PROC. N. 2149/04 P.L.L. N. 088/04 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

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Ângela Camelo de Almada
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1 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS A presente homenagem, denominando um logradouro público de nosso Município, é fruto do reconhecimento à vida e obra de uma pessoa que teve sua trajetória, ao longo dos anos, baseada na ética e no compromisso social e político do homem frente à sociedade e ao País. Demétrio Ribeiro, filho de Basileu Ribeiro e Madeleine Thomas Tailiade Ribeiro, neto do republicano Demétrio Nunes Ribeiro, nasceu no dia 1º de setembro de 1916, em Porto Alegre e faleceu no dia 22 de outubro de 2003, aos 87 anos. Viveu os primeiros cinco anos de idade na estância do avô, em Alegrete, no Rio Grande do Sul. Filho de pai brasileiro e mãe francesa, aos sete anos mudou-se com a família para a França, retornando a Porto Alegre quando tinha 18 anos, para prestar o Serviço Militar. Era arquiteto diplomado pela Faculdade de Arquitetura de Montevidéu, Uruguai, em Casou-se, em segundas núpcias, com Enilda Ribeiro, sendo de seu primeiro matrimônio os seus três filhos: Demétrio Allonso Ribeiro (falecido), Madeleine Ribeiro Taurinos e Mathilde Ribeiro Mendes. Nosso homenageado é um homem cuja trajetória iluminou o caminho de muitas gerações, seja através de sua atividade como professor universitário, seja como profissional ou como membro atuante de sua categoria, assim como pela permanente atuação na vida política do País. Como professor universitário da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi catedrático de Composições de Arquitetura, regente da cadeira de Teoria e Prática dos Planos da Cidade e professor da cadeira de Evolução Urbana e Composições da Arquitetura. Foi um dos fundadores da Faculdade de Arquitetura da Ufrgs. Como profissional, foi autor de vários Projetos, entre os quais destacamos o do Colégio Júlio de Castilhos, do Grupo Escolar Venezuela, do Fórum de Cachoeira do Sul, do Instituto de Pesquisas Biológicas do Rio Grande do Sul e do Plano Piloto para o Centro Esportivo na Avenida Beira-Rio em Porto Alegre.

2 -2- Na área do Urbanismo, foi autor, em colaboração, de vários projetos urbanísticos, destacando-se os Planos Diretores para várias cidades do Rio Grande do Sul e de outros Estados, como, por exemplo, os Planos Diretores de Uruguaiana, Lajeado, Caxias do Sul, Passo Fundo, Gramado, Florianópolis, Criciúma, entre tantos outros. Cabe salientar que os trabalhos desenvolvidos por este arquiteto foram, na sua grande maioria, fruto de premiações em concursos públicos. Foi consultor e coordenador de vários trabalhos na área da arquitetura e do urbanismo, dos quais destacamos a coordenação da Comissão Nacional de Política Urbana do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB). Também foi membro de várias comissões de seleção e premiação de concursos públicos de arquitetura e para cargos de docência na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na Universidade de São Paulo. Juntamente com a sua vida profissional, desempenhou várias atividades nas entidades de sua categoria, vindo a ser Presidente do IAB, departamento do RS, de 1968 a 1969; Presidente do Conselho Nacional do IAB, de 1977 a 1979; membro vitalício do Conselho Superior; Vice-Presidente da Associação de Docentes da U- niversidade Federal do Rio Grande do Sul, em Durante o período em que participou ativamente dentro da categoria, foi presença constante em vários fóruns de debates nacionais e internacionais como delegado, convidado especial, painelista, conferencista e relator. Autor da tese sobre Planejamento Urbano e Subabitação e de diversos artigos e entrevistas na imprensa gaúcha, Demétrio Ribeiro recebeu várias homenagens pelo justo reconhecimento de seu trabalho, sendo membro honorário da Associação Paraguaia de Arquitetos, Presidente de Honra do XII Congresso Brasileiro de Arquitetos, Professor Emérito da UFRGS, por decisão unânime do Conselho Universitário e, recentemente, recebeu a medalha do mérito conferida pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, pela contribuição prestada à categoria. Como cidadão, participou intensamente da política partidária do País, tendo ingressado no Partido Comunista do Brasil em 1945, onde militou ativamente, o que lhe causou inúmeras perseguições políticas. Assim, em 1964 teve o seu direito de cátedra, na Faculdade de Arquitetura da UFRGS, cassado pelo governo militar. Passou então a fazer planejamento para várias cidades pequenas e médias, como Uruguaiana e Panambi, mas sem assinar nem aparecer.

3 -3- Teve esse seu direito readquirido com a Anistia, em 1979, quando voltou a lecionar uma de minhas maiores paixões como sempre afirmou. Na década de 50, foi ao lado de outros expoentes como Carlos Scliar, Ciro Martins, Fernando Guedes, Lací Osório e Vasco Prado membro do Conselho de Redação da Revista Horizonte, dirigida por Lila Ripoll que se constituía em um importante órgão teórico do Partido Comunista do Brasil e, de resto, da intelectualidade progressista gaúcha. O professor Antônio Salles, em artigo publicado no jornal Adverso, relata que os que o conheciam superficialmente atribuíam-lhe uma identidade de bolchevique estereotípico da qual ele não se queixaria, tamanho e tão integral era seu compromisso com a causa do socialismo. Também no referido artigo o professor Salles relata que Demétrio era firmemente comprometido com o fundamento do amor como base. Acreditava no impulso à colaboração como essência humana, contrariamente à competição, à interdestruição e ao mito fortificante dos danos mútuos. Tendo compreendido que era um comunista, sempre seguiu assim. Ao final de sua vida, dono e filho de dono de terras, costumava repetir: estou cada vez mais convencido de que a propriedade da natureza é tão absurda quanto à propriedade do semelhante. Muito pouco lucro, talvez nenhum, auferia de sua fazenda. Quem sabe até mesmo prejuízo. Suas terras eram mantidas como uma espécie de reserva ecológica. O arquiteto e professor da Universidade Ritter dos Reis, Udo Silvio Mohr, hoje está fazendo um estudo que resultará em um documentário sobre Demétrio Ribeiro, pois segundo palavras do professor Udo, nosso homenageado não acumulou documentação sobre o seu trabalho, principalmente devido à sua modéstia, poderia se dizer que ele se traduzia apenas como um ator atento e participante da peça que se desenrolava a seu redor. Demétrio Ribeiro recebeu da Câmara Municipal de Porto Alegre o título honorífico de Cidadão Emérito de nossa cidade, homenagem proposta pelo então Vereador Clóvis Ilgenfritz (Resolução nº 1.271, de 22 de dezembro de 1994, em anexo). Da proposição do Vereador Clóvis, extraímos cópia do curriculum vitae de nosso querido Demétrio Ribeiro, que anexamos ao presente projeto.

4 -4- A trajetória de vida de nosso homenageado é para nós um exemplo de amor à humanidade, de ética, de compromisso com a transformação de nossa sociedade, que cada vez mais nos dá forças para prosseguir em nossa caminhada pela busca de um mundo melhor para todos. Pelas razões expostas é que contamos com o apoio e o voto de nossos nobres Pares para aprovação da presente proposição. Sala das Sessões, 14 de abril de RAUL CARRION /jco

5 PROJETO DE LEI Denomina Praça Arquiteto Demétrio Ribeiro um logradouro público não-cadastrado, localizado no Bairro Coronel Aparício Borges. Art. 1º Fica denominado Praça Arquiteto Demétrio Ribeiro o logradouro público não-cadastrado, atualmente conhecido como Praça 1003, localizado no Bairro Coronel Aparício Borges, entre a Avenida Coronel Aparício Borges e a Rua Bernardo Guimarães, nos termos da Lei Complementar n. 320, de 2 de maio de 1994, e alterações posteriores. Parágrafo único. As placas denominativas conterão, abaixo do nome, os seguintes dizeres: Arquiteto e Urbanista. Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

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