MAGNIFICAT. 09.Maio Johann Sebastian Bach. Salão Nobre do IST 21h30

Transcrição

1 09.Maio.2012 Salão Nobre do IST 21h30 MAGNIFICAT Johann Sebastian Bach Ariana Russo, Teresa Duarte sopranos Rita Tavares mezzo-soprano Pedro Cachado tenor Leandro Silva barítono Catarina Távora violoncelo Joana Bagulho cravo Daniel Nunes órgão Coro e Orquestra de alunos da ESML, Escola Superior de Música de Lisboa Direcção de Tiago Oliveira {1}

2 Apresentação Apresentar uma obra tão fascinante como o Manificat de J.S. Bach é para nós mais do que uma responsabilidade ou um privilégio; é, sobretudo, a oportunidade de a partilhar com todos. Este é um projecto de alunos da ESML, contando com a colaboração de alguns dos seus professores, tendo como objectivo primordial a expressão artística e, consequentemente, o trabalho em conjunto dos músicos, alunos e professores da escola. Esta é uma obra que, pela sua beleza e pelos desafios que coloca, nos motiva a dar um passo em frente na nossa vida artística e musical, a descobrir mais um pouco do mundo inesgotável de J.S. Bach e, acima de tudo, a comunicar esta experiência com o público. Esperamos que este trabalho seja mais um contributo de esperança, a juntar a outros tão grandes, para que a nossa Escola e o nosso país artístico não sejam condenados. Não podemos deixar de agradecer a todos os que de uma forma directa ou indirecta nos ajudaram de modo incansável e que permitiram que este projecto se tornasse real. Deixamos um agradecimento especial ao Professor Paulo Lourenço, ao Professor Pedro Castro, à Professora Joana Bagulho, ao Instituto Gregoriano de Lisboa na pessoa da sua Presidente, Professora Maria Luísa Oliveira, ao Sr. José Cedoura, ao Sr. Vítor Moreira Jorge, à ESML e ao IST. Tiago Oliveira {3}

3 Notas à margem O Magnificat é um cântico religioso, retirado do Evangelho segundo S. Lucas (Lc 1, 46-55), cantado nas Vésperas (Liturgia das horas), no qual Maria, mãe de Jesus, exclama o seu agradecimento e devoção a Deus. Bach compôs duas versões do Magnificat, a versão original em 1723, para o seu primeiro Natal em Leipzig, estreando a obra na igreja de S. Tomás ( Thomaskirche ) e a segunda sete anos depois, em Com tonalidade em Mi bemol Maior, na primeira composição o texto sagrado estava dividido em 11 números que precediam um Glória final, intercalados por quatro cânticos de Natal em alemão. A presença do latim no repertório de Bach cinge-se quase exclusivamente a esta obra e às missas, compondo as Paixões segundo S. João e S. Mateus (1724 e 1727, respectivamente), e as Cantatas em língua alemã, por consequência da deslatinização da crença luterana. O Magnificat tem números solísticos bastante mais curtos por comparação com as já referidas obras corais, apesar de quase todos terminarem com uma segunda apresentação dos compassos iniciais. Agrupa um conjunto de 5 solistas (sopranos I e II, contralto, tenor e baixo), um coro a 5 vozes (como nos solistas) e uma orquestra com 2 flautas transversais, 2 oboés, 4 trompetes, timbales, violino I e II, viola e baixo-contínuo (órgão, cravo, violoncelo e fagote). Em 1730, sete anos depois da primeira versão, Bach baixa a tonalidade para Ré Maior para facilitar a interpretação dos metais (passam a trompetes em Ré) e dos timbales, e elimina os quatro cânticos de Natal para que fosse interpretada durante todo ano (anexos esses, interpretados no presente concerto). Nesta nova arquitectura, a obra abre com uma apresentação orquestral, em jogos de cordas com madeiras e sopros, dando lugar a uma entrada sequencial do coro, num compasso de 3/4, sempre em ambiente festivo. Em seguida, o soprano II tem um andamento a solo Et Exultavit. Partindo do Ré Maior vai em coloratura até ao relativo menor (Si), para tornar à tónica, em compasso de 3/8 expressando E o meu espírito se alegra em Deus. Este dá lugar a um lamentoso Quia Respexit para oboé d amor, contínuo e soprano I solo, no relativo menor, sendo marcado por frases cromáticas descendentes, características de Bach. {4}

4 Sem interrupção, e de modo abrupto, inicia-se o número coral Omnes Generationes, como que numa voz colectiva muito agitada. Em Fá sustenido menor, o compositor oferece 41 entradas das vozes sobre este texto, numa referência alusiva ao facto de o filho de Maria, Jesus de Nazaré, ser o 41.º descendente de Abraão. O registo volta a alterar-se para o solo de baixo, Quia Fecit Mihi Magna, num Andante cerimonial, somente acompanhado pelo contínuo. No sexto número, um andamento de solo combinado entre o contralto e o tenor, Et Misericordia passa uma ideia de marcha fúnebre (sempre com contínuo figurado em semínima-colcheia, compasso 12/8), pois A sua misericórdia chega aos que O temem, de geração em geração é musicado em Mi menor, num Lento doloroso. Retorna-se ao coro em Fecit Potentiam, com tutti orquestral na tonalidade muito clara de Sol Maior em 4/4, caracterizando o Poder Divino: Ele realiza proezas com o seu braço. No compasso 28, ocorre uma série de entradas em cascata ( Dispersit ), e em Superbos ocorre em simultâneo um acorde de 7.ª diminuta de Mi sustenido, dando lugar a uma longa cadência coral em Adagio. Em Deposuit Potens, é a vez do tenor demonstrar as suas capacidades interpretativas, num número que se caracteriza por complexo, em coloratura, sempre num Allegro assertivo em Fá sustenido menor ( Derruba do trono os poderosos ). O contralto regressa em Esurientes para, de modo tranquilo em Andante de 4/4, repor a Justiça, juntamente com o número anterior. Suscepit Israel exponencia ainda mais esta ideia, havendo somente vozes femininas em entradas alternadas, com o contínuo a marcar a pulsação e o oboé a definir o modo das funções harmónicas, levando um estável e eterno Molto Tranquilo até uma cadênica picarda em mínima com ponto, quase infinita, em Si. Retomando a cor inicial, apresenta se uma fuga em Ré Maior com Sicut Locutus Est caracterizando o tema em nove tempos, dando lugar ao Glória final em apenas 42 compassos, num desenho melódico e harmónico complexo, passando por tonalidades como Fá sustenido menor, Mi menor, cadenciando o Gloria et Spiritui Sancto em Lá Maior (dominante de Ré), para dar lugar a um retomar do tema do Magnificat Anima Mea inicial, concluindo a obra de modo brilhante e triunfal. João Pedro Afonso (aluno de Ciências Musicais da FCSH - UNL) {5}

5 Programa 1. Chor Magnificat anima mea Dominum. 1. Coro A minha alma glorifica o Senhor. 2. Arie -Sopran II Et exultavit spiritus meus in Deo salvatore meo. 2. Ária -Soprano II E o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. 2a. Chor Vom Himmel Hoch da komm ich her, Ich bring euch gute neue Mär; Der guten Mär bring ich so viel, Davon ich sagen will. 2a. Coro Venho do alto dos Céus, Trago-vos boas novas recentes; Boas novas trago eu tantas, Que sobre elas quero cantar e falar. 3. Arie -Sopran I Quia respexit humilitatem ancillae suae, ecce enim ex hoc beatam me dicent. 3. Ária -Soprano I Porque olhou para a humildade da sua serva, Doravante todas as gerações me felicitarão. 4. Chor Omnes generationes. 4. Coro Todas as gerações. 5. Arie -Bass Quia fecit mihi magna, qui potens est, et sanctum nomen eius. 5. Ária -Baixo Porque o Todo-poderoso realizou grandes obras o Seu nome é santo. [em meu favor] 5a. Chor Freut euch und jubiliert; Zu Bethlehem gefunden wird Das herzliebe Jesulein, Das soll euer Freud und Wonne sein. 5a. Coro Alegrai-vos e jubilai; Em Belém se encontrará O amado Menino Jesus, Que será a vossa alegria e felicidade. 6. Arie -Alt und Tenor Et misericordia eius in progenies et progenies timentibus eum. 6. Ária -Alto e Tenor E a sua misericórdia chega aos que O temem, de geração em geração. {6}

6 7. Chor Fecit potentiam in brachio suo, dispersit superbos mente cordis sui. 7. Coro Ele realiza proezas com o seu braço, Dispersa os soberbos de coração. 7a. Chor Gloria in excelsis Deo, Et in terra pax hominibus, bona voluntas. 7a. Coro Glória a Deus nas alturas, E paz na terra aos homens de boa vontade. 8. Arie -Tenor Deposuit potentes de sede et exaltavit humiles. 8. Ária -Tenor Derruba do trono os poderosos e eleva os humildes. 9. Arie -Alt Esurientes implevit bonis et divites dimisit inanes. 9. Ária -Alto Aos famintos enche-os de bens, e despede os ricos de mãos vazias. 9a. Arie -Sopran I und Bass Virga Jesse floruit, Emmanuel noster apparuit; Induit carnem hominis, Fit puer delectabilis. Alleluja. 9a. Ária -Soprano I e Baixo A vara de Isai floresceu, E apareceu o nosso Emanuel; Em forma de carne humana, Como um rapaz adorável. Aleluia. 10. Arie -Sopran I/II und Alt Suscepit Israel puerum suum, recordatus misericordiae suae. 10. Ária -Sopranos I e II e Alto Socorre Israel, seu servo, fazendo-o lembrar da sua misericórdia. 11. Chor Sicut locutus est ad patres nostros, Abraham et semini eius in saecula. 11. Coro Conforme prometera aos nossos pais em favor de Abraão e da sua descendência, para sempre. 12. Chor Gloria Patri et Filio et Spiritui Sancto, Sicut erat in principio et nunc et semper Et in saecula saeculorum. Amen. 12. Coro Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, Como era no princípio, agora e sempre E pelos séculos dos séculos. Ámen. {7}

7 Orquestra Primeiros Violinos: Sandrina Rodrigues, Sandra Rosinha, Margarida Pinheiro Segundos Violinos: Victoria Valdes, Rafaela Albuquerque, Raquel Fernandes Violas: Bárbara Pires, Diana Luís Violoncelos: Catarina Távora, Paulo Cepêda Contrabaixo: Domingos Ribeiro Flautas: Alexandrina Faria, Beatriz Jorge Oboés: Salomé Alves, Paulo Maciel Trompetes: Marco Silva, Carlos Cartageno, Inês Diogo Tímpanos: João Luís Órgão: Daniel Nunes Cravo: Joana Bagulho Coro Sopranos: Ariana Russo, Inês Lopes, Rita Marques, Teresa Duarte, Ana Tomás, Laura Lopes Contraltos: Rita Tavares, Fátima Nunes, Jacinta Correia Tenores: Pedro Cachado, Rui Aleixo, Carlos Monteiro Baixos: Leandro Silva, Pedro Casanova*, Sérgio Silva*, Rui Borras* (* coralista convidado) Organização Prof. Henrique Silveira Oliveira (IST) Revisão das notas Prof. Miguel Casquilho (IST) {8}