As eternas dificuldades das políticas públicas para as cidades brasileiras

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1 JUL. AGO. SET ANO XIII, Nº INTEGRAÇÃO 219 As eternas dificuldades das políticas públicas para as cidades brasileiras JOSÉ RONAL MOURA DE SANTA INEZ* Resumo O presente texto reúne uma síntese do que foi apresentado e discutido em quatro apresentações feitas sobre o tema das políticas públicas e do financiamento de projetos urbanos no Brasil atualmente, no seminário intitulado Projetos Urbanos Contemporâneos no Brasil, realizado em São Paulo, em agosto de 2006, no âmbito do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Judas Tadeu. Palavras-chave Urbanismo. Projetos urbanos. Planejamento urbano Title The Eternal Difficulties of Public Policies for Brazilian Cities Abstract This text presents a synthesis of what was presented and discussed in four presentations on the public policies and the financing of urban projects in Brazil nowadays, in the seminar Contemporary Urban Projects in Brazil, held in São Paulo in August, 2006, within the Stricto Sensu post-graduation program in Architecture and City Planning of São Judas Tadeu University. Keywords City planning. Urban projects. Urban planning 1. as cidades brasileiras, hoje Nas cidades brasileiras, hoje, vivem cerca de 80% da população do país. Esta conta soma aproximadamente 140 milhões de brasileiros, distribuídos por quase municípios. Deste total, apenas 31 municípios tinham, de acordo com o Censo Demográfico de 2000, mais de 500 mil habitantes, nos quais vivem quase 30% do total da população do país. Se a isto somarmos os municípios que tinham, naquela data, mais de 100 mil habitantes, o percentual da população neles presente ultrapassa os 50% do total. Ou seja, o Brasil é, no início do século XXI, além de um país essencialmente urbano, um país em que a população está concentrada em grandes cidades. O presente artigo reúne uma síntese do que foi apresentado e discutido em quatro apresentações feitas sobre o tema das políticas públicas e do financiamento de projetos urbanos no Brasil atualmente, Data de recebimento: 16/04/2007. Data de aceitação: 30/04/2007. * Arquiteto e urbanista, doutor em Urbanismo pela Universidade de Paris, professor no curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da USJT e coordenador do Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Arquitetura e Urbanismo na mesma Universidade. prof.joseronal@usjt.br. no seminário intitulado Projetos Urbanos Contemporâneos no Brasil, realizado em São Paulo, em agosto de 2006, no âmbito do Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Judas Tadeu. Discutiram-se as políticas urbanas recentemente definidas em nosso país, observando-se que, se houve importantes avanços no que diz respeito às políticas para as cidades, também ficou revelada a permanência de entraves já conhecidos há muito tempo, e que dizem respeito às enormes dificuldades para a articulação na aplicação de recursos financeiros para o enfrentamento dos principais problemas urbanos, referentes às áreas da habitação, do saneamento e da mobilidade. A histórica desarticulação na cadeia dos recursos financeiros necessários à implementação de intervenções concatenadas, capazes de reunir projetos integrados, constitui problema que ainda preocupa, de acordo com os palestrantes e debatedores do primeiro dia do seminário. O tema proposto para o debate no primeiro dia do seminário, Políticas Públicas e Recursos Financeiros para Projetos Urbanos nas Cidades Brasileiras, Hoje, reuniu as palestras da secretária Nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades, arquiteta e urbanista Raquel Rolnik 1, da diretora de Desenvolvimento e de Projetos urbanos

2 220 INTEGRAÇÃO SANTA INEZ Políticas públicas da Prefeitura de Santo André, arquiteta e urbanista Margareth Uemura 2, e da representante da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), arquiteta e urbanista Maria Henriqueta Arantes Ferreira Alves 3. Ao fim das três palestras, o arquiteto e urbanista Ângelo Arruda 4, presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas, debateu os pontos apresentados pelas três palestrantes. 2. políticas públicas, instrumentos e recursos para projetos urbanos no brasil A secretária Nacional de Programas Urbanos do Ministério das Cidades, arquiteta e urbanista Raquel Rolnik, iniciou sua palestra, intitulada A construção de uma política fundiária e de planejamento urbano para o país: avanços e desafios, informando que apresentaria o que o Ministério das Cidades propôs e realizou nestes três anos e meio desde sua criação. Leia o texto preparado por ela para o seminário em informe/2006/agosto/semprojurb/sessoes/palestras/raquel.htm. Antes de tudo, segundo a palestrante, é necessário reafirmar que o padrão de urbanização brasileiro é excludente e predatório, e que as periferias das cidades não são cidades. Mais de 12 milhões de famílias vivem atualmente nessas porções extremamente carentes das cidades brasileiras, e o que ainda ocorre é a expansão e o adensamento de periferias urbanas distantes, ao lado da geração de vazios. Segundo ela, o paradoxo presente ao pensarem-se políticas urbanas no Brasil consiste na escassez de terras e de infra-estrutura para populações pobres, ao lado da existência de terras e imóveis ociosos em áreas consolidadas das cidades no Brasil. A história da constituição das cidades brasileiras é a de uma legislação que dialogou com a cidade formal, excluindo o mercado popular. Um exemplo desta prática é o zoneamento exclusivamente residencial unifamiliar, voltado à regulamentação de áreas onde reside a população de rendas médias e altas. Observa-se, desde sempre, a incapacidade do planejamento de romper com o ciclo de expansão periférica e de ocupação de áreas frágeis, somada a um tipo de planejamento que opera no sentido de concentrar renda e oportunidades nas mãos das classes favorecidas. Aqueles 12 milhões de famílias com renda de até 5 salários mínimos que vivem em domicílios irregulares e ilegais representam parcela que habita cerca de 25% do total dos domicílios do país, segundo a palestrante. Em 2003, a criação do Ministério das Cidades coroou um processo vindo desde os anos 80, da luta pela reforma urbana. Os princípios norteadores da ação do Ministério consistem em dar moradia digna à população dela carente e em propiciar a redução das desigualdades sociais. Entre as ações principais do Ministério das Cidades está a realização das Conferências das Cidades e a constituição do Conselho Nacional das Cidades. A primeira Conferência, realizada em outubro de 2003, contou com a participação de representantes de municípios, e a realizada em dezembro de 2005, com os de municípios. O Conselho funciona desde 2004, e todos os programas e projetos da Secretaria são nele discutidos. A prioridade é para as intervenções voltadas às camadas de população de rendas mais baixas. Entre 2003 e 2006 foram destinados R$ 28 bilhões para habitação, com recursos do Orçamento Geral da União, FGTS, FAT, FAR, FDS e Caixa. Estes recursos contemplam mais de 1,6 milhão de famílias, 70% delas com renda mensal de até 5 salários mínimos. Destaca-se, entre as ações do Ministério das Cidades, a criação do Fundo e do Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), que destinou, em 2006, cerca de R$ 1 bilhão, aplicados em assentamentos precários e na construção de moradias para baixa renda (até 3 salários mínimos). A prioridade consistiu na erradicação das palafitas. Por meio de linhas voltadas para a classe média, foram aplicados R$ 4,8 bilhões em 2005, com recursos oriundos da caderneta de poupança, beneficiando cerca de 60 mil famílias. Até junho de 2006, foram contratados R$ 3,4 bilhões, atendendo 40,4 mil famílias. De acordo com a palestrante, as ações da Secretaria Nacional de Habitação concentraram-se no direcionamento de recursos principalmente para famílias na faixa de até 3 salários mínimos (chegando a dar conta de 95% do déficit). Na área do saneamento ambiental, observa-se que hoje apenas 50% dos domicílios do país estão

3 JUL. AGO. SET ANO XIII, Nº INTEGRAÇÃO 221 ligados a algum tipo de rede de esgotos, contra 85% ligados à rede de água. Foram contratados, desde o início do funcionamento do Ministério das Cidades, R$ 10,5 bilhões para obras de saneamento, envolvendo a conclusão de mais de 800 obras, incluindo 6 milhões de famílias beneficiadas e gerando mais de 580 mil empregos diretos e indiretos. No plano dos marcos regulatórios, também na área do saneamento, a secretária informou que foi aprovado o PLS 219/06, que estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico. Na área da mobilidade urbana, foram investidos R$ 155 milhões, atendendo-se 257 municípios. O marco regulatório recente da mobilidade urbana visa principalmente a redução das tarifas do transporte público coletivo urbano. Uma novidade, destacada pela palestrante, foi a introdução da questão da acessibilidade universal, especialmente, pela integração de meios motorizados e não motorizados (bicicleta e a pé). Ela destacou também que é necessário pensar espaços para a circulação não-motorizada. As principais ações da Secretaria Nacional de Programas Urbanos (que foi estruturada principalmente para implementar o Estatuto da Cidade) consistiram na consolidação dos apoios à elaboração de Planos Diretores Participativos, na prevenção da ocupação e redução de áreas de risco, na reabilitação de áreas urbanas centrais e na regularização fundiária sustentável. De acordo com o Estatuto da Cidade, municípios têm que fazer os seus Planos Diretores, devendo ser concluídos até outubro de Deste total, 14,31% estão concluídos, 73,93% estão em andamento e 11,76% ainda estão sem Plano. Ainda entre aquele total, 550 municípios receberam apoio financeiro, no total de R$ 60 milhões, do governo federal. Aos 55 municípios incluídos no Programa de Apoio à Prevenção de Ocupação de Áreas de Risco, em 2006, foram destinados R$ 500 mil. E o Programa de Apoio à Reabilitação de Áreas Urbanas Centrais envolveu 7 cidades, com foco específico na inclusão social, pela reversão do processo de expansão periférica excludente. A fim de sustentar o Programa, foram disponibilizadas áreas do patrimônio público da União. Outra iniciativa do Ministério das Cidades apresentada pela palestrante foi a do Programa Nacional de Regularização Fundiária Sustentável Programa Papel Passado. Através deste Programa, famílias tiveram processos de regularização fundiária iniciados, e títulos de propriedade foram entregues entre 2003 e junho de 2006 (sendo, entre estes, registrados em cartórios). Este Programa envolveu assentamentos em 26 estados. O montante canalizado para este Programa foi de R$ 30 milhões entre 2004 e Os principais resultados foram a inserção da regularização fundiária na agenda das políticas urbanas e a constituição de uma política nacional de regularização fundiária. Segundo a secretária, os desafios a enfrentar envolvem a aprovação e a implementação das propostas dos novos marcos regulatórios, a saber: a Lei de Responsabilidade Territorial (para substituir a lei federal de parcelamento do solo 6766/79), o Projeto de Lei do Saneamento e o Projeto de Lei da Mobilidade, bem como o objetivo de garantir o Conselho Nacional das Cidades como interlocutor prioritário da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano (reforçando e aumentando seu caráter deliberativo). Também é necessário aumentar os recursos do Orçamento Geral da União destinados ao Ministério das Cidades, já que estes são recursos públicos, a fundo perdido, para a implementação da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano. 3. dois exemplos de implementação de projetos urbanos em áreas centrais de capitais brasileiras: os casos de recife, em pernambuco, e de são luís, no maranhão A segunda palestrante da primeira manhã do seminário, a arquiteta e urbanista Margareth Uemura, apresentou dois projetos de intervenção em áreas centrais, coordenados por ela à época de sua passagem pelo Ministério das Cidades. O tema da apresentação de Margareth Uemura, no interior do tema proposto pelo seminário aos palestrantes da primeira manhã, foi Plano de reabilitação de áreas centrais: os desafios de um processo inclusivo. Ela apresentou a experiência de Recife, em Pernambuco, e de São Luís do Maranhão. Leia o

4 222 INTEGRAÇÃO SANTA INEZ Políticas públicas texto preparado por ela para o seminário em http: // Segundo ela, as características gerais destas áreas centrais são a presença de infra-estrutura sub-utilizada, as presenças de comércio informal e de grupos vulneráveis, a mudança ou precarização das atividades existentes e o esvaziamento do uso habitacional. A proposta central do Programa envolve, além do aproveitamento de imóveis vazios e subutilizados (que constituem de 14% a 18% do total de imóveis nestas áreas centrais), a criação de novas atividades comerciais e de serviços, de atividades turístico-culturais e de lazer, priorizando-se o uso habitacional, e incluindo também a preservação de patrimônio de interesse histórico, artístico, cultural e arquitetônico. O Plano de Reabilitação de Imóveis para Uso Habitacional inclui o uso de equipamentos e espaços públicos de uso cotidiano existentes, a utilização de terras públicas e, especialmente, a constituição de linhas de financiamento específicas. No que diz respeito à infra-estrutura urbana, o Programa prevê a priorização de ações na mobilidade (pela implementação de corredores de transporte e de melhor acessibilidade), no saneamento e na proteção ambiental. Os planos específicos, segundo ela, devem estar contidos nos Planos Diretores dos municípios envolvidos, podendo ser, até mesmo, objetos de leis específicas. As áreas de intervenção privilegiadas no Plano são os centros de valor histórico e patrimonial, as áreas portuárias e as áreas industriais. Ao apresentar o projeto urbanístico Recife-Olinda, Margareth Uemura destacou o apoio do governo federal por intermédio de vários Ministérios, do governo do estado e das duas prefeituras envolvidas. A intervenção abrange o total de 470 ha, sendo 229 ha de terras da União, incluindo 217 ha de favelas e 24 ha de outros usos. A proposta, segundo a palestrante, incorpora um modelo inovador de relacionamento público/público e público/privado. A diretriz de projeto é criar diversidade de usos, ampliar centralidades, criar coesão territorial, implantar sistema de transporte inovador, com metrô, anular o obstáculo constituído pela linha da ferrovia, restabelecer e fortalecer as identidades geográfica e urbana da área do projeto e a memória portuária do lugar. Outros objetivos importantes são os de valorizar os sistemas de vistas, através da recuperação e destaque dos edifícios de valor patrimonial, e o de minimizar as descargas de efluentes no estuário, contribuindo para a despoluição das águas. Os números do Projeto envolvem uma transformação que inclui 1,5 milhão de m ² de área construída, R$ 227 milhões de investimentos em infra-estrutura, 2 milhões de m ² de solo com infra-estrutura, 323 mil m ² de áreas verdes, 1 milhão de m ² de novas vias, 30 mil vagas de estacionamento, 8 mil novas habitações e 30 mil novos habitantes na área da intervenção. O tempo estimado para a implementação da intervenção é de 15 a 20 anos. Em habitação popular (até 10 salários mínimos), a estimativa é de viabilização de cerca de 118 mil unidades, ao lado da construção de cerca de 23 mil unidades de comércio e serviços populares. Em infra-estrutura, a estimativa é de um investimento de cerca de R$ 228 milhões. O início da implementação do projeto é no ano de O Projeto São Luís do Maranhão abrange área de 220 ha, incluindo 987 imóveis em área de tombamento federal. O tombamento estadual prevê a inclusão de imóveis. No âmbito da Prefeitura, estão previstas intervenções que incluem cerca de imóveis, também em área de tombamento. As diretrizes do Plano incluem a melhoria sócioambiental da área central e da qualidade de vida de seus moradores. Nos três planos convergem as diretrizes: um plano de habitação, um segundo de promoção de atividades econômicas e um terceiro de dinamização cultural e de educação patrimonial. Os objetivos do Plano, que fazem parte das diretrizes nacionais para esse tipo de intervenção, buscam propiciar a melhoria da realidade sócio-ambiental do centro histórico da cidade, a melhoria da qualidade de vida da população residente, por meio da promoção de sua inserção social, o incentivo ao ingresso de novos moradores na área, a implantação de serviços e comércio e o estímulo à participação da população como agente principal das transformações pretendidas. Os recursos para a reversão do processo de degradação do centro, no contexto do plano de habitação, incluem a valorização imobiliária do acervo construído, com recursos advindos da Prefeitura de São Luís, da CEF, do

5 JUL. AGO. SET ANO XIII, Nº INTEGRAÇÃO 223 Ministério da Cultura e do Ministério das Cidades. Um dos problemas apontados pela palestrante para viabilizar-se a recuperação do patrimônio edificado é que, em muitos casos, há irregularidade na titulação dos imóveis. O plano prevê que as atividades econômicas sejam dinamizadas pela ação conjunta da comunidade local e os órgãos encarregados da preservação do patrimônio, com recursos provenientes do Programa Monumenta/BID/Ministério da Cultura, da Associação Espanhola de Cooperação Internacional (mediante a criação de uma Oficina-Escola de Restauro), do Sebrae e do Senai. A ação prevê ainda a educação patrimonial, para a conscientização da comunidade, com recursos da Prefeitura de São Luís, do Programa Monumenta/ BID e do Iphan. Já há uma entidade constituída especialmente para a implementação do projeto, denominada Núcleo Gestor do Centro Histórico, e que envolve a participação da Prefeitura de São Luís, em articulação com os parceiros acima enunciados, além da Uema e da UFMA, do Crea, da Associação de Moradores do Centro Histórico e dos governos federal e estadual. Os principais instrumentos para a viabilização do projeto incluem a criação de Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), o parcelamento e a edificação compulsórios, o IPTU progressivo no tempo, o direito de preempção, a dação em pagamento, as operações urbanas consorciadas e o consórcio imobiliário. Todos estes dispositivos estão previstos no Estatuto da Cidade, devendo ser incluídos no Plano Diretor Participativo de São Luís. O plano insere-se na estratégia federal do Ministério das Cidades de estimular a ocupação de áreas centrais, em contraposição ao movimento histórico de construção de novas unidades em periferias urbanas, revertendo o quadro de exclusão sócio-espacial e criando novos mecanismos de acesso à moradia. Os problemas a serem superados incluem a falta de subsídios para o atendimento da demanda por habitação da faixa da população que percebe entre 0 e 3 salários mínimos, além da necessidade de ampliar-se o financiamento para as faixas de 3 a 5 salários e da necessidade de se diversificar as modalidades de atendimento habitacional para essas populações incluídas nas faixas de rendas baixas. Concluindo, a palestrante afirmou que, no plano dos instrumentos de gestão, é necessário aperfeiçoar a integração entre ações público-privadas, bem como criar e fortalecer processos de participação dos diversos entes diretamente envolvidos no objeto da intervenção. 4. o financiamento do desenvolvimento urbano A terceira palestrante do primeiro dia do Seminário foi a arquiteta e urbanista Maria Henriqueta Arantes Ferreira Alves, que representou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o sr. Paulo Safadi Simão. No início de sua palestra, intitulada Financiamento do desenvolvimento urbano, ela destacou que foi recentemente constituída a União Nacional da Construção, fórum que reúne mais de 100 entidades do macrossetor da construção no país. O objetivo principal é a organização do financiamento do desenvolvimento urbano. O objetivo consiste na melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos brasileiros. Atualmente o Brasil encontrase na 63ª posição entre as nações do mundo, com IDH médio de 0,792, abaixo de México, Costa Rica e Argentina, entre outros países. Ela observa que o setor da construção civil gira em torno de 18% do PIB brasileiro, e que, pela melhoria do desenvolvimento urbano, é possível almejar a melhoria da posição do Brasil entre as nações, no que diz respeito ao IDH. Ela recomenda o conhecimento, pelos meios técnico e acadêmico da área, de estudo realizado pela FGV de São Paulo, acerca dos reflexos de investimentos em habitação, saneamento e infraestrutura na melhoria das condições de vida da população. O estudo estabelece relações entre estes investimentos e o incremento nas variáveis do IDH. Um cenário apresentado por este estudo para os horizontes de 2010 e 2015 indica que, se forem investidos R$ 4,2 bilhões/ano na ampliação do acesso às redes de água e esgotos, R$ 10,2 bilhões/ano na redução do déficit habitacional e no financiamento da habitação social, R$ 11,7 bilhões/ano na recuperação e expansão da malha viária, e R$ 6,8 bilhões/ ano na geração e transmissão de energia, o Brasil atingiria um IDH, em 2010, de 0,815, passando a ocupar um patamar considerado alto deste índice. A esta estimativa, corresponderiam um incremento

6 224 INTEGRAÇÃO SANTA INEZ Políticas públicas anual de crescimento do PIB per capita de 1 ponto percentual, uma expansão de 1% ao ano do emprego no país e um incremento de R$ 9,5 bilhões no valor de impostos e contribuições arrecadados. Como conseguir estes recursos? pergunta a palestrante. Ela responde que o FGTS financia atualmente cerca de R$ 10 bilhões/ano, sendo possível admitir-se um aumento nestes investimentos para a casa de R$ 15 bilhões/ano. Na recuperação da malha rodoviária, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) já arrecadou mais de R$ 37 bilhões, dispondo de mais de R$ 19 bilhões ainda não aplicados. A geração de energia é o setor mais atraente para a iniciativa privada, por meio das Parcerias Público-Privadas (PPP). Ou seja, o país tem este dinheiro, responde a palestrante. O desafio é como fazer uma gestão proveitosa de recursos já existentes. Para ilustrar este aspecto, cabe observar que dos R$ 3,76 bilhões aplicados até junho de 2006 pelo FGTS em habitação, apenas 39,87% produziram novas unidades. O restante foi destinado a outras formas de financiamento, como reformas, aquisição de unidades usadas, etc. Desde o ano 2000, o FGTS disponibilizou cerca de R$ 40 bilhões para aplicações em habitação, saneamento, transporte e mobilidade. De acordo com a arquiteta, há problemas na aplicação destes recursos. Os mais pobres não conseguem ter acesso aos recursos do FGTS, pois se trata de um recurso oneroso, já que remunera o trabalhador a 3% e empresta na faixa de 5,8%, para um resultado nulo ao final do circuito operacional. Por outro lado, os recursos orçamentários da União, que deveriam subsidiar o déficit operacional, têm sido pulverizados em inúmeras emendas, o que tem resultado, nos últimos 16 anos, na impossibilidade de articular-se os recursos do FGTS com recursos orçamentários não onerosos. Desde a criação do Ministério das Cidades, foram feitas gestões para que as famílias mais pobres possam vir a ter acesso aos recursos do FGTS. Pela Resolução 460, de 2004, o próprio FGTS passou a incluir subsídio significativo nos financiamentos. Em 2006, o FGTS destinou, para a habitação popular, R$ 5,4 bilhões, além de R$ 1,3 bilhão em subsídios. Cabe destacar que o FGTS não poderá aportar recursos a fundo perdido por tempo indeterminado. É necessário fazer com que estes recursos migrem para o setor público. Segundo ela, cada R$ 1,00 de recurso subsidiado alavancou R$ 1,72 de recurso oneroso, que é muito baixo, e que não pode ser mantido. Outro problema, segundo a palestrante, também concernente ao FGTS, diz respeito à falta de articulação entre as operações dos diferentes setores abrangidos pelo Fundo, da habitação, do saneamento, dos transportes e da mobilidade. As operações são isoladas, e a desarticulação está na origem de suas concepções. A estrutura do Ministério das Cidades, com suas diferentes secretarias (de Habitação, de Saneamento Ambiental e de Transportes e da Mobilidade Urbana), favorece esta desarticulação. O problema é de natureza institucional. Segundo ela, é oportuno lembrar projetos já realizados anteriormente, como as Comunidades Urbanas de Recuperação Acelerada (Curas), da época do BNH, que previam intervenções em setores onde houvesse intervenções físicas promovidas pelos poderes públicos articuladas por meio de uma linha de financiamento única. As vontades expressas no Estatuto da Cidade e na 2ª Conferência das Cidades exprimem, segundo ela, essa demanda. Os financiamentos pontuais inviabilizam intervenções articuladas. Ela apresentou, como exemplos, os casos das favelas do Catumbi e da Maré, no Rio de Janeiro, em que o conjunto de demandas por intervenções só pode ter sucesso se estas forem articuladas. E apresentou como proposta para viabilizar o desenvolvimento urbano a idéia de que se ofertem trechos, pedaços de cidade formal, mediante a criação do que chama de Bairros Distantes Minutos, implementados ao longo de vias de tráfego rápido e conectados a áreas de concentração de emprego, lazer e equipamentos públicos. Segundo ela, há disponibilidade de áreas ociosas para este tipo de intervenção, internas às cidades já consolidadas, geralmente próximas a estações, em muitos casos, pertencentes à União. De acordo com a palestrante, é necessário mudar parâmetros de mobilidade e circulação, viabilizando, por exemplo, a substituição do automóvel por bicicleta. Segundo ela, temos todos os elementos para quebrar o paradigma das cidades cada vez mais densas, informais, violentas, já que há áreas e recursos. Não há, contudo, programas, especialmente

7 JUL. AGO. SET ANO XIII, Nº INTEGRAÇÃO 225 programas que articulem os financiamentos setoriais, ela critica. Finalmente, ela aponta para o fato de que há, atualmente, preocupação, por parte do setor imobiliário, com a proposta de canalização de recursos do FGTS para o financiamento de infra-estrutura não-urbana. Em sua opinião, tal proposta é um contra-senso, já que as cidades têm se precarizado, e exigem cada vez mais recursos para o financiamento do desenvolvimento urbano, que deve ser custeado com a massa de recursos do FGTS. 5. uma síntese das três contribuições: as eternas dificuldades das políticas públicas para as cidades brasileiras O debatedor da primeira manhã do seminário foi o arquiteto e urbanista Ângelo Arruda, presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA). De acordo com o debatedor, as três vertentes sobre o problema das políticas públicas para as cidades brasileiras apresentadas pelas três palestrantes incluem um aspecto que as reúne: o do problema principal, que é o do orçamento público brasileiro. A maior tarefa, segundo o debatedor, é organizar esta área. O Brasil pagou, em 2005, R$ 160 bilhões apenas de juros de sua dívida. As propostas anteriores apresentam somas em torno de R$ 30 bilhões para resolverem-se muitos dos problemas da área dos projetos urbanos. Quem organiza estes recursos é o orçamento, por sua vez, organizado pelo governo. Ele destaca como problema que, após uma preparação criteriosa no âmbito do Executivo, o orçamento, ao ser encaminhado para o Congresso, recebe inúmeras emendas parlamentares, chegando mesmo a descaracterizar-se. Ou seja, a ação planejada no governo e na sociedade não encontra no Congresso o parceiro ideal para a execução da política pública. Deve-se resolver o problema no âmbito político, sem permitir-se que essas práticas permaneçam. Desde 1988 convivemos com o processo da inclusão de emendas parlamentares. Há, segundo o debatedor, grupos especializados na formulação de emendas. Em contrapartida a estas práticas, segundo ele, hoje temos um caminho muito importante estabelecido, que é o da participação popular no planejamento das cidades brasileiras. Outro problema que merece destaque, de acordo com o debatedor, é o da burocracia governamental. A área da habitação popular, que tem sido objeto de esforço do governo, tem enfrentado dificuldades pela excessiva burocracia, que impede a execução rápida da solução dos problemas. Há que desburocratizar a ação pública, que hoje é um verdadeiro calvário. Perde-se um tempo enorme na tramitação de papéis. Finalmente, contrata-se alguém (um escritório) para encaminhar estes procedimentos. O exemplo do Crédito Solidário evidencia este problema. A quantidade de papéis e de procedimentos impede a execução de uma política que pretende ser ágil e direta na gestão de recursos. Finalmente, outro problema destacado pelo debatedor diz respeito à questão metropolitana, em que a política pública não entrou. Atualmente as políticas públicas são muito curtas, compatíveis com o tempo de uma gestão administrativa de um só governante. É pouco tempo para a viabilização de projetos de amplo espectro. Hoje, conclui ele, é necessário implementar o Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano, que envolve um complexo integrado de ações, gestores, programas, articulações, ao modo do Sistema Nacional de Cultura. Notas 1 Raquel Rolnik é arquiteta e urbanista. Atualmente é a secretária Nacional de Programas Urbanos, professora do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da PUC- Campinas e membro do Instituto Polis, de São Paulo. 2 Margareth Uemura é arquiteta e urbanista. Atualmente é diretora de Desenvolvimento e de Projetos da Prefeitura de Santo André e professora da Uniban (SP). 3 Maria Henriqueta Arantes Ferreira Alves é arquiteta e urbanista. É atualmente professora na Fundação Mineira de Educação e Cultura, membro do Sinduscon-MG, da Urbel, do Inocoop, da CEF e da CNI, além de membro da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). 4 Ângelo Arruda é arquiteto e urbanista. É atualmente presidente da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA) e professor na UFMS.

8 226 INTEGRAÇÃO SANTA INEZ Políticas públicas Referências sobre as palestras e trabalhos apresentados no seminário podem ser consultados em < informe/2006/agosto/semprojurb/>. Os textos de suporte às palestras apresentadas e os trabalhos apresentados nas nove sessões temáticas do seminário

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