PLANEJAMENTO: PENSAR E REPENSAR A PRÁTICA ESCOLAR.

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1 RESUMO PLANEJAMENTO: PENSAR E REPENSAR A PRÁTICA ESCOLAR. marim@pontal.ufu.br Vlademir Marim UFU/FACIP 1 Marcia Leite Silveira UFU/FACIP 2 Tharles Vilela Procópio UFU/FACIP 3 Neiva de Castro Cardoso Andraus UFU/FACIP 4 O objetivo deste artigo é relatar uma experiência vivida em uma escola municipal da cidade de Ituiutaba/MG que foi possível com a parceria do PIBID. Durante o primeiro semestre de 2010, dois bolsistas do Programa, sob a orientação da professora supervisora e do coordenador do Programa, investigaram aspectos relacionados ao espaço físico, aos recursos humanos e materiais, bem como aos documentos da escola e os planejamentos dos professores. Analisamos as observações acerca dos planejamentos anuais de cinco professores que lecionam a disciplina matemática, sob a luz da teoria que respaldou o presente trabalho. Concluímos que nem todos os planejamentos foram realizados neste ano letivo e que há a necessidade de os planejamentos conterem uma padronização na unidade escolar dentro do currículo proposto. Existe, ainda, a necessidade de os supervisores da escola articularem o planejamento e o trabalho do professor ao longo do ano letivo, pois até meados do ano letivo esse retorno não havia sido priorizado. PALAVRAS-CHAVE: Planejamento; PIBID; Matemática Contexto do relato O Programa Institucional de Bolsa de Incentivo à Docência (PIBID) é concebido pelo Ministério da Educação atendendo às atribuições legais da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) de induzir e fomentar a formação inicial e continuada de profissionais do magistério, Lei nº , de 11 de julho de 2007, às diretrizes do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, Decreto nº 6.094, de 24 de abril de 2007, aos princípios estabelecidos na Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, Decreto 6.755, de 29 de janeiro de 2009 e Lei nº , de 16 de junho de 2009, no seu art. 31, à Portaria Normativa MEC nº 9, de 30ª de junho de 2009, às normas do Edital CAPES/DEB N.02/2009 PIBID e à legislação em vigor aplicável à matéria. Este Programa tem como objetivo principal valorizar o magistério e apoiar os estudantes de licenciatura das instituições públicas (BRASIL, 2009). Neste artigo relataremos uma experiência vivenciada pelos bolsistas, participantes do PIBID, que atuam em uma escola pública do município de Ituiutaba/MG situada ao oeste da cidade. Os referidos bolsistas são graduandos do curso 1 Prof. do curso de Matemática e Coordenador do PIBID-MATEMÁTICA/PONTAL. marim@pontal.ufu.br 2 Graduanda do curso de Matemática da UFU/FACIP marcialeite@mat.pontal.ufu.br 3 Graduando do curso de Matemática da UFU/FACIP tharlesprocopio@mat.pontal.ufu.br 4 Pós-Graduanda e Professora de Matemática da rede municipal de Ituiutaba/MG neivandraus@gmail.com 1

2 de Matemática da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Faculdade de Ciências Integradas do Pontal (FACIP). Os bolsistas, durante o primeiro semestre de 2010, investigaram aspectos relacionados ao espaço físico, aos recursos humanos e materiais, bem como aos documentos da escola, incluindo os planejamentos dos professores. Detalharemos as observações referentes aos planejamentos dos professores de matemática da escola em questão. DETALHAMENTO O Programa Institucional de Bolsa de Incentivo à Docência (PIBID) tem como objetivo incentivar a formação de professores para a educação básica, valorizando o magistério e assim incentivando os estudantes que optam pela carreira docente. Visa, ainda, promover a articulação integrada da educação superior do sistema federal com a Educação Básica do sistema público, promover a melhoria da qualidade da educação básica e elevar a qualidade das ações acadêmicas voltadas à formação inicial de professores nos cursos de licenciaturas das instituições federais de educação superior. Dessa maneira, o PIBID busca estimular práticas docentes que utilizem recursos de tecnologia da informação e da comunicação, os quais venham a auxiliar o processo de ensino e aprendizagem. Dessa maneira, almeja-se valorizar o espaço da escola pública como ambiente propiciador na formação de professores para educação básica, proporcionando a estes futuros professores a participação em ações, experiências metodológicas e práticas docentes inovadoras, articuladas com a realidade local da escola (BRASIL, 2009). O PIBID do curso de Matemática da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Campus Pontal, selecionou duas escolas do município de Ituiutaba, Minas Gerais, as quais apresentaram baixo rendimento no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), a fim de nelas promover ações com o objetivo de auxiliar no crescimento deste índice. Primeiramente, o professor do curso de Matemática da Universidade Federal de Uberlândia, indicado pelo colegiado, submeteu o projeto para o governo, com a proposta sob a forma de subprojeto da Universidade. Após a aprovação, o referido professor foi nomeado coordenador desse subprojeto, publicando um edital para seleção de dois professores supervisores nas duas escolas participantes. Como pleiteantes às 2

3 vagas, foram aceitos candidatos professores efetivos ou efetivados do município, atuantes nas escolas onde o programa seria desenvolvido. Sendo assim, em uma das escolas participantes, foi selecionada a professora que ministra a disciplina de matemática em três sextos anos do Ensino Fundamental. Após este processo, foi aberto edital para a seleção dos vinte bolsistas, discentes do curso de Matemática. Os alunos selecionados foram divididos entre as duas escolas participantes do Programa. Antes mesmo de irem às escolas, os bolsistas passaram por uma breve orientação e planejamento acerca do trabalho que seria desenvolvido. Em um primeiro momento, os bolsistas realizaram observações no espaço físico, nos ambientes de ensino e aprendizagem da escola, bem como em relação aos recursos humanos e documentos escolares. Seria necessário cumprir vinte horas semanais de trabalho, divididas da seguinte forma: cinco horas com o professor supervisor na sala de aula, três horas de reunião com o professor supervisor e o professor coordenador, duas horas de observações no espaço físico e dez horas para estudos e construção de relatórios. A fim de desvelar todo o espaço físico da escola, os bolsistas foram divididos em grupos, que trabalhavam em horários distintos distribuídos durante a semana. Nas três horas de reunião, os integrantes do grupo encontravam-se para socializar as observações realizadas ao longo semana. Os bolsistas observaram a escola como um todo, observaram as dimensões e os recursos materiais das salas de aula, de outros espaços de ensino e aprendizagem, cantina e lanchonete, biblioteca, laboratório de informática, bem como recursos educacionais, corpo docente, corpo discente, composição da administração e do funcionalismo, equipe de apoio pedagógico, análise de documentos, regimento escolar, projetos de intervenção e atividades escolares, recursos financeiros e os planejamentos dos docentes. Para que possamos desenvolver uma reflexão sobre essas ações realizadas e os dados coletados na referida escola, optamos por realizar uma breve síntese das ideias de alguns autores quanto à concepção do planejamento no cotidiano escolar. Segundo Tardif (2005), o professor precisa vincular às suas atividades a preparação de aulas. Sendo assim, em seus fins de semanas e férias, o professor se ocupa de atividades voltadas para o seu trabalho, como preparação de materiais pedagógicos, elaboração e correção de provas e de trabalhos e preparação das aulas. 3

4 Ainda, segundo o autor, a preparação da aula constitui uma tarefa importante dos professores. Essa preparação corresponde a várias atividades: o planejamento anual, bimestral e diário de aprendizagem, considerando os interesses, a faixa etária e os conhecimentos prévios dos alunos, a preparação dos exercícios e do material pedagógico. Para Marim (2004), o planejamento desenvolvido conscientemente pelo educador há de ser a reflexão e a elaboração de um curso de ação para ser realizado em um determinado espaço e tempo, utilizando sequências de estratégias metodológicas. Esse tempo oportunizará ao professor pensar na prática docente antes de realizá-la, incluindo os elementos mais importantes que nela intervêm. O autor reflete que o professor, ao planejar, estabelece metas nas quais está implícito o que ele espera que os alunos façam e de que forma serão obtidas as informações para averiguar se eles atingiram ou não o previsto. Desta forma, o planejamento em si é um identificador do trabalho do professor, sendo, portanto, um instrumento de avaliação do ensino. Daí sua importância para os coordenadores de escola, que podem acompanhar o ensino e intervir sempre que houver necessidade. Segundo Tardif (2005), o planejamento anual engloba as ações previstas para todo o ano escolar, sendo este, na maioria das vezes, preparado durante as férias. Alguns professores, ao prepará-lo, são mais atentos aos detalhes e outros, com base em suas experiências na docência, elaboram apenas esboços mais simples. O planejamento bimestral corresponde a um período menor de tempo e é realizado de acordo com a sequência de suas aulas; já o diário muitas vezes é mental, consiste, por exemplo, em reler o programa ou o manual que será utilizado, fazer alterações de última hora, introduzir no último momento uma nova ideia, buscando alternativas metodológicas, a fim de desenvolver nos alunos competências e habilidades. No contexto do presente estudo, foram analisados os planejamentos anuais de cinco professores que lecionam a disciplina matemática nas séries mencionadas anteriormente. Observamos que o planejamento anual de uma das professoras estava dentro dos padrões exigidos pela prefeitura municipal local, no entanto, nele não constava o tema nem a forma de avaliação, e nos campos das habilidades a professora citou os tópicos do livro de didático. Ao observar o Planejamento Anual de Matemática dos professores do sexto ao nono ano da referida escola, foram constatados que estão, ao menos em relação ao 4

5 conteúdo e as habilidades a serem desenvolvidas, de acordo com o Conteúdo Básico Comum (CBC) e os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Os planejamentos anuais, elaborados por três destes professores, não seguiram o modelo pré-estabelecido pela prefeitura do município, pois não constam nos planejamentos as sugestões de atividades; além disso, os temas e as habilidades estão iguais às apresentadas no CBC. Os professores selecionaram os recursos didáticos, a metodologia e a avaliação do plano. Foi observado também que alguns planejamentos não estão atualizados, pois datam do ano de As supervisoras pedagógicas do turno matutino, ao longo do mês de junho de 2010, relataram não ter sido possível verificar os planejamentos, devido à greve e ao acúmulo de serviço e que, ao se constatar que os planejamentos não estão como solicitados, o professor é chamado e orientado a realizar a correção. Segundo as supervisoras, no início do ano letivo, todos os professores são convocados para uma reunião e, neste momento, os docentes são orientados sobre os planejamentos e planos de aula, sendo determinada uma data para que tais documentos sejam entregues. Ao serem indagados em relação aos planos de aula, os professores relataram que não possuem um planejamento minucioso das atividades a serem desenvolvidas no diaa-dia. ANÁLISE E DISCUSSÃO De acordo Tardif (2005), os planejamentos devem ser realizados considerando a série para a qual eles estão sendo direcionados, bem como os interesses e os conhecimentos prévios dos alunos; o professor necessita também se atentar para a preparação dos exercícios e dos materiais pedagógicos. Observamos que os planejamentos anuais são realizados separadamente para cada série do Ensino Fundamental, visando os conteúdos que são sugeridos pelos PCNs e pelo CBC para serem trabalhados em cada etapa. Em alguns planejamentos notamos a ausência de sugestões para atividades, bem como a indicação de materiais pedagógicos necessários para a realização das mesmas. Marim afirma que o planejamento oportuniza ao professor uma ação reflexiva diante das atividades previstas e desenvolvidas ao longo do ano letivo, podendo assim o docente certificar-se de que os objetivos e as habilidades estão sendo desenvolvidos de 5

6 acordo com os critérios estabelecidos em seu planejamento. O autor também destaca a importância de os supervisores pedagógicos acompanharem o ensino por meio destes planejamentos, intervindo sempre que houver necessidade. Verificamos que os professores detalham o seu planejamento uma única vez durante o ano, sendo este o planejamento anual, o qual, todavia, não está sendo acompanhado pelas supervisoras pedagógicas, conforme relatos destas mesmas profissionais. CONCLUSÃO Após a análise realizada, podemos concluir que existe uma necessidade de os planejamentos estarem atualizados, pois nem todos os planejamentos analisados eram datados do próprio ano letivo, alguns eram de dois anos anteriores. Também percebemos que, por meio de um planejamento que contemple além dos conteúdos e objetivos, o professor terá a oportunidade de rever as suas ações e metodologias e analisar, dentro do contexto em que atua, o processo de ensino e aprendizagem, podendo assim redirecionar o seu trabalho ao longo do ano letivo quando houver necessidade. Como não foi notada a presença de um planejamento diário, semanal, mensal, trimestral ou mesmo bimestral, acreditamos que o professor não tem a oportunidade de rever, por meio de uma ação reflexiva, o que deveria ser alterado e/ou acrescentado no planejamento no decorrer das atividades previstas e também não tem, por falta de tempo, um apoio efetivo das supervisoras pedagógicas. Contudo, podemos perceber que o planejamento é de extrema importância, pois ao planejar estamos organizando as nossas ideias e prevendo o que queremos que seja desenvolvido. Com o planejamento também podemos avaliar se atingimos os objetivos propostos, e se realmente conseguimos desenvolver as habilidades e competências em nossos alunos. REFERÊNCIAS BRASIL, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES - PIBID, disponível em < acesso em 13 de setembro de Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília, MEC/SEF,

7 MARIM, V. Ensinando a matemática nas séries iniciais do ensino Fundamental: Uma análise das necessidades de formação de professores no município de Osasco.Dissertação de mestrado. PUC-SP, TARDIF, M. e LESSARD, C. O trabalho docente. Elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Petrópolis, RJ: Vozes,