T E S T E. MAIOR EM TUDO Mais do que uma novidade, a Cimitarra 760 sinaliza, de vez, uma mudança no estaleiro. De tamanho e relevância no mercado

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1 T E S T E Por Marcio Dottori Fotos Mozart Latorre CIMITARRA Para produzir a maior lancha de sua história, esta imponente 76 pés, desenhada na Itália, a gaúcha Cimitarra bancou uma nova (e maior) fábrica, o que a fez crescer não só no tamanho, mas também no patamar no mercado, tornando-se de vez uma grande marca brasileira 760 MAIOR EM TUDO Mais do que uma novidade, a Cimitarra 760 sinaliza, de vez, uma mudança no estaleiro. De tamanho e relevância no mercado 6 0 N A U T I C A. C O M. B R

2 Teste n o Até pouco tempo atrás, a marca Cimitarra era quase sinônimo de barco barato, mas sem muito esmero. Os clientes gostavam, mas tinham certas ressalvas ao acabamento e falta de sofisticação dos modelos. Isso mudou radicalmente nos últimos anos. Empurrada pela chegada dos grandes barcos importados ao país, que impuseram um novo padrão de exigência ao mercado, a Cimitarra não só enriqueceu o interior das suas lanchas como as fez crescer de tamanho. Como consequência, impulsionou também a marca. E cresceu tanto que precisou até mudar de fábrica, porque a anterior não comportaria o mais novo barco da casa: a imponente Cimitarra 760, de quase 24 metros de comprimento, a maior embarcação já fabricada pelo estaleiro gaúcho, instalado na cidade gaúcha de Santa Cruz. Trata-se de um barco quase classificado como um iate, que usa sistema de propulsão Volvo IPS 1200, e pode ter de três a quatro suítes, dependendo da vontade do dono, com altura generosa em toda a cabine, o que sempre foi uma das características dos barcos Cimitarra. Como também não poderia deixar de ser, esta nova 76 pés tem preço imbatível significativamente menos do que um barco do mesmo porte à venda no mercado: a partir de R$ 7,35 milhões, com dois motores Volvo Penta IPS 1200, de 900 hp cada. Bem mais do que apenas mais um lançamento, já que lançar barcos com muita frequência sempre fez parte do DNA deste estaleiro, a 760 sinaliza, de vez, a mudança de status da Cimitarra, uma marca que existe desde 1973, mas que, ao passar para as mãos do gaúcho Tomás Ko Freitag e, de uns anos para cá, ter a presença sempre constante na fábrica do sócio e diretor comercial da marca, Marçal Martins, só fez crescer. De tamanho e relevância no mercado. N Á U T I C A 6 1

3 T E S T E CIMITARRA 760 COM ALGO A MAIS A proa, um dos ambientes mais disputados a bordo da Cimitarra 760, ao lado da praça de popa (abaixo), oferece um solário e dois ótimos sofás, ao redor de uma mesa para refeições DUAS VERSÕES Os ambientes externos e internos são agradáveis e espaçosos. Na versão testada, a Sundeck, o flybridge é mais compacto e dividide o espaço com um teto solar elétrico de vidro sobre o posto de comando principal COMO ELA É A Cimitarra 760 é um tipo de barco que chama atenção por onde navega. Não apenas pelos seus 23,60 metros de comprimento, mas também por causa de suas linhas elegantes, que unem o bom gosto italiano, onde ela foi projetada, com a praticidade dos brasileiros. Esta nova lancha mescla um desenho tradicional, como a roda de proa pouco inclinada, lembrando os barcos mais antigos, com um design moderno, como a superestrutura aerodinâmica, com grandes janelas laterais e popa arredondada nas alhetas. A versão que testamos é a Sundeck, com flybridge compacto e teto solar elétrico de vidro sobre o posto de comando principal. Há, também, a versão Fly, sem a praticidade do teto solar, mas com o flybridge ocupando integralmente o espaço. Ou seja, para quem prefere um barco com design mais esportivo, a versão com teto solar pode agradar mais. Já a versão Fly é mais adequada para quem costuma sair com o barco com bastante convidados (no máximo, 20 passageiros durante o dia), por causa do convés superior ser maior nesta configuração. De modo geral, os ambientes externos (e internos) são bem agradáveis e espaçosos uma marca do estaleiro gaúcho Cimitarra. A plataforma de popa submersível (de 4,8 m x 1,65 m) com móvel gourmet e a praça de popa têm bom tamanho, assim como a proa, onde há um solário para um casal e dois sofás para quatro pessoas cada com uma ótima, por sinal, mesa para refeições no meio (uma tendência em lanchas deste porte), para ser usada quando o barco estiver ancorado ou A altura é generosa em toda a cabine, o que sempre foi uma marca do estaleiro Cimitarra 6 2 N A U T I C A. C O M. B R

4 CLEAN O salão da Cimitarra 760 tem poucos móveis, o que potencializa a sensação de amplitude SEM APERTO A plataforma de popa submersível tem 1,65 m de comprimento e móvel gourmet. Já a praça de popa, também espaçosa, tem bons sofás e grande mesa para refeições N Á U T I C A 6 3

5 T E S T E CIMITARRA 760 SOFISTICADA Além do bom gosto na decoração, a sala desta 76 pés, com um aconchegante sofá e janela bem ampla, quase no nível da água, é um convite ao descanso FÁCIL ACESSO A escada que leva ao convés dos camarotes tem degraus largos e pé-direito duplo, o que garante boa iluminação natural neste ambiente atracado. Ainda na popa, há um paiol bastante generoso, que serve para guardar um bote de apoio, por exemplo. O arranjo interno da Cimitarra 760 é determinado pelo proprietário, respeitando a estrutura original da lancha. O modelo do nosso teste nasceu com quatro camarotes, sendo duas suítes, além de uma aconchegante sala no convés inferior, com um sofá em U para, pelo menos, meia dúzia de pessoas, e uma bancada que pode receber uma pequena cozinha. A suíte máster, convenientemente instala a meia-nau, para aproveitar a largura total do casco, é bem grande e tem bancada, grandes janelas panorâmicas e até adega climatizada (opcional). Os convidados podem sentir falta é de um banheiro social no salão, para evitar ter de descer até o convés dos camarotes. O bem-iluminado salão desta Cimitarra, a primeira unidade da série, também por opção do proprietário, priorizou o espaço livre para a circulação uma esperteza para potencializar a sensação de amplitude a bordo. Para isso, além da decoração com poucos móveis, a cozinha foi instalada em linha a bombordo e, a boreste, dois sofás lineares, criando um corredor central bem amplo. Apesar de não ter acabamento irrepreensível (falta, por exemplo, a aplicação de selante em determinadas tampas de fibra), a 760 é a mais luxuosa lancha já feita pela Cimitarra. O posto de comando interno, com poltronas revestidas em couro cáqui para piloto e acompanhante, tem painel flutuante, ou seja, instalado em um móvel próprio e isolado de resto do barco. O piloto sentirá falta, contudo, da regulagem de distância da poltrona, ausente nesta unidade, mas fácil de ser consertado nas próximas versões. Esta 76 pés é a mais luxuosa lancha já feita pela Cimitarra. E outras virão por aí! 6 4 N A U T I C A. C O M. B R

6 BOM PERNOITE A cabine da Cimitarra 760 comporta duas suítes e outros dois camarotes, para até oito pessoas. Ao todo, são quatro banheiros, que tem o suporte de um tanque de água de mil litros O QUARTO DO DONO A suíte master (abaixo), à meianau, esbanja conforto. São dois banheiros (ao lado), com portas individuais, mas interligados por um grande boxe no centro N Á U T I C A 6 5

7 T E S T E CIMITARRA 760 Com dois Volvo IPS, de 900 hp cada, a Cimitarra atinge velocidade de cruzeiro alta bem satisfatória: 21,1 nós ÓTIMA AUTONOMIA Com os dois motores de 900 hp cada, a Cimitarra 760 pode navegar quase 400 milhas com os litros de diesel nos tanques COMO NAVEGA O casco da Cimitarra 760 contempla o conforto, não só das acomodações internas, como também o da navegação, virtudes que nem sempre combinam. Mas, no modelo testado, a performance da velocidade máxima não foi o ponto mais alto. Explica-se: a motorização padrão desta Cimitarra é composta por dois motores seis cilindros a diesel de 13 litros e 900 hp cada, acoplados a rabetas fixas no fundo do casco, formando o conjunto IPS 1200 da Volvo Penta, que conta ainda com gerenciamento eletrônico e joystick para facilitar as manobras de atracação. Na nossa avaliação, esta lancha tem porte para ser equipada com uma motorização mais potente, como os dois motores MAN de centro de hp cada, acoplados a rabetas de superfície Arneson Drive ASD 12, oferecidos pelo estaleiro como opcionais. Com o conjunto mais forte, o preço da Cimitarra 760 fica entre R$ 8,69 milhões (na versão Sundeck) e R$ 8,89 milhões (no modelo com flybridge). No nosso teste, navegando com suavidade em águas calmas, sem ventos, com os tanques de combustível e água com 50% e 70%, respectivamente, e 10 pessoas a bordo, os dois motores Volvo IPS 1200 levaram esta lancha a velocidade máxima de apenas 26,4 nós. Raramente barcos com tamanho e peso similares, comercializadas em nossas águas, têm velocidade máxima menor que 30 nós. Em outras palavras, os números apresentados pela Cimitarra 760, quando equipada com a motorização padrão, podem não agradar a quem busca um barco mais veloz. Mas, de qualquer forma, não chega a ser uma marca desalentadora, se levar em conta a agilidade do casco de cerca de 35 toneladas (já com os motores). Na avaliação, a relação peso-potência não influenciou na aceleração. Neste quesito, levamos apenas 11,8 segundos para chegar aos 20 nós, partindo da marcha lenta. Na média nacional, lanchas deste porte costumam levar até 15 segundos para fazer o mesmo. Outro resultado positivo no nosso teste foi a velocidade de cruzeiro rápida: 21,1 nós a rpm, um desempenho interessante e coerente com nossas águas nem sempre tranquilas em mar aberto. Já com os motores a rpm, é possível navegar quase 400 milhas com os litros de diesel nos tanques, 6 6 N A U T I C A. C O M. B R

8 MAIS POTENTE Avaliamos esta Cimitarra com dois motores de 900 hp cada, mas o estaleiro também oferece dois de hp cada, o que consideramos ser um bom conjunto o que proporciona uma ótima autonomia. A pilotagem, a partir do comando no flybridge, é muito prazerosa, quase tanto quanto a surpreendente cabine que esta lancha esconde. No nível mais alto do barco, o ruído dos motores é bem baixo, a ponto de se ouvirem apenas os sons do vento e do casco cortando as águas. O mesmo, porém, não acontece pilotando do interior. A posição das defensas, guardadas no guarda-mancebo, precisa ser reavaliada, pois pode atrapalhar a visão do piloto, durante a navegação a partir do comando principal. Além disso, por conta da proa alta, a visibilidade do piloto a frente pode ficar prejudicada. Para minimizar o problema, uma solução simples é aumentar a altura da poltrona ou instalar um suporte para os pés. O fato de a boca desta Cimitarra, de 4,95 metros, ser relativamente estreita em relação ao comprimento do casco, de 22,6 metros, a eficiência na navegabilidade aumenta, especialmente enfrentando ondas altas pela proa. DUPLO COMANDO Os comandos do fly e da cabine oferecem bom espaço para o piloto. O painel do comando interno (ao lado) é moderno e fica em um móvel isolado do resto do barco. Contudo, o banco de pilotagem não tem regulagem de distância CRUZEIRO ECONÔMICO Foi a rpm, navegando na velocidade baixa de 12,2 nós (em planeio), que a Cimitarra 760, com esta motorização, obteve sua melhor autonomia: 395 milhas. Neste regime, é possível de navegar, sem levar em conta o combustível de reserva, do Rio a Itajaí. DESEMPENHO MOTOR rpm VELOCIDADE nós km/h 12,2 14,3 17,4 21,1 24,3 26,4 22,6 26,5 32,2 39,1 45,0 48,9 CONSUMO litros/hora ACELERAÇÃO (da marcha lenta aos 20 nós) EFICIÊNCIA milha/litro litros/milha 0,12 0,10 0,09 0,09 0,08 0,08 8,20 9,79 10,86 11,28 12,59 12,58 11,8 segundos AUTONOMIA (90%) milhas COMO TESTAMOS ONDE: Baía da Guanabara, Rio de Janeiro CONDIÇÕES: Águas com ondas bem baixas e ventos de 3 nós A BORDO: 10 pessoas, cerca de litros de combustível e 700 litros de água MOTORIZAÇÃO: Dois Volvo IPS 1200, diesel de seis cilindros em linha, com 12,78 litros e 900 hp cada TIPO PROPULSÃO: Centro-rabeta fi xa (IPS) RELAÇÃO DE TRANSMISSÃO: 1,88:1 HÉLICES: Volvo Penta, de níquel, bronze e alumínio, especifi cação Q2 N Á U T I C A 6 7

9 T E S T E CIMITARRA 760 RESUMO NÚMEROS COMPRIMENTO MÁXIMO: 23,60 m COMPRIMENTO DO CASCO: 22,60 m BOCA: 4,95 m CALADO COM PROPULSÃO: 1,40 m BORDA-LIVRE NA PROA: 2,20 m BORDA-LIVRE NA POPA: 1,89 m ÂNGULO DO V NA POPA: 16,6 graus ALTURA DA CABINE NA ENTRADA: 2,0 m ALTURA NOS BANHEIROS : 1,83 m a 2,19 m ALTURA NOS CAMAROTES: 1,88 m a 2,39 m COMBUSTÍVEL: litros ÁGUA: litros PESO COM MOTOR: kg CAPACIDADE (DIURNO/ NOTURNO): 20/8 pessoas MOTORIZAÇÃO: Centro-rabeta fi xa (Volvo IPS) POTÊNCIA: 2 x 900 hp O preço é imbatível. Bem menos do que qualquer barco do mesmo porte à venda no mercado QUANTO CUSTA A partir de R$ 7,35 milhões com dois Volvo IPS de 900 hp cada, gerador de 32 KVA, ar-condicionado de 68 mil BTU, guincho elétrico de W e ferro de 50 kg com 100 metros de corrente de 10 mm, plataforma de popa submersível, sistema de água quente pressurizada de 160 litros, eletrônicos Raymarine (com dois monitores C97, vhf, inversor, transformador, carregador de bateria, quatro tv de 24" e duas tv de 42 " (uma delas com home theater), três geladeiras de 80 litros cada, fogão, microondas com grill, som completo, churrasqueira elétrica e teto solar com vidro elétrico. PONTOS ALTOS Design elegante Preço atraente Agilidade nas manobras PONTOS BAIXOS Comando interno muito baixo Velocidade máxima não é alta Banco do piloto sem regulagem QUEM FAZ A Cimitarra é o maior estaleiro do Rio Grande do Sul e fi gura entre os grandes fabricantes de barcos do Brasil. Fundado em 1999, lamina seis modelos de lanchas de 34 a 76 pés e já entregou mais de unidades. Para saber mais, acesse ou ligue tel. 11/ N A U T I C A. C O M. B R