4 Simpósio de Arqueologia e Patrimônio de Minas Gerais e 3 Reunião da SABSUDESTE

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1 4 Simpósio de Arqueologia e Patrimônio de Minas Gerais e 3 Reunião da SABSUDESTE Data: 04 a 07 de novembro de 2010 Local: Anfiteatro do DEGEO Campus da UFOP Ouro Preto Minas Gerais Todos os que participaram do 4 Simpósio de Arqueologia e Patrimônio de Minas Gerais e 3 Reunião da SAB SUDESTE, compartilharam as discussões e reflexões sobre o exercício pleno da Arqueologia Pública, seja na práxis das pesquisas arqueológicas desenvolvidas no âmbito acadêmico ou oriundas da denominada arqueologia preventiva. A relevância do evento no tocante a publicização e agregação das pesquisas desenvolvidas não apenas no estado de Minas Gerais, mas na região Sudeste de uma forma geral, foi pontuada logo na solenidade de abertura. Na ocasião estavam presentes os representantes das instituições convidadas, bem como dos organizadores do evento, tais como: Pró-Reitor de Graduação da UFOP, Prof. Dr. Jorge Adílio Pena; a Consultora de Licenciamento Ambiental da Área de Gás e Energia da Petrobrás, Aline Bastos; o representante do IPHAN, Francisco Pugliese Jr; a representante da SAB Sudeste, Christiane Machado; o chefe do Departamento de Museologia da UFOP, Prof. Gilson Antônio Nunes; o coordenador do MAEA-UFJF, Prof. José Carlos Loures de Oliveira; o Secretário de Cultura e Turismo da Prefeitura de Ouro Preto, Chiquinho de Assis e por fim, a representante da Comissão Organizadora do Simpósio, Ana Paula de Paula Loures Oliveira. A cerimônia de abertura foi seguida da palestra ministrada pela Profª Drª Tania Andrade Lima, intitulada A terceira margem da Arqueologia Preventiva. Em uma brilhante reflexão acerca da trajetória histórica da arqueologia desenvolvida sob o âmbito empresarial no país, concluiu que um dos únicos caminhos possíveis para a superação da dicotomia persistente entre produção científica e produção técnica é o resgate de rigorosa ética profissional. Para a pesquisadora, pela margem da ética perpassa a possibilidade de que os estudos arqueológicos conduzidos no decorrer do licenciamento ambiental se tornem sempre geradores de conhecimento e não apenas de informações. Em seguida foi feito o lançamento dos livros Arqueologia e Patrimônio de Minas Gerais: Ouro Preto e Movimentos e Sentidos: a Arqueologia Preventiva nos condutos do

2 conhecimento. O primeiro livro consiste no quarto volume da série Arqueologia e Patrimônio e conta com artigos dedicados a expor e problematizar, a partir de uma perspectiva interdisciplinar, temas que são de interesse para todos os pesquisadores que trabalham direta ou indiretamente com o rico patrimônio cultural de Minas Gerais. Já o segundo livro pode ser considerado a expressão concreta do ideal de divulgar e discutir os estudos desenvolvidos pela Arqueologia Preventiva, que na maioria das vezes ficam restritos apenas aos relatórios técnicos apresentados às Superintendências Regionais do IPHAN. Além da promoção do livro, o coquetel foi também espaço de confraternização entre pesquisadores e estudantes. Na manhã do dia 05 de Novembro, teve início a Mesa Redonda intitulada Arqueologia e Patrimônio em empreendimentos lineares: dutovias da PETROBRAS, composta por Ana Paula de Paula Loures Oliveira, Christiane Lopes Machado e Paulo Seda, debatida por Francisco Antônio Pugliese. As discussões foram tão intensas que ultrapassou as fronteiras locais, permitindo o debate entre pesquisadores que atuaram em diferentes estados do Sudeste. Em concordância com a palestra proferida pela Profª Tania Andrade Lima, os conferencistas demonstraram a partir da apresentação de casos específicos as possibilidades de se produzir conhecimento científico no âmbito do licenciamento ambiental. No mesmo dia, no período da noite, aconteceu a segunda Mesa Redonda, intitulada Patrimônio Arqueológico e Musealização: uma perspectiva crítica, com as contribuições de Cristina Bruno, José Neves Bittencourt e Luciane Monteiro Oliveira, com as ponderações de Yara Mattos. No dia 06 de Novembro, na manhã, foi a vez dos resultados alcançados com a Arqueologia Histórica de Minas Gerais serem debatidos, em Mesa Redonda constituída por Alenice Baeta, Carlos Magno Guimarães e Paulo Junqueira, moderada por Andres Zarankin. Nas conferências apresentadas, foi realçado o contexto de Ouro Preto, a partir de diferentes perspectivas. Para todos os efeitos, a mesa constituiu uma oportunidade única para estudantes e pesquisadores perceberem as potencialidades da área no que tange o desenvolvimento de estudos arqueológicos. À noite, o tema preservação e Arqueologia Preventiva foi novamente enfocado, na fala do promotor Marcos Paulo de Souza Miranda. Na conferência A atuação do ministério público na defesa do patrimônio arqueológico de Minas Gerais, o palestrante apresentou de forma acessível os dispositivos legais que garantem a proteção do patrimônio arqueológico de

3 Minas Gerais bem como as dificuldades inerentes a sua aplicação. Em termos práticos, a palestra se materializou enquanto canal de comunicação entre pesquisadores e o poder público. A manhã do último dia do evento foi reservada a 3 Reunião da SAB Sudeste. Compuseram a mesa os representantes do núcleo regional, Ana Paula de Paula Loures Oliveira, Astolfo Gomes Araújo e Christiane Lopes Machado. Como debatedor, foi convidado o presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira, Eduardo Goés Neves. Na ocasião, foi discutida a configuração tomada pela arqueologia desenvolvida na região Sudeste, além de sinalizada a necessidade de fortalecimento da Regional frente a um contexto institucional e acadêmico mais amplo. Ao debater as considerações feitas pelos colegas, Eduardo Goés Neves dissertou sobre a configuração tomada pela Arqueologia Brasileira nas últimas décadas. Fez coro as palavras de Tania Andrade Lima ao lamentar a dicotomia existente entre Arqueologia Acadêmica e Arqueológica Preventiva. Para o pesquisador, um dos caminhos em direção a consolidação de uma arqueologia que se legitime enquanto prática científica é o estreitamento dos laços que unem teoria arqueológica e prática de campo. Não podemos deixar de mencionar que ao longo de todo o evento, também tiveram voz estudantes de graduação, mestrado e doutorado, bem como professores já institucionalizados, que apresentaram comunicações sobre os mais diversos assuntos. As temáticas eleitas para debate foram Arqueologia Pré-história, Pintura Rupestre, Tipologias e Tradições ceramistas, Arqueologia Histórica, Educação Patrimonial e Museus e Representação. Os trabalhos apresentados caracterizaram-se pela originalidade, partindo na maioria dos casos do enfoque interdisciplinar para problematizar questões do interesse de todos aqueles que atuam na interface Arqueologia e Patrimônio. Do mesmo modo relevantes, foram às apresentações de pôsteres, expostos no auditório do DGEO-UFOP nas tardes dos dias 05 e 06 de Novembro. Os trabalhos demonstraram um alto nível de qualidade, tanto no aspecto estético quanto de conteúdo. Em consonância com o caráter multidisciplinar do evento, painelistas provenientes de diferentes instituições versaram sobre Museologia, Antropologia, História, Arqueologia Pré-colonial e Arqueologia História, Educação Patrimonial e até mesmo Psicologia. Os participantes puderam assim transitar entre uma notável diversidade de temas, tendo ainda a oportunidade de dialogarem diretamente com os autores.

4 Como já é tradição do Simpósio, neste ano foi conferida a segunda edição do Prêmio Ondemar Dias para o pôster que se destacasse nos quesitos originalidade, relevância científica e objetividade. Foram distribuídas 50 cédulas de voto para todos os pesquisadores presentes. O painel vencedor foi A cor dos ossos: narrativas científicas e apropriações culturais sobre Luzia, um crânio pré-histórico do Brasil, elaborado pelo doutorando em Antropologia da UFF, Verlan Valle Gaspar Neto e o professor associado do Museu Nacional, Ricardo Ventura Santos. O autor agraciado, Verlan Neto, recebeu o prêmio diretamente das mãos do pesquisador Prof. Dr. Ondemar Dias. Aproveitamos este espaço para mencionar honrosamente os agraciados com o 2 e 3 lugar, respectivamente Antonio Carlos Souza e Jandira Neto, por Psicodrama pedagógico aplicado em educação patrimonial, uma nova proposta Programa AHE Batalha; Rodrigo Oliveira Monteiro, Rosemary Aparecida Cardoso e Maria Fernanda van Erven pelo trabalho Análise tecnológica da cerâmica do sítio arqueológico Ubá Vassouras, RJ. Na reunião, foram levadas ao público duas moções, frutos de discussões que aconteceram nos dias anteriores. A primeira moção, originada na Mesa Redonda Patrimônio arqueológico e musealização: uma perspectiva crítica, apelou para a necessidade de um plano nacional de políticas públicas que verse sobre os processos de musealização do patrimônio arqueológico, considerando ainda aspectos inerentes ao tratamento dos acervos. A segunda moção, gestada na Mesa Redonda Arqueologia Histórica em Minas Gerais, buscou reiterar a importância da proteção do patrimônio arqueológico dos Morros de Santana e Santo Antônio, situados no município de Mariana. Tais propostas foram aceitas sem restrições pela maioria dos participantes presentes. O evento se encerrou com a certeza de ter fomentado discussões relevantes, não só pertinentes a um contexto regional específico, mas válidas para todos aqueles que se propõe a desenvolver uma arqueologia imbuída de propósitos científico e consciente de seu papel social. Em boa medida, o 4 Simpósio de Arqueologia e Patrimônio de Minas Gerais e 3 Reunião da SABSUDESTE cumpriu com seu objetivo fundamental. O seu sucesso se reflete no número de inscritos participantes, 337 (trezentos e trinta e sete) superando as expectativas da organização. No que tange as modalidades de participação, foram 2 (duas) palestras e 3 Mesas Redondas com 16 (dezesseis) apresentações/debates. Já as comunicações orais totalizaram 23 (vinte e três) abarcando 36 (trinta e seis) autores e co-

5 autores. Os pôsteres foram 47 (quarenta e sete) divididos em 6 eixos temáticos, compreendendo 95 (noventa e cinco) autores e co-autores (Fig 1). Fig. 1 Modalidade de participação Esses indicadores revelam que em termos de participação com apresentação de trabalhos, foram aproximadamente 40% do número total, o que traduz as possibilidades de maior interação entre os pares, concretizando assim, os objetivos propostos na realização do evento. Vale salientar que são raros os eventos científicos e acadêmicos com essa particularidade de participação (Fig. 2).

6 Fig. 2 Relação de participantes com trabalhos apresentados Em relação às temáticas abordadas percebemos o crescimento dos trabalhos de pesquisa que versam sobre o patrimônio. Esse fenônemo está respaldado no crescimento das reflexões sobre o assunto, tratado em diferentes cursos e formações. A diversidade dos trabalhos desvela também o incremento das discussões que estão entrelaçadas e que pode se traduzir em termos de diretrizes para as políticas públicas nas esferas, municipais, estaduais e federais (Fig. 3 e 4).

7 Fig. 3 Distribuição das Mesas Temáticas das Comunicações Fig. 4 Distribuição por eixos temáticos dos Pôsteres

8 Quanto ao perfil dos participantes, contamos com a presença de 52 (cinqüenta e dois) pesquisadores, 17 (dezessete) profissionais liberais, 8 (oito) empresas, 48 (quarenta e oito) estudantes de pós-graduação, 193 (cento e noventa e três) estudantes de graduação e 19 (dezenove) participantes diversos, como gestores públicos, técnicos e demais interessados nos temas abordados. O número expressivo de estudantes demonstra o quão importante tem sido o evento na promoção de interlocução e formação de futuros profissionais. Do mesmo modo, revela a capacidade de publicização e divulgação do conhecimento à comunidade acadêmica (Fig. 5) Fig. 5 Perfil dos participantes No tocante as instituições, o maior número, foi da Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP, considerando o fato de ser a sede do evento. Não obstante, tivemos a presença significativa de pesquisadores e estudantes da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri UFVJM, seguida da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG, que conta atualmente com os cursos de graduação e pós-graduação em Antropologia/Arqueologia. A Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF era representada em sua maioria por membros do Museu de Arqueologia e Etnologia Americana MAEA. Posteriormente, temos o Instituto

9 de Arqueologia Brasileira IAB, seguido da Universidade de São Paulo USP. Por fim, em números menores estão outras instituições, como a UFRJ, UFF, UERJ, UEMG, UFV, UFG, PUC-GO, FURG, University of California Santa Barbara, IPHAN, entre outras.(fig. 6) Fig. 6 Instituições participantes Por fim, manifestamos os agradecimentos a todos que cooperaram de uma forma ou de outra com a organização e bom andamento das atividades do evento. Aos conferencistas, debatedores, colegas pesquisadores, estudantes de pós-graduação e graduação, técnicos, e demais participantes, externamos nossa satisfação pela credibilidade e apoio, certos de futuros encontros e reflexões para o dinamismo do conhecimento arqueológico regional e nacional. À FAPEMIG pelo apoio na produção de material de divulgação e a PETROBRAS pelo cumprimento do compromisso firmado em oferecer os recursos para a realização do 4 Simpósio de Arqueologia e Patrimônio de Minas Gerais e 3 Reunião da SABSUDESTE nossa consideração e reconhecimento.