O CÉU EXISTE MESMO. TODD BURPO com Lynn Vincent A HISTÓRIA REAL DO MENINO QUE ESTEVE NO CÉU E TROUXE DE LÁ UMA MENSAGEM. Heaven is for Real



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TODD BURPO com Lynn Vincent O CÉU EXISTE MESMO A HISTÓRIA REAL DO MENINO QUE ESTEVE NO CÉU E TROUXE DE LÁ UMA MENSAGEM Heaven is for Real Traduzido do inglês por Elsa T. S. Vieira

TÍTULO ORIGINAL HEAVEN IS FOR REAL 2010, Todd Burpo Todos os direitos reservados. Este livro foi negociado através de Sílvia Bastos, S. L., agência literária. 1. a EDIÇÃO / Junho de 2011 2. a EDIÇÃO / Junho de 2011 ISBN: 978-989-23-1434-1 Depósito Legal n. o : 327073/11 [uma chancela do grupo LeYa] Rua Cidade de Córdova, n. 2 2610-038 Alfragide Telef.: (+351) 21 427 2200 Fax: (+351) 21 427 2201 luadepapel@leya.pt www.luadepapel.pt

«Em verdade vos digo: Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino do Céu.» JESUS DE NAZARÉ

Conteúdos AGRADECIMENTOS 9 PRÓLOGO > ANJOS NO RESTAURANTE ARBY S 11 1. O COVIL DOS RASTEJANTES 17 2. PASTOR JOB 23 3. COLTON FAZ-SE FORTE 29 4. SINAIS DE FUMO 33 5. A SOMBRA DA MORTE 39 6. NORTH PLATTE 43 7. «ACHO QUE É O FIM» 47 8. FURIOSO COM DEUS 51 9. MINUTOS COMO GLACIARES 55 10. ORAÇÕES MUITO INVULGARES 59 11. COLTON BURPO, AGENTE DE ANGARIAÇÃO 65 12. TESTEMUNHA OCULAR DO CÉU 73 13. LUZES E ASAS 81 14. O TEMPO NO CÉU 87 15. CONFISSÃO 91 16. POP 93 17. DUAS IRMÃS 99 18. A SALA DO TRONO DE DEUS 103 19. JESUS GOSTA MESMO DAS CRIANÇAS 109 20. MORRER E VIVER 113 21. A PRIMEIRA PESSOA QUE VAI VER 117 22. NINGUÉM É VELHO NO CÉU 121 23. PODER DE CIMA 125 24. O MOMENTO DE ALI 127 25. AS ESPADAS DOS ANJOS 131 26. A GUERRA IMINENTE 135 27. UM DIA VEREMOS 139

EPÍLOGO 147 CRONOLOGIA DOS ACONTECIMENTOS 151 SOBRE OS BURPO 155 SOBRE LYNN VINCENT 157 NOTAS 158

Agradecimentos Ao contar a história de Colton, foi-nos concedida a oportunidade não só de trabalhar com profissionais dedicados, mas também com pessoas verdadeiras e bondosas. Claro que ficámos impressionados com as suas capacidades, mas Sonja e eu ficámos ainda mais encantados com o seu caráter e coração. Phil McCallum, Joel Kneedler, Lynn Vincent e Debbie Wickwire não investiram apenas as suas vidas neste livro; enriqueceram também a nossa família. Sem os seus esforços enormes e os seus espíritos sensíveis, O Céu Existe Mesmo nunca se teria desenvolvido de forma tão maravilhosa. Todos os dias agradecemos a Deus por ter reunido estas pessoas dotadas e talentosas para nos ajudarem a contar a história de Colton. Cada uma delas foi uma bênção para nós. Sonja e eu consideramos um privilégio maravilhoso poder chamar-lhes amigos. 9

:: PRÓLOGO :: Anjos no Restaurante Arby s O feriado do quatro de julho traz memórias de desfiles patrióticos, dos aromas deliciosos de fumo de churrasco e milho doce, e de céus noturnos a explodirem com cascatas de luz. No entanto, para a minha família, o fim de semana do quatro de julho de 2003 foi marcante por outros motivos. A minha mulher, Sonja, e eu tínhamos planeado levar as crianças a visitar o irmão de Sonja, Steve, e a sua família, em Sioux Falls, Dakota do Sul. Seria a primeira oportunidade para conhecermos o nosso sobrinho Bennett, nascido dois meses antes. Além disso, os nossos filhos, Cassie e Colton, nunca tinham estado nas cataratas (sim, há mesmo uma catarata em Sioux Falls). Porém, o mais importante era isto: a viagem marcaria a primeira vez que deixávamos a nossa cidade natal de Imperial, Nebraska, desde que uma viagem de família a Greeley, Colorado, em março, se transformara no pior pesadelo das nossas vidas. Para não estar com rodeios, da última vez que tínhamos feito uma viagem de família, um dos nossos filhos quase morrera. Chamem-nos doidos, se quiserem, mas estávamos um bocadinho apreensivos desta vez, quase ao ponto de não querermos ir. Ora bem, sendo eu um pastor, não acredito em superstições. Apesar disso, uma parte estranha e inquieta de mim acreditava que, desde que nos mantivéssemos perto de casa, estaríamos em segurança. No entanto, por fim, a razão e a vontade de conhecermos o pequeno Bennett, que Steve nos dissera ser o bebé mais querido do mundo levou a melhor. Assim, enfiámos as malas com parafernália para um fim de semana no nosso Ford Expedition azul e preparámos a família para partir em direção a norte. Sonja e eu decidimos que o melhor plano seria conduzir tanto quanto possível durante a noite. Assim, embora Colton tivesse de 11

O CÉU EXISTE MESMO estar preso na sua cadeirinha contra vontade, pois aos quatro anos já se considerava muito crescido, pelo menos passaria a maior parte da viagem a dormir. Passava pouco das oito da noite, portanto, quando o Expedition arrancou de nossa casa, passando pela igreja Wesleyan de Crossroads, onde sou pastor, em direção à Estrada 61. A noite, límpida e brilhante, estendia-se sobre as planícies, com a lua branca contra o céu de veludo. Imperial é uma pequena cidadezinha agrícola junto da fronteira ocidental do Nebraska. Com apenas dois mil habitantes e zero semáforos, é o tipo de cidade com mais igrejas do que bancos, onde os agricultores trocam os campos pelo café familiar à hora de almoço, com botas de trabalho, bonés e um alicate para arranjar cercas pendurado à cintura. Cassie, de seis anos, e Colton estavam muito entusiasmados por irem a caminho da «cidade grande» de Sioux Falls para conhecerem o seu novo primo. As crianças tagarelaram durante cento e quarenta quilómetros, até à cidade de North Platte, com Colton a travar batalhas de super- -heróis com as suas figuras de ação e a salvar o mundo várias vezes pelo caminho. Ainda não eram dez da noite quando entrámos nessa cidade com cerca de vinte e quatro mil habitantes, cuja maior pretensão à fama é ser a terra natal do famoso artista do Oeste Selvagem, Buffalo Bill Cody. North Platte seria praticamente a última paragem civilizada pelo menos a última paragem aberta que faríamos nessa noite, no nosso caminho para nordeste através de vastas extensões de milharais habitados apenas por veados, faisões e uma ou outra quinta. Tínhamos planeado parar aqui para abastecer o carro e as nossas barrigas. Depois de pormos combustível numa estação de serviço Sinclair, virámos para Jeffers Street e reparei que estávamos a passar pelos semáforos onde, se virássemos à esquerda, iríamos parar ao Centro Médico Regional de Great Plains. Fora aí que passáramos quinze dias de pesadelo em março, grande parte deles de joelhos, a rezar a Deus para poupar a vida de Colton. Deus poupou-o, mas Sonja e eu costumamos dizer que essa experiência nos roubou anos de vida. Às vezes, o riso é a única maneira de processar alturas difíceis, por isso quando passámos pelo cruzamento decidi meter-me com Colton. 12

PRÓLOGO :: ANJOS NO RESTAURANTE ARBY S Eh, Colton, se virarmos aqui podemos voltar ao hospital disse- -lhe. Queres ir outra vez para o hospital? O nosso menino riu-se no escuro. Não, papá, não me mandes para lá! Manda a Cassie a Cassie pode ir para o hospital! Ao lado dele, a irmã riu-se. Nã-nã! Também não quero ir! No banco do passageiro ao meu lado, Sonja virou-se de modo a conseguir ver o nosso filho, cuja cadeirinha estava montada atrás de mim. Imaginei o seu cabelo loiro curto e os olhos azuis como o céu a brilharem no escuro. Lembras-te do hospital, Colton? perguntou Sonja. Sim, mamã, lembro-me respondeu ele. Foi onde os anjos cantaram para mim. Dentro do Expedition, o tempo parou. Sonja e eu olhámos um para o outro, trocando uma mensagem silenciosa: Ele disse mesmo aquilo que eu penso que disse? Sonja inclinou-se para mim e sussurrou: Ele alguma vez te tinha falado sobre anjos? Abanei a cabeça. E a ti? Ela abanou a cabeça. Vi um restaurante Arby s, entrei no parque de estacionamento e desliguei o motor. A luz branca de um candeeiro de rua iluminou o interior do carro. Torci-me no banco e olhei para Colton. Naquele momento, a sua pequenez, a sua infantilidade, tocou-me. Ele era apenas um menino pequeno que ainda falava com uma inocência encantadora (e às vezes embaraçosa), dizendo aquilo que via. Quem tem filhos sabe ao que me refiro: aquela idade em que uma criança pode apontar para uma grávida e perguntar (muito alto): «Papá, porque é que aquela senhora é tão gorda?» Colton estava naquela estreita faixa da vida em que ainda não aprendera o que era tato ou malícia. Todos estes pensamentos passaram-me pela mente enquanto tentava perceber como havia de responder à declaração simples do meu filho de quatro anos, de que os anjos tinham cantado para ele. Por fim, disse: 13

O CÉU EXISTE MESMO Colton, estás a dizer que os anjos cantaram para ti enquanto estavas no hospital? Ele acenou vigorosamente com a cabeça. O que é que eles cantaram? Colton ergueu os olhos para cima, para a direita, enquanto recordava. Bom, cantaram Jesus Loves Me e Joshua Fought the Battle of Jericho disse, com ar muito sério. Eu pedi-lhes para cantarem We Will, We Will Rock You, mas eles não quiseram cantar essa. Enquanto Cassie ria baixinho, reparei que a resposta de Colton fora rápida e natural, sem sombra de hesitação. Sonja e eu trocámos outro olhar. O que se passa? Será que ele teve um sonho no hospital? E uma outra pergunta silenciosa: O que havemos de dizer agora? Uma questão natural veio-me à cabeça. Colton, como eram os anjos? Ele riu-se, aparentemente da recordação. Bem, um deles parecia o avô Dennis, mas não era ele, porque o avô Dennis tem óculos. Depois ficou mais sério. Papá, Jesus mandou os anjos cantarem para mim porque eu estava muito assustado. Eles fizeram-me sentir melhor. Jesus? Olhei de novo para Sonja e vi que ela estava de boca aberta. Virei-me outra vez para Colton. Queres dizer que Jesus estava lá? O meu menino acenou como se não estivesse a contar nada mais admirável do que ver uma joaninha no jardim. Sim, Jesus estava lá. Onde estava Jesus? Colton fitou-me nos olhos. Eu estava sentado ao colo de Jesus. Se houvesse botões de Stop para conversas, isto teria sido um deles. Tão estupefactos que ficámos sem palavras, Sonja e eu olhámos um para o outro e passámos mais um telegrama silencioso: Certo, precisamos mesmo de falar sobre isto. 14

PRÓLOGO :: ANJOS NO RESTAURANTE ARBY S Saímos todos do Expedition e entrámos no Arby s, de onde voltámos a sair minutos depois com um saco de comida. Entretanto, Sonja e eu trocámos frases murmuradas. Achas que ele viu mesmo anjos? E Jesus?! Não sei. Terá sido um sonho? Não sei ele parece ter tanta certeza. De novo no carro, Sonja distribuiu sanduíches de carne assada e pastéis de batata e eu arrisquei outra pergunta. Colton, onde estavas quando viste Jesus? Ele olhou para mim, como quem diz: Não falámos disto ainda agora? No hospital. Sabes, quando o doutor O Holleran estava a tratar de mim. Bom, o doutor O Holleran tratou de ti mais do que uma vez, lembras-te? perguntei. Colton fora submetido a uma apendicectomia de urgência e depois a uma limpeza abdominal no hospital, e mais tarde fora-lhe removida uma cicatriz queloide, mas já no consultório do doutor O Holleran. Tens a certeza de que foi no hospital? Colton acenou afirmativamente. Sim, no hospital. Quando eu estava com Jesus, tu estavas a rezar e a mamã estava a falar ao telefone. O quê? Isso significava que ele estava decididamente a falar do hospital. Mas como é que sabia o que nós estávamos a fazer? Mas tu estavas na sala de operações, Colton disse-lhe. Como podias saber o que nós estávamos a fazer? Porque estava a vê-los respondeu Colton com naturalidade. Saí do meu corpo e estava a olhar para baixo e via o médico a tratar do meu corpo. E vi-te a ti e à mamã. Tu estavas numa salinha, sozinho, a rezar; e a mamã estava noutra sala, a rezar e a falar ao telefone. As palavras de Colton abalaram-me profundamente. Sonja tinha os olhos muito abertos, mas não disse nada. Limitou-se a olhar para mim com ar distraído enquanto mordia a sanduíche. 15

O CÉU EXISTE MESMO Era toda a informação com que eu conseguia lidar, de momento. Liguei o motor, conduzi de volta à estrada e segui na direção do Dakota do Sul. Quando entrámos na I-80, os pastos estenderam-se de ambos os lados, salpicados aqui e ali por pequenos lagos que cintilavam sob o luar. Nessa altura já era muito tarde e, pouco depois, todos estavam a dormir, conforme planeado. Enquanto a estrada zumbia debaixo de mim, pensei, maravilhado, nas coisas que acabara de ouvir. O nosso menino dissera coisas incríveis e apoiara-as com informação credível, coisas que não teria forma alguma de saber. Nunca lhe tínhamos dito o que estávamos a fazer enquanto ele estava a ser operado, sob anestesia geral, aparentemente inconsciente. Uma e outra vez, perguntei a mim mesmo: Como é que ele pode saber? No entanto, quando atravessámos a fronteira estadual do Dakota do Sul, já tinha outra pergunta: Será que isto é mesmo real? 16