a 'Gracinha' na novela 'Anjo Meu' (TVI). Sendo uma personagem cómica, sente que tem conquistado o público? Pela primeira vez sinto que há Interpreta mesmo um grande carinho do público, porque a 'Gracinha' é uma personagem muito engraçada e doce. Pode fazer tontices, mas está sempre perdoada por ser tão genuína. Por isso estou a adorar fazer esta personagem e, principalmente, o apoio que toda a gente me tem dado. Vêm muito falar comigo na rua e isso é gratificante. Identifica- se com a 'Gracinha'? Não muito, até porque a personagem é dos anos 80. Mas às vezes também gosto de ser tonta, na brincadeira. Mas como figura pública, tenta esconder esse lado? Se calhar sou mais contida em algumas coisas, mas continuo a ser a mesma e quem me conhece sabe disso. Às vezes, por exemplo, quando estou no carro com a Marta Melro [actriz] metemos a música alta e começamos a gritar com os braços de fora, porque naquele momento ninguém nos reconhece. E é uma libertação. Às vezes o anonimato sabe bem Tem muitos amigos no mundo da repre sentação? Continuo a manter as minhas amigas de infância do Norte onde, cresci, mas em Lisboa os meus melhores ami gos são quase todos do tempo dos 'Morangos com Açúcar! Dou-me muito bem com a Mariana Monteiro, com o João Cajuda, a Oceana Basílio, com a Marta Melro e a Joana Duarte. E com o elenco de 'Anjo Meu' mantêm boas relações? Nunca tinha trabalhado com a maioria, mas a verdade é que o ambiente é exce - lente. Toda a gente se dá muito bem e, para mim, é um privilégio conviver com pessoas como o José Wallenstein, Rui Mendes, Estrela Novais, Alexandra Lencastre e o Fernando Luís. São todos maravilhosos e, além disso, acessíveis. São pessoas queridas, simpáticas, humildes e eu nunca pensei que isso fosse possível. Para interpretar esta personagem teve de ficar loira. Já pensou se vai manter este visual? Vou escurecer um bocadinho o cabelo. Se durante dez meses estive um bocado triste, porque achava que não me favorecia, agora já não penso o mesmo. De há um mês para cá comecei-me a habituar e agora olho para fotografias em que estava morena e vejo que falta lá alguma coisa. Portanto, vou escurecer progressivamente o cabelo até achar a minha cor ideal. As gravações terminam em Dezembro. O que vai fazer a seguir? 1 Gosto de sair de Portu- \gal no final dos projectos, mas sempre com os telemóveis ligados, porque se surgir uma proposta volto logo. Não estamos em tempos de relaxe e temos de agarrar bem as oportunidades. Mas em Dezembro talvez vá para Paris uns tempos, porque gostava de aprender francês. Não tem, portanto, contrato de exclusividade com a 4 Não, mas gostava. *_ Era uma segurança \ porque, por mais que \ eu esteja preparada, um \ mês antes de acabar o projecto já estou preocupada sem saber se vou estar um mês sem trabalhar, se vai ser para sempre ou se, por outro lado, não vou ter férias. Por isso, tento proteger-me e poupar. Como é que gere o dinheiro que ganha? Quando não estou a representar tenho de me dedicar a outras actividades. Assusta -a a crise que Portugal atravessa? Sim. E o problema é que acho que esta austeridade não vai ser suficiente. Vai ha - ver muita gente a fugir de Portugal. E nós, que cá ficamos, temos de optimizar as nossas contas ao máximo. Mas espero que este sacrifício sirva para que daqui a uns anos estejamos melhor.
Já cortou em algumas coisas? Sim, já não compro tantas coisas como antigamente, estou a tentar reduzir a conta do telemõvel e, muitas vezes, em vez de pegar no carro ando de bicicleta. Também janto mais vezes em casa e tento poupar em pequenas coisas que vão fazendo a diferença. Está a tirar também o curso de Educação Física. É um escape caso a sua carreira de actriz não corra como o previsto? Neste momento o curso está parado. Mas tento ter sempre actividades paralelas. Por exemplo, agora apresento um programa de automóveis [Turbo 24'] e também faço competição, sou piloto. Em que campeonato? Entro na competição 'Super Seven by Kia! ou seja, conduzo um carro muito le - vezinho, mas com um motor muito potente. Em pista é quase um Fórmula 1 e é fascinante. Mas claro que fico quase sempre em último lugar, até porque só corro com homens, que jã têm muito mais anos rle dedicação do que eu Não tem medo? Não, sinto -me muito segura. Como o carro é aberto, nós usamos capacete, fato à prova de fogo e braçadeiras para os braços não serem ampu - tados, em caso de acidente Estou muito protegida. Anda a que velocidade? É difícil explicar, porque nós não corremos em velocidade de ponta, mas sim de curvas. Posso não chegar a atingir os 150 km/h, mas numa curva e com o carro de lado a adrenalina é outra... Com uma vida profissional tão agitada, coma fica a vida pessoal? Já se vê no papel de mãe? Eu vejo-me nesse papel, mas primeiro preciso de me ver no papel de ter um namorado ou um marido. Já não estou propriamente com 17 anos, tenho 29, mas a verdade é que as coisas não têm acontecido. Sempre tive o sonho de casar, ter a minha família, assentar, ter filhos, fazer jantares lá em casa. Mas também não tenho pressa de que isso aconteça. Estou bem assim, mas, como é óbvio, não fecho as portas ao amor. É difícil encontrar a pessoa certa? Cada vez mais é difícil encontrar alguém. Mas também sinto que quando chegamos a esta idade as pessoas ou estão muito exigentes ou não querem compromissos, porque têm medo que seja logo para casar. Cada vez mais as re - lações são descartáveis, ninguém se quer relações estão muito estranhas hoje em dia e eu acho fundamental criar uma boa comprometer e há grande dificuldade em a outra pessoa ou nós próprios darmos tudo. Afinal, já tivemos tantas experiências que às vezes nem paciência temos para entregar tudo ao outro. As amizade primeiro. Namorou com o futebolista Daniel Mustafá e a relação terminou quando ele saiu do Belenenses e foi para a Argentina. Alguma vez ponderou
deixar tudo por amor? Não, nunca ponderei e ele sabia disso. Sempre tive esperança de que ele ficasse a jogar pela Europa, mas foi para a Argentina e agora está no Equador. No final, ficou um grande respeito e amizade, porque as coisas foram bem conversadas. Ainda há pouco tempo ele ligoume do Equador e tivemos meia hora a rir das coisas que fazíamos. Soube que ele está bem. Mas ainda namorou algum tempo à Só tivemos um mês e meio a sempre a estrangeira e, além do mais, tentar uma carreira lá na- morar à distância e, nessa altura, começámos a ver que era muito complicado. Falávamos na internet e foi dessa for- ma que tivemos de acabar a nossa relação. Foi triste. Não se vê a deixar o Pais para tentar outros mercados? Não, eu estive nos Estados Unidos durante alguns meses, a estudar, e percebi que era difícil. Noutro país hei-de ser fora implicaria que eu estivesse um ou dois anos a tentar e a perder oportunidades cá. Por enquanto estou bem em Portugal. Quando namorava com o Daniel, ele ainda pensou que talvez eu pudesse tentar uma carreira onde ele jogava, porque, com ele, aprendi a falar fluentemente espanhol, mas chegámos à conclusão de que não dava. A Vidas agradece d colaboração de kfe Sixly