclusions. It has to be intelligible without reference to the rest of the paper. Portuguese and English abstracts are mandatory. Include 3 to 6 key words. Do not use abbreviations. INTRODUCTION: Has to be highly comprehensible, stating clearly the purpose(s) of the manuscript, and presenting the importance of the work. Literature review included is not expected to be exhaustive. MATERIAL AND METHODS: Include all necessary information for the replication of the work without any further information from authors. All applied methods are expected to be reliable and highly adjusted to the problem. If humans are to be used as sampling units in experimental or non-experimental research it is expected that all procedures follow Helsinki Declaration of Human Rights related to research. When using animals all ethical principals related to animal experimentation are to be respected, and when possible submitted to an ethical committee. All drugs and chemicals used are to be designated by their general names, active principles and dosage. Confidentiality of subjects is to be maintained. All statistical methods used are to be precisely and carefully stated. RESULTS: Do provide only relevant results that are useful for discussion. Results appear only once in Tables or Figures. Do not duplicate information, and present only the most relevant results. Importance of main results is to be explicitly stated. Units, quantities and formulas are to be expressed according to the International System (SI units). Use only metric units. DISCUSSION: New information coming from data analysis should be presented clearly. Do no repeat results. Data relevancy should be compared to existing information from previous research. Do not speculate, otherwise carefully supported, in a way, by insights from your data analysis. Final discussion should be summarized in its major points. ACKNOWLEDGEMENTS: If the paper has been partly presented elsewhere, do provide such information. Any financial support should be mentioned. REFERENCES: Cited references are to be numbered in the text, and alphabetically listed. Journals names are to be cited according to general abbreviations (ex: Index Medicus). Please write the names of all authors (do not use et al.). Only published or in press papers should be cited. Very rarely are accepted non published data. If non-reviewed papers are cited may cause the rejection of the paper. EXAMPLES: PEER-REVIEW PAPER 1 Pincivero DM, Lephart SM, Kurunakara RA (1998). Reliability and precision of isokinetic strength and muscular endurance for the quadriceps and hamstrings. In J Sports Med 18: COMPLETE BOOK Hudlicka O, Tyler KR (1996). Angiogenesis. The growth of the vascular system. London:Academic Press Inc. Ltd. BOOK CHAPTER Balon TW (1999). Integrative biology of nitric oxide and exercise. In: Holloszy JO (ed.). Exercise and Sport Science Reviews vol. 27. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, FIGURES Figures and illustrations should be used only for a better understanding of the main text. Use sequence arabic numbers for all Figures. Each Figure is to be presented in a separated sheet with a short and precise title. In the back of each Figure do provide information regarding the author and title of the paper. Use a pencil to write this information. All Figures and illustrations should have excellent graphic quality I black and white. Avoid photos from equipments and human subjects. TABLES Tables should be utilized to present relevant numerical data information. Each table should have a very precise and short title. Tables should be presented within the same rules as Legends and Figures. Tables footnotes should be used only to describe abbreviations used. MANUSCRIPT SUBMISSION The manuscript submission could be made by post sending one hard copy of the article together with an electronic version [Microsoft Word (*.doc)] on CD-ROM or DVD. Manuscripts could also be submitted via attaching an electronic file version [Microsoft Word (*.doc)] together with the declaration that the paper has never been previously published. ADDRESS FOR MANUSCRIPT SUBMISSION Revista Portuguesa de Ciências do Desporto Faculdade de Desporto da Universidade do Porto Rua Dr. Plácido Costa, Porto Portugal (+351) rpcd@fade.up.pt

7 António Manuel Fonseca 1 Apresentação A 1 Editor chefe da Revista Portuguesa de Ciências do Desporto O presente número da Revista Portuguesa de Ciências do Desporto (RPCD) (i.e., o RPCD 17/S2A), bem como os três seguintes (i.e., o RPCD 17/S3A; o RPCD 17/S4A; e o RPCD 17/S5A), é constituído integralmente por comunicaçõe submetidas e aprovadas para inclusão no programa científico do 3º Encontro Internacional de Pesquisadores em Esporte, Saúde, Psicologia e Bem-Estar (EIPSE), realizado entre os dias 12 e 15 de outubro de 2016, em Montes Claros (Minas Gerais, Brasil). Nesse sentido, e a exemplo do verificado em relação ao número suplementar da RPCD dedicado à publicação de todos os resumos das comunicações submetidas e aprovadas para inclusão no programa científico daquele congresso (i.e., RPCD 16/S3R) entendemos ser oportuno e apropriado transcrever parte da mensagem de apresentação disponível na respectiva página electrónica, particularmente quando se refere que este Encontro: tem por objetivo proporcionar um formato onde se discutem os mesmos problemas tal como estudados por diferentes áreas científicas. Promovendo o diálogo e a partilha de ideias, perspectivas e experiências, pretendemos que os participantes possam contribuir para o avanço da ciência identificando problemas comuns e assim construírem projetos de pesquisa em que as diferentes áreas se complementem. Desta forma os participantes darão início a um processo que tem por objetivo consolidar uma linguagem científica de forma multidisciplinar e traduzida no desenvolvimento de projetos conjuntos de pesquisa, que se pretendem de caráter internacional. 11 RPCD 17 (S2.A): 11-12

8 Com a realização deste evento procuramos salvaguardar o princípio de que a ciência e o saber são bens Universais. Promover a troca de experiências com o objetivo de se desenvolver projetos transfronteiriços é também uma forma de incentivar as boas práticas científicas tal como estas se podem corporizar na internacionalização da produtividade científica que até agora tem sido realizada em contextos isolados e em que a prioridade, graças ao isolamento dos investigadores, tende a traduzir-se na excessiva preocupação em acrescentar linhas ao curriculum vitae de cada investigador. Partilhamos da opinião que é urgente encontrar estratégias que permitam o desenvolvimento de uma nova cultura de prática científica, traduzida em formas de partilha diferentes daquela que atualmente dispomos e que impõe limites à operacionalização da criatividade científica. Neste sentido e certos que este é um primeiro passo na longa caminhada que se adivinha na construção de comunidades internacionais de pesquisadores em que diferentes áreas científicas se predispõem a procurar soluções para os problemas comuns e que despertam a curiosidade dos seus membros. AUTORES: José Carlos Tatmatsu-Rocha 1 Adaneuda Silva Britto 2 Francisca de F dos Anjos 2 Marliane Aline S Magalhães 2 Tiago Lopes Farias 2 Daisy de Araujo Vilela 3 1 Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Ceará UFC, Fortaleza, Ce Brasil 2 Universidade Federal do Piauí / Campus de Parnaíba/UFPI. Parnaíba, Pi-Brasil Triagem de escoliose em escolares de 10 a 12 anos de idade PALAVRAS CHAVE: Postura. Curvaturas da coluna vertebral. Desenvolvimento infantil. Puberdade. Coluna vertebral. 01 Complementarmente, convirá sublinhar que a RPCD tem vindo a constituir-se, desde o seu início, como um veículo privilegiado de divulgação em língua portuguesa do conhecimento gerado por académicos e investigadores da área das ciências do desporto e afins em diferentes partes do mundo, nomeadamente nos países de expressão portuguesa. Assim sendo, a resposta da RPCD à solicitação da Comissão Organizadora do EIPSE para publicar um determinado número de comunicações aprovadas pela respectiva comissão científica para serem apresentadas na terceira edição deste importante evento científico foi naturalmente positiva, salvaguardado que fosse um conjunto de critérios que assegurasse a qualidade e o mérito do conteúdo a publicar. Em conformidade, e na linha do verificado em situações anteriores similares, a RPCD e a Comissão Organizadora do EIPSE definiram um conjunto de critérios a respeitar para a revisão e avaliação cegas dos trabalhos submetidos para publicação, os quais serviram de base ao trabalho posteriormente desenvolvido pelos peritos convidados para esse efeito pela Comissão Organizadora do EIPSE. Conforme anteriormente referido, o presente número é um dos quatros números especiais que a RPCD destinou para a publicação das comunicações selecionadas para esse efeito pela Comissão Organizadora do EIPSE. Esperamos que a sua leitura se constitua como uma experiência útil e agradável para todos que a isso se decidirem... 3 Universidade Federal de Goias; Campus Jatai,UFG, Go-Brasil RESUMO A Escoliose gera anormalidades estéticas, dor, complicações cardiopulmonares e neuromusculares. Objetivo: identificar a ocorrência de escoliose em estudantes de escolas públicas e privadas no município de Parnaíba-Piauí. Para tanto, avaliaram-se 87 alunos de duas escolas públicas e duas privadas na cidade de Parnaíba-Piauí. Para a análise postural, utilizamos simetrógrafo e teste de Adams. Quanto à presença de escoliose, os meninos apresentaram uma frequência maior (41.46%) do que as meninas (34.8%), porém não estatisticamente significativa (p >.05). Entretanto, a presença da escoliose foi significativamente maior nos alunos das escolas privadas (p <.05) do que nas públicas e em 62.07% do total de alunos observamos um padrão de normalidade das curvaturas anatômicas. A curvatura da escoliose foi identificada em 37.93%, dos alunos avaliados, sendo que 49% destes apresentaram desnível à esquerda e 51% à direita. Neste estudo observou-se a escoliose em mais de um quarto da população estudada, sendo mais afetada a população masculina de escolas privadas. Este trabalho possibilita conhecer dados posturais da região nordeste do Brasil, bem como gerar uma reflexão que, através de pouca instrumentação e baixo custo, é possível realizar a prevenção de desvios posturais nas escolas, evitando-se o desenvolvimento de curvaturas patológicas antes da adolescência. Correspondência: José Carlos Tatmatsu-Rocha. Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal do Ceará UFC, Fortaleza, Ce Brasil. (tatmatsu@gmail.com) 13 RPCD 17 (S2.A): 13-21

9 Scoliosis screening in children 10 to 12 years old ABSTRACT Scoliosis generates aesthetic abnormalities, pain, cardiopulmonary and neuromuscular complications. Objective: To identify the occurrence of scoliosis in students from public and private schools in Parnaiba City (Brazil). We evaluated 87 prepubertal students from two public and two private schools. For postural analysis, we use symmetrograph and Adams test. Boys had a higher rate about presence of scoliosis (41.46%) when compared with girls (34.8%), but the difference was not statistically significant (p >.05). However, the presence of scoliosis was significantly higher in students from private (p <.05) than public schools; 62.07% of the students observed posessed a normal range of anatomical curvatures. The curvature of scoliosis was identified in 37.93% of the evaluated students, and 49% presented left unevenness and 51% to right. In this study, scoliosis was found in more than a quarter of the population studie; the male population of private schools was more affected. This work enables to know postural data in northeastern Brazil, as well as generate a reflection that, through little instrumentation and low cost, it is possible to prevent postural deviations in schools, preventing the development of pathological curvatures before adolescence. KEY-WORDS: Posture. Spinal curvatures. Child development. Puberty. Spine. INTRODUÇÃO A infância e a adolescência são os períodos de maior importância para o desenvolvimento musculo-esquelético, pois nessas fases existem fatores intrínsecos e extrínsecos que podem predispor o desenvolvimento de deformidades posturais em decorrência de hábitos incorretos, resultando em prejuízos significativos aos escolares, particularmente às estruturas que compõem a coluna vertebral (Martelli & Traebert, 2006; Zapater, Silveira, Vitta, Padovani, & Silva, 2004). Os desalinhamentos posturais são consequência de vários fatores, incluindo a má postura, a condução inadequada de objetos, tensões, obesidade, condições físicas nas quais o indivíduo vive, bem como por fatores emocionais, socioeconômicos ou ainda alterações decorrentes do crescimento e desenvolvimento humano (Penha, João, Casarotto, Amino, & Penteado, 2005; Scartoni, 2008). Dentre os desvios posturais mais comuns destaca-se a escoliose, patologia que acomete mais comumente o sexo feminino e é mais frequente dos nove aos treze anos de idade, ou seja, no período em que há o estirão de crescimento. Nesta fase, os alunos apresentam padrões inadequados de postura ao sentar, carregar mochilas e até mesmo da marcha. A permanência na posição sentada por até seis horas nas escolas, com pequenos intervalos em pé, pode acarretar esse desequilíbrio postural (Ferriani, Cano, Candido, & Kanchina, 2006). A alteração postural supracitada é definida pela Scoliosis Research Society (2016) como um desvio da coluna vertebral no plano frontal superior a 10, associado ou não a alteração rotacional, sendo caracterizada por modificação tridimensional incluindo curvatura lateral no plano frontal, rotação lateral no plano transversal e retificação no plano sagital (Salate, Aroni, & Ferreira, 2003). Conforme sua etiologia, pode ser classificada em estrutural e não estrutural. A primeira pode ser idiopática (sem causa aparente), neuromuscular e osteopática. Já a segunda pode ser o resultado de assimetria de membros inferiores, espasmo ou dor muscular da coluna vertebral por compressão de raiz nervosa ou outra lesão na coluna e, ainda, pelos maus hábitos posturais (Bonorino, da Silva Borin, & da Silva, 2008). A detecção precoce da escoliose pode resultar na prevenção de anormalidades estéticas, dor, complicações cardiopulmonares e neuromusculares (Salate et al ). O diagnóstico precoce na infância e adolescência permite uma intervenção eficiente, principalmente porque nestas fases o sistema musculo-esquelético é complacente e os protocolos de exercícios e uso de órteses são efetivos para estacionar a progressão da deformidade, e, deste modo, dispensar a necessidade de cirurgias (Braccialli & Vilarta, 2000; Ferreira, Suguikawa, Pachioni, Fregonesi, & Camargo, 2009; Santos et al., 2009). A idade escolar é considerada a fase ideal para recuperação de alterações da coluna de maneira mais eficaz (Pereira, 2016). Nessa faixa etária faz-se necessário um trabalho que englobe prevenção e educação, possibilitando a aquisição de hábitos posturais adequados e abolição de posições viciosas, a fim de que se proporcione uma melhor qualidade de vida RPCD 17 (S2.A)

10 durante o crescimento, desenvolvimento e vida adulta (Braccialli & Vilarta, 2000; Kavalco, 2000). O objetivo deste estudo foi identificar a ocorrência de escoliose em estudantes de escolas públicas e privadas em um município do Nordeste Brasileiro. MÉTODO Trata-se de uma pesquisa observacional, de corte transversal, realizada com estudantes de ambos os sexos que frequentavam a 7ª série do ensino fundamental da rede pública e privada na cidade de Parnaíba, Piauí, no ano de Naquele ano, o município de Parnaíba possuía uma população total de , sendo o total de alunos matriculados e, destes, 9719 do ensino fundamental entre 7-14 anos A amostra de conveniência envolveu um universo de 87 alunos. O tamanho da amostra deveu-se ao fato de terem sido avaliados todos os alunos que devolveram os Termos assinados pelos pais ou responsáveis. PROCEDIMENTOS Os avaliadores foram treinados por duas semanas com intuito de padronização do método de avaliação postural e minimização de erros entre avaliadores, tendo os membros sido divididos em equipes de dois; cada uma delas ficou responsável por um determinado número de escolas e de crianças a serem avaliadas. ANÁLISE ESTATÍSTICA Para calcular o tamanho da amostra, foi utilizada uma prevalência média dos desfechos (desvios posturais do tronco) de 20%, com intervalo de confiança de 95% (IC = 95%), poder de 80% e erro padrão de 3%. Nesse cálculo, utilizou-se o software estatístico Epi-Info 6.0 (Atlanta, USA). A análise estatística realizada foi exploratória e descritiva, com análise dos dados realizada utilizando-se o software SPSS versão 18.0 for Windows. O teste utilizado para verificação da variação de frequências e do grau de associação entre as variáveis foi o Qui-Quadrado. Consideramos o valor de p < AMOSTRA Três escolas públicas e três privadas do Município de Parnaíba Piauí foram inicialmente contactadas. Posteriormente, foi realizado um sorteio aleatório para escolha de duas escolas públicas e duas privadas para a avaliação postural dos alunos matriculados nestas escolas. Os Termos de Consentimento Livre Esclarecido foram enviados aos pais ou responsáveis dos escolares; estes termos elucidavam o trabalho proposto e solicitavam a assinatura dos mesmos concordando ou não com a participação do filho na pesquisa bem como garantidos o anonimato e confidencialidade dos dados. Foram excluídos do estudo os escolares que não apresentaram seu Termo de Consentimento Livre Esclarecido devidamente preenchida pelo responsável e/ ou que haviam realizado qualquer intervenção fisioterapêutica prévia, bem como meninas que tivessem atingindo a menarca. Este trabalho foi aprovado pelo CONEP sob número INSTRUMENTOS Para a análise utilizou-se fita métrica, lápis dermatográfico, balança com escada ergométrica, um simetógrafo e uma ficha de avaliação postural contendo os principais pontos anatômicos de referência para análise postural, metodologia empregada por outros autores (Penha et al., 2005). Para realizar o processo avaliativo, as crianças foram posicionadas em frente ao simetógrafo, primeiramente em vista anterior, onde foram analisados os pontos correspondentes a essa vista; em seguida foram observadas na vista posterior e lateral, para verificar se havia ou não presença de novas alterações não percebidas anteriormente ou para confirmar as já observadas. O teste de Adams era realizado após a análise pelo simetógrafo, a fim de confirmar os achados encontrados quanto à escoliose ou não. RESULTADOS O total de alunos com 10 a 12 anos avaliados foi de 87 crianças de ambos os sexos, 79.3% originários de escolas privadas e 20.7% de unidades públicas, sendo que, do total da amostra colhida nesse estudo, 52.8% foram do sexo feminino e 47.2% do masculino. Verificou-se que 61.1% dos analisados das escolas públicas pertenciam ao sexo masculino e 39.9% ao feminino e que 43.5% dos alunos das privadas pertenciam ao sexo masculino e 56.5% ao feminino. Na análise da ocorrência de escoliose pelo número total de alunos, tendo como variáveis dependentes a idade, sexo e escolaridade, observou-se diferença estatisticamente significativa (p =.00; p =.01; p =.01) entre os grupos. O sexo masculino apresentou uma frequência maior (41.46%) do que o sexo feminino (34.8%) quanto à presença de escoliose. Entretanto, essa diferença não foi significativa (p >.05). QUADRO 1. Resultados da comparação das variáveis idade, gênero e presença de curvatura escoliótica em escolas públicas. Parnaíba, Piauí. Idade ESCOLIOSE TORÁCICA Esquerda Direita Ausente ou Normal 10 anos 0% 40% 60% 11 anos 12.5% 0% 87.5% 12 anos 40% 40% 20% 17 RPCD 17 (S2.A)

11 No quadro II observa-se um número de desvios à esquerda somente nas idades de 11 e 12 anos. Observou-se que a presença de escoliose foi significativa nos alunos das escolas privadas (X 2 = 4.18; gl =1; p <.05), diferentemente do que ocorreu nos alunos das escolas públicas, onde não houve significância estatística da variável presença de escoliose (X 2 = 0.88; gl = 1; p >.05). QUADRO 2. Resultados da comparação das variáveis idade, gênero e presença de curvatura escoliótica em escolas privadas. Parnaíba, Pi. ESCOLIOSE TORÁCICA A esquerda A direita Ausente ou normal DISCUSSÃO MASCULINO SEXO FEMININO Idade 10 anos - - Idade Idade Idade 11 anos 60% 40% 12 anos 37.50% 62.50% 10 anos 33.34% 66.66% 11 anos 50% 50% 12 anos 50% 50% 10 anos 75% 25% 11 anos 58.34% 41.66% 12 anos 30.76% 69.24% Neste estudo identificou-se a presença de escoliose em 37.93% dos alunos, sendo esta incidência de escoliose semelhante em relação aos sexos na faixa etária de 12 anos. Podese atribuir a maior incidência desse desvio postural em escolares desta idade pelo fato de estarem passando pelo chamado estirão de crescimento, em que as estruturas ósseas tendem a ter um crescimento exponencial, ou ainda ao transporte incorreto do material escolar, seja por mochilas carregadas em um ombro só ou mochilas com rodas com posicionamento da alça em relação ao quadril inadequado (Ramprasad, Alias, & Raghuveer, 2010). Outros fatores que poderiam influenciar na maior incidência escoliótica seriam o peso excessivo das mochilas e o uso equivocado do mobiliário escolar (e.g., ausência de apoio para pés e sentar-se lateralmente nas cadeiras). Em estudo realizado por Figueirôa e Pereira (2016) com crianças e adolescentes de 9 a 14 anos matriculados em uma escola municipal do distrito sanitário Cabula-Beirú na cidade de Salvador, Bahia, foi constatado que 23.1% dos avaliados transportavam a mochila escolar com peso superior a 10% do peso corporal. Além disso, o uso incorreto da mecânica corporal e do estilo de vida cada vez mais voltado para hábitos sedentários contribuem para esses achados clínicos. Os padrões adequados e inadequados de postura e movimento começam a ser determinados na infância, são praticados na adolescência e logo se tornam habituais (Santos et al., 2009). A má ergonomia escolar pode estar associada a padrões posturais inadequados, uma vez que o aluno procura um maior conforto, contribuindo para a manutenção de posturas erradas (Gonçalves, 2015). Constatamos que 39% (7) dos escolares de escolas públicas apresentavam algum desvio e 37.6% (26) dos 69 de escolas privadas. Logo, observamos uma maior ocorrência na rede pública de ensino, talvez pelo tamanho da amostra; contudo uma afirmação mais categórica sobre este assunto extrapola os limites deste estudo. Em um estudo realizado por Santos et al. (2009) em 247 escolares de sete a doze anos em uma escola pública de São Paulo, constatou-se a prevalência de escoliose de 15.7%, resultado semelhante ao estudo realizado por Espírito Santo, Guimarães e Galera (2011) que, em sua primeira avaliação, encontrou 12.3% de escoliose em escolares utilizando o teste de Adams. Ferriani et al. (2006) analisaram os distúrbios posturais em 378 escolares de seis aos quatorze anos e detectaram, através do teste de Adams, 23.5% de escoliose nestes alunos. Penha et al. (2005) avaliaram a postura de 132 crianças na faixa etária de 7 a 10 anos de idade, todas do sexo feminino, e constataram que 48% destas, com dez anos, apresentaram escoliose. Um estudo recente de Pereira et al. (2016) realizado em 143 escolares (13.26 ± 1.52 anos), 40 meninos e 103 meninas, com o objetivo de verificar a prevalência de casos suspeitos de escoliose e sua associação com peso do material escolar em alunos de uma escola pública do município de Jequié BA mostrou que, para este grupo de escolares, a prevalência de casos suspeitos de escoliose é maior no sexo feminino, no grupo etário mais velho e nos indivíduos com peso do material escolar inadequado. Já em outro estudo com 966 portugueses de anos não se encontrou correlação do peso das mochilas e hábitos posturais inadequados com o aparecimento de escoliose (Rocha, Rodrigues, & Farias, 2011). Na pesquisa de Sedrez, da Rosa, Noll, da Silva Medeiros e Candotti (2015), que avaliaram 59 indivíduos entre 7 e 18 anos, 28 apresentaram escoliose associada à prática de esporte competitivo de grande volume e ao tempo de sono superior a 10 horas. Carneiro et al. (2016) avaliaram (n = 23) alunos, utilizando o mesmo método avaliativo usado neste trabalho, o simetógrafo, cujos indivíduos se dispõe na posição ortostática em vistas: anterior, lateral e posterior. Encontraram 69.6% de escoliose, 30.5% de hipercifose e 17.4% de hiperlordose, demonstrando que 86.9% dos avaliados apresentam algum tipo de desvio postural, tendo a escoliose como predomínio. Quando comparado os sexos, 72.2% das mulheres e todos os homens apresentaram algum desvio, possivelmente em decorrência de maus hábitos posturais. A avaliação postural de escolares colabora para programas intervencionais e educativos, possibilitando assim uma adequada saúde escolar e evitando patologias futuras na coluna vertebral, podendo contribuir para melhorar o rendimento do aluno e paea promover o seu bem-estar físico e emocional (Martelli & Traebert, 2006; Santos et al., 2009) RPCD 17 (S2.A)

12 Os desvios posturais são capazes de levar a compensações patológicas (escoliose, hipercifose, hiperlordose lombar), apresentando grande incidência em alunos do ensino fundamental (Santos et al., 2009). Os distúrbios posturais têm sido apontados como problema de saúde pública, pois se observa a significativa incidência dos mesmos em crianças de todo o mundo, sendo as causas mais comuns uma postura errônea durante as aulas, o uso incorreto de mochila escolar, a utilização de calçados inadequados, o sedentarismo e a obesidade (Penha et al., 2005). As maiores dificuldades encontradas nesse estudo e que podem gerar um viés de nossos resultados foram a quantidade de termos de consentimento assinados e o número reduzido de pais nos encontros proporcionados entre eles e o grupo pesquisador, o que gerou perdas de 30% do total de alunos inicialmente contatados. Nas escolas públicas, além dos fatores supramencionados, ocorreu uma greve de professores no período da pesquisa, prejudicando a comunicação entre alunos e pesquisadores. CONCLUSÕES Em nossa pesquisa houve diferença estatisticamente significante entre escolas, com maior ocorrência dos desvios nas escolas privadas. Entretanto, ao confrontarmos os resultados quanto ao sexo e a variável escoliose, não existiram diferenças entre os grupos. Nesse contexto, são necessários mais estudos que fomentem dados a respeito das principais alterações anatômicas e seus desvios em escolares, principalmente diferenças entre regiões, que são fundamentais para a formação de um banco de dados que possibilite traçar um panorama nacional dessas alterações, podendo servir como instrumento para políticas públicas. REFERÊNCIAS Bonorino, K. C., da Silva Borin, G., & da Silva, A. H. (2008). Tratamento para escoliose através do método iso-stretching e uso de bola suíça. Cinergis, 8(2), 1-6. Braccialli, L. M. P., & Vilarta, R. (2000). Aspectos a serem considerados na elaboração de programas de prevenção e orientação de problemas posturais. Revista Paulista de Educação Física, 14(2), Carneiro, J. A. O. (2016). Predominância de desvios posturais em estudantes de Educação Física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Saúde. com, 1(2). Espírito Santo, A., Guimarães, L. V., & Galera, M. F. (2011). Prevalência de escoliose idiopática e variáveis associadas em escolares do ensino fundamental de escolas municipais de Cuiabá, MT, Revista Brasileira de Epidemiologia, 14(2), Ferreira, D. M. A., Suguikawa, T. R., Pachioni, C. A. S., Fregonesi, C. E. P. T., & Camargo, M. R. (2009). Rastreamento escolar da escoliose: medida para o diagnóstico precoce. Revista brasileira de crescimento e desenvolvimento humano, 19(3), Ferriani, M. G. C., Cano, M. A. T., Candido, G. T., & Kanchina, A. S. (2006). Levantamento epidemiológico dos escolares portadores de escoliose da rede pública de ensino de 1º grau no município de Ribeirão Preto. Revista Eletrônica de Enfermagem (online), 2(1). Figueirôa, G. R., & Pereira, J. S. L. (2016). Frequência de posturas escolióticas em crianças e adolescentes. Revista Pesquisa em Fisioterapia, 6(3), Gonçalves, A. P., & Fontoura, H. S. (2015). Influência do mobiliário escolar na flexão lateral da coluna de estudantes: Uma revisão. In Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão da UEG. Martelli, R. C., & Traebert, J. (2006). Estudo descritivo das alterações posturais de coluna vertebral em escolares de 10 a 16 anos de idade. Tangará-SC, Revista Brasileira de Epidemiologia, 9(1), doi: /s x Penha, P. J., João, S. M. A., Casarotto, R. A., Amino, C. J., Penteado, D. C. (2005). Postural assessment of girls between 7 and 10 years of age. Clinics, 60(1), Pereira, L. M. (2016). Escoliose: Triagem em escolares de 10 a 15 anos. Saúde. com, 1(2). Ramprasad, M., Alias, J., & Raghuveer, A. K. (2010). Effect of backpack weight on postural angles in preadolescent children. Indian Pediatrics, 47(7), Rocha, J. C. T., Rodrigues, G. L., & Farias, T. L. (2011). Alterações do equilíbrio escapular em escolares de 10 a 12 anos no município de Parnaíba/PI. Fisioterapia Brasileira, 12(6), Salate, A. C. B., Aroni, F. C., & Ferreira, D. M. A. (2003). Estudo da evolução a curto prazo da escoliose por meio de mensurações da gibosidade, radiográficas e da dor em adolescentes e adultos jovens. Revista Brasileira de Fisioterapia, 7(1), Santos, C. I. S., Cunha, A. B. N., Braga, V. P., Saad, I. A. B., Ribeiro, M., Conti, P. B. M., & Oberg, T. D. (2009). Ocorrência de desvios posturais em escolares do ensino público fundamental de Jaguariúna, São Paulo. Revista Paulista de Pediatria, 27(1), Scartoni, F. R. (2008). Alterações posturais de alunos de 5ª e 6ª séries do Ensino Fundamental. Fitness & Performance Journal, (1), Scoliosis Research Society (2015). Milwaukee: The Society; For Adolescents; [1 tela]. Disponível em conditions-and-treatments/ adolescents Sedrez, J. A., da Rosa, M. I. Z., Noll, M., da Silva Medeiros, F., & Candotti, C. T. (2015). Risk factors associated with structural postural changes in the spinal column of children and adolescents. Revista Paulista de Pediatria, 33(1), Zapater, A. R., Silveira, D. M., Vitta, A. D., Padovani, C. R., & Silva, J. D. (2004). Postura sentada: A eficácia de um programa de educação para escolares. Ciência e Saúde Coletiva, 9(1), doi: /s

13 AUTORES: Tatiana Lima Boletini Cristina Carvalho de Melo Camila Cristina F Bicalho Franco Noce RESUMO Disciplina e bullying em alunos do ensino fundamental PALAVRAS CHAVE: Aluno. Bullying. Disciplina. Comportamento agressivo. O objetivo do presente estudo foi verificar a relação entre disciplina e o comportamento agressivo bullying de alunos do ensino fundamental, de ambos os sexos, de escolas públicas e privadas da cidade de Belo Horizonte. Foram avaliados 235 estudantes entre 10 e 17 anos e 18 professores das mesmas escolas. Os instrumentos utilizados foram o Questionário de Comportamento Agressivo Dirigido aos Alunos e o Questionário Sobre o Conceito de Disciplina Dirigido aos Professores e aos Alunos. O tratamento estatístico foi realizado pelo pacote SPSS e Excel através de análise descritiva. Os resultados mostraram que o comportamento agressivo mais comum na visão dos alunos é o verbal e indireto, os lugares onde mais ocorrem são em sala de aula com o professor ausente e no pátio da escola. Alunos com menor escolaridade se identificam mais claramente como vítimas e os de maior escolaridade como agressores. Conclui-se que a relação professor-aluno é o melhor caminho para se alcançar a disciplina, enquanto que a punição é a medida menos eficiente. Discipline in relation of verification and bullying in the elementary school students ABSTRACT The aim of the study was to investigate the relationship between discipline and aggressive behavior bullying of elementary school students of both sexes in public and private schools in the city of Belo Horizonte. We evaluated 235 students between 10 and 17 years and 18 teachers from the same schools. The instruments used were the Behavior Questionnaire Aggressive Aimed at Students and the Questionnaire About Discipline Concept Aimed at Teachers and Students. Statistical analysis was performed using SPSS and Excel package through descriptive analysis. The results showed the most common aggressive behavior on the student view is verbal and indirect, the places where they most occur are in the classroom with the absent teacher and in the school yard; additionally, students with less years of schooling identify themselves more clearly as victims and students with more years of education are identified as aggressors. As for the discipline, it is concluded that the teacher-student relationship is the most important strategy and that punishment is not the best way to discipline. KEY-WORDS: Student. Bullying. Discipline. Aggressive behavior. 02 Correspondência: Tatiana Lima Boletini. (tatianaboletini@yahoo.com.br) 23 RPCD 17 (S2.A): 22-33

14 INTRODUÇÃO A escola é um dos principais ambientes de formação do indivíduo. Nela são desenvolvidas a socialização, a promoção da cidadania, e a formação de atitudes e opiniões que podem contribuir com o desenvolvimento ou prejudicar a formação. Esse ambiente é um local privilegiado para refletir sobre diversas questões que ocorrem na sociedade envolvendo os diversos atores, como pais, alunos e professores (Marriel, Assis, Avanci & Oliveira, 2006). Dentre as questões mais pertinentes no desenvolvimento dos jovens na escola e suas repercussões na sociedade estão os comportamentos agressivos e os incidentes disciplinares. O comportamento agressivo, de acordo com Seixas (2005), conceitua-se como um fenômeno que abrange toda uma variedade de comportamentos de maus-tratos entre estudantes, podendo estas ações ser de caráter físico, verbal, psicológico e social. Para Fante e Pedra (2008), o bullying é uma das formas de violência mais desafiadoras para a escola e esta expressão, na visão de Wynne e Joo (2011), é empregada para explicar um fenômeno relacional caracterizado pelo comportamento agressivo, cruel, intencional e repetitivo, ocorrendo de forma repulsiva e intimidadora contra uma mesma pessoa ou grupo, principalmente nos períodos da infância e adolescência. O bullying pode ser classificado como: a) físico e direto, como agressões físicas, ocorridas mais frequentemente no ensino fundamental I (Seixas, 2012); b) verbal e direto, incluindo os menosprezos e insultos em público, ou ressaltar um defeito físico e/ ou de ações de outro aluno (Martins, 2015; Seixas, 2005); c) psicológico e indireto, com ações encaminhadas de forma a diminuir a autoestima do indivíduo e a aumentar sua sensação de insegurança e temor, como por exemplo, através de boatos (Avilés, 2002); d) social e indireto, como o isolamento de um indivíduo e/ ou não permitir que o mesmo participe de um respectivo grupo por ser alvo de rumores desagradáveis ou simplesmente pelo fato de alguns alunos não falarem com este aluno (Seixas, 2005) e, por fim, e) virtual, em que se insulta, discrimina, difama, humilha, e/ ou ofende por meio da internet e/ou aparelho celular (Silva, Dascanio, & do Valle, 2016). O levantamento realizado pela Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência (ABRAPIA), em 2002, envolvendo 5875 estudantes de 5ª a 8ª séries, de 11 escolas localizadas no município do Rio de Janeiro, revelou que 40.5% desses alunos admitiram ter estado diretamente envolvidos em atos de bullying, naquele ano, sendo 16.9% vítimas, 10.9% vítimas agressivas e 12.7% agressores. O bullying ocorre, principalmente, entre crianças de 10 a 15 anos; porém, não está restrito nem a essa faixa etária nem ao ambiente escolar. No ambiente escolar, foi detectado ainda nessa pesquisa que os meninos estão envolvidos com o bullying de forma muito mais frequente, tanto como agressores quanto como vítimas. Entre as meninas, embora com menor frequência, o bullying também ocorre e se caracteriza, principalmente, como prática da difamação e exclusão. Conforme apresentado por Noce, Foureaux, Melo, Costa e Costa (2011), a disciplina é um conjunto de regras e obrigações, pode vir acompanhada de sanções, e é construída a partir de uma base de confiança mútua. Segundo Antunes (2002), a disciplina é o conjunto de mecanismos e estratégias que permitem criar um clima educacional em sala de aula, embora alguns professores prefiram considerá-la como a estratégia da calma, da tranquilidade e do controle para poder ensinar. Na escola, a disciplina é um elemento essencial para o desenvolvimento de qualquer atividade, seja ela individual ou em grupo (Boarini, 2013). A falta de respeito dos alunos com os professores e a defasagem disciplinar em sala de aula têm contribuído para a omissão de casos de bullying (Barros, Botelho, Santana, & Oliveira, 2015). Esta omissão não se dá, frequentemente, por negligência, mas por ausência de preparo profissional e falta de informação sobre como atuar na resolução do problema (Bandeira & Hutz, 2012). Dessa maneira, observa-se uma relação entre disciplina e o comportamento agressivo (Lopes Neto, 2005), neste caso o bullying. Os relacionamentos interpessoais positivos estabelecem uma relação direta com o desenvolvimento acadêmico, sendo a aceitação pelos companheiros fundamental para o desenvolvimento da saúde de crianças e adolescentes, aprimorando suas habilidades sociais e fortalecendo a sua capacidade de reação diante de situações de tensão (Lopes Neto, 2005). Atualmente, comportamentos agressivos dentro da escola por parte de alunos são um dos maiores motivos de preocupação para professores, pais, a comunidade e, principalmente, para os próprios alunos (Martins, 2015). Segundo Oliveira, Costa e Oliveira (2014), situações de violência na escola são bastante frequentes, sendo que este tipo de comportamento pode causar sérias consequências e efeitos negativos para o desenvolvimento e para a saúde mental dos jovens envolvidos. Devido a este número crescente de agressões verbais, físicas, sociais e psicológicas entre alunos, dentro e fora da escola, e a pouca exploração na literatura existente da relação entre disciplina e comportamento agressivo (bullying) na escola, o objetivo deste estudo foi verificar a ocorrência de comportamento agressivo bullying e o conceito de disciplina por parte dos alunos e professores de 5º a 8º anos do ensino fundamental de escolas públicas e particulares. MÉTODO AMOSTRA Utilizando uma amostra de conveniência, participaram do estudo 235 alunos (115 do sexo masculino) com idades entre 11 e 17 anos, do 5º ao 8º ano do ensino fundamental de duas escolas da cidade de Belo Horizonte, uma pública e outra privada. Também fizeram parte da amostra 18 professores das escolas pesquisadas RPCD 17 (S2.A)

15 INSTRUMENTOS Foram utilizados dois instrumentos para avaliar o comportamento agressivo e a disciplina, ambos compostos por uma ficha de dados pessoais para caracterização da amostra. Para caracterização do comportamento agressivo foi aplicado o instrumento adaptado de Ortega, Mora-Merchán e Mora (1995) por Avilés (2002), composto por 12 questões de múltipla escolha que avaliaram os tipos de bullying, os lugares e a freqüência de ocorrência. Este instrumento distingue as vítimas, os agressores, as vítimas agressivas e os alunos com nenhum envolvimento, além do motivo que levam os alunos a se tornarem agressores, quem costuma parar os comportamentos agressivos e as possíveis soluções para que se diminuam estes comportamentos na escola. O instrumento sobre disciplina utilizado foi o questionário Q Des Adaptado, de Brito (1993), versão conceito de disciplina. Este instrumento verificou o conceito de disciplina por parte dos alunos de educação física de escolas públicas e particulares e professores das mesmas instituições. O Questionário Q Des Adaptado consta de 25 diferentes medidas, as quais o professor e os alunos avaliam numa escala de afirmativas de cinco valores, sendo: (-2) Discordo Totalmente (DT); (-1) Discordo (D); (0) Não tenho opinião (NTO); (+1) Concordo (C);(+2) Concordo Totalmente (CT). PROCEDIMENTOS Para a realização da pesquisa, foi solicitada uma autorização à direção das escolas. Os dados foram coletados nas escolas no horário de aula, em salas de aula onde somente permaneceram os alunos que participaram da pesquisa. Em todas as coletas o instrumento foi explicado pelo pesquisador, que forneceu auxílio aos professores e aos alunos em caso de dúvida. ANÁLISE ESTATÍSTICA Para verificar o perfil da amostra e analisar os dados do comportamento agressivo e da disciplina foi utilizada estatística descritiva, de acordo com a natureza de cada variável (paramétrica ou não paramétrica). RESULTADOS PERFIL DA AMOSTRA Verifica-se que, do total da amostra dos alunos (N = 235), observa-se uma participação homogênea quanto ao caráter escolar público (51%) e ao caráter escolar particular (49%). Observa-se ainda que houve um equilíbrio na distribuição da amostra do estudo quanto ao sexo dos participantes, tanto na escola pública quanto privada (QUADRO I). QUADRO 1. Distribuição da amostra em relação ao caráter escolar e ao gênero. AMOSTRA GÉNERO NÚMERO DE ALUNOS MASCULINO FEMININO Total Pública Particular Total Pública Particular Total Pública Particular N % 100% 51% 49% 49% 46% 54% 51% 55% 45% Em relação à série escolar e ao caráter da instituição de ensino, pode-se observar também uma homogeneidade na distribuição da amostra (QUADRO II). QUADRO 2. Distribuição da amostra em relação ao caráter e a série escolar ESCOLARIDADE 5ª 6ª 7ª 8ª Total Pública Particular Total Pública Particular Total Pública Particular Total Pública Particular N % 26% 13% 13% 25% 13% 12% 25% 12% 13% 24% 13% 11% 02 CUIDADOS ÉTICOS Este estudo, de caráter voluntário e anônimo, foi aprovado pelo Comitê de Ética do Centro Universitário de Belo Horizonte Uni-BH protocolo nº 055/05, tendo respeitado todas as normas estabelecidas pelo Conselho Nacional em Saúde (196/96) envolvendo pesquisas com seres humanos. No grupo dos professores investigados (N = 18), apresenta-se uma predominância dos que trabalham em escolas públicas (n = 10), sendo que mais da metade (n = 10) são do gênero feminino. A questão mais assinalada pela maior parte das turmas se refere ao tipo de bullying classificado como verbal e direto. Já o tipo de bullying denominado como social e indireto foi detectado em maior porcentagem na turma do 8ª ano particular (FIGURA 1). 27 RPCD 17 (S2.A)

16 Grande parte dos alunos relata que os lugares em que ocorrem com maior frequência comportamentos agressivos (bullying) são em sala de aula, com o professor ausente, e no pátio da escola (FIGURA 4). 02 FIGURA 1. Ocorrências mais frequentes dos tipos de bullying nas escolas Em todas as turmas pesquisadas, a maior parte dos alunos relata que poucas vezes têm ocorrido casos de comportamento agressivo (bullying) na escola. Uma porcentagem menor relata que estes comportamentos ocorrem muitas vezes e quase todos os dias (FIGURA 2). FIGURA 4. Lugares em que ocorrem com maior frequência os comportamentos agressivos(bullying). Verifica-se na figura 5 que, na visão da maior parte das turmas, quem costuma parar os comportamentos agressivos são os professores e os colegas. Destaca-se ainda um percentual significativo de alunos que relatam que ninguém para estes comportamentos agressivos na escola. FIGURA 2. Frequência de bullying na escola durante o ano. Pode-se observar na figura 3 que a maioria dos alunos relataram nunca terem sido vítimas de comportamento agressivo (bullying). FIGURA 5. Quem costuma parar os comportamentos agressivos. FIGURA 3. Frequência em que os alunos se encontram como vítimas de bullying. A figura 6 demonstra que, na opinião dos alunos, os comportamentos agressivos diminuiriam se os professores fizessem algo. Um percentual menor, mas ainda significativo, relata que as agressões diminuiriam com intervenções familiares e dos colegas. FIGURA 3. Frequência em que os alunos se encontram como vítimas de bullying. 29 RPCD 17 (S2.A)

17 FIGURA 6. Soluções, na visão dos alunos, para diminuição dos comportamentos agressivos. Na visão dos alunos, os conceitos de disciplina mais acentuados, tanto da escola particular como pública, foram: (#10) a principal função da disciplina nas aulas é atuar na formação moral do aluno e (#24) disciplina é básica para se obter bons resultados. Observa-se também que o conceito (#17) quanto mais distante for a relação entre professor e aluno, melhor para a disciplina do grupo foi o que as turmas mais discordaram, tanto pública quanto a particular. Ao se comparar os conceitos de disciplina na visão dos professores (FIGURA 8), detectou- -se divergências de opiniões em conceitos como (#13) a forma de disciplina a ser adotada deve ser flexível em relação ao cumprimento das normas. Na visão dos professores de escolas particulares há certa concordância, mas os professores de escolas públicas discordam da mesma. Destaca-se também que os professores de escolas particulares discordam do conceito (#19) punições são válidas para disciplinar os alunos. DISCUSSÃO No estudo atual, a questão mais assinalada pela maior parte das turmas se refere ao tipo de bullying classificado como verbal e direto, resultado confirmado por outro estudos realizado por Silva et al. (2016), no qual adolescentes classificaram o tipo de bullying mais prevalente o verbal. Em relação a ocorrência de bullying nas escolas, a maior parte dos alunos relata que poucas vezes têm ocorrido casos de comportamento agressivo na escola, como demonstrado na figura 2, sendo que em estudos realizados por Melim e Pereira (2013) verificou-se que a frequência do bullying é mais elevada entre os alunos mais novos e que estes enfrentam um bullying mais direto e físico do que os seus colegas mais velhos. A figura 3 revela que a maioria dos alunos relatam nunca terem sido vítimas de comportamento agressivo. Em contrapartida, da Silva e Fauston (2013) realizaram um estudo com estudantes universitários e a maior parte relatou ter sido vítima de comportamento agressivo e sofrido com alguma forma de violência durante a escolarização na infância e adolescência. Grande parte dos alunos relata que os lugares em que ocorrem com maior frequência comportamentos agressivos são em sala de aula, com o professor ausente, e no pátio da escola (FIGURA 4). Santos e Kienen (2014) também verificaram que as ocorrências de bullying em sala de aula são onde o fenômeno mais ocorre. Já da Silva e Fauston (2013) destacam o recreio como o local onde ocorrem grande parte dos comportamentos agressivos. Os resultados do presente estudo demonstraram que, na visão da maior parte das turmas, quem costuma parar os comportamentos agressivos são os professores e os colegas. Os mesmos resultados foram encontrados por Santos e Kienen (2014) e Santos, Perkoski e Kienen (2015), os quais identificaram que as ações destacadas por professores e alunos se focavam em remediar ou punir ocorrências de bullying. Na visão dos alunos, os comportamentos agressivos diminuiriam se os professores fizessem algo. Teixeira, Salinet, Estabile, Mezzaroba e Soares (2015) e Weimer e Moreira (2014) relataram, em seus estudos, que alunos tendem a contar com a ajuda dos professores com o objetivo de amenizar os comportamentos agressivos. Ao se compararem os conceitos de disciplina na visão dos professores detectaram-se divergências de opiniões em conceitos como a forma de disciplina a ser adotada deve ser flexível em relação ao cumprimento das normas. Na visão dos professores de escolas particulares há certa concordância, mas os professores de escolas públicas discordam da mesma. Tiba (2006) e Lima (2012) definem disciplina como a qualidade que faz o ser humano cumprir suas propostas, mesmo sem ser cobrado por alguém, pois sabe que a responsabilidade é sua; ou seja, o professor deve motivar o aluno e nunca medir forças com eles. Destaca-se também que os professores de escolas particulares discordam do conceito punições são válidas para disciplinar os alunos. Castro e Santos (2015) verificaram que as atitudes dos professores podem contribuir para melhoria no contexto de ensino-aprendizagem. Diante disso, o professor necessita refletir e propor soluções conjuntas com os alunos para se obter bons resultados. Esses achados corroboram com o presente estudo, no qual os conceitos de disciplina mais acentuados na visão dos alunos, em concordância tanto da escola particular como pública, foram (#10) a principal função da disciplina nas aulas é atuar na formação moral do aluno e conceito (#24) disciplina é básica para se obter bons resultados. A discordância mais acentuada, tanto para os alunos da escola pública quanto a particular, sobre o conceito de disciplina foi (#17) quanto mais distante for a relação entre professor e aluno, melhor para a disciplina do grupo. Este aspecto é confirmado por Tiba (2006), que diz que...um dos grandes geradores de indisciplina está em um professor impor seu poder sobre os alunos, e estes não lhe reconhecerem a autoridade RPCD 17 (S2.A)

18 CONCLUSÃO REFERÊNCIAS 02 Conclui-se que a disciplina deve ser construída e trabalhada através do respeito mútuo entre os próprios alunos e entre alunos e professores, podendo assim diminuir os comportamentos agressivos entre alunos nas escolas. O tipo de comportamento agressivo bullying mais praticados nas escolas, na visão dos alunos da escola pública e particular, é o verbal e indireto. Pode-se observar também que a literatura existente sobre a temática reforça que alunos com anos de escolaridade mais baixos se identificam mais claramente como vítimas e alunos com anos de escolaridade mais elevados se identificam como agressores. As vítimas relataram que são agredidos porque são fracos e os agressores justificam as agressões realizadas como uma resposta às agressões sofridas, o que os classificam como vítimas agressivas. Observou-se que os lugares onde mais ocorrem comportamentos agressivos são em sala de aula, com o professor ausente, e no pátio da escola, e que estes alunos vítimas recorrem aos colegas e professores para que os ajudem a cessar as agressões sofridas. Na opinião dos mesmos, os comportamentos agressivos diminuiriam se houvesse intervenções dos professores, dos familiares e dos colegas. Em relação ao conceito de disciplina aceito pelos alunos observou-se que o conceito quanto mais distante for a relação entre professor aluno, melhor para a disciplina dos alunos e o conceito punições são válidas para disciplina os alunos foram aquelas com que os alunos mais discordaram. Isto atribui ao professor mais uma responsabilidade, a de compreender seus alunos, respeitando suas diferenças e favorecendo a criação de um ambiente escolar realmente propício para o amadurecimento saudável. Este trabalho buscou investigar e ampliar conhecimentos, bem como reforçar a importância do papel amplo do professor na formação do aluno. Como proposta para estudos futuros, sugere-se verificar o impacto da frequência dos episódios de bullying nas crianças e adolescentes (a médio e longo prazo) e analisar a frequência e características destes episódios após a realização de um programa de intervenção disciplinar. Além disso, espera-se que este trabalho possa contribuir para a reflexão por parte da escola, direção e professores, a respeito da importância de ações de intervenção neste processo. Avilés, J. M. (2002). Bullying: Intimidación y maltrato entre el alumnado. Bilbao: Stee-Eilas. Bandeira, C. M., & Hutz, C. S. (2012). Bullying: Prevalência, implicações e diferenças entre os gêneros. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional,16(1), Barros, G. C. D. S., Botelho, E. D. S. L., Santana, R. D. F., & Oliveira, S. D. D. S. (2015). Fatores que influenciam na disciplina escolar: Séries iniciais do ensino fundamental rede pública do distrito federal. Repositorio Instituicional UniCEUB. Boarini, M. L. (2013) Indisciplina escolar: Uma construção coletiva. Revista da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, 17(), Brito, L. T. M. (1993). O significado da disciplina no treinamento esportivo: Conceitos de treinadores de basquetebol masculino em BH. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil. Castro, J. D. Q., & Santos, S. F. D. (2015). As causas da indisciplina nas aulas de língua portuguesa: Ação e reflexão da perspectiva docente. In Anais do Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão da UEG (Vol. 2). Fante, C., & Pedra, J. A. (2008). Bullying escolar: Perguntas & respostas. Porto Alegre: Artmed. Lima, V. F. D. (2012). Educação ambiental: aspectos que dificultam o engajamento docente em escolas públicas do Distrito Federal. Dissertação de mestrado, Universidade de Brasília, Brasil. Lopes Neto, A. A. (2005). Bullying: Comportamento agressivo entre estudantes. Jornal de Pediatria, 81(5), Marriel, L. C., Assis, S. G., Avanci, J. Q., & Oliveira, R. V. (2006). Violência escolar e auto-estima de adolescentes. Cadernos de Pesquisa, 36(127), Martins, E. C. (2015). Incumpridores versus indisciplinados no 1º ciclo do ensino básico: Estudo de caso de dois alunos duma escola urbana portuguesa. Interfaces da Educação, 5(15), Melim, M., & Pereira, B. O. (2013). Bullying, género e idade. O Desenvolvimento Humano: Prespetivas para o Século XXI, 1, Noce, F., Foreaux, G., Melo, C. C., Costa, G. M. L., & Costa, V. T. (2011). Análise da eficácia das medidas disciplinadoras em grupos de dança de alto rendimento. Revista Mineira de Educação Física, 19, Oliveira, M. C. M., Costa, J. R. S., & Oliveira, M. M. (2014). Bullying: Análise do comportamento e mudanças de hábitos nas relações entre crianças em uma comunidade escolar. Extensão em Foco, 10, Santos, M. M., & Kienen N. (2014). Características do bullying na percepção de alunos e professores de uma escola de ensino fundamental. Temas em Psicologia, 22(1), Santos, M. M., Perkoski, I. R., & Kienen, N. (2015). Bullying: Atitudes, consequências e medidas preventivas na percepção de professores e alunos do ensino fundamental. Temas em Psicologia, 23(4), Seixas, S. R. (2012). Violência escolar: Metodologias de identificação dos alunos agressores e/ ou vítimas. Análise Psicológica, 23(2), da Silva, E. H. B., & Fauston, N. (2013). Marcas da escola: Relatos de estudantes de pedagogia vítimas do bullying. Trama Interdisciplinar, 4(2), Silva, F., Dascanio, D., & do Valle, T. G. M. (2016). O fenômeno bullying: Diferenças entre meninos e meninas. Reflexão e Ação, 24(1), Teixeira, B. R., Salinet, J. M., Estabile, L. C., Mezzaroba, S. M. B., & Soares, P. G. (2015). Identificação de situações de bullying em uma escola de Londrina-PR. Revista de Ensino, Educação e Ciências Humanas, 16(3), Tiba, I. (2006). Ensinar aprendendo: Novos paradigmas na educação. São Paulo: Integrare. Weimer, W. R., & Moreira, E.C. (2014) Violence and bullying: expressions and consequences of Physical Education classes. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 36(1), Wynne, S. L., & Joo, H. (2011). Predictors of school victimization: Individual, familial, and school factors. Crime & Delinquency, 57(3),

19 AUTORES: Elton Dias Xavier 1 Sheile Nayara Ferreira 1 Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), Minas Gerais, Brasil RESUMO O licenciamento compulsório de patentes de medicamentos PALAVRAS CHAVE: Licenciamento compulsório. Patentes. Medicamentos. Direito à saúde. Políticas públicas. O presente trabalho busca fazer uma análise acerca da colisão entre o direito de propriedade, expressado aqui na proteção dada às patentes de medicamentos, e o direito à saúde, em especial no tocante à continuidade de políticas públicas de fornecimento de medicamentos. Indaga-se também se, nesse contexto, o licenciamento compulsório, flexibilidade prevista no Acordo TRIPS e na LPI, seria o instrumento adequado para efetivação de políticas públicas e se sua utilização traria benefícios para a saúde da população que o utiliza. Primeiramente, discorre-se sobre o direito à saúde no ordenamento jurídico brasileiro, traçando seu histórico, sua previsão constitucional e infraconstitucional, bem como seu regime jurídico-constitucional e alguns apontamentos básicos acerca da assistência farmacêutica. Posteriormente, traçam-se linhas básicas acerca do sistema de patentes, da proteção dada às patentes de medicamentos e sobre o instituto do licenciamento compulsório. Por fim, discute-se o conflito instaurado entre o direito à saúde e o direito de propriedade. Ademais, com base no caso dos antirretrovirais no Brasil, analisa-se a possibilidade de uso do licenciamento compulsório como forma de efetivação do direito à saúde. The compulsory licensing of medicinal patents ABSTRACT The present work makes a review about the collision between the right to property, expressed here in the protection given to medicines patents, and the right to health, especially with regard to the continuity of public policies of drug supplying. It also questions, in this context, if the compulsory licensing, flexibility provided in the TRIPS Agreement and in the IPL, would be the appropriate instrument for effective public policy and if its use would benefit the health of the population that uses it. First, talks over the right to health in the Brazilian legal system, tracing its historical, its constitutional and legal prevision, as well as its juridical constitutional system and some notes about the basic pharmaceutical care. Subsequently, it delineates the basic lines about the patent system, the protection given to medicines patents, and the institute of compulsory licensing. Finally, it discusses the conflict established between the right to health and the right to property. Moreover, based on the case of antiretrovirals in Brazil, it analyzes the possibility of using compulsory licensing as a way of ensuring the right to health. KEY-WORDS: Compulsory licensing. Patents. Medicines. Right to health. Public policies. 03 Correspondência: Elton Dias Xavier. Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES), Minas Gerais, Brasil (eltondx@hotmail.com) 35 RPCD 17 (S2.A): 34-53

20 INTRODUÇÃO A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/1988) apresenta, como Direito Fundamental social e como um dos componentes da seguridade social, o Direito à Saúde. Tal Direito se configura como de suma importância por estar umbilicalmente atrelado ao Direito à Vida e à própria dignidade humana. Com efeito, o conceito de vida digna pressupõe o gozo de pleno estado de saúde. Nesse contexto, os medicamentos se mostram como elementos de importância ímpar para garantia do Direito à Saúde. Suas patentes, como forma de garantir novos investimentos em pesquisa, tecnologia e formulação de novos fármacos, além de divulgação das informações obtidas com os produtos já existentes, são protegidas internacionalmente pelo Acordo Sobre Aspectos de Direito da Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio (TRIPS) em inglês, Agreement on Trade-Related Aspects of Intelellectual Property Rights e nacionalmente, pela Lei 9.279, de 14 de maio de 1996, denominada Lei de Propriedade Industrial (LPI). A proteção dada às patentes confere ao seu titular o direito de exclusividade sobre o invento pelo prazo de vinte anos, após o qual a patente cai em domínio público e pode ser explorada por terceiros. No entanto, essa exclusividade, por vezes, faz com os detentores das patentes de medicamentos confiram altos preços aos seus inventos, impedindo a aquisição de produtos por particulares e países que os distribuem à população por meio de políticas públicas. Desse modo, instaura-se um conflito entre o direito à saúde da população, visto aqui como o fornecimento de medicamentos pelo Estado, e o direito de propriedade, exposto aqui na proteção dada às patentes. Seguindo esses apontamentos, o primeiro item se dispõe a tratar sobre o Direito à Saúde no Brasil e o fornecimento de medicamentos pelo Estado. Já o segundo tópico diz respeito à proteção das patentes de medicamentos e ao instituto do licenciamento compulsório. Por fim, no terceiro e último ponto, analisa-se o Direito à Saúde versus a proteção dada às patentes, bem como o licenciamento compulsório e o caso dos antirretrovirais. Nesse contexto, o trabalho em tela possui como objetivo principal analisar, no caso da colisão entre o Direito à Vida e o Direito de Propriedade, qual desses direitos deve prevalecer no caso concreto, bem como demonstrar as consequências do licenciamento para as políticas públicas de saúde, como base na análise do caso dos antirretrovirais. O DIREITO À SAÚDE NO BRASIL E O FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS PELO ESTADO O DIREITO À SAÚDE NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 Não condiz com os estudos atuais se falar em um conceito único e universal de saúde, pois a sua concepção envolve aspectos físicos, sociais, espirituais e mentais, gerando as chamadas representações de saúde, que variam conforme cada realidade social e cada vivência individual. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS), em sua constituição, adota a concepção de saúde como equilíbrio, conceituando-a como [...] o estado de completo bem- -estar físico, mental e social, e não somente a ausência de doenças ou enfermidades.. Esse conceito de saúde elaborado pela OMS é o adotado pela CRFB/1988. E como se vê a seguir [...] A noção preconizada pela OMS superou a concepção de saúde como mera inexistência de doenças e trouxe uma visão mais ampla deste direito, associada à ideia de qualidade de vida, e que engloba uma série de prestações positivas por parte do Estado que extrapolam aspectos estritamente curativos (Xavier & Brandi, 2010, P. 41). O Direito à Saúde se encontra inserido na CRFB/1988 tanto no rol dos direitos fundamentais sociais, insculpido no art. 6.º, como no capítulo destinado à ordem social, sendo um dos elementos que compõem o tripé da Seguridade. Ademais, possui ele uma estreita ligação com o Direito à Vida e com o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, chegando-se a apontar que, mesmo se o Direito à Saúde não fosse previsto de forma expressa na Constituição brasileira, seria reconhecido como Direito Fundamental implícito. A CRFB/1988, ao tratar da Saúde, a consagra, em seu artigo 196, como um direito de todos e dever do Estado, além de estabelecer que sua garantia se perfaz mediante políticas públicas sociais e econômicas visando a redução do risco de doença e de outros agravos bem como o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.. E, no art. 197, por sua vez, reconhece as ações e serviços de saúde como de relevância pública. A ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA NO BRASIL E A POLÍTICA PÚBLICA DE FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS ANTIRRETROVIRAIS Como pontuado alhures, o Direito à Saúde consiste tanto no dever de proteção da saúde, como no direito a prestações. E, conforme aponta o art. 196 da CRFB/1988, o Direito à Saúde é direito de todos e, em contrapartida, dever do Estado, devendo ser realizado mediante políticas públicas sociais e econômicas RPCD 17 (S2.A)

21 Nesse sentido, o acesso a medicamentos se mostra como uma das facetas, um dos componentes do Direito à Saúde, a ser garantido mediante políticas públicas sociais e econômicas, no caso em tela, por meio da assistência farmacêutica. A assistência farmacêutica pode ser conceituada como um Conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva, tendo os medicamentos como insumos essenciais e visando à viabilização do acesso aos mesmos, assim como de seu uso racional. Envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população (BRASIL, Ministério da Saúde, 2009). A Lei 8.080/1990, em seu artigo 6.º, inciso IV, inclui no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS) a execução de ações de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica. Essa política pública, denominada de Política Nacional de Medicamentos (PNM) foi regulamentada pela Portaria 3.916, de 30 de outubro de Para o presente estudo, é importante destacar que, afora a Política Nacional de Medicamentos, existem programas de distribuição de medicamentos na rede pública que são voltados para segmentos específicos, como é o caso do programa DST/AIDS. A Lei 9.313, de 13 de novembro de 1996, tornou compulsória a distribuição gratuita de medicamentos aos portadores do vírus da Síndrome da Imunodeficiência adquirida (AIDS), através da rede pública de saúde. Essa Lei foi a instituidora do Programa Nacional DST/ AIDS no âmbito do SUS. A AIDS é uma doença sexualmente transmissível causada pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Esse vírus ataca as células de defesa do organismo, tornando o corpo mais suscetível ao surgimento de doenças 1. Os medicamentos utilizados no tratamento da AIDS, constantes dos chamados coquetéis antiaids, são chamados de antirretrovirais, e visam impedir a multiplicação do vírus HIV no organismo, ajudando a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico 2. O Brasil foi o primeiro país de renda média a adotar um programa universal de fornecimento de antirretrovirais. Segundo dados do Ministério da Saúde, de dezembro de 2012, trezentas e treze mil pessoas recebem regularmente os remédios para tratar da doença. Atualmente, são distribuídos gratuitamente pelo programa 21 tipos de medicamentos antirretrovirais 3. 1 Disponível em: < Acesso em: 20 ago Idem. 3 Idem. No entanto, a distribuição gratuita dos medicamentos integrantes dos coquetéis antiaids demanda custos do governo que, por vezes, se mostram demasiados caros diante das políticas de preços altos adotadas pelos laboratórios farmacêuticos, impactando sobremaneira os cofres públicos. Assim, os preços abusivos adotados pelo mercado farmacêutico internacional podem prejudicar a política de distribuição destes medicamentos, demandando medidas para garantir a continuação do fornecimento. O Brasil adotou duas estratégias para garantir a implementação e execução da política pública de fornecimento de medicamentos antirretrovirais: produção local de antirretrovirais não sujeitos às leis referentes à propriedade industrial e pressão aos laboratórios farmacêuticos para redução dos preços desses medicamentos, com ameaça de licenciamento compulsório (Sousa, 2012, P. 37). Todavia, o licenciamento compulsório de patentes é considerado como medida extrema, pois se mostra como uma limitação da proteção dada às patentes no cenário internacional e no ordenamento jurídico brasileiro. E, como se verá adiante, a proteção dada às patentes farmacêuticas pode ser considerada como de suma importância para o cenário econômico mundial e para o próprio desenvolvimento das indústrias farmacêuticas. A PROTEÇÃO ÀS PATENTES DE MEDICAMENTOS E O INSTITUTO DO LICENCIAMENTO COMPULSÓRIO O SISTEMA DE PATENTES A propriedade intelectual está ligada às invenções da mente humana e objetiva garantir que o inventor tenha exclusividade sobre suas criações, recompensando-o pela criação e lhe concedendo o direito de explorá-la. O Direito de Propriedade Intelectual engloba os Direitos Autorais e conexos, e o Direito de Propriedade Industrial. A propriedade industrial pode ser concebida como [...] o ramo da Propriedade Intelectual que trata das criações intelectuais voltadas para as atividades de indústria, comércio e prestação de serviços e engloba a proteção das invenções, desenhos, marcas, indicações geográficas, estendendo-se ainda à proteção das relações concorrenciais (IDS, 2013, p. 9). Os Direitos de Propriedade são protegidos na CRFB/1988 em seu art. 5.º, inciso XXII. O inciso XXIX do mesmo artigo da Carta da República, por sua vez, traz insculpida proteção aos inventos industriais, limitando-os ao interesse social e ao desenvolvimento tecnológico e econômico do país RPCD 17 (S2.A)

22 Já a LPI trata dos direitos relativos à propriedade industrial e estabelece, em seu artigo 2.º, que a proteção dos direitos concernentes à propriedade industrial engloba a concessão de patentes de invenção e modelo de utilidade, de registro de desenho industrial, de registro de marca, a repressão às falsas indicações geográficas e à concorrência desleal. No âmbito internacional, instrumento normativo de destaque de proteção de patentes é o Acordo TRIPS, que surgiu no contexto da Rodada Uruguaia do Acordo Geral Sobre Tarifas e Comércio (GATT), na década de 90, e que foi promulgado no Brasil pelo Decreto 1.355, de dezembro de 1994 (Chaves, 2006, p. 17). Pela patente, é conferido ao seu detentor, [...] o direito de impedir terceiros, sem o seu consentimento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com esses propósitos: produto objeto de patente e processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado. (Benetti, 2007, p. 208). A patente Essa postura do país se alterou com a assinatura, em 1993, do tratado TRIPS, e sua promulgação em 1994, já que, após a assinatura do TRIPS, todos os países integrantes da Organização Mundial do Comércio (OMC) tiveram de reconhecer a patente para a invenção de um produto ou para o meio de obter esse produto, abarcando, aqui, os medicamentos. Em 1996, em razão da pressão do Governo dos Estados Unidos, especialmente com vistas a uma proteção de patentes farmacêuticas, foi criada no Brasil a já citada Lei 9.279, de 14 de maio de 1996 (LPI). Há que se destacar que, em que pese ser um acordo voltado para questões referentes ao comércio de propriedade sobre novos produtos, o TRIPS também contém dispositivos voltados para a saúde, com flexibilização do sistema de patentes em casos específicos. Destarte, o Acordo TRIPS possui algumas flexibilidades que podem ser usadas pelos países para proteção da saúde pública de seus nacionais. Uma delas é a da licença compulsória, prevista em seu artigo Pode ser definida como um título de propriedade concebido pelo Estado, que assegura ao seu titular exclusividade temporária para a exploração de uma determinada invenção. Ou seja, depois que o tempo de proteção da patente se encerra, a invenção protegida cai no domínio público e todos passam a poder explorá-la. A contrapartida desta concessão feita pelo Estado é que todo o conhecimento envolvido no desenvolvimento e produção da invenção deverá ser revelado para a sociedade. Trata-se, em princípio, de uma relação de troca (Chaves, 2006, p. 8). São duas as espécies de patentes, de produtos e de processo, sendo estas últimas as relativas à proteção do caminho percorrido para a produção de um determinado produto. O art. 8.º da LPI e o 1.º do art. 27 do Acordo TRIPS explicitam os requisitos que uma invenção deve possuir para ser patenteada: novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. Isto é, o invento não pode ter tido prévia divulgação, deve ser fruto do intelecto humano, representando algo inovador, e deve ter a possibilidade de ser utilizado ou produzido em indústria. A patente possui um prazo de vigência de vinte anos, ao fim do qual cai em domínio público, e, assim, poderá ser explorada economicamente por terceiros. No caso de patentes farmacêuticas, com sua extinção, o medicamento pode ser registrado como genérico. PROTEÇÃO DAS PATENTES DE MEDICAMENTOS As patentes de medicamentos, objeto de estudo deste trabalho, nem sempre foram protegidas pelas legislações brasileiras. Reportando ao histórico de proteção das patentes farmacêuticas no Brasil, verifica-se que sua proteção, com o Decreto-Lei 7.903/1945, se restringia apenas às patentes do processo, não abrangendo as patentes de produtos farmacêuticos. A Lei 5.772, de 21 de dezembro de 1971, por sua vez, aboliu do cenário brasileiro qualquer proteção às patentes de medicamentos. FLEXIBILIZAÇÃO DA PROTEÇÃO DADA ÀS PATENTES: O INSTITUTO DO LICENCIAMENTO COMPULSÓRIO Existem dois tipos de licenças para exploração das patentes A primeira delas, mais utilizada, é a licença voluntária, [...] que permite que o titular da patente ou o depositante do pedido licencie terceiros a fabricar e comercializar o produto ou processo. (Benetti, 2007, p. 208). Essa licença para fabricação ou comercialização do produto para terceiros ocorre mediante o pagamento royalties, numa livre negociação entre as partes. O segundo tipo de licença existente é a licença compulsória ou licenciamento compulsório, chamada coloquialmente de quebra de patente, pela qual se busca evitar abusos do exercício do direito de exploração exclusiva da patente. A licença compulsória retira o caráter de exclusividade da exploração da patente, permitindo que se usufrua da patente sem o consentimento do detentor. No entanto, ressalte-se, o detentor da patente ainda permanece com o direito ao pagamento de royalties pela utilização de seu invento, mesmo que em valor reduzido. Tanto o acordo TRIPS (artigo 31), quanto a LPI (artigos 68 a 74) autorizam a utilização do licenciamento compulsório, sendo que o TRIPS utiliza a expressão outro uso sem autorização do titular dos direitos objeto da patente para se referir à licença compulsória. Vários países já se utilizaram do licenciamento compulsório em face de patentes de medicamentos, seja para combater práticas anticompetitivas, seja como estratégia para a redução de preços de medicamentos, como Canadá, Estados Unidos, Itália, Malásia, Moçambique e Tailândia. A LPI brasileira autoriza a utilização do licenciamento compulsório no caso de insuficiência de exploração, exercício abusivo, abuso do poder econômico, dependência de patentes e interesse público ou emergência nacional. O Decreto 3.201, de 6 de outubro de 1999, com alterações pelo Decreto 4.830, de 4 de setembro de 2003, regula a concessão do licenciamento compulsório previsto no art RPCD 17 (S2.A)

23 da LPI, isto é, licença compulsória para atender à emergência nacional e interesse público. Emergência nacional seria o iminente perigo, mesmo que apenas em parte do território nacional. Já os fatos de interesse público seriam aqueles relacionados, por exemplo, à saúde pública, à nutrição, à defesa do meio ambiente, e aqueles de importância vital para o desenvolvimento tecnológico ou socioeconômico do país (art. 2.º do Decreto 3.201/1999). O ato do Poder Executivo que declarar o interesse público ou a emergência nacional é de competência do Ministro de Estado responsável pela matéria e causa (art. 3.º do Decreto 3.201/99). Antes de se conceder a licença, deve ser verificado se o titular da patente ou seu licenciado estão impossibilitados de atender à situação. Se confirmada a impossibilidade, será concedida de ofício, pelo Poder Público, a licença compulsória (art. 4.º). O ato de concessão de licença compulsória deve conter certas condições, conforme o art. 5.º do Decreto em estudo: prazo de vigência da licença e possibilidade de prorrogação, além da remuneração do titular. No tocante à exploração da patente licenciada, o Decreto 3.201, de 6 de outubro de 1999, determina que ela pode ser explorada diretamente pela União ou por terceiros devidamente contratados ou conveniados, sendo impedida, em todo caso, a reprodução do objeto da patente para outros fins. O Decreto também dá a possibilidade de, no caso de não se conseguir reproduzir o objeto da patente para atendimento a situações de emergência nacional ou interesse público, tanto por terceiro quanto pela União, se realizar a importação do produto (art. 10). E, conforme o art. 12 do Decreto, sendo atendida a emergência nacional ou o interesse público, a licença compulsória deve ser extinta pela autoridade competente, respeitados os termos do acordo com o licenciado. Assim, estudados os aspectos básicos, tanto do Direito à Saúde e da assistência farmacêutica, como do sistema de patentes, verifica-se a possibilidade de uma análise acerca do suposto conflito instaurado entre o Direito à Saúde e o Direito de Propriedade, e da utilização do licenciamento compulsório de patentes. O DIREITO À SAÚDE VERSUS A PROTEÇÃO DADA ÀS PATENTES: O LICENCIAMENTO COMPULSÓRIO DE MEDICAMENTOS E O CASO DOS ANTIRRETROVIRAIS O CONFLITO ENTRE O DIREITO À SAÚDE (ACESSO A MEDICAMENTOS) E O DIREITO DE PROPRIEDADE (PROTEÇÃO DAS PATENTES) No que tange, especificamente, à proteção dada às patentes de medicamentos, vê-se que essa espécie de patente é de suma importância para a indústria farmacêutica, que utiliza a inovação como principal estratégia para promover a competição e conquistar o mercado (Chaves & Oliveira, 2007, p. 15). Todavia, o sistema de patentes acaba por gerar um grande impasse: de um lado, ele beneficia a criação de novos inventos, desenvolvimento e incentiva o investimento de novos recursos; no entanto, esse mesmo sistema, quando se trata especificamente de patentes de medicamentos, cria problemas na área da saúde que, se sopesados com os ganhos sociais advindos das patentes, acaba por se sobrepor a estes. É que, sendo os medicamentos insumos necessários para um bom estado de saúde, considerada aqui a noção de saúde como equilíbrio físico, mental e espiritual, conforme propugnado pela OMS, não há que se falar em saúde do indivíduo e da sociedade sem o acesso aos medicamentos. Medicamentos salvam vidas e melhoram as condições de vida das populações. Quando utilizados adequadamente, são considerados como uma das estratégias terapêuticas de maior custo-efetividade, possibilitando que intervenções mais onerosas para o sistema de saúde sejam evitadas (OMS, 1993; Maclsaac et al, 1994; Pepe & Osório-de-Castro, 2000). Adicionalmente, eles promovem a credibilidade dos serviços e das ações de saúde (MSH, 1997) (Chaves & Oliveira, 2007, p. 20). Ademais, o Direito à Vida, considerado como o Direito Fundamental mais importante (não absoluto, já que os Direitos Fundamentais se caracterizam pela relatividade, não excluindo uns aos outros) por se constituir como pressuposto de usufruto de todos os outros direitos, agregado a um dos princípios fundamentais do ordenamento jurídico brasileiro, o da dignidade da pessoa humana, gera a noção de que o Direito à Vida deve ser considerado não apenas como o direito à existência, mas de se existir e usufruir de uma vida digna. Ao mesmo tempo em que a patente confere ao seu titular uma espécie de recompensa por todo o trabalho e gastos despendidos no processo de criação de seu invento, as patentes também lhe conferem a prerrogativa de estabelecer ao seu produto o preço que bem lhe aprouver. E, com relação aos medicamentos, preços altos e abusivos colocados por detentores das patentes acabam por impedir o acesso aos medicamentos pela população, seja porque limitam a compra por parte das pessoas naturais, particulares, seja porque impedem que os Estados adquiram os remédios essenciais para implementar suas políticas públicas de saúde, na medida em que impactam e superam as verbas orçamentárias destinadas a esse campo. No fundo, trata-se de um conflito envolvendo o Direito à Saúde e o Direito de Propriedade. E, tratando-se de conflito envolvendo Direitos Fundamentais, os quais possuem natureza principiológica, necessária se faz uma ponderação de valores, com a prevalência de algum princípio concorrente, resolvendo-se tal impasse na dimensão do peso, pois os princípios, ao contrário das regras, não excluem uns aos outros. Razão porque, RPCD 17 (S2.A)

24 [...] o conflito entre princípios leva a solução distinta das regras. É que os princípios coexistem, e não se excluem como as regras. Assim, os princípios, por encerrarem mandados de otimização, permitem o balanceamento de valores e interesses, conforme seu peso e a ponderação de outros princípios eventualmente conflitantes. Os princípios não obedecem, portanto, à lógica do tudo ou nada. Destarte, se em determinado caso concreto, algo é permitido por um princípio mas negado por outro, um deles deve recuar, sem que se declare inválido o outro, resolvendo o conflito na dimensão do valor e não da validade. Desse modo, é possível, em um determinado caso, não se aplicar certo princípio, mas sim outro conflitante, o que não significa que o primeiro perdeu a validade, já que os princípios, mesmo quando em conflito, podem coexistir. Outro modo de solucionar conflitos entre princípios se dá pela ponderação de interesses, priorizando-se, em um determinado caso, um princípio em detrimento do outro (Carvalho, 2009, pp ). Dessa forma, o conflito verificado aqui entre o Direito à Saúde da população e a proteção da propriedade (das patentes) das indústrias farmacêuticas deve ser resolvido considerando-se os valores relativos a cada caso e as implicações advindas. Deve-se buscar uma solução que, sem excluir qualquer desses direitos, baseie-se em um juízo de ponderação. As patentes, como todos os outros aspectos atinentes ao Direito de Propriedade, devem respeitar o interesse social e a função social da propriedade. A própria CRFB/1988, ao tratar dos Direitos de Propriedade Intelectual, determina que eles devem atender ao interesse social e ao desenvolvimento tecnológico e econômico do país (CRFB/1988, art. 5.º, inciso XIX). A finalidade precípua da patente é conferir ao seu detentor direito de exclusividade sobre sua exploração como forma de recompensá-lo e como forma de incentivar novas pesquisas. Em troca, o dono da patente deve tornar públicas as descobertas referentes à sua criação e cuidar para que seja produzida e comercializada. No caso de patentes de medicamentos, quando os próprios medicamentos existentes no mercado se mostram inacessíveis pelo consumidor pelos seus altos preços, seja para sua aquisição, em caráter particular, seja para aquisição pelo Governo para repasse não oneroso à população, mostra-se incongruente incentivar novas pesquisas e produção de novos medicamentos se a grande maioria da população não tem acesso nem àqueles que já se encontram no mercado. Ademais, um dos pressupostos para que a patente atenda à sua função social é a possibilidade de o produto ser utilizado por outrem. Um medicamento que não pode ser utilizado pela maioria dos seus possíveis pacientes, não por questões próprias de fabricação ou uso, mas por questões financeiras, não está atendendo ao fim para o qual foi criado, que deveria ser o de se prestar ao tratamento dos indivíduos na luta contra determinada doença. O que ocorre na prática é que as patentes farmacêuticas acabam sendo tratadas de forma semelhante às outras patentes, com o objetivo de atender aos interesses econômicos do próprio mercado e de seu criador quando, na realidade, são uma forma de patente que se difere de todas as outras por estar ligada, diretamente, tanto ao estado de saúde do ser humano como ser individualmente considerado, quanto à saúde pública de toda uma população. Com efeito, partindo-se do pressuposto de que os medicamentos garantem o Direito à Saúde dos indivíduos, e que este garante o próprio Direito à Vida, não se pode aceitar que interesses de cunho econômico se sobreponham ao Direito à Vida. Conforme aponta Sarlet (2004), [...] Não nos esqueçamos de que a mesma Constituição que consagrou o direito à saúde estabeleceu evidenciando, assim, o lugar de destaque outorgado ao direito à vida uma vedação praticamente absoluta (salvo em caso de guerra regulamente declarada) no sentido da aplicação da pena de morte (art. 5.º, inc. XLVII, alínea a). Cumpre relembrar, mais uma vez, que a denegação dos serviços essenciais de saúde acaba como sói acontecer por se equiparar à aplicação de uma pena de morte para alguém cujo único crime foi o de não ter condições de obter com seus próprios recursos o atendimento necessário, tudo isto, habitualmente sem qualquer processo e, na maioria das vezes, sem possibilidade de defesa, isto sem falar na virtual ausência de responsabilização dos algozes, abrigados pelo anonimato dos poderes públicos (p. 322). O detentor da patente deve, sim, auferir lucros de seu invento, mas esse lucro deve ser justo e os preços dos medicamentos não devem ser tão exorbitantes a ponto de restringir demasiadamente a sua aquisição. É lógico que numa colisão envolvendo Direitos Fundamentais toda solução que se dê deve levar em consideração as peculiaridades de cada caso concreto. Mas, em específico no caso das patentes de medicamentos, a melhor solução a que se chega é aquela que privilegia o Direito à Saúde e condiciona o Direito de Propriedade à correspondente efetivação. Não se trata de uma exclusão do Direito de Propriedade, mas do seu condicionamento ao atendimento de sua função social, no caso em tela, à concretização do Direito à Saúde, pressuposto do Direito à Vida. E, para concretização do Direito à Saúde no contexto da proteção patentária, o licenciamento compulsório se mostra como um dos instrumentos de maior efetividade. Nesse sentido, a [...] licença compulsória pode ser utilizada para permitir que terceiros produzam o medicamento de forma a prover o mercado mais rapidamente ou torná-lo mais acessível ao público. (Mercer, 2006, p. 196). O LICENCIAMENTO COMPULSÓRIO DOS MEDICAMENTOS ANTIRRETROVIRAIS NO BRASIL A primeira ameaça de licenciamento compulsório no país se deu com o medicamento antirretroviral denominado Nelfinavir, comercializado com o nome de Viracept, do laboratório suíço Roche. No ano de 2001, após negociações infrutíferas com o laboratório produtor do fármaco, foi emitida a declaração de interesse público desse medicamento RPCD 17 (S2.A)

25 Contudo, foi firmado um acordo com o detentor da patente, pelo qual o preço do medicamento foi reduzido em 40%, preservando os interesses da política estatal contra a AIDS e fazendo o Governo brasileiro desistir do licenciamento 4. Em 24 de junho de 2005, é expedida pelo Ministério da Saúde do Brasil a Portaria 985, que declarou como de interesse público, baseando-se na sustentabilidade do programa nacional antiaids, medicamentos originados da associação dos princípios ativos Lopinavir e Ritonavir (Kaletra). O Governo concedeu o prazo de dez dias para que o Laboratório reduzisse o preço do medicamento, sob ameaça de licenciamento compulsório do remédio 5. Mais uma vez as negociações findaram de forma favorável para o país, tendo por resultado um acordo que reduzia 46% do valor pago pelo Brasil pelo medicamento 6. O primeiro caso efetivo de licenciamento compulsório no Brasil ocorreu com o medicamento Efavirenz, medicamento importado mais utilizado no tratamento da AIDS e distribuído gratuitamente pelo SUS 7. Em 2006 se iniciaram as negociações entre o Brasil e o laboratório Merck Sharp & Dohme, detentor da patente do Efavirenz. A insatisfação do Brasil podia ser visualizada no alto preço embutido ao medicamento e no fato de o Laboratório vender o mesmo medicamento por preço muito inferior a países com igual nível de desenvolvimento. A Merck sugeriu a redução insuficiente de dois por cento no preço do medicamento. Após a declaração de interesse público do medicamento, ocorrida em 25 de abril de 2007, a empresa ofereceu redução de 30% no valor do Efavirenz 8. No entanto, devido à inflexibilidade da detentora da patente do Efavirenz em atender ao interesse público declarado, decidiu-se pela decretação da licença compulsória do medicamento, fundamentando-se no risco ao equilíbrio econômico e financeiro nacional da saúde. Em sete de maio de 2007 a licença compulsória do Efavirenz foi decretada, por interesse público e fins de uso público não comercial do Programa Nacional de DST/AIDS, pelo Decreto 6.108, tendo sido estabelecido o prazo de cinco anos, prorrogáveis por igual período. O Decreto estabeleceu, em seu art. 2.º, a remuneração ao detentor da patente do Efavirenz em 1,5% sobre o custo do medicamento produzido pelo Ministério da Saúde. Em sete de abril de 2012, às vésperas do vencimento da licença compulsória do Efavirenz, o prazo do licenciamento deste fármaco foi estendido por mais cinco anos. O Efavirenz começou a ser produzido no Brasil (apresentação de 600mg) em 2008, pelo laboratório Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz. A produção, desde 2011, supre toda a demanda nacional do Efavirenz 600mg, sendo que cerca de 103 mil pessoas utilizam esse medicamento regularmente 9. Hoje, as principais empresas de produção farmacêutica no Brasil são a Cristália, a Lafefe, Nortec Química e Fiocruz/Farmanguinhos, sendo que, no tocante à produção de doses prontas de medicamentos antirretrovirais, os laboratórios Cristália, Lafefe e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)/Farmanguinhos, dariam conta, por ora, de suprir as necessidades do Brasil (Fortunak & Antunes, 2006, p. 7). O LICENCIAMENTO COMPULSÓRIO DE MEDICAMENTOS E A EFETIVAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE Conforme explicitado, pode-se perceber como o licenciamento compulsório reflete de maneira positiva na concretização de políticas públicas de saúde. Vê-se que o licenciamento compulsório possui, em síntese, duas consequências básicas: num primeiro momento, após a decretação do interesse público do medicamento, força a realização de negociações, incentivando a diminuição dos preços dos produtos. Em um segundo momento, que se verifica após a decretação do licenciamento em si, frustradas as negociações, o medicamento passa a poder ser produzido pelo país, para subsistência local, bem como a poder ser importado de outros países. No caso do Brasil, em especial, as ameaças de licenciamento compulsório dos medicamentos Nelfinavir e Kaletra surtiram efeitos positivos, pois possibilitaram grande redução no preço dos medicamentos. Outro ponto importante é que o licenciamento, além de funcionar como um instrumento de coibição de preços abusivos, já que força, ao menos, negociações para redução dos preços, pode influenciar também nas estratégias de mercado de outras empresas. Como exemplo, tem-se o licenciamento do medicamento Kaletra, na Tailândia, que foi suficiente para fazer com que o laboratório Abbott reduzisse o preço do medicamento para países em desenvolvimento como o Brasil. Logo após a emissão da licença compulsória na Tailândia, no final de 2006 e início de 2007, a empresa estadunidense Abbott apresentou uma proposta voluntária de redução do preço da nova versão termoestável do medicamento Lopinavir/ritonavir para países em desenvolvimento, o que incluiu o Brasil. O custo do tratamento por paciente/ano da versão de cápsula- -gel do lopinavir/ritonavir (comercializado pela marca Kaletra) no Brasil é de US$1.380,00. A oferta do Abbott para a nova versão foi de US$1.000,00 por paciente/ano. Para os países menos desenvolvidos, o preço é de US$500,00 por paciente/ano (Chaves, 2007, p. 7) Disponível em: Acesso em: 20 ago Idem. 6 Idem. 7 Em 2007, segundo o Ministério da Saúde, o Efavirenz era consumido por 38% dos pacientes em tratamento com antirretrovirais no país, ou seja, pessoas. 8 Informações retiradas do site: Acesso em: 15/07/2013, às 19h. 9 Dados retirados do site: Acesso em: 28/08/2013, às 12h. 47 RPCD 17 (S2.A)

26 Já o licenciamento do Efavirenz, medicamento antirretroviral mais utilizado pelos portadores de AIDS no Brasil, possibilitou grande economia para os cofres públicos brasileiros. Primeiro, porque permitiu a fabricação do genérico pelo laboratório brasileiro Farmanguinhos, ligado à Fiocruz. Como já apontado, a Farmanguinhos hoje consegue suprir toda a demanda pelo Efavirenz no país, na forma do Efavirenz 600mg. Segundo, porque tornou possível a importação de seu genérico, da Índia, a preço muito menor ao adotado pelo Laboratório fabricante do medicamento de referência. Com efeito, o licenciamento do Efavirenz não se mostrou prejudicial para o desenvolvimento tecnológico do país, na medida em que as empresas farmacêuticas continuaram comercializando seus produtos com o Brasil e investindo em pesquisa e desenvolvimento de fármacos para países de todo o mundo. Ao contrário, a licença do Efavirenz possibilitou o aperfeiçoamento dos laboratórios nacionais, que agora já possuem capacidade para produção de outros genéricos, em especial o Laboratório Farmanguinhos. Por fim, outro ponto muito discutido quando se trata de licenciamento compulsório é o medo de que a utilização do licenciamento prejudique os investimentos em pesquisas e congelem a produção de novos fármacos. A esse respeito, há a seguinte explicação: [...] um estudo realizado pelos Estados Unidos buscou verificar se o licenciamento compulsório de seis patentes de medicamentos, cujas detentoras eram empresas nacionais, geraram uma diminuição do investimento em tecnologia por parte dessas empresas na área licenciada. [....] Os resultados mostram o contrário, que as empresas continuaram a fazer pedidos de patentes após a emissão das referidas licenças em patamares semelhantes aos anos anteriores. Uma empresa, inclusive, chamada Marion Merrell Dow, apresentou um aumento considerável do número de depósitos nos anos subseqüentes ao licenciamento (Chaves, 2007, p. 14). Devido ao caráter de universalidade de SUS, que deve garantir a todos o acesso à assistência farmacêutica, além da grande onda de demandas judiciais pleiteando o fornecimento de medicamentos, a licença compulsória pode se mostrar como uma grande aliada do Governo brasileiro para garantia da saúde pública e cumprimento do mandamento constitucional de prestação da saúde. Desde que atendidos os requisitos para sua concessão, o licenciamento compulsório é medida válida e que deve ser utilizada quando estiverem em jogo o Direito à Saúde da coletividade e a continuação de políticas públicas de saúde. O licenciamento é medida prevista pela LPI e também pelo Acordo TRIPS. Não é uma medida infringente da proteção internacional de patentes, vez que prevista no próprio Acordo que as protege. Tal medida só é mal vista no cenário internacional porque vai contra o interesse dos grandes laboratórios farmacêuticos transnacionais e de seus países sede. Interessante citar, inclusive, que várias Resoluções das Assembleias Mundiais de Saúde (encontros anuais de Ministros da Saúde dos países membros da OMC) apontam para a necessidade de proteção da saúde frente às patentes, e aconselham o uso do licenciamento compulsório. Dentre elas, pode-se destacar a Resolução WHA 57.14, de 2004, que sugere que os Estados, membros da OMS, adaptem suas legislações nacionais para uso efetivo das flexibilidades do Acordo TRIPS e considerem o disposto na Declaração de Doha da OMC durante as negociações e assinaturas de Tratados; e a Resolução WHA 56.30, de 2003, que aconselha os países em desenvolvimento a utilizarem as flexibilidades do Acordo TRIPS quando se tratar de medicamentos para HIV/AIDS (Chaves, 2007, pp ). Assim, o licenciamento compulsório se mostra como instrumento de efetivação do Direito à Saúde. Em síntese, quando a proteção às patentes de medicamentos se mostrar prejudicial para a instituição ou continuação de políticas públicas de saúde, o Direito de Propriedade deve ceder para dar lugar ao Direito à Saúde. Nesse caso, há uma verdadeira eficácia horizontal do Direito à Saúde, na medida em que os Laboratórios, comparados aqui ao poder público em questão de força contratual, devem obedecer ao Direito à Saúde da população, garantindo medicamentos com preços adequados e que possam se prestar ao fim para o qual foram produzidos, qual seja, o de curar ou aliviar os males que afligem os indivíduos. 03 Meros interesses econômicos não podem se sobrepor ao Direito à Vida, já que este é condição de fruição de todos os demais Direitos Fundamentais. Daí o seu caráter de preponderância quando em conflito com os outros Direitos Fundamentais. CONSIDERAÇÕES FINAIS O Direito à Saúde, como restou demonstrado, além de se configurar como Direito Humano Fundamental e componente do tripé da Seguridade Social, tem uma ligação íntima com o Direito à Vida, sendo elemento do conceito de vida digna. Uma das facetas do Direito à Saúde é a assistência farmacêutica prestada pelo Estado que, no caso dos antirretrovirais, é universal, abarcando todos os indivíduos que deles necessitam e todos os medicamentos aptos a serem utilizados para tratamento da AIDS, conforme Lei 9.313/1996. No entanto, esses medicamentos fornecidos gratuitamente pelo Estado aos portadores da AIDS são de custo extremamente elevado, devido, em parte, à proteção dada às patentes de medicamentos, o que vem colocando em risco a continuação dessa política pública. O Brasil é um dos Estados signatários do Acordo TRIPS, que traça os padrões mínimos de proteção das patentes. Segundo tal acordo, e também conforme dispõe a LPI brasileira, o detentor da patente possui direito de exclusividade sobre seu invento pelo prazo de vinte anos. Essa exclusividade se mostra como um dos fatores que eleva o preço dos medicamentos, na medida em que confere ao detentor da patente a prerrogativa de colocar o preço que bem o aprouver em seu produto. 49 RPCD 17 (S2.A)

27 Todavia, tem-se que essa proteção se mostra importante para o desenvolvimento tecnológico da indústria farmacêutica, gerando novos investimentos em pesquisa de desenvolvimento de novos fármacos. Desse modo, instaura-se um conflito de natureza principiológica entre o Direito à Saúde (fornecimento de medicamentos pelo Estado) e o Direito de Propriedade (proteção das patentes). Por meio de uma análise entre os dois princípios, buscando-se uma solução pautada em um juízo de valores que tente preservar ao máximo a essência dos dois Direitos Fundamentais, não se excluindo totalmente um ou outro, pode-se concluir que, na maior parte dos casos, o Direito à Propriedade deve ceder para dar lugar ao Direito à Saúde, na medida em que este se liga intimamente do Direito à Vida, condição de fruição de todos os demais Direitos, e ao próprio Princípio da Dignidade Humana. E não se pode permitir, pois não se mostra coerente, que interesses econômicos se sobreponham ao Direito à Vida. A própria CRFB/1988 condiciona os direitos de propriedade e os direitos de propriedade intelectual, incluídas aqui as patentes, ao atendimento da função social, com vistas a contribuir para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país. E, um medicamento que não pode ser utilizado pelos seus possíveis usuários, por possuir um preço elevado, não está atendendo ao fim para o qual foi criado e nem à sua função social, que deveria ser o de atender aos indivíduos que sofrem de determinada doença. As patentes farmacêuticas não podem receber o mesmo tratamento dado às patentes de outros produtos, pois são peculiares na medida em que se ligam à saúde do ser individualmente considerado e à própria saúde pública de determinado Estado. O detentor da patente tem o direito de auferir lucros com o seu invento. Mas, em se tratando de patentes farmacêuticas, esse lucro deve ser justo e o preço aplicado ao medicamento não pode ser exorbitante a ponto de restringir de forma demasiada a sua aquisição, pelo papel que ocupam os medicamentos no Direito à Saúde dos sujeitos. Desse modo, a melhor solução a que se chega para o conflito apontado é aquela que privilegia o Direito à Saúde e condiciona o Direito de Propriedade à sua efetivação. E, analisando-se o instituto do licenciamento compulsório e a licença realizada pelo Brasil, no caso do medicamento Efavirenz, verificou-se que a licença compulsória pode ser considerada como instrumento de efetivação do Direito à Saúde na medida em que permite a continuação de políticas públicas e limita as prerrogativas conferidas aos donos das patentes de medicamentos. Também se deve ressaltar que a mera declaração de interesse público para o licenciamento compulsório já se mostra de grande valia para o fornecimento de medicamentos, na medida em que força os Laboratórios a abrirem negociações dos preços de seus fármacos, culminando com reduções benéficas para o orçamento estatal, como já ocorreu no Brasil, com o Kaletra e com o Nelfinavir. Por fim, salienta-se que o licenciamento compulsório não só é medida legal, pois prevista no Acordo TRIPS e na LPI, como aconselhada pela própria OMS, para ser usada na defesa da saúde pública do país e da continuação de políticas públicas de fornecimento de medicamentos, como forma de coibir abusos praticados pelos detentores das patentes. Desse modo, vê-se que, quando a proteção das patentes farmacêuticas se mostrar prejudicial para políticas públicas de fornecimento de medicamentos, o Direito de Propriedade deve ceder e se condicionar à efetivação do Direito à Saúde. E o licenciamento compulsório se mostra como meio adequado para essa efetivação, na medida em que controla as prerrogativas conferidas aos Laboratórios farmacêuticos pela proteção das patentes, garantindo a continuação e efetivação de políticas públicas de saúde, e um maior acesso da população aos medicamentos postos no mercado RPCD 17 (S2.A)

28 REFERÊNCIAS 03 ABIA. Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS. (2006). Patentes: por que o Brasil paga mais por medicamentos importantes para a saúde? (2ª ed.). Rio de Janeiro: Abia. Disponível em: < Azolino, M. R. (2009). Concessão de licença compulsória, no Brasil, para produção de medicamentos antirretrovirais patenteados: uma breve análise do caso efavirenz, nelfinavir e kaletra. Monografia (bacharelado em Direito) Centro Universitário de Brasília. Brasília. Disponível em: < uniceub.br/bitstream/ /823/1/ pdf>. Barbosa, J. F. Licença compulsória de medicamentos e direito à saúde no sistema jurídico brasileiro. Disponível em: < Barbosa, R. (1997). Oração aos moços. (5ª ed.). Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa. Barroso, L. R. Da falta de efetividade à judicialização excessiva: direito à saúde, fornecimento gratuito de medicamentos e parâmetros para a atuação judicial. Disponível em: -saude/?p=98>. Benetti, D. V. N. (2007). 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29 AUTORES: Daisy de Araújo Vilela Isadora Prado de Araújo Vilela Jose Carlos Tatmatsu Rocha Danielle I B Tatmatsu Marina Prado de Araújo Vilela Rafael Pedroza C Marques Percepção da saúde e dor em idosos em unidades de saúde PALAVRAS CHAVE: Qualidade de vida. Envelhecimento. Limitação da mobilidade. RESUMO A auto percepção em saúde é uma variável utilizada devido à sua associação com mortalidade, morbidade e uso de serviço médico. O objetivo do estudo foi descrever o perfil sociodemográfico, auto percepção de saúde e a intensidade da dor em idosos nas unidades básicas de saúde. A amostra foi composta por 300 idosos usuários do Sistema Único de Saúde de um município de médio porte na região centro oeste do Brasil e foram aplicados o Questionário de Qualidade de Vida SF-36 e o Inventário Breve de Dor (BPI). Foi analisada a distribuição das variáveis categóricas e as possíveis associações com aplicação do teste qui-quadrado. A intensidade da dor foi predominantemente ausente ou leve. A percepção da saúde foi considerada como muito boa; em comparação com o ano anterior, os idosos consideraram que estava quase a mesma. A presença da dor no dia da avaliação não interferiu na percepção de saúde dos idosos. Entendemos, após o estudo, que para um envelhecimento saudável faz-se necessária a interação entre saúde física e mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência econômica; todos estes itens devem estar intimamente ligados. Perception of health and pain in elderly health units ABSTRACT In health, self-perception is a variable analized due to its association with mortality, morbidity and the use of medical services. The aim of the study was to describe the sociodemographic profile, self perceived health and the intensity of pain in elderly engaged in reference health units. The sample consisted of 300 elderly users of the Unified Health System in Brazil who filled out the Quality of Life Questionnaire SF-36 and the Brief Pain Inventory (BPI). The distribution of the categorical variables and its possible associations were analyzed with application of the chi-square test. Pain intensity was predominantly absent or mild. The perception of health was very good; in comparison with the year before, the elderly considered their health was about the same. The presence of pain did not affect the perceived health of the elderly. After the study, we believe that, for a healthy aging, the interaction between physical and mental health, independence in daily life, social integration, family support and economic independence are necessary; all these items should be closely linked. KEY-WORDS: Quality of life. Aging. Mobility limitation. 04 Correspondência: Daisy de Araujo Vilela. Universidade Federal de Goiás Regional Jatai (UFG REJ). (daisyaraujovilela@gmail.com) 55 RPCD 17 (S2.A): 54-64

30 INTRODUÇÃO O envelhecimento é um processo multifatorial (Santos, Andrade, & Bueno, 2009). O aumento do número de anos de vida precisa ser acompanhado pela melhoria ou manutenção da saúde e qualidade de vida (Organização Mundial de Saúde [OMS], 2009). O envelhecimento acelerado produz necessidades e demandas sociais que requerem respostas políticas adequadas do Estado e da sociedade (Kuchemann, 2012). Para ter saúde, é necessário o equilíbrio entre a condição física, mental e social (Mazo, 2008). Ausência de doenças não é garantia de boa saúde, é preciso que o idoso associe com uma boa condição física a sua percepção da mesma (Barros, Zanchetta, Moura, & Malta 2006). As pessoas que relatam a sua saúde como sendo pobre apresentam maior risco de mortalidade em comparação com aquelas que relatam ter uma saúde excelente (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, & Macinko, 2011). Com o avançar da idade, o aumento da prevalência de dor crônica e fragilidade (Maciel & Araújo, 2014), tornaos idosos mais propensos a apresentar várias patologias crônicas de saúde, como a fragilidade e declínio de funções (Celich & Galon, 2009). A dor é um dos principais fatores que limitam o idoso a manter seu cotidiano de maneira normal, impactando negativamente sua qualidade de vida, prejudicando, de algum modo, a realização das atividades de vida diária, bem como restringindo a convivência social e comprometendo o estado funcional, o que pode conduzir ao isolamento (Dellaroza et al., 2013). No Brasil observa-se alta prevalência de dor crônica nos indivíduos acima de 60 anos, principalmente as dores musculoesqueléticas (Gagliese & Melzack, 2013); 14% da dor crônica está relacionada às articulações e ao sistema musculoesquelético (Cunha & Mayrink, 2011). Embora a dor não apareça como fator direto de dependência e morte, alguns estudos comprovaram a interferência da dor em aspectos da vida e relacionaram-na com limitações funcionais (Gagliese & Melzack, 2013). A auto percepção em saúde é denominada como auto avaliação em saúde, avaliação em saúde ou saúde percebida. É uma variável não utilizada na clínica, mas muito utilizada em trabalhos devido à sua forte associação com mortalidade, morbidade e uso de serviço médico (Blazer, 2008). Mais recentemente, tem sido utilizada como importante indicador de bem estar individual e coletivo (Dachs & Santos, 2006; Neri, 2008; OMS, 2007), recomendado pela OMS (Marin-Leon, Oliveira, Barros, Dalgalarrondo, & Botega, 2007) para verificar a saúde das populações, tendo-se tornado preditor de morbidade (Bernard et al., 1997), incapacidade (Shirom, Toker, Berliner, Shapira, & Melamed, 2008), depressão (Dachs & Santos, 2006), inatividade (Ilder & Benyamini, 1997) e mortalidade (Borim, Barros, & Neri, 2012; Sargent-Cox, Anstey, & Luszcz, 2010) especialmente entre idosos (Agostinho, Oliveira, Pinto, Balardin, & Harzheim 2010). Baseia-se em critérios subjetivos e objetivos, sendo influenciada por fatores como sexo, idade, classe social e presença de doenças crônicas (Cheng, Fung, & Chan, 2007). É essencial entender como a pessoa percebe sua saúde, pois o seu comportamento é condicionado pela percepção e pela importância dada a esta (Theme-Filha, Szwarcwald, & Souza Junior, 2008). Portadores de doenças crônicas não se percebem doentes, principalmente por não apresentarem sintomas (Agostinho et al., 2010). Um estudo, que avaliou a percepção de saúde evidenciou que homens percebem menos sua saúde como ruim quando comparado às mulheres, o que afeta a utilização dos serviços de saúde por esses usuários (Caetano, 2012). O objetivo do estudo foi descrever o perfil sociodemográfico, intensidade da dor e autopercepção de saúde de idosos em unidades de saúde de referência de uma cidade de médio porte da região centro oeste do Brasil. MÉTODO Trata-se de um estudo descritivo, transversal, de abordagem quantitativa, realizado no período de setembro de 2013 a janeiro de O local do estudo foi em unidades de saúde em Jatai (GO). AMOSTRA A população alvo foi constituída por idosos que frequentaram as unidades de saúde de referência para atendimento, no período da coleta de dados. Para inclusão na amostra de conveniência, foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: a idade igual ou maior que 60 anos e menor ou igual a 75 anos. Os participantes foram abordados nas unidades de saúde (US), onde buscavam participar de ações promovidas e para busca de consultas médicas. Para cálculo da amostra foi considerado que, no ano de 2012, segundo registros da Secretaria Municipal de Saúde, o município tinha 1200 idosos registrados no Programa do Idoso, em atendimento nas quatro Unidades de Saúde de referência. Com um erro amostral de 5%, com nível de confiança de 95%, que resultou em uma amostra de duzentos e noventa e dois idosos (n = 292), aos quais foram acrescentados 3% para possíveis perdas, totalizando 300 idosos. Conseguiu-se recrutar com sucesso 300 idosos e não houve perdas e exclusões, considerando-se a amostra necessária atendida. A pesquisa obteve parecer favorável do Comitê de Ética e Pesquisa CEP da UFG (protocolo nº / 2013). Todos os participantes da pesquisa que concordaram em participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido INSTRUMENTOS Para viabilizar os objetivos propostos, utilizamos um questionário sociodemográfico, o Inventário Resumido de Dor (Brief Pain Inventory BPI), e duas questões sobre percepção da saúde do Questionário de Vida SF-36. O questionário sociodemográfico foi adaptado RPCD 17 (S2.A)

31 pela pesquisadora e era composto de várias perguntas, para este estudo utilizamos as questões referentes ao nome, idade, sexo, escolaridade e arranjo social. A escolha do Inventário Resumido de Dor (BPI), validado no Brasil, foi fundamentada nas características e objetivos propostos pela escala, fácil de aplicar, exigindo um curto período de tempo para responder e sendo fácil entendimento para os pacientes: pode ser auto administrado para alfabetizados, analfabetos ou com pouca alfabetização, tornando-se rápido e simples; constitui um método genérico prático de medição e avaliação da dor numa perspectiva multidimensional; além da dor e gravidade, retrata a percepção da dor e sua interferência com a vida diária (Cleeland, 2009); e quantifica a intensidade da dor e a incapacidade, associada nas atividades habituais (Gambaro, Santos, Thé, Castro, & Cendoroglo, 2009). Para este estudo, consideramos apenas a intensidade da dor, um dos itens do instrumento. Consideramos para avaliar a percepção de saúde, duas perguntas: 1) Em geral você diria que sua saúde é (Dellaroza, Pimenta, Lebrão, & Duarte, 2008): onde as respostas foram lidas e o(a) idoso(a) tinha cinco opções de resposta: excelente, muito boa, boa, ruim, muito ruim ; estudo semelhante ao de Alves e Rodrigues (2005). A segunda pergunta: 2) Comparada há um ano atrás, como você se classificaria sua saúde em geral agora? onde as respostas foram lidas e o(a) idoso(a) tinha cinco opções de resposta: Muito melhor, um pouco melhor, quase a mesma, um pouco pior, muito pior ; incluída neste estudo. Esta segunda pergunta faz parte de um questionário de qualidade de vida (SF-36) e no referido instrumento avalia a percepção da saúde. Na análise foi realizada a dicotomização na variável (questão 1) em Muito Boa (excelente e muito boa) e Boa (boa). PROCEDIMENTOS Abordamos os idosos nas unidades de saúde de referência para seu atendimento, antes das atividades de promoção à saúde, e verificamos os critérios de elegibilidade e recrutamos os mesmos para participarem do estudo. A coleta foi realizada por uma equipe treinada e com supervisão da pesquisadora responsável, sendo que o tempo necessário para aplicação dos instrumentos variou de minutos. O ambiente foi organizado de forma a permitir a privacidade da entrevista, utilizando-se espaço mais reservado. ANÁLISE ESTATÍSTICA Os dados foram registrados em planilha eletrônica (Excel-Microsof Office), para aplicação posterior do programa SPSS versão 18.0, e analisados mediante procedimentos de estatística descritiva. As variáveis quantitativas foram apresentadas com os seus valores médios, desvio padrão, mediana e intervalo de confiança. A comparação de médias foi feita utilizando os testes não paramétricos Kruskal Wallis, Mann Whitney-U, Exato de Fisher quando aplicáveis. A análise de distribuição das variáveis categóricas e as possíveis associações foram analisadas com aplicação do teste Qui-quadrado, consideramos p.05. RESULTADOS Encontramos 171 (57.0 %) idosos na US-1; 34 (11.3 %) na US-2; 83 (27.7 %) na US-3 e 12 (4%) na US-4, totalizando 300 idosos entrevistados. A média de idade dos homens foi mais alta que a das mulheres, as mulheres 66.7 anos (± 5.45) e os homens 68.6 anos (±6.12), sendo a diferença estatisticamente significativa (p* =.028) (QUADRO 1). QUADRO 1. Média da idade, desvio padrão, mediana, intervalo de confiança, valor de p, dos idosos Unidades de saúde de referência, Jataí (GO), Set 2013-Jan IDADE MÉDIA DP MEDIANA IC P* Homens 68.6 ± Mulheres 66.7 ± Total 67.1 ± p* Teste de Mann-Whitney U O nível de escolaridade predominante foi do ensino fundamental (completo e incompleto), sendo que a proporção de mulheres com o nível de formação de segundo grau e superior é maior que a dos homens. No arranjo social, há distribuição equitativa entre os idosos com e sem companheiro, comparando-se homens e mulheres (QUADRO 2). QUADRO 2. Distribuição dos idosos por faixa etária, escolaridade, ter companheiro, segundo sexo. Unidades de saúde de referência, Jataí (GO), Set 2013-Jan VARIAVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS MASCULINO SEXO FEMININO N % N % P* Faixa etária (n = 300) anos anos anos Escolaridade (n = 296).001 analfabeto sabe ler e escrever fundamental (primário + ginásio) segundo grau superior (e pós graduação) Companheiro (n = 300).768 sim não p* qui-quadrado RPCD 17 (S2.A)

32 Em relação a intensidade da dor, tivemos, em relação a última semana: intensidade da pior dor, apresentou a mediana de 5.0, sendo a média significativamente maior na faixa etária de anos (p =.036) ; intensidade da dor moderada, verificou-se mediana de dois e a média com distribuição semelhante entre os sexos e as faixas etárias (QUADRO 3). A presença da dor no dia da avaliação não interferiu na percepção de saúde dos idosos atendidos nas unidades de saúde de referencia. E para as variáveis sexo e faixas etárias os resultados apresentaram distribuição semelhante, de percepção de saúde muito boa. 04 QUADRO 3. Média, desvio padrão, mediana e intervalo de confiança da intensidade da maior dor referida pelos idosos na última semana, por sexo e faixa etária. Unidades de saúde de referência, Jataí (GO), Set 2013-Jan 2014 DISCUSSÃO INTENSIDADE DA DOR PIOR DOR (0-10) Sexo Média DP Mediana (IC) p feminino 4.8 ± ( ).676* masculino 4.6 ± ( ) Faixa etária (anos) ± ( ).036** ± ( ) ± ( ) Total 4.8 ± ( ) p* Teste Mann-Whitney U p** Teste Kruskal-Wallis Para a dor de menor intensidade, a mediana variou entre 2 e 3, sem diferença significativa entre os sexos e a faixa etária. No momento da entrevista, a intensidade da dor foi predominantemente ausente ou leve, sem diferença significativa para os sexos e faixas etárias. Na análise da percepção da saúde, a maior parte de homens e mulheres, independente da faixa etária, consideraram a saúde como muito boa. Em comparação com há um ano, consideram que a saúde está quase na mesma, destacando-se uma proporção expressiva de idosos que percebem a saúde como melhor ou muito melhor em relação ao ano anterior (QUADRO 4). QUADRO 4. Auto percepção de saúde atual dos idosos e comparada há um ano atrás. Unidades de saúde de referência, Jataí (GO), Set 2013-Jan 2014 SEXO PERCEPÇÃO DE SAÚDE ACTUAL Excelente Muito Boa Boa Ruim Muito Ruim TOTAL p* n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) N (%) Masculino 4(7.0) 37(64.9) 16(28.0) 0(0.0) 0(0.0) 57(100.0) Feminino 28(11.5) 160(66.0) 55(22.6) 0(0.0) 0(0.0) 243(100.0) SEXO Muito melhor Um pouco melhor PERCEPÇÃO DE SAÚDE COMPARADA HÁ UM ANO Quase a mesma Um pouco pior Muito pior Masculino 10(17.5) 9 (15.7) 37(64.9) 1(1.7) 0(0.0) 57(100.0) Feminino 25(10.2) 44(18.1) 171(70.3) 3(1.2) 0(0.0) 243(100.0) p* qui quadrado A predominância do sexo feminino assemelha-se a outros estudos que obtiveram número maior de mulheres em relação aos homens (IBGE, 2010; Rodrigues & Neri, 2012). A média de idade é semelhante ao estudo de Rocha (2013), sendo esse resultado justificado por Santos, Andrade e Bueno (2009), quando dizem que existem idosos com idades entre 60 e 79 anos na própria população brasileira como um todo, ainda que, segundo dados do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2011), o grupo de idosos longevos tem aumentando nos últimos anos. Na escolaridade, a prevalência do ensino fundamental incompleto é explicada pelo fato de a escolaridade da época da infância desses idosos não ser prioritária (Rodrigues & Neri, 2012). Para Celich (2009), a dor em idosos se torna um problema de saúde pública, que necessita de diagnóstico, mensuração e avaliação a fim de ser devidamente tratada pelos profissionais, de forma a minimizar as morbidades e melhorar a qualidade de vida dos idosos. Para isso, requer estratégia para avaliação precisa e tratamento adequado, mas os instrumentos de avaliação e mensuração raramente são usados para monitorar essa realidade. Muito embora todos os instrumentos apresentem limitações nas populações em que são avaliados e refinados, torna-se imperativo o uso dos mesmos para o controle adequado da dor. A dor crônica no envelhecimento, junto com as doenças crônicas e degenerativas, muitas vezes está presente, sendo responsável pela limitação funcional nos idosos (Dellaroza et al., 2013). Neste estudo, a severidade da maior dor foi leve (± 3,9) e não interferiu nas atividades, com distribuição semelhante para os sexos e faixas etárias. Sabe-se que, para um envelhecimento saudável, a interação entre saúde física e mental, independência na vida diária, integração social, suporte familiar e independência econômica devem estar intimamente ligados (Dias, Carvalho, & Araújo, 2013). As diferenças de gênero e idade, na percepção da saúde, são importantes determinantes do comportamento em relação à procura por atendimento de saúde, sendo que a percepção de um estado de saúde ruim acarreta um maior uso dos serviços de saúde entre os idosos (Borges & Seidl, 2012; IBGE, 2009). O resultado deste estudo é semelhante ao de Hartmann (2008), onde a maior parte dos participantes relatou a sua saúde como boa ou regular. Todavia, contraria outra pesquisa que encontrou nos idosos uma auto avaliação negativa da percepção da saúde (Pagotto, Bachion, & Silveira, 2013). 61 RPCD 17 (S2.A)

33 CONCLUSÕES REFERÊNCIAS 04 O idoso, nas unidades de saúde de referência, teve o predomínio de mulheres na faixa etária entre 60 a 64 anos, com formação escolar de ensino fundamental completo/ incompleto (p*.001); as mulheres apresentaram escolaridade mais alta do que os homens, caracterizada pelo ensino de segundo grau e superior. Na última semana, a dor ocorreu em quase metade dos idosos (49.3% dos atendidos); a mediana da pior dor foi 5.0, sem diferença na média da intensidade entre os sexos. A intensidade da maior dor foi na faixa etária de 65 a 69 anos A dor de baixa intensidade interferiu pouco na vida dos idosos, independente do sexo e faixas etárias. Quanto à percepção da saúde, nos idosos que frequentaram as unidades de referência a percepção de saúde muito boa, sem diferença para os sexos e faixas etárias. Comparada há um ano, a saúde é percebida como quase a mesma, sem diferença entre os sexos e faixas etárias. Destacamos a importância da realização de novas pesquisas, e a fragilidade do estudo transversal; nesta estrutura os dados são coletados em um único "momento", não existindo um período de acompanhamento dos idosos. Espera-se que seja subsídio para futuras investigações, incentivando práticas profissionais votadas aos idosos e, possivelmente, contribuindo para políticas sociais e educacionais do envelhecimento. AGRADECIMENTOS Programa de Pós-Graduação em Ciência da Saúde Fac. de Medicina UFG Agostinho, M., Oliveira, M., Pinto, M., Balardin, G., & Harzheim, E. (2010). Autopercepção da saúde entre usuários da atenção primária em Porto Alegre, RS. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 5(17), doi: /rbmfc5(17)175 Barros, M. B. A., Zanchetta, L. M., Moura, E. C., & Malta, D. C. (2009). Auto-avaliação da saúde e fatores associados, Brasil, Revista de Saúde Pública, 43(2), Bernard, S. L., Kincade, J. E, Konrad, T. R., Arcury, T. A., Rabiner, D. J., Woomert, A.,... Ory, M. G. 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34 Maciel, A. C. C, & Araújo, L. M. (2010). Fatores associados às alterações na velocidade de marcha e força de preensão manual em idosos institucionalizados. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 13(2), Marin-Leon, L., Oliveira, H. B., Barros, M. B. A. Dalgalarrondo, P., & Botega, N. J. (2007). Social inequality and common mental disorders. Revista Brasileira de Psiquiatria, 29(3), Mazo, G. Z. (2008). Atividade física, qualidade de vida e envelhecimento. Porto Alegre: Sulinca. Neri, A. L. (2007). Qualidade de vida na velhice e subjetividade. In A. L. Neri (Org.), Qualidade de vida na velhice: Enfoque multidisciplinar (pp ). Campinas: Editora Alínea. Organização Mundial da Saúde. (2007). Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (10ª Rev.). São Paulo: Centro Colaborador da Organização Mundial da Saúde/ Editora da Universidade de São Paulo. Organização Mundial da Saúde. (2014). Carta de Otawa. Disponível em conferences/previous/ottawa/en/ Pagotto, V., Bachion, M. M., Silveira, E. A. (2013). Autoavaliação da saúde por idosos brasileiros: Revisão sistemática da literatura. Revista Panamericana de Salud Publica, 33(4), Paim, J. S., Travassos, C., Almeida, C., Bahia, L., & Macinko, J. (2011). The Brazilian health system: History, advances, and challenges. Lancet, 377, Rocha, A. S. R. M. (2013). Catastrofização da dor e percepção de doença em indivíduos com dor crónica. Dissertação de mestrado, Universidade Fernando Pessoa do Porto, Portugal. Rodrigues, R. N., & Alves, L. C. (2005). Determinantes da autopercepção de saúde entre idosos do município de São Paulo, Brasil. Revista Panamericana de Salud Publica, 17(5/6), Santos, F. H., Andrade, V. M., & Bueno, O. F. A. (2009). Envelhecimento: Um processo multifatorial. Psicologia em Estudo, 14(1), Sargent-Cox, K. A., Anstey, K. J., & Luszcz, M. A. (2010). The choice of self-rated health measures matter when predicting mortality: Evidence from 10 years follow-up of the Australian longitudinal study of ageing. BMC Geriatrics, 10(18). Shirom, A., Toker, S., Berliner, S., Shapira, I., & Melamed, S. (2008). The effects of physical fitness and feeling vigorous on self-rated health. Health Psychology, 27, Theme-Filha, M. M., Szwarcwald, C. L., & Souza Junior, P. R. (2008). Meassurements of reported morbidity and interrelationships with health dimensions. Revista de Saúde Pública, 42(1), AUTORES: Alexandre Magno dos Santos 1 Andréa Damasceno Rocha 1 Hideo Suzuki 2 Aguinaldo Silva G Segundo 2 Maurício Almeida Cardoso 3 Isabella Simões Holz 4 Leopoldino Capelozza Filho 3 1 Área Ortodontia, U. Sagrado Coração, Bauru, S. Paulo (Brasil) 2 Dep. Ortodontia, C Pesquisa e Pós-Grad., São Leopoldo Mandic, S. Paulo (Brasil) 3 Dep. Ortodontia, C Pesquisa e Pós-Grad., U Sagrado Coração, Bauru, S. Paulo 4 Hospital Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade S. Paulo (Brasil) RESUMO Avaliação do perfil de nipo-brasileiros através de análise subjetiva e numérica PALAVRAS CHAVE: Ortodontia. Facial. Estética. Este estudo teve como objetivo avaliar uma população de Nipo-Brasileiros (Xantodermas) nos conceitos subjetivos de estética facial em esteticamente agradável, aceitável e desagradável e a sua percepção em diferentes grupos de avaliadores; adicionalmente, nos Nipo-Brasileiros considerados agradáveis, objetivou-se realizar uma análise facial numérica do perfil. O presente trabalho avaliou uma amostra de indivíduos Nipo-Brasileiros com equilíbrio musculo-facial, representado pelo selamento labial passivo, ausência de tratamento ortodôntico ou cirurgia facial prévia. A amostra foi constituída de 82 indivíduos (42 mulheres e 40 homens), avaliados por cinco grupos: ortodontistas leucodermas, ortodontista Nipo-Brasileiros e cirurgiões buco-maxilo-faciais com relação à agradabilidade facial. Para verificar a concordância entre os examinadores foi utilizado o coeficiente de concordância de Kendall. Na comparação entre os grupos foi utilizado o teste do qui-quadrado e o teste de proporções, com nível de significância de 5% (p <.05). A maioria dos indivíduos foi considerado esteticamente aceitável. Nos indivíduos esteticamente desagradáveis, o nariz e o queixo foram as estruturas que mais impactaram suas faces. Quando comparados com os leucodermas, os nipo-brasileiros apresentam uma maior protrusão do lábio superior e inferior. A convexidade facial foi menor nos nipo-brasileiros. O excesso do terço inferior em relação ao terço médio da face foi maior nos brasileiros leucodermas. Correspondência: Andréa Damasceno Rocha. Área de Ortodontia, Universidade do Sagrado Coração, Bauru, São Paulo (Brasil). (adrorto@yahoo.com.br) RPCD 17 (S2.A): 65-77

35 Evaluation of the Japanese Brazilian profiles through subjective and numerical analysis ABSTRACT This study aimed to evaluate a population of Japanese-Brazilians (Xanthoderm) on the subjective concepts of facial aesthetic aesthetically pleasing, acceptable and unpleasant, considering the perception of different groups of evaluators; in Japanese-Brazilians which were considered pleasant, a numerical facial analysis of this profile was performed. This study evaluated a sample of Japanese-Brazilian individuals with balanced facial muscle structure, represented by passive lip seal, and with no orthodontic treatment or prior facial surgery. The sample consisted of 82 subjects (42 women and 40 men), evaluated by five groups: caucasians orthodontists, Japanese-Brazilian orthodontists and oral and maxillofacial surgeons regarding facial attractiveness. To verify the agreement between examiners, the Kendall coefficient was used. And for the comparison between groups, the chi-square test and the proportions test with a significance level of 5% (p <.05) were conducted. Most individuals were considered aesthetically acceptable. In aesthetically displeasing individuals, the nose and chin were the structures that most impacted their faces. When compared to Caucasian, Japanese-Brazilians had a greater protrusion of the upper and lower lip. The facial convexity was lower in Japanese-Brazilians. The excess of the lower third of the average third of the face was higher in caucasian Brazilians. KEY-WORDS: Orthodontics. Facial. Aesthetics. INTRODUÇÃO A análise facial tem sido um recurso diagnóstico valorizado desde os primórdios da ortodontia. Vários autores (Angle, 1907; Cox & Van der Linden, 1971; Wuerpel, 1937) tentaram estabelecer padrões de normalidade na direção das quais os pacientes ortodônticos deveriam ser tratados. Essa preocupação da ortodontia está em concordância com a expectativa do paciente, cuja principal motivação, na maioria dos casos, para o tratamento ortodôntico é a melhora estética. O diagnóstico em ortodontia baseia-se na análise facial, oclusal, de modelos e cefalométrica. A análise facial deve ser feita levando-se em conta a observação da morfologia da face do paciente, assim podemos notar a existência ou não de assimetrias, de selamento labial, compressão labial e discrepâncias entre as bases ósseas. Capelozza Filho (2004) estabeleceu que o ortodontista deve estar atento aos conceitos de beleza facial e às predileções vigentes, para que as ações técnicas no terço inferior da face e no sorriso respeitem os critérios técnicos e as limitações que contribuem, dentro do possível, para a satisfação do paciente. Para isso, este autor desenvolveu um sistema de classificação baseado na morfologia facial. Os indivíduos podem ser classificados como padrão I, II, III, face longa ou face curta. Nesta classificação, o padrão I é identificado pela normalidade facial, a má oclusão quando presente é apenas dentária não associada a qualquer discrepância esquelética sagital ou vertical. Os padrões II e III são caracterizados pela presença de degrau sagital respectivamente positivo e negativo entre a maxila e a mandíbula. Nos padrões face longa e curta, a discrepância é vertical. Segundo Reis et al. (2006a), a análise facial subjetiva permite o estudo da avaliação estética realizada rotineiramente pela sociedade. Por meio dessa análise, classificamos os indivíduos, de acordo com a agradabilidade estética, em esteticamente agradável (notas de 7 a 9), esteticamente aceitável (notas de 4 a 6) e esteticamente desagradável (notas de 1 a 3). A diversidade étnica e consequentemente a variedade de características faciais é muito frequente na nossa especialidade, e a necessidade de estudar a individualidade de cada grupo étnico se faz cada dia mais relevante. Esta análise foi considerada ainda importante por Rehme et al. (2014) que realizaram uma revisão sistemática de artigos publicados entre 1960 e 2010 e reafirmaram sobre a importância da mesma no diagnóstico ortodôntico, principalmente pelos fatores psicológico e social envolvidos. Xantoderma é uma classificação que se refere originalmente apenas à cor da pele, sendo esta amarela. Porém, em ortodontia, os xantodermas são indivíduos oriundos de países do leste da Ásia, principalmente Japão, China e Coréia (Santos et al., 2010). O objetivo deste trabalho foi avaliar indivíduos nipo-brasileiros segundo a agradabilidade facial e, nos nipo-brasileiros considerados agradáveis, realizar uma análise facial numérica do perfil RPCD 17 (S2.A)

36 ANÁLISE FACIAL SUBJETIVA E NUMÉRICA Wuerpel (1937), estudando o equilíbrio e a harmonia facial, enfatizou a importância de uma abordagem individualizada em relação aos aspectos faciais do paciente. Portanto, a face humana deve ser estudada com muito critério sob todos os ângulos, e o ortodontista deve fazer o possível para em primeiro lugar, favorecer o aspecto facial do paciente, em segundo, preserva-lhes as características étnicas e, por último, obter sua satisfação profissional. A análise do perfil tegumentar em telerradiografias laterais onde o tecido mole é medido diretamente na telerradiografia foi proposta por Burstone (1958). A amostra tinha 40 adultos jovens, com faces agradáveis, selecionados por três artistas do Instituto Herron de Artes, em Indianápolis (EUA). O autor observou que as faces agradáveis possuíam medidas que variavam em um desvio padrão. No entanto, se todas as medidas tivessem uma variação uniforme, o perfil facial ainda seria harmonioso. No ano de 1996, Suguino et al., por meio de revisão de literatura, determinaram alguns parâmetros para análise facial. Esses devem ser avaliados na posição natural da cabeça, na qual o indivíduo é instruído a se sentar em posição ereta, olhando para frente, na linha do horizonte. Na vista frontal a face deve ser examinada para avaliação da simetria direita e esquerda, traçando-se uma linha vertical verdadeira (plano sagital mediano), dividindo- -se a face em duas partes semelhantes. Também na vista frontal são avaliados a proporção dos terços faciais, a largura nasal, a posição dos lábios, o comprimento e grau de exposição dos incisivos. Na visão de perfil são avaliados a convexidade facial, espessura do lábio superior e do lábio inferior, ângulo nasolabial, projeção nasal, linha queixo pescoço, sulco mento-labial e a posição do mento. mandibular maior, largura e comprimento do nariz maior em relação aos caucasianos. Uma última comparação se encontrou na vista frontal, no sentido latero-lateral, onde os Japoneses apresentaram uma maior largura da face. Scavone Júnior et al. (2006) analisaram fotografias de Nipo-Brasileiros com oclusão normal e faces equilibradas com o objetivo de estabelecer normas para análise de perfil de Nipo-Brasileiros e compará-los com os leucodermas americanos. Foi constatado que os Nipo-Brasileiros apresentam a glabela posicionada mais anteriormente, menor projeção nasal e lábios mais protruídos e ângulo naso labial mais obtuso (isso pode ser devido a uma base do nariz mais superiormente inclinada). Os valores normativos obtidos para Nipo-Brasileiros não devem ser estritamente interpretados como regras ou objetivos do tratamento, mas, sim, como guias ou bases para comparação. Considerando, além de valores normativos para étnica, as opiniões dos pacientes Japoneses e suas percepções de beleza para estabelecer planos de tratamento individualizados. Bronfman et al. (2014) compararam cefalometrias de jovens leucodermas (40 indivíduos), xantodermas (31 indivíduos) e Nipo-Brasileiros (32 indivíduos) com oclusão normal e bom perfil facial. Com relação aos incisivos superiores e inferiores foi constatado que esses se apresentaram mais protruídos e inclinidados na amostra xantoderma e de Nipo- -Brasileiros (em menor grau) quando comparadas aos leucodermas. Também observou-se através da análise da profundidade facial (PoOr.NPog), que indivíduos xantodermas possuem o mento mais retruído que os leucodermas e estes mais retruídos que os mestiços. Ao que compete as relações estéticas, foi verificado que o lábio inferior do grupo xantoderma e de nipo-brasileiros estava mais protruído que o do grupo de leucodermas. 05 CARACTERÍSTICAS FACIAIS E CEFALOMÉTRICAS DE XANTODERMAS Engel e Spolter (1981) realizaram um estudo longitudinal com o intuito de obter valores de normalidade para os indivíduos Japoneses. A amostra foi constituída por 72 indivíduos japoneses, com idade entre 6 a 18 anos, não apresentando tratamento ortodôntico anterior e os indivíduos da amostra não tiveram nenhum critério de seleção relacionado à presença de oclusão normal, porém, nenhum indivíduo apresentava maloclusões severas. Os valores de 50 medidas foram obtidos nos 72 indivíduos da amostra, sendo mensuradas aos 8, 12 e 16 anos, com o intuito de observar o crescimento, desenvolvimento e valores de normalidade dependendo da idade. Os valores foram obtidos e analisados, obtendo os valores de normalidade para cada medida pesquisada dos indivíduos Japoneses. Desta forma, puderam comparar com os valores de normalidade em caucasianos e foram observadas algumas diferenças entre as raças. Uma das descobertas mais marcantes foi que os japoneses apresentaram uma maior protrusão dentária em comparação aos caucasianos. Os resultados também comprovaram um maior padrão de crescimento vertical presente nos Japoneses. Os Japoneses apresentaram comprimento facial maior, comprimento MATERIAIS E MÉTODO Caracteriza-se como um estudo transversal com abordagem quali-quantitativa. Esta pesquisa foi autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic sob o número em 29/09/2014. Todos os participantes da amostra assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que explicou os objetivos e procedimentos a serem utilizados na pesquisa bem como autorização das imagens em trabalhos científicos. AMOSTRA A amostra foi constituída por 82 indivíduos Nipo-Brasileiros (xantodermas), 40 homens e 42 mulheres obtida através de fotografias realizadas nas cidades de Maringá-PR e São Paulo- -SP. Os indivíduos participantes da amostra apresentavam idade variando entre 18 e 35 anos. 69 RPCD 17 (S2.A)

37 Os critérios de inclusão utilizados foram: homens e mulheres com idade entre 18 e 35 anos, Nipo-Brasileiros, com presença de um adequado equilíbrio muscular facial (representado pelo selamento labial passivo, ausência de tratamento ortodôntico ou cirurgia facial prévia) e pretensamente padrão I. INSTRUMENTOS Para a obtenção das fotografias da face dos participantes desta pesquisa foram necessários uma máquina Nikon Coolpix D80 (Nikon, Tokyo, Japão), lente mm (Nikon, Tokyo, Japão), cadeira fixa, e tripé (Líder, Belo Horizonte, Brasil). PROCEDIMENTOS Foram tiradas fotografias da face em norma lateral. Na padronização das mesmas foi utilizada uma cadeira fixa para o posicionamento do paciente. A câmera fotográfica foi apoiada em um tripé com regulagem de altura e inclinação a 1.8 m de distância. A variação de altura de um indivíduo ao outro causado pelo uso da cadeira fixa foi ajustado com a regulagem do tripé, mantendo sempre o plano bipupilar paralelo ao solo. A altura sofreu um ajuste que variou de 1.1 a 1.5 m. Imagens de perfil facial direito foram obtidas para cada indivíduo, posicionado lateralmente olhando para o espelho a sua frente, sentado em uma cadeira, orientado a permanecer na PNC (posição natural da cabeça), com os dentes em oclusão e com os lábios relaxados. FIGURA 1. Pacientes posicionados em PNC. MÉTODO DE CLASSIFICAÇÃO DAS IMAGENS PELA ANÁLISE SUBJETIVA DA FACE A classificação das fotos seguiu o padrão descrito por Reis et al. (2006a). A amostra foi avaliada por um total de 35 examinadores que foram separados em cinco grupos: OL ortodontistas leucodermas, OX ortodontistas xantodermas, LL leigos leucodermas, LX leigos xantodermas e CBM cirurgiões buco-maxilo-facial (leucodermas, 1 Nipo-Brasileiro). Foi solicitado, aos avaliadores que, após avaliarem as fotos por 30 segundos, atribuíssem notas de 1 a 9 ao perfil de acordo com os seguintes critérios: (a) notas 7, 8, 9: esteticamente agradável; (b) notas 4, 5, 6: esteticamente aceitável; e (c) notas 1, 2, 3: esteticamente desagradável. Nas fotografias com notas de 1 a 3, deveriam mencionar o fator que os desagradava no perfil. ANÁLISE FACIAL NUMÉRICA DO PERFIL Nos indivíduos classificados como esteticamente agradáveis foram feitas demarcação de pontos tegumentares e realizada uma análise facial numérica do perfil, utilizando as seguintes grandezas: (a) ângulo nasolabial (Cm.Sn.Ls) ângulo formado pela base do nariz e pelo lábio superior; (b) ângulo do sulco mentolabial (Li.Lm.Pg ) ângulo formado entre o lábio inferior e a projeção anterior do mento; (c) ângulo interlabial (Sn.Ls.Li.Lm) ângulo formado entre os lábios superior e inferior e que determina o grau de protrusão labial; (d) ângulo de convexidade facial total (G.Pr.Pg ) ângulo formado pela intersecção das linhas glabela- -ponta do nariz e ponta do nariz-pogônio tecido mole; (e) ângulo do terço inferior da face (Sn. Gn.C) ângulo formado entre as linhas subnasal-gnátio mole e gnátio-tecido mole cervical; (f) ângulo da convexidade facial (G.Sn.Pg ) suplemento do ângulo formado pela intersecção das linhas glabela-subnasal e subnasal-pogônio tecido mole; (g) proporção entre a altura facial anterior média e a altura facial anterior inferior (AFAM/AFAI) proporção entre as distâncias glabela-subnasal e subnasal-mentoniano mole, projetadas na linha vertical verdadeira; e (h) proporção do terço inferior da face proporção entre as distâncias subnasal- -estômio e estômio mentoniano mole projetadas na linha vertical verdadeira. 05 FIGURA 2. Análise Facial Numérica do Perfil ANÁLISE ESTATÍSTICA Os dados foram descritos por meio de tabelas e gráficos utilizando-se de frequência absoluta (n) e relativa (%). Para verificar a concordância dentro de cada categoria de examinador foi utilizado o coeficiente de concordância de Kendall. Para comparação entre as cinco categorias de examinadores quanto à classificação em cada grau de agradabilidade foi utilizado o teste do qui-quadrado e o teste de proporções. No que diz respeito a comparação entre análise facial numérica dos leucodermas e xantodermas foi utilizado o teste t de Student para cada variável. Em todos os testes foi adotado nível de significância de 5% (p <.05). Todos os procedimentos estatísticos foram executados no programa Statistic versão 12 (StatSoft Inc., Tulsa, EUA). 71 RPCD 17 (S2.A)

38 RESULTADOS E DISCUSSÃO A face humana deve ser estudada com muito critério sob todos os ângulos, e o ortodontista deve fazer o possível para favorecer o aspecto facial do paciente, preserva-lhes as características étnicas e obter sua satisfação profissional (Bronfman et al., 2014; Capelozza Filho, 2004; Denize et al., 2014; Reche et al., 2002; Wuerpel, 1937). O quadro 1 mostra que houve concordância na percepção dos ortodontistas leucodermas (OL), ortodontistas xantodermas (OX), leigos leucodermas (LL), leigos xantodermas (LX) e cirurgiões-buco-maxilo-faciais (CBM). QUADRO 1. Coeficiente de concordância de Kendall (W) entre os examinadores dentro de cada categoria (Concordância inter-examinadores). CATEGORIA W P OL 0.29 p <.001* OX 0.26 p <.001* LL 0.22 p <.001* LX 0.13 p <.001* CBM 0.26 p <.001* No presente trabalho, dos 82 indivíduos da pesquisa, 65% foram classificados como esteticamente aceitáveis, 21% como esteticamente desagradáveis e 14% como esteticamente agradáveis, considerando todos os avaliadores, já na avaliação dos leigos xantodermas, 86.6% dos indivíduos foram considerados esteticamente aceitáveis, 8% desagradáveis e 5.4% agradáveis, estes resultados obtidos são semelhantes aos resultados obtidos no trabalho feito por Reis et al. (2006a), onde 89% dos indivíduos leucodermas foram considerados esteticamente aceitáveis, 8% desagradáveis e 3% agradáveis. Os cirurgiões buco-maxilo-faciais foram os mais rigorosos na avaliação, quando comparados aos outros avaliadores, 32.3% dos pacientes foram considerados desagradáveis. Este resultado já era esperado, pois os cirurgiões avaliam os pacientes pela perspectiva de resultado que sua especialidade pode oferecer, possibilitando através da cirurgia ortognática que o paciente mude de padrão facial. Isto foi confirmado pelos ortodontistas xantodermas, que são influenciados também pela possibilidade de tratamento e foi a segunda categoria a encontrar mais pacientes desagradáveis, 29.5% dos indivíduos (QUADRO 2). Nos trabalhos de Almeida et al. (2013) e Ferrari Junior et al. (2015), os cirurgiões envolvidos com o tratamento de fissurados foram os menos rigorosos, seguidos dos leigos e dos cirurgiões sem experiência em tratamento de fissurados. Neste trabalho, os leigos xantodermas foram os menos rigorosos na avaliação, sendo que 8.0% dos pacientes foram considerados desagradáveis. QUADRO 2. Comparação entre as classificações de cada categoria de examinador CATEGORIA DESAGRADÁVEL ACEITÁVEL AGRADÁVEL OL 13.3% a 69.7% a 17% ac OX 29.5% b 48.5% b 22% a LL 21.3% c 62.9% c 15.8% ac LX 8% d 86.6% d 5.4% b CBM 32.3% b 55.5% bc 12.2% c p <.001* <.001* <.001* É importante salientar que, neste trabalho, a face esteticamente agradável foi restrita a poucos indivíduos da amostra 14%. Este resultado também foi obtido no trabalho feito com leucodermas por Reis et al. (2006a), onde indivíduos esteticamente agradáveis foram a minoria, 3% da amostra. Somente indivíduos do gênero feminino foram considerados esteticamente agradáveis, concordando com o trabalho de Reis et al. (2006a). 05 GRÁFICO 1. Classificação total da amostra por todos os avaliadores FIGURA 3. Pacientes considerados agradáveis pela maioria dos avaliadores. 73 RPCD 17 (S2.A)

39 A pesquisa procurou identificar as estruturas faciais associadas à aparência estética desagradável estimulando os avaliadores a justificarem quando o indivíduo era classificado como desagradável. O queixo e o nariz foram a estruturas que mais contribuíram para que os indivíduos fossem considerados desagradáveis, concordando com os resultados obtidos com o estudo realizado em leucodermas por Reis et al. (2006a). Nos indivíduos classificados como esteticamente desagradáveis, o tratamento deve ter como objetivo oferecer a estes a possibilidade de um incremento estético na pirâmide de agradabilidade, sendo muitas das vezes indicada cirurgia ortognática (Capelozza Filho, 2004; Reis et al., 2006a). Os pacientes esteticamente aceitáveis são a maioria e o plano de tratamento dos mesmos devem ser feitos com a premissa de melhora da estética. Para o ângulo nasolabial o valor médio obtido por Reis et al. (2006) foi de , valor semelhante ao valor encontrado neste trabalho, que foi de (QUADRO 3). Este valor sugere uma maior protrusão labial superior, quando comparado ao padrão de normalidade Norte-Americano, que é de 112, resultado também encontrado nos trabalhos de Miyaijima e Tizuka (1996) e Shindoi et al. (2013). Para o ângulo do sulco mentolabial o valor médio obtido por Reis et al. (2006b) foi de ; no presente trabalho, o valor médio obtido foi de Este valor foi significativamente maior que os 124 sugeridos como padrão para leucodermas, indicando uma menor projeção do lábio inferior ou do mento para xantodermas portadores de equilíbrio facial (QUADRO 3). QUADRO 3. Valores obtidos da análise facial numérica do perfil de xantodermas. Média dos valores de xantodermas. ÂNGULO NASO-LABIAL ÂNGULO DO SULCO MENTOLABIAL ÂNGULO INTERLABIAL Indivíduo Indivíduo Indivíduo Média dos Xantodermas DP dos Xantodermas ÂNGULO DA CONVEX. FACIAL ÂNGULO DA CONVEX. FACIAL TOTAL ÂNGULO DO TERÇO INFERIOR DA FACE AFAM/AFAI PROPORÇÃO DO TERÇO INFERIOR DA FACE Para o ângulo interlabial, o valor médio obtido por Reis et al. (2006b) foi de enquanto no nosso trabalho o valor médio foi de 118. Este valor sugere uma maior protrusão dos lábios superior e inferior dos xantodermas em relação aos leucodermas padrão I, resultado também encontrado nos trabalhos de Okuyama e Martins (1997) e Miyajima e Tizuka (1996). O ângulo da convexidade facial apresentou média de no trabalho feito por Reis et al. (2006b). Neste trabalho, o valor médio obtido foi de 7, indicando uma menor convexidade do perfil dos xantodermas quando comparados aos leucodermas padrão I. Para o ângulo de convexidade facial total, o valor médio obtido por Reis et al. (2006b) foi de Neste trabalho, o valor médio obtido foi de 151, confirmando a menor convexidade dos indivíduos xantodermas. O ângulo do terço inferior da face permite avaliar a protrusão do mento em relação ao terço médio da face. Para este ângulo, o valor médio obtido por Reis et al. (2006b) foi de ; no presente trabalho, o valor médio obtido foi de 100, sugerindo uma maior protrusão do mento nos indivíduos xantodermas. A proporção AFAM/AFAI permite comparar as alturas dos terços médio e inferior da face (QUADRO 3). É consenso na literatura ortodôntica que a harmonia e o equilíbrio do perfil facial estão associados a um comprimento semelhante desses terços, resultando em um valor de 1 ± 0.08 para essa proporção. Neste trabalho, o valor médio obtido foi de 1.14, demonstrando um equilíbrio do perfil facial. Já o valor obtido por Reis et al. (2006b) foi de 0.93, denotando uma tendência dos Brasileiros leucodermas apresentarem um excesso do terço inferior em relação ao terço médio da face. A proporção do terço inferior da face avalia o comprimento do lábio superior em relação aos comprimentos somados do lábio inferior e do mento, sendo que o padrão de normalidade descrito na literatura é 0.5. A proporção do terço inferior da face foi 0.47, valor semelhante ao encontrado por Reis et al. (2006b) em leucodermas Brasileiros, que foi de A análise facial subjetiva como rotina na atividade clínica que a classificação estética do paciente é mais um instrumento diagnóstico, que tem sua importância aumentada por ser o parâmetro pelo qual o paciente e as pessoas com as quais ele convive vão avaliar os resultados do tratamento. Portanto, a análise do tecido mole facial deve ser elemento fundamental para o diagnóstico ortodôntico bem sucedido. O ideal seria adequar uma proposta de exame facial à cefalometria convencional, o que viria enriquecer a qualidade do diagnóstico e facilitar o plano de tratamento (Almeida et al., 2013; Ferrari Junior et al., 2015; Morihisa & Maltagliati., 2009; Reche et al., 2002; Reis et al., 2006b). O presente trabalho trará auxílio para futuros planejamentos e tratamentos ortodônticos no que se refere a padrão facial e racial xantoderma. Irá criar uma amostra fidedigna de pacientes xantodermas padrão I para futuras pesquisas, estabelecendo características faciais e morfológicas de um grupo étnico que vem crescendo no Brasil RPCD 17 (S2.A)

40 CONCLUSÕES REFERÊNCIAS 05 A partir dos resultados deste estudo pôde-se concluir que a maioria dos avaliadores considerou os indivíduos aceitáveis, sendo que a avaliação dos leigos xantodermas encontrou a maior porcentagem de indivíduos esteticamente aceitáveis. Nos pacientes esteticamente desagradáveis, o nariz, lábio e o queixo foram as estruturas que mais impactaram as notas. Foi possível observar que a análise facial subjetiva é mais um instrumento auxiliar no diagnóstico. Este método valoriza o parâmetro pelo qual o paciente e as pessoas com as quais ele convive vão avaliar sua face pré e pós-tratamento. Os valores médios dos indivíduos Nipo-Brasileiros (xantodermas) agradáveis foram: ângulo naso-labial de º, ângulo mento labial de º, ângulo interlabial de 118º, ângulo da convexidade facial de 7º, ângulo da convexidade total de 151º, ângulo do terço inferior da face de 100º, proporção AFAM/ AFAI de 1.14 e proporção do terço inferior da face de Quando comparados aos indivíduos leucodermas Brasileiros, os indivíduos xantodermas apresentaram ângulo nasolabial e mentolabial semelhantes, maior protrusão labial, e menor convexidade facial. O excesso do terço inferior em relação ao terço médio da face foi maior nos brasileiros leucodermas e a proporção do terço inferior da face foi semelhante. Angle, E. H. (1907). Treatment of malocclusion of the teeth. Angle s system (7ª Ed.). Philadelphia: S. S. White. Almeida, A. M., Capelozza Filho, L., Ferrari Junior, F. M., Lauris, R. C. M. C. & Garib, D. G. (2013). Evaluation of facial esthetics in rehabilitated adults with complete unilateral cleft lip and palate: A comparison between professionals with and without experience in oral cleft rehabilitation. IRSN Plastic Surgery, 1(1), 1-7. Bronfman, C. N., Pinzan, A., Janson, G., Almeida, R. R. & Rocha, T. L. (2014). Padrão cefalométrico de Ricketts em Brasileiros leucodermas, xantodermas e mestiços. Ortodontia, 47(5), Burstone, C. J. (1958). The integumental profile. American Journal of Orthodontics, 44(1), Capelozza Filho, L. (2004). Diagnóstico em ortodontia. Maringá: Dental Press. Cox, N. H. & Van der Linden, F. P. (1971). Facial harmony. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, 60(2), Denize, E. S., McDonald, F., Sherriff, M. & Naimi, F. B. (2014). Facial profile parameters and their relative influence on bilabial prominence and the perceptions of facial profile attractiveness: A novel approach. Korean Journal of Orthodontics, 44(4), Engel, G., & Spolter, B.M. (1981). Cephalometric and visual norms for a Japanese population. American Journal of Orthodontics, 80(1), Ferrari Junior, F. M., Ayub, P. V., Capellozza Filho, L., Lauris, J. R. P. & Garib, D. G. (2015). Esthetic evaluation of the facial profile in rehabilitated adults with complete bilateral cleft lip and palate. Journal of Oral and Maxillofacial Surgery, 73(169), 169.e1-169.e6. Miyajima, K., & Lizuka, T. (1996). Treatment mechanics in class III open bite malocclusion with tip edge technique. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, 110(1), 1-7. Morihisa, O., & Maltagliati, L. A. (2009). Avaliação comparativa entre agradabilidade facial e análise subjetiva do Padrão Facial. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, 14(6), 46.e1-46.e9. Okuyama, C. C., & Martins, D. R. (1997). Preferência do perfil facial tegumentar, em jovens leucodermas, melanodermas e xantodermas de ambos os sexos, avaliados por ortodontistas, leigos e artistas plásticos. Ortodontia, 30(1), Reche, R., Colombo, V. R., Verona, J., Morisca, C. A., & Moro, A. (2002). Análise do perfil facial em fotografias padronizadas. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, 7(1), Rehme, T. B. S., Baptista, J. M., Semaan, M. S., Valieri, S., & Jabra, J. J. H. (2014). Análise facial subjetiva e sua relação com o diagnóstico ortodôntico considerando a miscigenação racial no Brasil. Ortho Science: Orthodontics Science and Practice, 7(26), Reis, S. A. B., Abrão, J., Capelozza Filho, L., & Claro, C. A. A. (2006). Análise facial subjetiva. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, 11(5), Reis, S. A. B., Abrão, J., Capelozza Filho, L., & Claro, C. A. A. (2006). Análise facial numérica do perfil de Brasileiros padrão l. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, 11(6), Santos, D. J. S., Palomares, N. B., Normando, D., & Quintão, C. C. A. (2010). Raça versus etnia: Diferenciar para melhor aplicar. Dental Press Journal of Orthodontics, 15(3), Scavone Junior, H., Trevisan Junior, H., Garib, D. G., & Ferreira, F. V. (2006). Facial profile evaluation in Japanese-Brazilian adults with normal occlusions and well-balanced faces. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, 129(6), 721.e e5. Shindoi, J. M., Matsumoto, Y., Sato, Y., Ono, T., & Harada, K. (2013). Soft tissue cephalometric norms for orthognathic and cosmetic surgery. Journal of Oral and Maxillofacial Surgery, 71(1), e Suguino, R., Ramos, A. L., Terada, H. H., Furquim, L. F., Maeda, L., & Silva Filho, O. G. (1996). Análise facial. Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, 1(1), Wuerpel, E. H. (1937). On facial balance and harmony. Angle Orthodontics, 7(2),

41 AUTORES: Giovanna Mendes Amaral Silvia Murta Peixoto Hellen Veloso Rocha Marinho Marco Túlio S dos Anjos Alterações na função da musculatura escapular em indivíduos com diagnóstico de Síndrome do Impacto Sérgio Teixeira Fonseca PALAVRAS CHAVE: Lesões. Articulação do ombro. Reabilitação. Síndrome do impacto. Musculatura escapular. RESUMO A síndrome do impacto é uma alteração dinâmica do complexo do ombro. Alterações musculares, como fraqueza dos músculos serrátil anterior e músculo trapézio inferior e aumento da resistência ao alongamento do músculo peitoral menor, têm sido relacionadas a essa patologia. O objetivo deste estudo foi comparar o desempenho capturado por testes clínicos de alguns músculos da cintura escapular entre indivíduos com e sem síndrome do impacto. Foram comparados dois grupos, um grupo com síndrome do impacto (n = 8) e outro sem histórias de desordens no ombro (n = 8), pareados por sexo e faixa etária. Os parâmetros relacionados ao comportamento muscular foram avaliados utilizando um dinamômetro manual. Análises de variância foram utilizadas para a análise dos dados. O grupo com síndrome do impacto gerou, nos testes realizados, significativamente menor força no músculo serrátil anterior, menor momento no músculo trapézio inferior e menor resistência ao alongamento no músculo peitoral menor. Os resultados apontam para a importância de se trabalhar a musculatura escapular, principalmente os músculos serrátil anterior e trapézio inferior nos programas de reabilitação e prevenção da síndrome do impacto. Function alterations of scapular muscles in individuals diagnosed with Impingement Syndrome ABSTRACT The impingement syndrome is a dynamic impairment of the shoulder girdle. Muscles dysfunctions like decreased force in the muscle anterior serratus, as well as decreased lower trapezius moment and increased stretching resistance in the pectorallis minus muscle have been related to the impingement syndrome. The aim of the present study was to compare force and moment generated during clinical tests for some scapular muscles in subjects with and without impingement syndrome. Two groups were compared, one group with diagnosis of impingement syndrome (n = 8) and another without shoulder pain history (n = 8). The two groups were pared by sex and age. A hand-held dynamometer was used to assess the muscles parameters. Analyses of variance were used for group comparisons. The impingement syndrome group presented significantly lower serratus anterior force values, lower inferior trapezius moment values and lower pectorallis minus stretching resistance values. The results point to the importance of assessing and strengthening scapular muscles during prevention and rehabilitation programs for individuals with impingement syndrome KEY-WORDS: Injuries. Shoulder joint. Rehabilitation. Impingement syndrome. Scapular muscles. 06 Correspondência: Giovanna Mendes Amaral. (giovannamamaral@gmail.com) 79 RPCD 17 (S2.A): 78-91

42 INTRODUÇÃO A síndrome do impacto subacromial, apontada como a afecção mais comum da articulação do ombro (Lukasiewicz, McClure, Michener, Pratt, & Sennett, 1999; Michener, McClure & Karduna, 2003; Schmitt & Snyder-Mackler, 1999), é o resultado da compressão mecânica do manguito rotador e da bursa subacromial contra a superfície ântero-inferior do acrômio e ligamento coracoacromial, especialmente durante a elevação do braço (abdução ou flexão) (Corso, 1995; Hébert, Moffet, McFadyen, & Dionne, 2002; Ludewig & Cook, 2000; Lukasiewicz et al, 1999; Michener, McClure & Karduna, 2003; Prescher, 2000). Essa afecção tem sido relacionada a uma diminuição da inclinação posterior e da rotação superior da escápula durante movimentos que envolvem elevação do braço (Graichen et al., 2001; Hébert et al., 2002; Ludewig & Cook, 2000; Lukasiewicz et al., 1999; Michener et al., 2003; Paine & Voight, 1993). Para que estes movimentos (inclinação posterior e rotação superior) ocorram, é necessário que os músculos trapézio e serrátil anterior atuem sinergicamente (Inman, Saunders & Abbott, 1944; Corso, 1995; Culham & Peat, 1993; Ludewig & Cook, 2000; Magarey & Jones, 2003; Mottram, 1997; Michener et al., 2003; Paine & Voight, 1993; Schenkman & Cartaya, 1987; Schmitt & Snyder-Mackler, 1999; Warner, Michelli, Arslanian, Kennedy & Kennedy, 1992). O músculo trapézio através da ação conjunta de suas porções superior e inferior, é responsável pela adução e rotação superior da escápula durante elevação do braço (Sahrmann, 2002). A fase de maior sobrecarga durante a elevação do braço é a fase onde ocorre maior rotação escapular (80º a 140º) (Culham & Peat, 1993). É esperado que o braço de alavanca da porção inferior do trapézio encontre-se aumentado nessa amplitude, e que esse músculo se torne mais ativo nesse período para auxiliar o trapézio superior e o serrátil anterior na rotação superior da escápula (Culham & Peat, 1993). Por outro lado, em suas ações isoladas, a porção superior do músculo trapézio é capaz de realizar a elevação da escápula enquanto a porção inferior causa a sua depressão (Sahrmann, 2002). A ineficiência da porção inferior em contrabalançar a ação da porção superior permite a elevação da escápula sobre o tórax e diminui sua inclinação posterior durante a movimentação do braço (Babyar,1996; Ludewig & Cook, 2000; Sahrmann, 2002), permitindo que a cabeça do úmero vá de encontro ao acrômio nesta posição, gerando impacto entre os dois seguimentos e lesão das estruturas no espaço subacromial. Já o músculo serrátil anterior, atua principalmente nas amplitudes médias da elevação do braço (60º a 150º), auxiliando na rotação superior e protração da escápula, este músculo tem ainda a função de manter o contato da escápula com o gradil costal, podendo ainda estar relacionado à inclinação posterior (Magarey & Jones, 2003; Mottram, 1997; Schenkman & Cartaya, 1987; Schmitt & Snyder-Mackler, 1999). Sendo assim, uma diminuição na sua capacidade de geração de força pode resultar em diminuição da rotação superior e inclinação posterior da escápula (Ludewig & Cook, 2000; Sahrmann, 2002; Schmitt & Snyder-Mackler, 1999), movimentos que são essenciais para a manutenção do espaço subacromial durante a elevação do braço. Uma vez que os músculos serrátil anterior e trapézio inferior estão envolvidos em funções dinâmicas ao longo de amplitudes muito variáveis, é necessário que sua relação comprimento tensão seja considerada (Sahrmann, 2002). Essa musculatura é recrutada durante toda a amplitude de movimento, mas é nas maiores amplitudes de elevação do braço que a demanda sobre o complexo do ombro aumenta, exigindo maior estabilidade da articulação escapulotorácica e maior atividade muscular (Paine & Voight, 1993). Outro músculo que pode interferir na movimentação da escápula é o peitoral menor (Mottram, 1997; Paine & Voight, 1993; Sahrmann, 2002; Wang, McClure, Pratt & Nobilini, 1999;). O encurtamento deste músculo pode levar a um tracionamento anterior da escápula, alterando sua postura (Diveta, Walker, & Skibinski, 1990; Mottram, 1997; Sahrmann, 2002; Wang et al, 1999). Durante os movimentos do braço, esse músculo pode também apresentar maior rigidez passiva (ou seja, uma maior resistência ao alongamento), limitando a rotação superior, depressão, adução e inclinação posterior da escápula (Babyar,1996; Sahrmann, 2002; Wang et al, 1999). Apesar dessas alterações musculares serem constantemente discutidas, poucos estudos têm proposto métodos de avaliação clínica confiáveis que permitam caracterizar as alterações na capacidade de geração de força do serrátil anterior e trapézio inferior (Ludewig & Cook, 2000) e propriedades passivas musculares (aumento da resistência ao alongamento) do peitoral menor na presença da síndrome do impacto. O conhecimento dessas relações é de fundamental importância para a implementação de programas de prevenção e reabilitação eficazes, uma vez que a alteração na função destes músculos pode levar dificultar a reabilitação, levar ao surgimento de novas lesões e a recidivas dos sintomas. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade de testes clínicos desta musculatura em demonstrar diferenças em indivíduos com e sem o diagnóstico de síndrome do impacto. Como hipóteses do estudo esperava-se encontrar, nos sujeitos com diagnóstico de síndrome do impacto, menores valores de força do músculo serrátil anterior, principalmente na posição encurtada; menores valores de momento gerado pelo músculo trapézio inferior, principalmente na posição alongada e maior resistência ao alongamento do músculo peitoral menor quando avaliados clinicamente com uso de um dinamômetro manual. MÉTODO AMOSTRA Foram selecionados oito indivíduos com diagnóstico clínico compatível com síndrome do impacto (tendinopatia do manguito rotador e/ou bursite subacromial) e oito indivíduos sem história de dor ou disfunção no ombro, pareados por sexo, faixa etária, dominância e membro avaliado. Cada grupo foi composto de 4 mulheres e 4 homens. Idade média ± anos para o grupo controle e ± para o grupo com a síndrome RPCD 17 (S2.A)

43 (p =.9681). Todos os sujeitos eram destros e foi avaliado o membro direito em 6 sujeitos e o membro esquerdo em 2 sujeitos de cada grupo. O teste t não revelou diferenças significativas para as variáveis antropométricas entre os grupos. A média de altura foi 1.67 ± 0.09 metros para o grupo controle e 1.65 ± 0.07 metros para o grupo com a síndrome (p =.6845) e a média de massa corporal foi de ± Kg para o grupo controle e ± para o grupo com a síndrome (p =.6894). Os diagnósticos de síndrome do impacto foram baseados em testes clínicos específicos e análise por imagem (ressonância magnética). Não foram incluídos sujeitos que receberam tratamento fisioterapêutico por mais de oito semanas, uma vez que esse tempo é o mínimo necessário para promover alterações morfológicas capazes de alterar os parâmetros de força muscular. Os indivíduos participaram voluntariamente do estudo. Após a avaliação médica, todos os participantes foram informados sobre a natureza do estudo e assinaram termo de consentimento para participação. Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética da universidade sob parecer n. ETIC 225/05. INSTRUMENTOS Para avaliação dos parâmetros relacionados a força e momento dos músculos testados foi utilizado um dinamômetro manual (Microfet 2, Hoggan Health Industries Inc) capaz de registrar valores de força de lb ( kgf). O mostrador digital registra com uma sensibilidade de 0.1 lb (0.045 kgf) o pico de força realizado durante o teste. Os testes utilizados apresentaram confiabilidade teste-reteste (ICC) maior que.75, ou seja, de moderada a alta (Portney & Watkins, 2000). Sendo que o teste de força do músculo serrátil anterior apresentou ICC de.96 para a posição neutra,.92 para a posição alongada e.76 para a posição encurtada. Para o teste de resistência ao alongamento do músculo peitoral menor foi encontrado ICC igual a.92 e para o teste de momento do músculo trapézio inferior o ICC foi de.78 para a amplitude de 120º,.93 para a amplitude de 135º e.80 para a amplitude de 150º. Durante o teste de trapézio inferior foi utilizado um goniômetro (Carci, Ind. e Com. de Apar. Cirur. e Ortop. LTDA, São Paulo, Brasil) para garantir o posicionamento do braço e uma fita métrica de 1.5 m de comprimento total com escala de 1 mm para medir a distância perpendicular entre o ponto de aplicação do dinamômetro manual e o ponto de rotação da articulação onde atua o músculo testado, determinando seu braço de alavanca. Essa medida foi utilizada para calcular o momento gerado pelo músculo na célula de carga do dinamômetro. PROCEDIMENTOS A coleta de dados foi realizada em ambiente clínico por um único examinador, com os sujeitos trajando roupas que não limitassem a realização dos testes. Cada um dos testes foram realizados três vezes consecutivas (em cada uma das posições) e os valores máximos para cada repetição foram registrados em formulário próprio. Os testes foram realizados na sequência em que são descritos a seguir. Testes musculares Força do músculo serrátil anterior Com os sujeitos sentados em uma cadeira e com o ombro fletido anteriormente a 90º e rodado externamente, foi aplicada uma resistência com o dinamômetro manual posicionado à frente do punho cerrado, essa posição de teste está de acordo com o proposto por Sahrmann (2002). Foram consideradas três variáveis: (a) a força que os sujeitos foram capazes de resistir em posição neutra (operacionalizado como a posição escolhida pelo sujeito como confortável ); (b) a força de resistência dos indivíduos com o ombro anteriorizado (operacionalizado como a protração escapular máxima que o indivíduo pudesse realizar ativamente) e (c) a força de resistência dos indivíduos com o ombro posteriorizado (operacionalizado como a posição de retração escapular máxima que o sujeito pudesse realizar ativamente). A escolha de três posições de teste se deveu ao fato de que o músculo, quando testado isometricamente, pode apresentar resultados diferentes do mesmo teste se testado em diferentes amplitudes, uma vez que a tensão que um músculo é capaz de gerar modifica-se de acordo com a variação de seu comprimento (Sahrmann, 2002). Resistência ao alongamento do músculo peitoral menor Os sujeitos foram instruídos a deitarem em supino sobre uma maca. Com uma das mãos, o examinador aplicou uma força sobre o esterno enquanto com a outra mão (na qual estava posicionado o dinamômetro manual) era aplicada uma força em direção póstero-lateral sobre a borda anterior do acrômio, até que esse fosse de encontro à maca (Sahrmann, 2002). O dinamômetro foi utilizado para a mensuração da força de resistência ao movimento passivo da escápula, o que definimos como resistência ao alongamento dessa musculatura. Momento do músculo trapézio inferior Com os sujeitos deitados em prono e braço aduzido, foi utilizado um goniômetro para a determinação de três amplitudes de abdução do ombro, 120º, 135º e 150º. O fulcro do goniômetro foi colocado sobre a porção mais posterior e proeminente do acrômio e a haste fixa posicionada paralela ao braço dos sujeitos para o posicionamento do ombro nas três amplitudes de abdução (Sahrmann, 2002). O braço de alavanca deste músculo foi definido como sendo a distância entre o ângulo inferior da escápula e o processo estilóide do rádio com o braço posicionado a 135º e foi medido utilizando a fita métrica. Com o ombro abduzido na amplitude determinada e rodado externamente, o dinamômetro manual foi posicionado na região flexora do punho. Os sujeitos foram instruídos a resistir ao máximo à força aplicada, mantendo abdução de ombro (força exercida na direção de abdução e extensão de ombro), depressão RPCD 17 (S2.A)

44 e adução escapulares. Devido a seu posicionamento, o trapézio inferior gera um momento rotacional superior sobre a escápula; o qual contribui para a abdução do ombro; quando o sujeito é solicitado a manter adução e depressão escapulares sua atuação é potencializada e esse músculo passa a ser o principal responsável pela manutenção da posição, possibilitando assim que a medida do momento gerado possa ser utilizada como uma representação do desempenho do músculo trapézio inferior. Redução dos dados As médias aritméticas dos três valores de força gerados pelo dinamômetro para cada teste em libras foram convertidas em Newtons e normalizadas pela massa corporal de cada sujeito em Kg. Os valores finais foram multiplicados por 100. As normalizações por massa corporal dos valores de momento e força foram efetuadas para permitir comparações mais adequadas entre grupos, reduzindo a variabilidade da medida e aumentando o poder estatístico do estudo. Este procedimento é bem estabelecido na literatura. No caso do trapézio inferior, os valores de força normalizados pela massa ainda foram multiplicados pela medida do braço de alavanca em metros. Como esse músculo produz movimentos rotatórios na articulação do ombro é necessária a realização desse procedimento para o cálculo do momento muscular gerado em cada posição do teste. ANÁLISE ESTATÍSTICA O teste de normalidade de Shapiro-Wilk demonstrou distribuição normal para todas as variáveis em estudo. Considerando isto, para avaliação das diferenças entre as médias dos 2 grupos na variável resistência ao alongamento do músculo peitoral menor foi realizado um teste t de Student para amostras independentes. Duas ANOVAs 2x3 com os fatores GRUPO (paciente e controle) e POSIÇÃO (3 diferentes posições/angulações) foram utilizadas. Uma para a variável força do músculo serrátil anterior e a outra para a variável momento do músculo trapézio inferior (em três posições). Nas variáveis que apresentaram diferenças significativas para o fator interação Grupo x Posição, foram realizados 3 contrastes pré- -planejados. As análises foram realizadas considerando nível de significância em p <.1. A utilização de um maior nível de significância em estudos com amostras pequenas tem o objetivo de minimizar possíveis erros de interpretação de resultados (erro tipo II) (Holt, Butcher, & Fonseca, 2000; Ottenbacher et al., 1986). Como foram realizados três contrastes pré-planejados, para a interação Grupo x Posição foi considerado um p <.03 após correção de Bonferoni para comparações múltiplas. RESULTADOS A análise de variância para a variável força do músculo serrátil anterior demonstrou não existir diferença significativa para o fator grupo (F = 2.701; p =.1225). Houve diferença significativa para o fator posição (F = 9.632; p =.0007) e para o fator de interação posição x grupo (F = 2.804; p =.0776). Para a variável momento do músculo trapézio inferior, a análise de variância demonstrou diferença significativa para o fator grupo (F = 6.466; p =.0234), para o fator posição (F = 6.710; p =.0042) e para o fator de interação posição x grupo (F = 3.063; p =.0627). A análise de contrastes para o fator de interação (posição versus grupo) revelou diferenças significativas entre os dois grupos em todas as posições para os valores de força normalizada do músculo serrátil anterior e para os valores de momento normalizado do músculo trapézio inferior. Além disso, o teste t de Student demonstrou haver diferença significativa entre grupos para a variável resistência ao alongamento de peitoral menor. Os valores de médias e desvios padrão para todas as variáveis em ambos os grupos são apresentados no quadro 1, assim como seus valores-p. QUADRO 1. Médias e desvios padrões das variáveis testadas em cada um dos grupos VARIÁVEIS GRUPO SEM SI (N = 8) GRUPO COM SI (N = 8) Média (dp) Média (dp) valor-p Rigidez do peitoral menor (N/Kg) (21.19) (26.09).0001 Força do serrátil anterior (N/Kg) Posição neutra (34.87) (45.39).0001 Posição alongada (44.74) (58.63).0012 Posição encurtada (29.90) (46.81).0206 Momento do trapézio inferior (N.m/Kg) 120º (8.99) (13.61) º (7.46) (7.50) º (7.59) (8.93).0001 SI: diagnóstico de síndrome do impacto. n: tamanho da amostra. (dp): desvio padrão RPCD 17 (S2.A)

45 DISCUSSÃO SERRÁTIL ANTERIOR Os resultados deste estudo indicaram que o grupo com a síndrome do impacto apresentou valores significativamente menores no teste clínico de força de serrátil anterior, nas três posições testadas (neutra, alongada, encurtada), do que o grupo sem o diagnóstico. Além disso, quando comparada a força desse músculo nas três posições, foram observados valores significativamente menores na posição encurtada, ou seja, na posição em que ele se encontra durante as maiores amplitudes de elevação do braço. O serrátil anterior é um dos principais músculos estabilizadores da escápula durante os movimentos do ombro (Corso, 1995; Culham & Peat, 1993; Inman, Saunders & Abbott, 1944; Ludewig & Cook, 2000; Magarey & Jones, 2003; Michener et al., 2003; Mottram, 1997; Paine & Voight, 1993; Schenkman & Cartaya, 1987; Schmitt & Snyder-Mackler, 1999; Warner et al., 1992), atuando principalmente em amplitudes maiores e auxiliando na rotação superior e abdução da escápula. Esse músculo é responsável também por manter o contato da escápula com o gradil costal e auxiliar na sua inclinação posterior (Corso, 1995; Culham & Peat, 1993; Magarey & Jones, 2003; Michener et al., 2003; Mottram, 1997; Paine & Voight, 1993; Schenkman & Cartaya, 1987; Schmitt & Snyder-Mackler, 1999). Em sujeitos que apresentam diagnóstico de síndrome do impacto, essa rotação superior encontra-se diminuída o que pode estar relacionado a uma diminuição da capacidade de geração de força desse músculo (Ludewig & Cook, 2000; Sahrmann, 2002; Schmitt & Snyder-Mackler, 1999). Os resultados apontam para a importância da avaliação da força muscular do serrátil anterior nas três posições (neutra, alongada, encurtada) em sujeitos com esse diagnóstico. Não é possível determinar, contudo, se as alterações no desempenho desse músculo são consequência ou causa da instabilidade dinâmica da escápula nesses sujeitos, para tanto seria necessária a realização de estudos longitudinais. Durante as abordagens terapêuticas, deve ser dada atenção ao seu fortalecimento em diferentes amplitudes de movimento, dando ênfase ao seu desempenho nas maiores amplitudes, uma vez que, essa é a posição de menor capacidade de geração de força do músculo e maior demanda de estabilização escapular. O ganho de força e a atuação dinâmica dessa musculatura em amplitudes extremas de elevação do braço deve ser considerado tanto em programas de prevenção quanto em programas de reabilitação de alterações do complexo articular do ombro, para que sejam garantidas a estabilidade e integridade articular e a manutenção do ganho funcional. PEITORAL MENOR Neste estudo os valores de resistência ao alongamento do músculo peitoral menor foram significativamente menores no grupo diagnosticado com a síndrome do impacto. Era esperado que, em sujeitos com síndrome do impacto, esse músculo estivesse encurtado, apresentando maior resistência ao alongamento e diminuindo assim, a inclinação posterior da escápula durante os movimentos de elevação do braço (Babyar,1996; Graichen et al., 2001; Sahrmann, 2002; Wang et al., 1999). Os resultados contradizem a literatura, já que o encurtamento do peitoral menor tem sido relacionado às alterações na postura e movimentação da escápula (Babyar, 1996; Diveta et al., 1990; Mottram, 1997; Sahrmann, 2002; Wang et al., 1999) e, consequentemente, às afecções do complexo do ombro. Além disso, o alongamento do músculo peitoral menor tem sido constantemente incluído nos programas de reabilitação desse complexo articular. Esses resultados, contudo podem estar relacionados a limitações do próprio estudo. Apesar de muitos dos sujeitos com a síndrome do impacto apresentarem-se em tratamento fisioterapêutico (menos de oito semanas), não foi controlado, durante a coleta de dados, o programa de reabilitação, o que impossibilitou determinar se foram realizados ou não exercícios de alongamento desse músculo. Dessa forma, os menores valores apresentados por esses sujeitos (com síndrome do impacto) podem representar o efeito dos exercícios de alongamento realizados. Por outro lado, durante o teste, para promover o alongamento muscular, foi aplicada uma força sobre a região anterior do acrômio o que pode ter levado a exacerbação dos sintomas dolorosos nessa região levando o paciente a realizar uma retração ativa da escápula na tentativa de diminuir a pressão do dinamômetro e, consequentemente, a dor. Outra possibilidade é que durante a movimentação passiva da escápula possa ocorrer atividade excêntrica na musculatura para desacelerar o movimento, como não foi controlada a atividade eletromiográfica do músculo peitoral menor durante o teste, não foi possível determinar ao certo se foi mensurada a sua resistência ao alongamento ou a sua força excêntrica, força essa que pode estar diminuída devido ao processo doloroso. Desta forma, novos estudos que controlem a atividade eletromiográfica dos voluntários devem ser realizados para determinar se as diferenças encontradas no presente estudo estão associadas à síndrome do impacto. TRAPÉZIO INFERIOR Nesse estudo, os valores da variável momento do músculo trapézio inferior foram significativamente menores no grupo com síndrome do impacto em todas as amplitudes testadas (120º, 135º, 150º). Quando comparado o momento do músculo trapézio inferior nas três amplitudes, observou-se um valor significativamente maior na amplitude de 120º, sendo que entre as amplitudes de 135º e 150º não foi encontrada diferença significativa. Esses resultados indicam que o músculo trapézio inferior apresenta uma menor capacidade de geração de momento e, por consequência, menor capacidade de estabilização da escápula nas maiores amplitudes de elevação do braço, ou seja, amplitudes em que se encontra alongado. É relatado que o trapézio inferior está diretamente envolvido com a rotação superior e inclinação posterior da escápula durante movimentos de elevação do braço (Babyar, 1996; Ludewig & Cook, 2000; Sahrmann, 2002; Schmitt & Snyder-Mackler, 1999). Em sujeitos com síndrome do impacto, os movimentos de rotação superior e inclinação pos RPCD 17 (S2.A)

46 terior da escápula encontram-se diminuídos, principalmente nas maiores amplitudes dos movimentos de elevação do braço, o que poderia estar relacionado a uma diminuição dos valores de momento dessa musculatura (Babyar, 1996; Ludewig & Cook, 2000; Sahrmann, 2002; Schmitt & Snyder-Mackler, 1999). Foi observado, também, que, apesar das limitações funcionais e dinâmicas apresentadas por alguns dos pacientes testados, em amplitudes extremas dos movimentos de elevação do braço na posição de prono (ou seja, sem a atuação da gravidade) e levados passivamente a posição de teste, todos os indivíduos foram capazes de alcançar as amplitudes desejadas. Esse fato aponta a importância da musculatura e das alterações dinâmicas nessa patologia e seu impacto sobre a limitação funcional. Novamente, não é possível determinar se os resultados encontrados são consequência ou causa da instabilidade dinâmica da escápula em sujeitos com a síndrome do impacto. Estudos prospectivos seriam necessários para avaliação da direção dessa relação de causalidade. Dessa forma, baseando-se nos resultados, durante o processo de reabilitação de pacientes com a síndrome do impacto, deve-se avaliar a capacidade de geração de momento e fortalecer o músculo trapézio inferior em toda a amplitude do movimento de elevação do braço. Isto deve ser considerado tanto em programas de prevenção quanto de reabilitação. Os programas de reabilitação não devem levar em consideração apenas o fortalecimento dessa musculatura em amplitudes pré-definidas, mas sim sua atuação dinâmica em toda amplitude de movimento, principalmente naquelas que representam a maior demanda para essa musculatura, ou seja, nas maiores amplitudes dos movimentos de elevação do braço. Um parâmetro que pode apresentar influência sobre padrões de movimento é a presença e intensidade de dor (Svensson, Miles, McKay & Ridding, 2003; Svensson, Wang, Sessle, & Arendt-Nielsen, 2004; Sterling, Jull, & Wright, 2001; Wang, Arima, Arendt-Nielsen, & Svensson, 2000). Apesar de nenhum dos participantes do estudo ter relatado dor durante os testes, alterações de padrões de movimento e postura são geralmente presentes em sujeitos com dor musculoesquelética. Vários estudos têm demonstrado que, na presença de dor muscular ou articular o comportamento muscular é alterado (Svensson et al, 2003; Svensson et al, 2004; Sterling et al., 2001) e vários modelos teóricos, como o modelo do ciclo vicioso e o modelo de adaptação à dor têm sido propostos para estabelecer relação entre dor e alterações de controle motor (Sterling et al., 2001). Pesquisas recentes com pacientes com dor crônica têm demonstrado quadros bem mais complexos, com alterações de padrões de recrutamento e ativação muscular, além de alterações na resistência a fadiga (Sterling et al., 2001). Nesses pacientes as alterações são relacionadas principalmente a manutenção de estabilidade e controle articular (Sterling et al., 2001). Apesar de vários estudos terem demonstrado que inibição muscular pode ocorrer como resultado de dor induzida (dor aguda) (Sterling et al., 2001; Svensson et al., 2003; Svensson et al., 2004;), se levarmos em conta a característica de cronicidade dos sintomas nessa patologia levando à persistência dessa inibição, a capacidade de geração de força dessa musculatura poderá ser bastante afetada. Para estabelecer os reais efeitos da dor sobre os parâmetros de comportamento muscular nessa patologia seriam necessários estudos longitudinais que controlassem parâmetros intensidade e duração de dor. Apesar disso, a realização de fortalecimento muscular pode ser incluída nos planos de tratamento visando manutenção ou ganho de força (Struyf et al., 2013). Neste estudo, foram comparadas as medidas de força do músculo serrátil anterior, de momento do músculo trapézio inferior e de resistência ao alongamento do músculo peitoral menor em dois grupos. Em relação aos valores encontrados, não podemos afirmar que correspondam a essas musculaturas isoladamente, uma vez que, durante a movimentação do complexo articular do ombro, a musculatura escapular age sinergicamente (Babyar,1996; Ludewig & Cook, 2000; Magarey & Jones, 2003; Mottram, 1997; Schenkman & Cartaya, 1987; Schmitt & Snyder-Mackler, 1999; Wang et al., 1999; Warner et al., 1992), mas sim à força gerada durante movimentos geralmente utilizados para realização de testes clínicos em que esses músculos representam os motores primários (Sahrmann, 2002). Apesar das limitações, os testes utilizados neste estudo apresentaram valores de I.C.C. entre.76 e.93, demonstrando boa confiabilidade teste-reteste (Portney & Watkins, 2000). Este estudo indicou que alterações na capacidade de geração de força dos músculos serrátil anterior e trapézio inferior durante a realização de testes clínicos em indivíduos com a síndrome do impacto podem ocorrer e merecem atenção no momento da avaliação. Dessa forma, a detecção de fraquezas nestes músculos pode auxiliar o tratamento da síndrome do impacto. Como variações entre indivíduos podem ocorrer, a elaboração de planos de tratamento baseados apenas no diagnóstico patológico não é satisfatória e avaliações criteriosas e individualizadas devem ser implementadas (Struyf et al, 2013). CONCLUSÕES Este estudo avaliou as diferenças detectadas por testes clínicos no desempenho dos músculos serrátil anterior e trapézio inferior e na resistência ao alongamento do músculo peitoral menor em indivíduos com e sem o diagnóstico de síndrome do impacto subacromial. Foram encontrados menores valores para todas as variáveis testadas no grupo com a síndrome. Essas alterações podem estar relacionadas à alterações nos padrões de movimento durante a elevação do braço. Os resultados indicam a presença de alterações da musculatura escapular em sujeitos com esse diagnóstico e apontam para a importância de se avaliar o desempenho desses músculos durante programas de prevenção e reabilitação dessa patologia RPCD 17 (S2.A)

47 REFERÊNCIAS 06 Babyar, S. R. (1996). Excessive scapular motion in individuals recovering from painful and stiff shoulders: Causes and treatment strategies. Physical Therapy, 76(3), Corso, G. (1995). Impingement Relief Test: An adjunctive procedure to traditional assessment of shoulder impingement syndrome. Journal of Orthopaedic & Sports, 22(5), Culham, E., & Peat, M. (1993). Functional anatomy of the shoulder complex. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, 18(1) Diveta, J., Walker, M. L., & Skibinski, B. (1990). Relationship between performance of selected scapular muscles and scapular abduction in standing subjects. Physical Therapy, 70(8), Graichen, H., Stammberger, T., Bonel, H., Wiedemann, E., Englmeier, K. H., Reiser, M., & Eckstein, F. (2001). Three-dimensional analysis of shoulder girdle and supraspinatus motion patterns in patients with impingement syndrome. Journal of Orthopaedic Research, 19(6) Hébert, L. J., Moffet, H., & McFadyen, B. J., & Dionne, C. E. I. (2002). Scapular behavior in shoulder impingement syndrome. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation, 83(1), Holt, K. G., Butcher, R., & Fonseca, S. T. (2000). Limb stiffness in active leg swinging of children with spastic hemiplegic cerebral palsy. Pediatric Physical Therapy, 12, Inman, V. T., Saunders, J. B., & Abbott, L. C. (1944). Observations on the function of the shoulder joint. The Journal of Bone and Joint Surgery, 26(1), Ludewig, P. M., & Cook, T. M. (2000) Alterations in shoulder kinematics and associated muscle activity in people with symptoms of shoulder impingement. Physical Therapy, 80(3), Lukasiewicz, A. C., McClure P., Michener, L., Pratt, N., & Sennett, B. (1999). Comparison of 3-dimensional scapular position and orientation between subjects with and without shoulder impingement. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, 29(10), Magarey, M. E., & Jones, M. A. (2003). Dynamic evaluation and early management of altered motor control around the shoulder complex. Manual Therapy, 8(4) Michener, L. A., McClure, P. W., & Karduna, A. R. (2003). Anatomical and biomechanical mechanisms of subacromial impingement syndrome. Clinical Biomechanics, 18, Mottram, S. L. (1997). Dynamic stability of the scapula. Manual Therapy, 2(3), Ottenbacher, K. J., Biocca, Z., DeCremer, G., Gevelinger, M. Jedlovec, K. B., & Johnson, M. B. (1986). Quantitative analysis of the effectiveness of pediatric therapy: Emphasis on the neurodevelopmental treatment approach. Physical Therapy, 66, Paine, R. M., & Voight, M. (1993). The role of the scapula. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, 18(1), Portney, L. G., & Watkins, M. O. (2000). Foundations of clinical research; Applications to practice (2ª Ed). New Jersey: Prentice Hall Health. Prescher, A. (2000). Anatomical basics, variations, and degenerative changes of the shoulder joint and shoulder girdle. European Journal of Radiology, 35, Sahrmann, S. A. (2002). Diagnosis and treatment of movement syndromes (1 st Ed.). St. Louis: Mosby. Schenkman M., & Cartaya, V. R. (1987). Kinesiology of the shoulder complex. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, 8(9), Schmitt, L., & Snyder-Mackler, L. (1999). Role of scapular stabilizers. in etiology and treatment of impingement syndrome. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, 29(1), Sterling, M., Jull, G., & Wright, A. (2001). The effect of musculoskeletal pain on motor activity and control. The Journal of Pain, 2(3), Struyf, F., Nijs, J., Mollekens, S., Jeurissen, I., Truijen, S., Mottram, S., & Meeusen, R. (2013). Scapular-focused treatment in patients with shoulder impingement syndrome: a randomized clinical trial. Clinical Rheumatology, 32, Svensson, P., Miles, T. S., McKay, D., & Ridding, M. C. (2003). Suppression of motor evoked potentials in a hand muscle following prolonged painful stimulation. European Journal of Pain, 7, Svensson, P., Wang, K., Sessle, B. J., & Arendt-Nielsen, L. (2004). Associations between pain and neuromuscular activity in the human jaw and neck muscles. Pain, 109, Wang, C., McClure, P., Pratt, N. E., & Nobilini, R. (1999). Stretching and strengthening exercises: Their effect on three-dimensional scapular kinematics. Archives of Physical Medicine and Rehabilitation, 80(8), Wang, K., Arima, T., Arendt-Nielsen, L., & Svensson, P. (2000). EMG force relationships are influenced by experimental jaw-muscle pain. Journal of Oral Rehabilitation, 27, Warner, J. P., Michelli, L. J., Arslanian L. E., Kennedy, J., & Kennedy, R. (1992). Scapulothoracic motion in normal shoulder and shoulders with glenohumeral instability and impingement syndrome: a study using Moiré Topographic Analysis. Clinical Orthopaedics and Related Research, 285,

48 AUTORES: Maikon Gleibyson R dos Santos José Roberto de Souza Junior Ingredy Paula M Garcia Helen Cristian Marques Tomaz Thiago Vilela Lemos Humberto de Sousa Fontoura João Paulo C Matheus Efeitos da kinesio taping no índice do arco plantar em pés normais e planos: Um estudo piloto PALAVRAS CHAVE: Pé plano. Pé. Recurso fisioterapêutico. RESUMO O pé humano precisa ter postura adequada para que não ocorram sobrecargas teciduais. O estudo tem objetivo de analisar os efeitos da Kinesio Taping sobre o índice do arco em pés planos comparados aos normais. Foi efetuado um estudo piloto com 12 participantes. Para realização do estudo foi considerado cada pé individualmente: pés normais e pés planos. Utilizou-se baropodometria combinada com o software AutoCAD para avaliação da postura do arco plantar, antes e 24 horas após a aplicação da KTT. Para análise dos dados, foram realizadas medidas da tendência central e estatística inferencial com Shapiro-Wilk, teste T Student, Wilcoxon e Mann-Whitney. Medidas consideradas significativas quando p <.05. O grupo com pés planos apresentou redução do índice (p =.036) após bandagem, no grupo com pé normal não ocorreu alteração (p =.9). A comparação entre grupos confirmou diferença inicial quanto à altura do arco (p =.01) e após a aplicação da bandagem houve diferença no índice do arco (p =.01). A bandagem com baixa tensão no arco longitudinal medial foi capaz de modificar o índice do arco em pés planos, e não em pés normais. Effects of kinesio taping on the plantar arch in normal and flat feet: a pilot study ABSTRACT The human foot must have proper posture to prevent any tissue overloads. The objective of this study is to analyze the effects of Kinesio Taping on the plantar arches on normal and flat feet. A pilot study, with a sample number of 12 subjects was developed. That were considered individually by feet posture: normal feet and flat feet. An electric podobarometer and AutoCAD software were used to evaluate the arch index, before and 24 hours after the Kinesio Taping application. Data analyze was done with Shapiro-Wilk, T-student test, Wilcoxon and Mann-Whitney. The measurements were considered significant when p <.05. The group with flat feet showed a reduction in the arch (p =.036) after Kinesio Taping, and the group with normal feet didn t present any alterations (p =.9). The comparison between the two groups confirmed the initial difference of the height of the arch (p=0,01) and after the Kinesio Taping application, it was shown that the arch had changed (p =.01). The Kinesio Taping with low tension along the medial longitudinal arch was capable of modifying the arch in flat feet, but not in normal feet. KEY-WORDS: Flat feet. Normal feet. Physical therapy techniques. 07 Correspondência: Humberto de Sousa Fontoura. (humbertofontoura@gmail.com) 93 RPCD 17 (S2.A):

49 INTRODUÇÃO O pé humano é uma estrutura complexa e precisa suprir diferentes demandas durante a marcha como ter flexibilidade para se adaptar a diferentes superfícies e absorver certa quantidade de força que é transmitida através do pé. As estruturas do tornozelo e pé também precisam funcionar como uma alavanca rígida para suportar e exercer força contra o solo durante o primeiro e o último contato com o solo da fase de apoio da marcha (Dawe & Davis, 2011; McKeon, Hertel, Bramble, & Davis, 2014). A origem dessas características únicas do pé aponta uma adaptação ao estilo de correr por longas distâncias, uma das demandas necessárias para a evolução humana, pois o ser humano leva desvantagem em velocidade comparada a outras espécies quadrúpedes (Bramble & Lieberman, 2004). Ao suportar o peso em uma única perna o pé precisa ser razoavelmente móvel e capaz de se acomodar a diferentes superfícies (McKeon et al., 2014). As principais estruturas funcionais no pé que proporcionam essa versatilidade são os arcos longitudinais medial e lateral (Dawe & Davis, 2011), sendo que vem sendo comprovado a ausência de arcos transversais durante a fase de apoio da marcha (Daentzer, Wülker, & Zimmermann, 1997; Kanatli, Yetkin, & Bolukbasi, 2003; Luger, Nissan, Karpf, Steinberg, & Dekel, 1999). Os componentes necessários para manutenção da estabilidade e flexibilidade do pé estão sendo recentemente descritos como o foot core system, composto por três subsistemas: passivo (conformação em cúpula dos ossos, fáscia plantar e ligamentos), ativo (músculos intrínsecos e extrínsecos) e neural (receptores sensoriais de músculos, ligamentos e cutâneos) (McKeon et al., 2014; McKeon & Fourchet, 2015). Dentro desse sistema, podemos destacar o arco longitudinal medial (ALM) que sinaliza através da modificação em sua estrutura a presença de algum distúrbio no sistema de estabilização do pé (Kido et al., 2013; Van Boerum & Sangeorzan, 2003). Podemos identificar e classificar o tipo de pé a partir de cálculos que estimam a altura do ALM, utilizando para isso, calculo de índices a partir de áreas da impressão plantar (Wong, Weil, & de Boer, 2012). Quando pensamos em falhas nos subsistemas ativo e neural, citados a cima, presenciamos a ocorrência de um desabamento do arco por falta de estabilização neuromuscular (McKeon et al., 2014; McKeon & Fourchet, 2015). O pé pronado e o pé plano, causados pelo desabamento do arco, vêm sendo relacionados ao aumento do risco de lesão por estresse excessivo de forma geral (Levinger et al., 2010), com a síndrome do estresse tibial medial (Hösl, Böhm, Multerer, & Döderlein, 2014; Neal et al., 2014), dor no pé (Di Caprio, Buda, Mosca, Calabro, & Giannini, 2010; Menz, Dufour, Riskowski, Hillstrom, & Hannan, 2013), lesão do ligamento cruzado anterior por não contato (Hewett et al., 2005; Rath, Walker, Cox, & Stearne, 2015), síndrome patelofemoral (Myer et al., 2010) e lesões não específicas nos membros inferiores (Willems, Witvrouw, De Cock, & De Clercq, 2007). As consequências geradas por alterações no pé, podem, portanto, gerar diversos prejuízos para saúde daqueles que apresentam esse tipo de alteração. O custo relacionado a saúde também é afetado, sendo que pesquisadores que acompanharam 688 sujeitos com pés planos por 31 meses, e verificaram um aumento significativo do custo com saúde daqueles sujeitos (Teyhen et al., 2013). Considerando a relevância desse tipo de alteração, vem sendo pesquisado diversas intervenções a fim de corrigir as alterações no pé, como exercícios terapêuticos (McKeon & Fourchet, 2015; Wallden, 2015), palmilhas (Novick & Kelley, 1990; Selby-Silverstein, Hillstrom, & Palisano, 2001), e bandagens (Aguilar, Abián-Vicén, Halstead, & Gijon-Nogueron, 2015; Luque-Suarez, 2014; Rodrigues et al., 2014). Dessas, a bandagem elástica também conhecida como Kinesio Taping (KTT) ou bandagem neuromuscular, pode ser um ótimo recurso, pois é descrita como capaz de causar por meio da estimulação sensorial da pele uma resposta de ativação muscular (Christou, 2004; Martínez-Gramage, Merino-Ramirez, Amer-Cuenca, & Lisón, 2014). Outra vantagem da utilização deste recurso é a possibilidade de manutenção do estímulo mesmo após a sessão de tratamento sem limitar as atividades funcionais. Considerando a carência na literatura de estudos que avaliem os efeitos da bandagem elástica sobre a postura do pé, o objetivo do estudo é analisar os efeitos de uma aplicação de bandagem elástica para estimular sensorialmente a área medial do pé, sobre o índice do arco em pés planos comparados aos normais. MÉTODO A pesquisa consistiu em um estudo piloto. PARTICIPANTES Estudo composto por uma amostra de 12 indivíduos de ambos os sexos e foi considerado cada pé individualmente para o estudo. Para a inclusão no estudo os sujeitos deveriam ter idade entre 18 e 30 anos e apresentar pelo menos um dos pés classificados como plano ou normal de acordo com o índice do arco avaliado. Os critérios de exclusão foram: ter feito recentemente ou ainda fazer tratamento com bandagens no ALM; ter doenças cutâneas ou malignas e infecções bacterianas no local a ser aplicada a bandagem; histórico de lesões musculoesqueléticas e/ou neurológicas que possam afetar a distribuição de peso; e apresentar queixa de dor ou qualquer sinal de lesão durante as avaliações. Antes da realização de qualquer procedimento, o estudo foi submetido e aprovado em comitê de ética com o protocolo de nº 083/2015 e respeita as normas internacionais de experimentação com humanos (Declaração de Helsínquia de 1975). A entrevista inicial e coleta de dados foram realizadas na Universidade Estadual de Goiás, onde os sujeitos foram convidados a participar da pesquisa, esclarecidos dos riscos, benefícios e quanto à desistência da participação no trabalho a qualquer momento que desejassem.instrumen RPCD 17 (S2.A)

50 TOS E PROCEDIMENTOS Para obtenção da pressão plantar foi utilizado baropodometria da plataforma FootWork- -Arkipelago. Para estimar a altura do ALM, índice do arco, foi utilizado o AutoCAD versão 2005, para o qual a pressão plantar foi importada após obtenção da imagem na baropodometria. No programa, foi traçada uma reta vertical (L), do segundo metatarso até o centro do calcâneo. Em seguida, L foi dividida em três partes iguais: retro pé, médio pé e ante pé (Figura 1). Com cada região do pé delimitada, foi calculada a área individual dessas regiões; a área do médio pé foi dividida pela somatória da área total do pé (antepé + mediopé + retropé), obtendo assim o índice do arco (Ribeiro, 2010). ANÁLISE ESTATÍSTICA Para análise de dados, realizaram-se medidas da tendência central, por meio da média e desvio padrão. Em seguida foi realizada estatística inferencial, sendo as variáveis tratadas com teste normalidade Shapiro-Wilk e teste T Student pareado ou independente para os dados paramétricos. Já para os dados não paramétricos foi utilizado o teste de Wilcoxon (amostras relacionadas) ou Mann-Whitney (amostras independentes). As medidas foram consideradas significativas quando p <.05, tendo sido utilizado o SPSS (Statistical Package for The Social Sciences), versão , para as análises estatísticas. 07 FIGURA 1. Obtenção do índice do arco. Fonte: dados da pesquisa. Valores encontrados entre 0.22 e 0.25 caracterizaram o pé normal, <0.21 pé cavo e >0.26 pé plano (Cavanagh & Rodgers, 1987). Com isso, obedecendo aos critérios de inclusão, foram selecionados os indivíduos com pelo menos um pé plano (índice >0.26) e/ou pé normal (índice entre 0.22 e 0.25). Formou-se, assim, dois grupos com nove pés cada, o GP (grupo de pés planos) e o GN (grupo de pés normais). Foi considerado cada pé individualmente, e em cada grupo três pés foram excluídos, por não serem normais ou planos. A bandagem elástica utilizada foi da marca Kinesio Tex Tape (KTT), aplicada medialmente ao longo da face plantar, com tensão do papel (paper off) de 10%. Foi colocada partindo do calcâneo à cabeça do primeiro metatarso, com o objetivo de proporcionar estímulo sensorial no local de aplicação. A bandagem foi aplicada em ambos os grupos e permaneceu no indivíduo por 24 horas. A bandagem foi utilizada com baixa tensão para não causar efeitos mecânicos em decorrência da força elástica da bandagem. A referida bandagem tinha largura de 5 cm com corte em I, e o comprimento variou em cada sujeito, de acordo com distância entre calcâneo e cabeça do primeiro metatarso. Os indivíduos foram reavaliados na plataforma de baropodometria após 24 horas e retiravam a bandagem após a avaliação (ver Figura 1, fluxograma). FIGURA 2. Fluxograma da pesquisa RESULTADOS A descrição da amostra está exposta no quadro 1, a seguir, na qual observamos idade, altura, peso, IMC (índice de massa corporal) e frequência dos sexos do grupo com pé plano (GP) e do grupo com o pé normal (GN) em média, desvio padrão (DP) e percentil. 97 RPCD 17 (S2.A)

51 QUADRO 1. Caracterização da amostra (GP e GN). Média/Desvio Padrão e porcentagem. GP Idade (anos) Peso (Kg) Altura (m) IMC (Kg/m²) Sexo 24.17± ± ±0.053* 26.1±4.9 Masc. 33%, Fem. 67% GN Idade (anos) Peso (Kg) Altura (m) IMC (Kg/m²) Sexo 21.5±1.5 61± ±0.058* 22.17±1.6 Masc. 28,6%, Fem. 71,4% *Diferença entre GP e GN; Dados para p<0.05. As variáveis citadas tiveram distribuição normal em ambos os grupos. Os grupos foram pareados e submetidos ao teste T Student pareado, constatando diferença estatisticamente significativa entre a variável altura do GP com o GN (p =.043) e não constatando diferença entre idade, peso ou IMC. Com relação ao sexo, foi observado similaridade entre os grupos na proporção de homens e mulheres por meio dos valores percentuais (GP 33% homens e 67% mulheres; GN 28.6% homens e 71.4% mulheres). Podemos observar no quadro 2 uma redução significativa do R no momento pós-aplicação do GP (p =.036). Tal redução do índice significa que o ALM sofreu elevação. Entretanto, essa elevação do arco não foi suficiente para alcançar os valores de normalidade ( ), permanecendo dentro da faixa de classificação de pés planos. QUADRO 2. Índice do arco (R), antes e após aplicação da KTT no GP e GN. ANTES APÓS GP MÉDIA/DP 0.27* ± * ±0.01 IC 95% GN MÉDIA/DP 0.23 ± ±0.02 IC 95% *Diferença entre antes e após KT; Diferença entre os grupos; Dados para p<0.05. Quando o GN foi analisado, não se observou a mesma redução de R (p =.9), mostrando que apenas o GP sofreu mudança na altura do ALM após a aplicação da bandagem. Nota-se ainda que no GN o valor de R se manteve dentro dos padrões de normalidade (0.22 a 0.25) na condição pré e pós-aplicação. Após a comparação dos valores de R nos dois momentos, foi realizada comparação intergrupo, com propósito de confirmar a diferença da altura do ALM nos pés planos e normais, pré e pós-aplicação. No momento de pré-aplicação podemos visualizar a diferença entre as médias (p =.001), com GP apresentando maior média (ALM rebaixado) e o GN com menor (ALM com altura normal). No momento pós-aplicação, observamos uma aproximação do valor de R dos grupos, demonstrando a redução do índice no GP, porém os valores permanecem diferentes (p =.001). DISCUSSÃO O presente estudo busca comparar a reação de pés normais e planos após a aplicação de uma bandagem com baixa tensão sobre a pele. A diferença encontrada entre o momento pré e pós-aplicação da bandagem somente no grupo de pés planos sugere que os pés com alteração cinesiológica sofreram modificação em sua postura, o que não foi verificado no outro conjunto. Confirmando essa ideia, percebemos que alguns estudos não encontraram alteração na pressão plantar de indivíduos saudáveis (Pérez Soriano et al., 2010; Pérez-Sorianoa, Lucas- -Cuevasa, Aparicio-Aparicioa, & Llana-Bellocha, 2014). Contudo, tais trabalhos não descreveram o perfil plantar da amostra e realizaram aplicação da bandagem sobre os músculos tríceps sural e fibulares, os quais não têm relação direta sobre o arco longitudinal medial, principal estrutura avaliada no nosso estudo. Todavia, recente ensaio clínico randomizado controlado e duplo cego que avaliou a postura do pé antes e após a aplicação de bandagem elástica e placebo não constatou diferença significativa intergrupo ou intragrupo (Luque-Suarez et al, 2014). Neste estudo foi realizado correção funcional com bandagem elástica somente no retropé, e pesquisas recentes demonstram a importância de se avaliar o alinhamento e estabilização do antepé e mediopé respectivamente (McKeon et al., 2014; McKeon & Fourchet, 2015; Monaghan et al., 2013) Em um estudo piloto que utilizou uma aplicação de bandagem similar à do presente estudo, bem como método de análise de movimento 3D para avaliação da marcha, não foi constatada diferença no contato plantar entre as condições com e sem bandagem, a não ser pequenas alterações nos contatos inicial e final da marcha (Chong et al., 2015). Porém, tal análise tem como limitação o poder estatístico que provém de um único sujeito estudado. De forma oposta, outro estudo com objetivo de avaliar o efeito de uma bandagem elástica com tensão e outra sem tensão (placebo) sobre a postura do pé após uma corrida curta observou melhora do score da postura do pé em ambos os grupos, porém no grupo com tensão a correção foi maior. Na avaliação da pressão plantar, o grupo sem tensão obteve melhores resultados quando comparado ao conjunto com tensão (Aguilar et al., 2015) No citado trabalho, foi verificada a pressão plantar em três regiões do pé (antepé, mediopé e retropé); entretanto, essa coleta foi apenas realizada nos contatos inicial e final da marcha, perdendo fases importantes da marcha, como a resposta à carga e apoio médio RPCD 17 (S2.A)

52 Além disso, a técnica utilizada como placebo no estudo, bandagem sem tensão, pode ter causado efeitos sobre receptores de pele, promovendo respostas neuromusculares no grupo placebo maiores do que o grupo tratamento. Mostra-se essa uma explicação plausível para a bandagem sem tensão causar maior alteração na pressão plantar do que a bandagem com tensão. Assim, nosso estudo mostra como uma aplicação de bandagem com baixa tensão pode influenciar a pressão plantar em pés planos. Não obstante, outra pesquisa avaliou a pressão plantar em seis subáreas do pé em indivíduos com síndrome do estresse tibial medial, e foi constatado que a bandagem elástica reduz a frequência de carga plantar medial nesses pacientes. Tal situação pode ser benéfica para uma potencial redução da pronação excessiva e redução das forças lesivas em pessoas acometidas pela síndrome (Griebert, Needle, McConnell, & Kaminski, 2014). Ressalta-se que esse estudo comparou os indivíduos com síndrome do estresse tibial medial (n = 20) com um grupo não afetado (n = 20), e não observaram redução da carga plantar medial (força lesiva) após a utilização da bandagem nos sujeitos não afetados (Griebert et al., 2014). Isso aponta para a possibilidade de que a intervenção com bandagem elástica vem tendo resultados melhores em população acometida por alguma disfunção, seja cinesiológica ou cinesiopatológica. Advertimos a respeito da carência de pesquisas relacionadas aos efeitos da bandagem elástica sobre a pressão plantar e para o fato de não ter sido encontrada, até então, a comparação dos resultados obtidos após a aplicação de uma bandagem para estímulo sensorial entre os pés plano e normal. Tal quadro resulta, por conseguinte, numa dificuldade de discutir resultados não relatados na literatura até o presente. O método de análise utilizado neste estudo apresenta bons índices de confiabilidade e concordância: coeficiente de correlação intraclasse =.990 (IC: ) e índice de Kappa =.923 (IC: ) (Wong et al., 2012). Contudo, não foram encontrados valores de sensibilidade e especificidade para o método utilizado, assim como para os outros descritos na literatura, mostrando uma importante área de futuras pesquisas. No nosso estudo foi realizada a avaliação estática da pressão plantar com o propósito de reduzir a complexidade e tempo demandados durante as avaliações do estudo, além de possibilitar a verificação de efeitos iniciais proporcionados pelo taping. Assim, sugerimos a realização de estudos similares com avaliação dinâmica da pressão plantar, posto que as alterações estáticas podem não se correlacionar totalmente com alterações dinâmicas da pressão plantar (Merolli & Uccioli, 2005). Outra limitação do estudo consiste em não realizar avaliação do momento imediatamente após a aplicação da bandagem e após 48 e 72 horas. O objetivo do estudo é analisar os efeitos de uma aplicação de bandagem elástica para estimular sensorialmente a área medial do pé, sobre o índice do arco em pés planos comparados aos normais. Dessa forma, o uso da bandagem elástica, também conhecida como Kinesio Taping, com baixa tensão na área medial do pé foi capaz de modificar o índice do arco em pés planos e não em normais. Há a possibilidade de que a ausência de alteração nos pés normais tenha ocorrido pelo fato de que a aplicação da técnica por 24 horas possibilite observar apenas os efeitos agudos sobre o arco plantar, porém, considerando as limitações do estudo, não foi possível elucidar os efeitos agudos ou tardios da aplicação da bandagem. Sugerimos, portanto, a realização de novos estudos que busquem valores de acurácia diagnóstica para maior precisão na identificação dos tipos de pés, assim como trabalhos similares, com amostras expressivas, avaliação dinâmica e avaliação aguda e tardia da aplicação da bandagem. AGRADECIMENTOS Ao nosso orientador, pelo empenho dedicado à elaboração deste trabalho e a todos que direta ou indiretamente fizeram parte e contribuíram para elaboração do trabalho RPCD 17 (S2.A)

53 REFERÊNCIAS 07 Aguilar, M. B., Abián-Vicén, J., Halstead, J., & Gijon-Nogueron, G. (2015). Effectiveness of neuromuscular taping on pronated foot posture and walking plantar pressures in amateur runners. Journal of Science and Medicine in Sport, 19(4), doi: /j.jsams Bramble, D. M., & Lieberman, D. E. (2004). Endurance running and the evolution of Homo. Nature, 432, Cavanagh, P. R., & Rodgers, M. M. (1987). The arch index: A useful measure from footprints. Journal of Biomechanics, 20, Chong, A., Ahmed, J., Al, A., Chong, A. K., Al-Baghdadi, J. A. A., & Milburn, P. B. (2015). The effect of fixing kinesiology tape onto the plantar surface during the loading phase of gait. International Journal of Medical, Health, Biomedical, Bioengineering and Pharmaceutical Engineering, 9, Christou, E. (2004). Patellar taping increases vastus medialis oblique activity in the presence of patellofemoral pain. 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54 AUTHORS: The relative age effect Efeito da idade relativa 08 Renato Melo Ferreira 1 Emerson Filipino Coelho 1 in olympic swimmers em nadadores olímpicos Adelita Vieira de Morais 2 Francisco Zacaron Werneck 1 Guilherme Tucher 3 Ana Luiza Rocha Lisboa 1 1 Laboratório de Estudos e Pesquisas do Exercício e Esporte, Centro Desportivo da Universidade Federal de Ouro Preto, Brasil 2 Programa de Pós-Graduação em Educação Física UFJF/UFV, Brasil 3 Instituto Federal do Sudeste de Minas, Minas Gerais, Brasil ABSTRACT KEY-WORDS: Swimming. Relative age effect. Athletes. Olympic Games. London. The aim of this study was to investigate the relative age effect (RAE) on swimmers in the Olympics 2012 by analyzing the differences between continents, genders and the achievement of medals. Nine hundred and seventy-eight athletes (507 men and 471 women) were stratified based on their birthdate. In quartile distribution, there was a higher percentage of athletes born on the 1st and 3rd quartiles. As regards gender distribution, the RAE was observed on females (χ² = , df = 3, p =.01) but not on males (χ² = 1.426, df = 3, p =.70). Regarding the analysis of RAE according to performance and continent, there was no significant relationship between the quarter of birth and winning medals; additionally, the Asian continent was the only one where the RAE was identified. We concluded that the RAE was present on swimmers from London Furthermore, it was representative in RESUMO O objetivo foi investigar o efeito da idade relativa (EIR) em nadadores nos Jogos Olímpicos de 2012, analisando as diferenças entre os continentes, sexos e a relação com a conquista ou não de medalhas. Novecentos e setenta e oito atletas (507 homens e 471 mulheres) foram estratificados a partir do seu quartil de nascimento. Na distribuição dos quartis, foi observado um maior percentual de atletas nascidos no 1º e 3º quartil. Já na distribuição por sexo, o EIR foi verificado para feminino (χ 2 = ; gl = 3; p =.01), mas não para o masculino (χ 2 = 1.426; gl = 3; p =.70). Quanto à análise do efeito da idade relativa pelo desempenho e por continente, nào houve relação significativa entre o quartil de nascimento e a conquista de medalha e o continente asiático foi o único em que foi verificado o efeito da idade relativa, respectivamente. Concluiu-se que o efeito da idade relativa está presente em nadadores de Londres Além disso foi representativo em relação às mulheres, não está relacionado à conquista de medalhas olímpicas e está presente apenas no continente asiático. PALAVRAS CHAVE: Natação. Efeito da idade relativa. Atletas. Jogos Olímpicos. Londres. women, was not related to winning medals and was found only in the Asian continent. Corresponding Author: Renato Melo Ferreira. Laboratório de Estudos e Pesquisas do Exercício e Esporte, Centro Desportivo da Universidade Federal de Ouro Preto, Brasil. (renato.mf@hotmail.com). 105 RPCD 17 (S2.A):

55 INTRODUCTION During the process of growth and development, young people with the same chronological age may differ in maturity, especially considering aspects related to sports, such as strength and speed (Helsen, Starkes, & Winckel, 2000). In sport, it has been observed that these differences cause a direct impact on the selection process of athletes, where athletes born in the early months of the year are selected and trained, while those born in the second half of the year are exempted from teams (Baker & Logan, 2007; Delorme, Boiché, & Raspaud, 2010; Figueiredo, Gonçalves, Coelho, & Malina, 2009; Malina, Bouchard, & Bar-Or, 2004; Moraes, Penna, Ferreira, Costa, & Matos, 2009; Musch & Grondin, 2001; Sherar, Baxter- Jones, Faulkner, & Russel, 2007). Thus, there is the chronological age, which is the age determined by the difference between a set date and the individual s day of birth; while the biological age corresponds to the age determined by the level of maturation of many organs within the human being (Tourinho Filho, & Tourinho, 1998). According to Gallahue and Ozmun (2001), chronological age refers to the total number of years, months and days lived, while the biological age refers to the state of maturation. As the year of birth is used as a criterion for dividing the categories in sports, young people born in the early months of the year can be benefited in sports performance, since they have greater chronological age and therefore, having a higher probability of being in more advanced stages of biological maturity. It may have advantages in anthropometric aspects, conditional capacity, cognitive knowledge and psychological capacity (Carli, Lughetti, Ré, & Bohme, 2009). Musch and Grondin (2001), when performing a literature review, identified that the athletes born closest to the year of selection often have the advantage of being bigger, stronger and faster compared to those who were born later in most sports analyzed by studies, creating a bias in the distribution of birth dates of youth selected. Within this context, there is the variable relative age effect (RAE), known as the possible advantage that the athletes born closer to the beginning of the selection year have in relation to their peers born later (Vaeyens, Philippaerts, & Malina, 2005; Vincent & Glamser, 2006). The birth quartile considers the division of the year into four parts, the first quartile represents the months of January to March, the second quartile from April to June, the 3rd quartile from July to September and the fourth and last quartile from October to December. Several studies on different modalities that evaluated the categorization of dates of births of the athletes were able to conclude that the distribution of dates of birth is not homogeneous overall (Baker & Logan, 2007; Cobley, Baker, Wattie, & Mckenna, 2009; Musch & Grondin, 2001; Sherar et al., 2007; Vaeyens et al., 2005). The RAE has been extensively studied in several countries (Musch & Grondin, 2001; Carli et al., 2009; Vaeyens et al., 2005; Cobley et al., 2009; Penna et al., 2010). This phenomenon is especially significant in sports where performance is dependent on strength and power and those where body size is decisive. Sherar et al. (2007) suggest that the date of birth might be able to predict the sporting talent in certain modalities. Other studies show that athletes born in the last two quartiles abandon the sport significantly more than those born in the first two quartiles of the year, due to the low perceived competence and absence of immediate success (Delorme et al., 2010; Figueiredo et al., 2009; Musch & Grondin, 2001). Some studies indicate that the RAE is not restricted only to basic categories, but it is present at different levels of performance and increases progressively with the level of excellence, including the Olympic level (Cobley et al., 2009; Costa et al., 2009; Raschner, Muller, & Hildebrandt, 2012). When analyzing team sports such as baseball, basketball, hockey and football, for example, the RAE is present on high-performance and international competitions (Costa et al., 2009; Cotê, Macdonald, & Albernethy, 2006; Mujika et al., 2009; Tompson, Barnsley, & Stebelsky, 2001; Vincent & Glamser, 2006;). When considering individual sports, the Olympics are the focus of any athlete who seeks high yield; the major individual sports featured in the Olympic program are the Athletics, Swimming and Fight. The RAE has been investigated with fight athletes, both in taekwondo (Albuquerque et al., 2012) and in judo (Albuquerque et al., 2013) and the RAE has not been identified. When considering specifically this phenomenon in swimming, no study has investigated this effect on Olympic level athletes. The only work identified was developed by Ryan (1989), who identified the RAE is also present on the categories of 8 to 12 in swimming. Thus, it is important to establish the existence of RAE on high performance swimmers participating in the Olympic Games. Based on these data, this study aims at investigating the relative age effect on Olympic swimmers who participated in the London 2012 Olympic Games by analyzing the possible differences among continents, between sexes and verifying the relationship with winning Olympic medals. METHODS SAMPLE Nine hundred and seventy-eight athletes swimmers, 507 male and 471 female, who participated in the London Olympics 2012 participated in this study. This work followed the same ethical adopted by national (Carli et al., 2009; Penna & Moraes, 2010) and international (Albuquerque et al., 2013; Costa et al., 2009) works. PROCEDURES Following the methodology used in previous studies (Penna & Moraes, 2010; Cotê et al., 2006; Albuquerque et al., 2012), data on athletes such as gender, country of origin and date of birth were obtained directly from the official site of the London 2012 Olympic Games RPCD 17 (S2.A)

56 ( To analyze the relationship between the birth quartile and yield, the athletes who won medals were considered with higher yield than those non-medalists. The month of birth of each athlete was categorized into quartiles. It was considered the annual calendar from January 1st to December 31st. The 1st quartile was composed of the months January, February and March; the 2nd quartile, April, May and June, 3rd quartile, July, August and September; and the 4th quartile, October, November and December. Countries were grouped according to their geographic location in five continents: America. Africa, Asia, Europe and Oceania. Data were tabulated in a spreadsheet for later statistical analysis. 08 STATISTICAL ANALYSIS The chi-square test (χ 2 ) was used for testing the relative age effect by comparing the expected and observed distribution in quartiles of birth of the six athletes. According to a previous study (Albuquerque et al., 2012), the expected values were calculated assuming equal distribution of births in each quartile of the year. To test the association between variables were used cross-tables. All tests were performed using SPSS 19.0 for Windows program at 5% significance. RESULTS Descriptive data on age, height and body mass of athletes are shown in Table 1 below. FIGURE 1. Distribution of quartiles of birth of the swimmers who competed in the Olympic Games in London 2012 (n = 978). (*Significant difference 1 st Q vs 4 th Q, p =.004, 3 rd Q vs. 4 th Q, p =.01). Table 2 shows the values of χ 2 test for the distribution of birth dates of athletes by gender. The relative age effect was observed on female athletes (χ 2 = , df = 3, p = 0.01) but not on male ones (χ 2 = 1.426, df = 3, p = 0.70). In females, there was highest percentage of athletes born in quartiles 1 and 3, compared to quartile 4. Regarding yield, no association between quartile of birth of the athletes and Olympic medal winning was observed (χ 2 = 1.174; df = 3; p = 0.76). TABLE 1. General characteristics of swimmers participating in the London 2012 Olympic Games. TABLE 2. Evaluation of the quartiles of birth of the swimmers in the London 2012 Olympic Games by gender using MALE (N=507) FEMALE (N=471) ALL (N=978) Age (years) 24.0 ± ± ± 3.9 Weight (kg) 79.6 ± ± ± 11.4 Height (m) 1.86 ± ± ± 0.10 The results of the distribution of birth dates (quartiles) of all the athletes are shown in Figure 1; statistically significant differences were observed in the distribution of quartiles of birth (χ 2 = 9.542, df = 3, p = 0.02). In paired comparison between quartiles, significant differences were observed between quartiles 1 vs. 4 (χ 2 = 8.076, df = 1, p = 0.004) and 3 vs. 4 (χ 2 = 6.450, df = 1, p = 0.01), with higher percentage of athletes born in quartiles 1 and 3, compared to quartile 4. 1 ST 2 ND 3 RD 4 TH QUARTILE QUARTILE QUARTILE QUARTILE n (%) n (%) n (%) n (%) Male 127 (25.0) 127 (25.0) 136 (26.8) 117 (23.2) (0.70) Female 142 (30.1)* 113 (24.0) 126 (26.8)* 90 (19.1) (0.01) Note: * Significant difference 1st Q vs 4th Q, p =.004, 3 vs. 4th Q, p =.01). In the analysis by continent, the relative age effect was observed only on the Asian continent (χ 2 = 9.695, df = 3, p = 0.02), with greater representation of athletes born on 1st and 2nd quartiles compared to the 4th quartile Figure 2. In other continents, no significant difference was observed in the percentage distribution of the quartiles of birth of Olympic swimmers. X 2 (P) 109 RPCD 17 (S2.A)

57 FIGURE 2. Distribution of quartiles of birth of the swimmers who competed in the Olympic Games in London in 2012 by continent (n = 978). (* Significant difference to Asia: 1 st Q vs 4 th Q, p =.002; 2 nd Q vs 4 th Q, p =.04). DISCUSSION The aim of the present study was to investigate the relative age effect on Olympic swimmers who participated in the London 2012 Olympic Games, analyzing the possible differences between continents, between sexes and to verify the relationship with winning Olympic medals. The results indicated that the RAE is present in this modality, but is only statistically significant in female athletes and athletes from the Asian continent, and it has no relationship with winning Olympic medals. The results of this study corroborate those found in the literature that point the RAE on various modalities, especially those where the physical component plays a decisive role on the yield and the most practiced and popular modalities (Tourinho Filho, & Tourinho, 1998; Vaeyens et al., 2005; Cobley et al., 2009; Penna & Moraes, 2010; Delorme & Raspaud, 2009). Studies indicate that the RAE is not restricted to base categories, but it is present at different levels of excellence, including the Olympic level. The study of Raschner et al. (2012) noted the RAE on the Youth Olympic Games in 2012, whose authors found that the relative age had a highly significant influence on the participation of young athletes in various sports in this competition. In the present study, concerning to distribution of the athletes by continent, the RAE was evidenced only in Asia, with most athletes born on 1st and 2nd quartiles. In the other continents, there was no significant difference in the distribution of quartiles of birth of swimmer athletes. One factor that may explain the presence of the RAE in Asia is due to the early start in sports in some modalities. According to Fairbank and Goldman (2009), sport policy in China, for example, develops the sport initiation at around age 6 years, when children spend living in a boarding school in Beijing with military methodology, learning 9 Olympic sports. Regarding gender, the RAE is well characterized in female athletes, whereas in males the results are inconsistent. There are studies that found the RAE on female athletes (Delorme & Raspaud, 2009), while others do not (Edgar & O Donoghue, 2005; Medic, Young, Starkes, Weir, & Grove, 2009). In a study conducted with Swiss female athletes of football, there was RAE on the youth categorioes up to 14 years, but not on the elite teams (Roman & Fuchslocher, 2011). This fact can be characterized due to selection processes usually occur at an age when women have reached puberty, so that the differences in biological maturation are smaller (Helsen et al., 2005). Studies suggest that the RAE depends on the context of the sport, being more evident in those whose strength and power are the key factors (Cobley et al., 2009; Raschner et al., 2012). Since initiation of swimming still happens in childhood, ranging from age 3 to 7 years (Tubino, 1979), knowledge of the relative age effect becomes even more important. The greater participation of athletes born in the first quartile may be related to the selection process of athletes, those born closest to the beginning of the selection year may have physical advantages over those born later; this is because, with the age group, young people born in the first months of the year have higher chances to be in more advanced stages of biological maturation, therefore having greater chance of being selected to participate in the training process (Musch & Grondin, 2001; Carli et al., 2009). Despite differences in chronological ages less than 12 months having little relevance in adults, they can be important during childhood and adolescence in individuals with rapid rates of growth and development. Those born in the beginning of the selection year of age groups often have an advantage over their peers by being larger, stronger and faster (Musch & Grondin, 2001; Sherar et al., 2007). Within this context, they have more chances to continue in the sport and develop their tactical and technical capabilities, resulting in greater perceived competence and therefore, greater intrinsic motivation (Musch & Grondin, 2001). Younger and lower biological age athletes may be considered less talented in the process of training and development and as a consequence, abandon the trainings and competitions due to the low perceived competence and lack of success (Musch & Grondin, 2001; Gustafsson, Kenttä, Hassmén, & Lundqvist, 2007; Helsen, Starkes, & Van Winckel, 1998). In soccer players, it was found that those who reached the elite level were bigger, stronger, faster and more skilled than those who left the modality (Figueiredo et al., 2009). However, the date of birth cannot be used alone to indicate a tendency to discriminate younger athletes or players with lower biological age in talent identification, because those of the third or fourth quartiles may have early maturation and being larger than those in the first and second quartiles (Carli et al., 2009). In addition, other factors may affect the selection of athletes (Cotê et al., 2006) RPCD 17 (S2.A)

58 The emphasis on the physical aspects related to sports performance for selection of athletes and grouping on age categories that last about two years are the aspects mainly responsible for RAE (Vaeyens et al., 2005). There are suggestions and strategies to try to reduce the RAE, including: setting quotas for each year of birth within each age group of two years (Raschner et al., 2012), constant changing in the date of beginning of the selection year (Helsen et al., 2000) creation of other levels of tournament (gold, silver and bronze series for the same category) (Carli et al., 2009), awareness of coaches to lower valuation of the physical aspects in the selection of athletes and preparation of programs that offer more vacancies at different levels of practice avoiding premature exclusion of talents (Wattie, Cobley, & Baker, 2008). This study had as main limitation of not evaluating the time of competitive practice of these athletes, a factor that can interfere with the performance of these athletes. CONCLUSION Thus, it was concluded that RAE is accounted for swimmers of London 2012, furthermore, it was representative in women, it is not related to conquer of medals and can be found only in Asian continent. The knowledge of this effect on the part of coaches is of paramount importance for possible talents are not early excluded, since the physical advantages may be temporary. Further studies are needed on swimming because of the shortage of studies aiming at investigating the possible RAE on functional abilities related to swimming performance in the youth and high-yield categories. ACKNOWLEDGMENT The authors thank the Federal University of Ouro Preto for the financial support. REFERÊNCIAS Albuquerque, M. R., Lage, G. M., Costa, V. T., Ferreira, R. M., Penna, E. M., Moraes, L. C., & Malloy-Giniz, L. F. (2012). 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Comparison of relative age of elite athletes participating in the 2008 Brazilian soccer championship series A and B. Revista Motricidade, 5(3), doi: /motricidade.5(3).190 Côte, J., Macdonald, D.J., Baker, J., & Abernethy, B. (2006). When where is more important than when : Birthplace and birthdate effects on the achievement of sporting expertise. Journal of Sports Sciences, 24(10), Delorme, N., & Raspaud, M. (2009). Is there an influence of relative age on participation in non-physical sports activities? The example of shooting sports. Journal of Sports Sciences, 27(10), doi: / Delorme, N., Boiché, J., & Raspaud, M. (2010). Relative age effect in elite sports: Methodological bias or real discrimination? European Journal of Sport Science, 10(2), doi: / Edgar, S., & O Donoghue, P. (2005). Season of birth distribution of elite tennis players. Journal of Sports Sciences, 23(10), doi: / Fairbank, J. K., & Goldman, M. (Eds). (2009). China: Uma nova história. Porto Alegre, RS: L & PM. 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59 Penna, E. M., & Moraes, L. C. C. A. (2010). Efeito relativo da idade em atletas brasileiros de futsal de alto nível. Revista Motriz, 16(3), doi: / v16n3p658 Raschner, C., Muller, L., & Hildebrandt, C. (2012). The role of a relative age effect in the first winter Youth Olympic Games in British Journal of Sports Medicine, 46(15), doi: /bjsports Romann, M., & Fuchslocher, J. (2011). Influence of the selection level, age and playing position on relative age effects in swiss women s soccer. Talent Development & Excellence, 3(2), Ryan P. (1989). The relative age effect on minor sport participation. Masters thesis, McGill University, Montreal, Quebec, Canada. Sherar, L. B., Baxter-Jones, A. D., Faulkner, R. A., & Russell, K. W. (2007). Do physical maturity and birth date predict talent in male youth ice hockey players? Journal of Sports Sciences, 25(8), doi: / Tompson, A. H., Barnsley, R. H., & Stebelsky, G. (2001). Born to play ball: The relative age effect and major league baseball. Sociology of Sport Journal, 8(2), doi: /ssj Tourinho Filho, H., & Tourinho, L. S. P. R. (1998). Crianças, adolescentes e atividade física: Aspectos maturacionais e funcionais. Revista Paulista de Educação Física, 12(1), Tubino, M. J. G. (1979). Metodologia científica do treinamento desportivo. São Paulo, SP: Ibrasa. Vaeyens, R., Philippaerts, R. M., & Malina, R. M. (2005). The relative age effect in soccer: A match-related perspective. Journal of Sports Sciences, 23(7), doi: / Vincent, J., & Glamser, F. D. (2006). Gender differences in the relative age effect among US Olympic development program youth soccer players. Journal of Sports Sciences, 24(4), doi: / Wattie, N., Cobley, S., & Baker, J. (2008). Towards a unified understanding of relative age effects. Journal of Sports Sciences, 26(13), doi: / AUTORES: Marcus Vinicius da Silva 1 Josária Ferraz Amaral 1 Renato Miranda 1 1 Universidade Federal de Juiz de Fora Minas Gerais, Brasil. Características motivacionais de corredores de diferentes provas do atletismo PALAVRAS CHAVE: Psicologia do esporte. Autodeterminação. Corridas. RESUMO O objectivo do presente estudo foi comparar as características motivacionais dos corredores do atletismo, levando em consideração a especialidade de prova, o tipo de motivação e o género. A amostra foi constituída por 40 atletas (24 do sexo masculino) de alto rendimento do atletismo, divididos em grupos de acordo com a especialidade: oito velocistas (20.38 ± 2.88 anos), 10 meio fundistas (25.91 ± 6.79 anos), 14 fundistas (30.46 ± 7.46 anos), e oito ultramaratonistas (36.13 ± 7.41 anos). Para investigar as características motivacionais foi utilizado o Sport Motivation Scale (SMS), validado para a língua portuguesa (SMS-BR). A motivação dos corredores das diferentes modalidades foi similar, à exceção da subescala de motivação extrínseca identificada que foi maior nos ultramaratonistas, quando comparados aos corredores meio fundistas (p=.029). Em todos os grupos, os valores de motivação intrínseca total apresentaram valores ligeiramente superiores à motivação extrínseca; contudo, apenas no grupo de fundistas foi constatada diferença estatística (p=.004). Os resultados sugerem características motivacionais dos corredores de diferentes provas do atletismo são bem similares. Além disso, corredores de fundo possuem maior motivação intrínseca do que extrínseca. 09 Correspondência: Josária Ferraz Amaral. Universidade Federal de Juiz de Fora Minas Gerais, Brasil (josaria_ferraz@hotmail.com) 115 RPCD 17 (S2.A):

60 Motivational characteristics of runners of differences races of track and field ABSTRACT The aim of this study was compare the motivational characteristics of track and field runners, taking into account the modality, the type of motivation and gender. The sample consisted of 40 high performance track and field athletes (24 male), divided into groups according to their specialty: eight sprinters (20.38 ± 2.88 years), 10 middle distance runners (25.91 ± 6.79 years), 14 distance runners (30.46 ± 7.46 years), and eight ultramarathonists (36.13 ± 7.41 years). To investigate the motivational features we used the Sport Motivation Scale (SMS), validated for the Portuguese language (SMS-BR). The motivation of the runners of the different modalities was similar, except for the identified extrinsic motivation subscale, which was higher in ultramarathonists when compared to middle distance runners (p=.029). In all groups, the overall intrinsic motivation values showed slightly higher values in extrinsic motivation; however, only the distance runners group showed a statistical difference (p=.004). The results suggest that the motivational characteristics of runners of different track and field modalities are very similar. In addition, long-distance runners have higher intrinsic motivation that extrinsic motivation. KEY-WORDS: Sport psychology. Self-determination. Running. INTRODUÇÃO O atletismo é um desporto composto por diversas modalidades baseadas nos movimentos naturais do ser humano, como correr, saltar e lançar. As provas que possuem um maior número de praticantes, devido a sua naturalidade, são as corridas. Essas provas são sub- dividas de acordo com a sua distância em corridas de velocidade, corridas de meio fundo, corridas de fundo e corridas de ultrafundo. Essas diferentes distâncias as tornam distintas entre si, tanto no que diz respeito aos aspetos fisiológicos quanto aos psicológicos (Buceta, López de la Llave, Pérez-Lantada, Vallejo, & Delpino, 2002). Porém, independentemente do tipo de prova, a participação contínua no processo de treino e competição dessas modalidades demanda uma elevada capacidade psicofísica dos atletas. Os motivos que levam os atletas a se manterem treinando e competindo têm sido alvo de muitas pesquisas da psicologia do desporto (Alonso, Lucas, & Izquierdo, 2007; Miranda & Bara Filho, 2008). Nesse contexto, o desenvolvimento de novos métodos para aumentar os níveis de motivação tem se destacado, dada a sua importância para o aprimoramento da capacidade psicológica dos atletas (Coimbra et al., 2008, 2013). A motivação é caracterizada como os factores pessoais e ambientais que impulsionam os atletas à participação e rendimento nos desportos (Deci & Ryan, 1985). Além disso, a motivação pode ser subdivida em intrínseca e/ou extrinsecamente motivada ou amotivada (Deci & Ryan, 1985). A motivação intrínseca é caracterizada como a mais autodeterminada, na qual o indivíduo realiza a actividade pelo prazer que ela proporciona (Brière, Vallerand, Blais, & Pelletier, 1995; Vallerand, 1997). Por outro lado, a motivação extrínseca está relacionada ao direcionamento do comportamento para fatores externos, como ganhar competições e prêmios e obter reconhecimento dos técnicos e familiares (Coimbra et al, 2013). Já a amotivação está ligada à desesperança com a prática daquele desporto, não despertando no indivíduo motivos para continuar a praticar (Deci & Ryan, 1985). Sendo assim, segundo Ryan, Frederick, Lepes, Rubio, e Sheldon (1997) conhecer os motivos que levam o sujeito a praticar um determinado desporto aumentam as possibilidades de adesão no programa de treino, fazendo com que ele se mantenha engajado na modalidade. No que se refere ao atletismo, a investigação das características motivacionais tem sido realizada apenas nos atletas das provas de resistência (Balbinotti et al., 2015; Buceta et al., 2002; Krouse, Ransdell, Lucas, & Pritchard, 2011; Sanchez, Izquierdo, & Gonzalez, 2009; Vega, Rivera, & Ruiz, 2011; Zabala, Rueda, & Rodriguez, 2009), não sendo conhecida a motivação de corredores de provas de velocidade. Além disso, não foram encontrados trabalhos com propósito de comparar as características motivacionais de corredores de diferentes especialidades do atletismo. Dado o exposto, o presente estudo teve como objectivo comparar as características motivacionais dos corredores do atletismo, levando em consideração a especialidade de prova e o tipo de motivação RPCD 17 (S2.A)

61 MÉTODO AMOSTRA A amostra foi não probabilística e intencional, sendo constituída por 40 atletas de alto rendimento do atletismo (25 do sexo masculino), divididos em grupos de acordo com a especialidade, velocistas (VE), meio fundistas (MF), fundistas (FD) e ultramaratonistas (UM). O grupo VE foi composto por atletas especialistas em provas rasas e/ou com barreiras com distâncias igual ou inferior a 400m. Foram considerados para o grupo MF especialistas em provas rasas com distância compreendida entre 800m e 3000m e para o grupo FD, aqueles que competem em distâncias compreendidas entre 5000m e 42195m (maratona). Já o grupo UM foi composto por atletas especialistas em ultrafundo (provas acima de 42195m). Todos os voluntários eram federados e possuíam nível competitivo no âmbito nacional e/ ou internacional. Foram excluídos do estudo os atletas que realizavam menos de seis sessões de treino por semana, aqueles lesionados ou em processo de recuperação, os que não competiram nos últimos 12 meses e os que possuíam período inferior há três anos de prática. A pesquisa foi realizada após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme normas éticas exigidas pela Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil, protocolo CEP/UFJF , parecer n INSTRUMENTOS Com o objectivo de conhecer o tempo de prática, o número de sessões de exercício físico por semana, o nível competitivo e a especialidade do atleta, foi aplicado um questionário geral. Para investigar as características motivacionais dos atletas foi aplicado o Sport Motivation Scale (SMS) (Brière et al., 1995, Pelletier et al., 1995) validado para a língua portuguesa (Bara Filho et al., 2010), a qual passou a ser denominada por Escala de Motivação Esportiva (SMS-BR). A mesma é composta por 28 itens precedido do enunciado: Por que você prática esporte?, ao qual se responde com uma escala tipo Likert de 7 pontos, que variam de não corresponde em nada a corresponde exatamente. PROCEDIMENTOS Os atletas foram esclarecidos sobre os propósitos da pesquisa e instrumento que seria utilizado e após concordarem em participar, assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Logo em seguida, os atletas responderam ao questionário geral e a escala de motivação desportiva SMS-BR. A coleta dos dados foi realizada em um ambiente livre de ruídos que pudessem influenciar a concentração do voluntário. ANÁLISE ESTATÍSTICA Para verificar a normalidade da distribuição dos dados, utilizou-se o teste de Shapiro- -Wilk. Empregou-se estatística descritiva por meio de médias e desvio-padrão para todas as variáveis analisadas. A fidedignidade do instrumento (SMS-BR) foi avaliada por meio da consistência interna (método alfa de Cronbach). Com o objectivo de comparar os grupos masculino e feminino, foi empregado o teste t de student para as variáveis que apresentaram distribuição normal, e o teste Mann-Whitney para as variáveis não paramétricas. Para verificar as possíveis diferenças relacionadas à especialidade do atletismo com as subescalas analisadas do SMS-BR e as motivações intrínsecas e extrínsecas intragrupo, utilizou-se a análise de variância com os testes ANOVA One-way, seguida do post hoc de Tukey para as variáveis que apresentaram distribuição normal e Kruskal-Wallis para as variáveis que violaram essa condição. Foi realizado o cálculo do tamanho do efeito para a subescala de motivação intrínseca para atingir o objetivo e para motivação intrínseca e extrínseca intragrupo, por meio da fórmula do d de Cohen para verificar a magnitude do efeito da diferença, respectivamente, entre as especialidades e motivações. Como classificação foi adotado:.20 d <.50 = pequeno;.50 d <.80 = médio; d.80 = grande (Cohen, 1988). O nível de significância adotado foi p <.05. Para a análise dos dados foi utilizado o software Statistical Package for Social Sciences (SPSS, versão 15.0). O nível de significância adotado foi p <.05. RESULTADOS Os dados referentes ao sexo, idade, nível competitivo dos voluntários, bem como as informações das sessões de treino realizadas nos últimos dois anos pelos atletas, foram reportados no quadro 1. QUADRO 1. Caracterização demográfica da amostra Velocista (n = 8) Meio Fundista (n = 10) ESPECIALIDADES Fundista (n = 14) Ultra-Maratonista (n = 8) Idade (anos) 20.38± ± ± ±7.41 Sexo (M/F) 5/3 8/2 8/6 4/4 Nível (Nac./Int.) 5/3 8/2 8/6 4/4 Nº treinos por semana 6.13± ± ± ±0.53 Duração da sessão (min) 93.75± ± ± ±30.21 NOTA: n. número de voluntários; M. masculino; F. feminino; Nac. nacional; Int. Internacional; Nº. número; min. minutos RPCD 17 (S2.A)

62 A consistência interna dos dados do SMS-BR deste estudo, assim como os valores encontrados em outras pesquisas foi reportada no quadro 2. Neste estudo, os valores de alfa foram próximos ou superiores a.70, o que indica boa consistência interna (Netemeyer, Bearden, & Sharma, 2003). QUADRO 2. Índice alfa de Cronbach para as subescalas do SMS-BR em diversas pesquisas e no presente estudo PESQUISAS ÍNDICE ALPHA DE CRONBACH POR SUBESCALAS MI_C MI_EE MI_AO ME_ID ME_IN ME_RE AM Presente estudo Atletismo Pelletier et al. (1995) Atletas Universitários Alonso et al. (2007) Diversos desportos Costa et al. (2010)Futebol Bara Filho et al. (2010) Diversos desportos Nota: MI_C. motivação intrínseca para conhecer; MI_AO. motivação intrínseca para atingir objectivos; MI_EE. motivação intrínseca para experiências estimulantes; ME_RE. motivação extrínseca regulada externa; ME_IN. motivação extrínseca introjetada; ME_ID. motivação extrínseca identificada; AM. Amotivação. O quadro 3 apresenta as comparações das subescalas de motivação entre as especialidades dos atletas avaliados. Não foram observadas diferenças entre os grupos nas subescalas de motivação, à exceção do grupo de corredores MF apresentou menor motivação extrínseca identificada quando comparado ao grupo de UM (p=.029) com tamanho de efeito grande (Cohen, 1998) (d =.91). O grupo FD demonstrou valores superiores da motivação intrínseca para atingir objetivos em relação às demais especialidades, no entanto essa diferença não foi significativa (p=.077). O tamanho do efeito entre os grupo de fundista e meio fundistas, velocistas e ultramaratonistas foi, respectivamente, grande (d=.97), médio (d=.66) e pequeno (d=.45) (Cohen, 1998). MI_EE 6.28 ± ± ± ± ME_ID 5.25 ± ± 1.23 * 5.84 ± ± ME_IN 5.06 ± ± ± ± ME_RE 4.81 ± ± ± ± AM 1.91 ± ± ± ± MI ± ± ± ± ME ± ± ± ± Nota: Nível de significância p<0,05, Média ± desvio-padrão, *vs ultramaratonistas, MI. motivação intrínseca; MI_C. motivação intrínseca para conhecer; MI_AO. motivação intrínseca para atingir objectivo; MI_EE. motivação intrínseca para experiências estimulantes; ME. motivação extrínseca; ME_RE. motivação extrínseca regulada externa; ME_IN. motivação extrínseca introjetada; ME_ID. motivação extrínseca identificada; AM. Amotivação. A figura 1 apresenta a comparação entre a motivação extrínseca e intrínseca intragrupo de cada especialidade. Apenas o grupo de corredores de fundo apresentou de forma significativa a motivação intrínseca maior do que a motivação extrínseca (p=.0004) com tamanho de efeito grande (Cohen, 1998) (d = 1.20). Todos os demais grupos demonstraram valores superiores de motivação intrínseca, no entanto essas diferenças não foram significativas. O tamanho do efeito nesses grupos foram médios, velocistas (d=.65), meio fundistas (d=.61) e ultramaratonistas (d=.62) (Cohen, 1998). 09 QUADRO 3. Comparações das subescalas do SMS-BR entre as especialidades dos corredores. VELOCISTA (n = 8) MEIO FUNDISTA (n = 10) ESPECIALIDADES FUNDISTA (n = 14) ULTRA- MARATONISTA (n = 8) p Valor MI_C 5.53 ± ± ± ± MI_AO 5.53 ± ± ± ± FIGURA 1. Comparação da motivação intrínseca e extrínseca intragrupo. Nota: MI. motivação intrínseca; ME. motivação extrínseca. * motivação extrínseca vs motivação extrínseca (p=.0004). 121 RPCD 17 (S2.A)

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