Composições Líricas Mágicas e Religiosas: Orações e Responsos

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Diogo Palma Brás
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1 Composições Líricas Mágicas e Religiosas: Orações e Responsos

2 Para nos proteger dos raios do trovão Chagas abertas, coração friso (ferido), Sangue derramado. O Senhor se mete entre nós todos e ó prio (perigo). Bai, Senhor, bai Abrandar as troboadas Que andam muito alebantadas. Passai-as ao mar meirinho, Onde não há pão, nem binho, Nem galo, nem galinha, Nem braço de meninha pequeninha. Anjo Custódio, salbai-nos! Nesta cama nos deitamos, Sem lume nem luz, Encostamo-nos ao crabo, E abraçamo-nos à cruz, Entregamos a nossa alminha Ao menino Jesus. Os polvorinhos Jesus Cristo suceda aqui, Esp ritos maus fugi de mim, Cesse em corda.

3 Nota: Esta breve oração tem de ser dita de braços abertos, em forma de cruz. A Nosso Senhor Santo Anjo do Senhor, Meu zeloso guardador, Pois só a ti me confiou a piedade dibina. Hoje sempre me rege, guarda, goberna e ilumina. A São José Balha Jesus, José e Maria, O Senhor me balha no tromento dia. Balha-me Jesus, José e Maria, O Senhor me balha na última agonia. Fazei com que a minha alma descance em paz na Bossa companhia. A São Romão Encomendo-me à luz, À santa bela cruz, Ao santo nome de Jesus, Ao Rei da bregindade, Às três pessoas da Santíssima Trindade, Ao Senhor São Romão, Coroado e por coroar,

4 Que nos libre de homem morto, mau encontro, Homem bibo todo pr igo. Senhor São Romão seja comigo, Senhor São Romão seja comigo, Senhor São Romão seja comigo. A Santiago Alma bai p ra Santiago, Alma bem de Santiago De cumprir a romaria. Atrás bai o pecado, A ber se tentando podia. Arreda, arreda, Satanás, Tu comigo não entrarás, Nem adiante, nem atrás. Qu isto que aqui lebo É uma alma que deram dum grande filho que eu tinha. Indo mais adiante, aos carreiros de Belém, Estaba lá um poço muito fundo, Lá me quiseram botar Os altos gritos que eu daba Um cabalheiro me oubiu dos palácios donde estaba. Ele me respondeu: - Se tu és coisa má, eu te desconjurarei; Se tu és coisa boa, eu remédio te darei. - Eu coisa má não sou para vós me desconjurares, Sou uma alma pecadora Que das carnes bos saiu. - Aprega-te com os jejuns que jejuastes, E com os rosários que rezastes. - Eu jejuar não podia, Apregarei-me com os rosários

5 Que eu rezaba cada dia. De sete semanas que eu jejuei, Uma delas te of recerei; Nos braços daquela cruz Uma bela te acenderei. Quem esta oração disser Todas as Seixtas e Sábados do ano inteiro, Tirará tantas almas das penas do Pergatório, Como o campo tem de erbas, O mar tem de areias, O céu tem de estrelas, O jardim tem de flores. Esta oração, quem na sabe, não na diz, Quem na oube, não na aprende. Lá no dia de juízo, Saberá o que ela rende. Quando as pessoas estão para morrer Ó meu Deus, ó meu Jesus, ó meu pai eterno, Librai a minha alminha que não caia no Inferno, Librai a minha alminha que não caia no Inferno, Librai a minha alminha que não caia no Inferno. E eu quero-me salbar, eu quero-me salbar, eu quero-me salbar. Ó meu Dibino Jesus, ó meu Dibino Jesus, ó meu Dibino Imperador, Emparai a minha alminha, quando deste mundo for, E as que lá estão também.

6 Eu ergui-me de madrugada em faichinha E manteu, fui correr a Bia Sacra, Que era o caminho do Céu. Encontrei Nossa Senhora Com um raminho d ouro na mão. Eu pedi-lhe uma galhinha, Ela disse-me que não. Eu tornei-lha a pedir, Ela ofereceu-me o seu cordão, Que daba doze boltas De roda do coração E as pontinhas que sobrabam, Chegabam do Céu ao chão. Numa ponta tinha São Bento, Noutra tinha São João, No meio tinha a Nossa Senhora da Conceição. Graças a Deus que já me deitei, Com sete anjos me encontrei, Três aos pés, quatro à cabeceira, Jesus Cristo na dianteira. Deitei os olhos ao Céu, Pensamento à Glória, Jesus Cristo na Costódia. Os meus pecados eram tantos, Que nunca os pude confessar Nem a padre, nem a frade, nem a clero. Confesso-Bos a Vós, Senhor, Que bem sabeis quantos são. Na hora da minha morte dareis-me a salbação. O Senhor subiu ao Céu, Porque à Terra já descestes. Salbai-me a minha alma, Porque Bós ma concedestes.

7 Santo Inácio d Alaiola, Fundador da Cruz de Cristo, O Pai nos balha, o Filho nos beja, O debino Esp rito Santo recocelei Todos os pecados jarais são parte de nós E as almas do Inferno que não possam tchegar a nós. Responso Santo António pequeninho Ó caminho se botou, Numa cajadinha d ouro pegou, Jesus Cristo encontrou E que proguntou: - António, aonde bais? - Ó Senhor, eu contigo bou. - Tu comigo não birás, Tu na terra ficarás, Todas as coisas perdidas, Tu as repararás.

8 Composições Líricas Mágicas e Religiosas: Ensalmos Para cortar o mau ar Usa-se um gadanho em forma de cruz e diz-se: Ar de bibo, Ar de morto, Ar de roto excomungado, Das quatro qualidades de ar, Bão arder às parafundas do mar. No corpo de fulano ou fulana Não se pode sustentar. Em loubor da Santa Libareta, Santa Teresa de Jesus, As cinco chagas o Senhor padeceu na cruz. Credo. Para cortar o ar de defunto Ar de defunto, Bai-te daqui c os ramos bentos E os trapos dele bão atrás de ti. Pela graça de Deus e da Birgem Maria, Padre-Nosso e Abe-Maria. Nota: Quando se desconfia que uma criança tem ar de defunto, usa-se esta reza e um ramo de loureiro benzido. Além disso, anda-se com a criança em forma de cruz, queimam-se os trapos do defunto e deitam-se areias da cova, também em cruz.

9 Outra reza para cortar o ar de defunto Durante a reza, utiliza-se uma peneira. Lua, luar, Deixa-me este menino criar. Lua à Lua, Leba a tua fromusura, Deixa a minha criatura. Pela graça de Deus e da Birge Maria, Padre-Nosso e Abe-Maria. Para curar a espinhela caída seguinte: A pessoa com esta dor pendura-se numa porta três vezes e diz-se também três vezes o Tenta espinhela em ti, Tenta espinhela na veia, Assim como foi Jesus Cristo, No dia da sua ceia.

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