ANÁLISE DOS LIMITES DE TRANSMITÂNCIA E CAPACIDADE TÉRMICA DA NORMA NBR 15575

Documentos relacionados
Manual de uso do objeto Energy Management System do programa EnergyPlus

Alinhamento entre PROCEL EDIFICA e ABNT NBR 15575

ANÁLISE DO DESEMPENHO TERMO ENERGÉTICO DE HABITAÇÕES UNIFAMILIARES DE INTERESSE SOCIAL ATRAVÉS DO MÉTODO DE SIMULAÇÃO DO REGULAMENTO BRASILEIRO 1

ANÁLISE COMPARATIVA DE MODELAGENS DE ÁTICOS E ZONAS SUBTERRÂNEAS NO PROGRAMA ENERGYPLUS

Tabela 3.37: Constantes da Equação

O EFEITO DA AMPLITUDE DIÁRIA DA TEMPERATURA DO AR EXTERIOR E DO RESFRIAMENTO NOTURNO NA INÉRCIA TÉRMICA DE HABITAÇÃO

Desempenho Térmico de edificações Aula 12: Diretrizes Construtivas para Habitações no Brasil NBR 15575

Análise do método de simulação de desempenho térmico da norma NBR

Proposta de métodos para avaliação da eficiência energética. Edificações residenciais

Nota técnica referente à avaliação para a norma de NBR em consulta pública

Roberta Mulazzani Doleys Soares, Camila Marin Lenise, Caroline Herter e Jaqueline Petenon Smaniotto

Proposta de métodos para avaliação da eficiência energética. Edificações residenciais

CURSO DE ETIQUETAGEM EM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS

DESEMPENHO TÉRMICO DE 3 EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS EM FLORIANÓPOLIS - SC

A INFLUÊNCIA DO ENVELOPE NO DESEMPENHO TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS UNIFAMILIARES OCUPADAS E VENTILADAS NATURALMENTE

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO TÉRMICO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL DE ACORDO COM A NBR 15575, PARA AS DIVERSAS ZONAS BIOCLIMÁTICAS

ANÁLISE DA SENSIBILIDADE DO RTQ-C QUANTO À VARIAÇÃO DA DENSIDADE DE CARGA INTERNA NAS ZONAS BIOCLIMÁTICAS BRASILEIRAS 1, 4 E 7 RESUMO

ANÁLISE DO DESEMPENHO TÉRMICO PARA EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS VENTILADAS NATURALMENTE ATRAVÉS DE SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL BASEADA EM ABORDAGEM ADAPTATIVA

Proposta de métodos para avaliação da eficiência energética. Edificações residenciais

ANÁLISE DE ALTERNATIVAS PARA A REDUÇÃO DO CONSUMO ENERGÉTICO EM EDIFICAÇÕES CLIMATIZADAS

ANÁLISE DO DESEMPENHO TÉRMICO EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL ESTUDO DE CASO EM SANTA ROSA - RS 1

Análise Térmica e Energética da Aplicação de Isolante Térmico em Fachadas e Cobertura de um Edifício Comercial

Artigos técnicos. Adriana Camargo de Brito a *, Henrique Lima Pires b, Maria Akutsu a. *

RELATÓRIO FINAL DE ATIVIDADES

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO TÉRMICO DE UMA RESIDÊNCIA EM FORMIGA MG UTILIZANDO A NBR

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO TÉRMICO EM EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIO NA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL

REFLEXÕES CRÍTICAS QUANTO AS LIMITAÇÕES DO TEXTO DAS NORMAS BRASILEIRAS DE DESEMPENHO NBR E NBR 15575

Desempenho Térmico de edificações Aula 12: Diretrizes Construtivas para Habitações no Brasil

XIV ENTAC - Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído - 29 a 31 Outubro Juiz de Fora

COMPORTAMENTO TÉRMICO DE APARTAMENTOS EM USO DURANTE O INVERNO

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES ALTERNATIVAS DE MODELAGEM DE HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NO PROGRAMA DE SIMULAÇÃO DE DESEMPENHO TÉRMICO ENERGYPLUS

DESEMPENHO TÉRMICO EM DORMITÓRIOS E CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA RESIDENCIAL: ESTUDO DE CASO EM CUIABÁ-MT

ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS RESULTADOS DE SIMULAÇÕES TERMOENERGÉTICAS DE EDIFICAÇÕES SOB DIFERENTES CONDIÇÕES DE ENTRADA DAS PROPRIEDADES DOS VIDROS

DEFINIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO TERMO-ENERGÉTICO DE HIS

XIV ENTAC - Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído - 29 a 31 Outubro Juiz de Fora

EVALUATION OF THERMAL PERFORMANCE AND THERMAL COMFORT OF USERS IN HORIZONTAL RESIDENTIAL ENTERPRISE OF PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA IN MACEIÓ-AL.

COMPARAÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DA ENVOLTÓRIA DE HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL PELOS MÉTODOS PRESCRITIVO E SIMULAÇÃO DO RTQ-R

PERCENTUAL DE ABERTURA NA FACHADA E TIPOS DE FECHAMENTO NO DESEMPENHO TÉRMICO DA EDIFICAÇÃO

ANÁLISE DA SENSIBILIDADE DO MÉTODO PRESCRITIVO DO RTQ-C QUANTO À VARIAÇÃO DE DENSIDADE DE CARGA INTERNA

DESEMPENHO TÉRMICO DE HABITAÇÕES POPULARES EM ALAGOAS: UMA APLICAÇÃO DA NBR

NBR 15575:2013 DESEMPENHO TÉRMICO, LUMÍNICO E ACÚSTICO

Aula 5. Recomendações da NBR 15220: Desempenho térmico de edificações

DESEMPENHO TÉRMICO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NA ZONA BIOCLIMÁTICA 7 UTILIZANDO PROCEDIMENTOS PRESCRITIVOS E DE MEDIÇÃO

AMBIENTES DE PERMANÊNCIA PROLONGADA COM PISCINA SOBRE COBERTURA

ANÁLISE DE ÁREA DE ABERTURA PARA VENTILAÇÃO NA CIDADE DE FLORIANÓPOLIS UTILIZANDO O PROGRAMA COMIS/ENERGYPLUS

INFLUÊNCIA DO PERCENTUAL DE ABERTURA NAS FACHADAS E DO FATOR SOLAR DOS VIDROS NA ETIQUETAGEM DO PROCEL/INMETRO: MÉTODO PRESCRITIVO X SIMULAÇÃO

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE CONFORTO TÉRMICO EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NA REGIÂO SUL DO RS

DESEMPENHO DE HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL FRENTE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS 1

AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS DA ABNT NBR NO CONFORTO TÉRMICO E NO CONSUMO DE ENERGIAS NAS NOVAS EDIFICAÇÕES HABITACIONAIS BRASILEIRAS

Análise crítica dos métodos de avaliação de desempenho térmico da ABNT NBR para a Zona Bioclimática 8

ESTRUTURA DO CURSO 08:00-10:00 RTQ-R

ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA

RESUMO ABSTRACT

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DE SUBCOBERTURAS NO DESEMPENHO TÉRMICO DE UMA EDIFICAÇÃO RESIDENCIAL

Telefones: (48) /

Adriana Camargo de Brito a*, Elisa Morande Salles a, Fúlvio Vittorino b, Marcelo de Mello Aquilino a, Maria Akutsu a

ANÁLISE DE SENSITIVIDADE DE UM MODELO COMPUTACIONAL DE RESIDÊNCIA DE INTERESSE SOCIAL EM NATAL

O programa computacional de simulação termo-energética deve possuir, no mínimo, as seguintes características:

Desempenho Térmico de edificações Aula 12: Diretrizes Construtivas para Habitações no Brasil NBR15220

ANEXO 3. Considerações para Eficiência Energética no projeto de Edificações Comerciais, de Serviço e Públicas

AVALIAÇÃO DA GERAÇÃO FOTOVOLTAICA VERSUS CONSUMO DE ELETRICIDADE DE UMA RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR EM DIFERENTES CONDIÇÕES CLIMÁTICAS

XIV ENTAC - Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído - 29 a 31 Outubro Juiz de Fora

Narrativa RTQ-R 1. INFORMAÇÕES GERAIS 2. CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO 1.1. INFORMAÇÕES DO SOLICITANTE 1.2. DADOS GERAIS

ABNT NBR (2008) Edifícios Habitacionais de Até Cinco Pavimentos Desempenho. Resumo dos itens relacionados ao Desempenho Térmico

A COMPATIBILIZAÇÃO DOS MÉTODOS SIMPLIFICADO E POR SIMULAÇÃO DA NBR 15575, SOB ANÁLISE DO RTQ-R: ZONA BIOCLIMÁTICA 2

Eficiência energética de diferentes sistemas construtivos avaliados segundo o método prescritivo do RTQ-R

XIV ENTAC - Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído - 29 a 31 Outubro Juiz de Fora

XIV ENTAC - Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído - 29 a 31 Outubro Juiz de Fora

DESEMPENHO TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES NBR 15220

ANÁLISE QUALITATIVA DO DESEMPENHO TÉRMICO DE EMPREENDIMENTO DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL NA CIDADE DE PELOTAS RS

RELAÇÃO ENTRE O MODELO ADAPTATIVO DE CONFORTO TÉRMICO E A DEMANDA DE RESFRIAMENTO EM EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIOS

DESEMPENHO TÉRMICO EM HABITAÇÃO POPULAR: ADEQUAÇÃO DE MÉTODOS DE AVALIAÇÃO

AVALIAÇÃO DO CONFORTO TÉRMICO EM APARTAMENTOS OCUPADOS EM FLORIANÓPOLIS

Análise e compatibilização dos métodos simplificado e por simulação da NBR 15575: zona bioclimática 2

Avaliação do desempenho térmico de Sistema Construtivo em Concreto de Alto Desempenho Estrutural Leve CADEX

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO TÉRMICO DE EDIFICAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL UNIFAMILIARES EM SANTA MARIA RS

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

XVI ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO

CONTRIBUIÇÕES PARA O APRIMORAMENTO DA NBR REFERENTE AO MÉTODO SIMPLIFICADO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO TÉRMICO DE EDIFÍCIOS

ANÁLISE COMPARATIVA DOS PROCEDIMENTOS DE DESEMPENHO TÉRMICO DA NBR EM EDIFICAÇÃO MULTIFAMILIAR

DESEMPENHO TÉRMICO DE RESIDÊNCIA UNIFAMILIAR PMCMV EM DIFERENTES CIDADES ALAGOANAS

ANÁLISE DE AGRUPAMENTO DE 411 CIDADES BRASILEIRAS BASEADO EM INDICADORES DE DESEMPENHO DE EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS NATURALMENTE VENTILADAS 1

CONFORTO TÉRMICO RESIDENCIAL ANÁLISE DE CASO EM SANTA ROSA/RS 1

Conforto Térmico e Bioclimatologia

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA UFSC CENTRO TECNOLÓGICO CTC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL ROSANA DEBIASI

Resumo. Abstract. Introdução

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE PROPRIEDADES TÉRMICAS DE PAREDES DE ALVENARIA DE VEDAÇÃO EM BLOCOS DE CONCRETO CELULAR AUTOCLAVADO

Cláudia. Donald. Pereira. Dissertação de Mestrado. Orientador: Prof. Enedir Ghisi, PhD

ANÁLISE DA PRECISÃO DE METAMODELO DESENVOLVIDO PARA A AVALIAÇÃO DE EDIFÍCIOS VENTILADOS NATURALMENTE

Projeto de pesquisa realizado no curso de engenharia civil da UNIJUÍ 2

RELATÓRIO TÉCNICO DA BASE DE SIMULAÇÕES PARA O RTQ-R

ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE CONFORTO TÉRMICO EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL EM PELOTAS/RS

Método de Simulação. Edifícios comerciais, de serviços e públicos. Roberto Lamberts, PhD Veridiana A. Scalco, Dra Gabriel Iwamoto Rogério Versage, MSc

SISTEMA CONSTRUTIVO DE PAINÉIS DE CONCRETO MOLDADOS IN LOCO: AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO TÉRMICO

Desempenho Térmico de edificações Aula 12: Diretrizes Construtivas para Habitações no Brasil NBR15220

APLICAÇÃO DE CONCEITOS DA ARQUITETURA BIOCLIMÁTICA COMO EXEMPLO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO CLIMA QUENTE E ÚMIDO

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE CONFORTO TÉRMICO EM ESCOLAS NATURALMENTE VENTILADAS

Influência do usuário no conforto térmico de um edifício devido à operação de janelas

Vidros de Controle Solar: Conforto Térmico e Eficiência Energética

Transcrição:

ANÁLISE DOS LIMITES DE TRANSMITÂNCIA E CAPACIDADE TÉRMICA DA NORMA NBR 15575 Cristiano A. Teixeira (1); Marcio José Sorgato (2); Ana P. Melo (3); Roberto Lamberts (4) (1) Graduando em Arquitetura e Urbanismo, cristiano.andre.teixeira@gmail.com (2) Doutor, Pós-doutorando do Departamento de Engenharia Civil, sorgatomarcio@gmail.com (3) Doutora, Pós-doutoranda do Departamento de Engenharia Civil, apaula_melo@posgrad.ufsc.br (4) PhD, Professor do Departamento de Engenharia Civil, roberto.lamberts@ufsc.br Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Engenharia Civil, Laboratório de Eficiência Energética em Edificações, Cx Postal 476, Florianópolis SC, 884-9, Tel.: (48) 3721 5184 RESUMO Este artigo tem objetivo de quantificar o consumo de energia para condicionamento artificial do ar em edificações unifamiliares com os limites das variáveis transmitância e capacidade térmica dispostos no método normativo da NBR 15575. Para isso, foram realizadas simulações computacionais de duas tipologias de edificações unifamiliares que atendiam aos limites da norma, estimando os consumos de energia para resfriamento e aquecimento dos ambientes de permanência prolongada (salas e dormitórios). As simulações computacionais foram realizadas no programa EnergyPlus e as cidades analisadas foram Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro. Utilizou-se condições de conforto adaptativo para determinar a operação do sistema de ventilação híbrida nas duas tipologias. Os resultados indicam que o limite de absortância,8 e transmitância 2,19 W/(m 2.K) acarreta em um consumo maior para o resfriamento dos dormitórios, enquanto que para o aquecimento o limite de absortância,4, no caso do Rio de Janeiro, ou,6, em Florianópolis e São Paulo, e transmitância 3,56 W/(m 2.K) acarreta em um consumo maior tanto na sala quanto nos dormitórios. Palavras-chave: desempenho térmico, consumo de energia, eficiência energética, simulação computacional, NBR 15575. ABSTRACT This article aims to quantify the energy consumption of air conditioners in single-family buildings with the limits of U-factor and heat capacity presented by the normative method of the NBR 15575. In order to do that there were conducted a series of computer analyses to determine the energy consumption for cooling and heating in the living rooms and bedrooms of two residential buildings typologies that met the requirements of U-factor and heat capacity stipulated by the NBR 15575. The analyses were made using the EnergyPlus computer program and three weather data from the cities of Florianópolis, São Paulo and Rio de Janeiro. There were used comfort conditions and acceptability limits to determine the operation of the hybrid ventilation system in both typologies. The results indicate that the limit with,8 of solar absorptance and 2,19 W/(m 2.K) of U-factor increases the consumption for cooling in bedrooms, while the limit with,4 of solar absorptance in Rio de Janeiro or,6 in Florianópolis and São Paulo and 3,56 W/(m 2.K) of U-factor increases the comsumption for heating in bedrooms and livingrooms. Palavras-chave: thermal performance, energy consumption, energy efficiency, computer simulation, NBR 15575. 1577

1. INTRODUÇÃO As edificações residenciais são responsáveis por um quarto de todo o consumo de energia elétrica do país (BRASIL, 216). Mesmo em 216, quando o Brasil atravessa o início de uma grave crise econômica, o consumo de energia elétrica desse setor teve um recuo de apenas,7%. E tudo indica que o consumo de energia deve aumentar, uma vez que as projeções do IBGE apontam para um crescimento constante da população do país que em 23 deve chegar a cerca de 223 milhões de habitantes (IBGE, 217). Por isso, destaca-se a importância do desenvolvimento e difusão de normas, regulamentos e programas que visem incentivar a redução do consumo de energia elétrica das edificações residenciais do país. A NBR 15575 (ABNT, 213) avança neste sentido ao estabelecer parâmetros e seus respectivos limites que devem ser considerados para a adequação das edificações residenciais em termos de desempenho térmico. Esta norma estabelece três procedimentos de avaliação possíveis: medição, normativo e simulação. No normativo, que é o foco deste estudo, são definidos padrões mínimos de desempenho térmico das paredes externas e das coberturas das edificações residenciais. A NBR 15575-4 define os requisitos mínimos de transmitância e capacidade térmicas das paredes externas e a NBR 15575-5 define os requisitos mínimos de transmitância térmica das coberturas. Esses requisitos estão relacionados à zona bioclimática em que a edificação está inserida. No caso das zonas bioclimáticas 1 e 2, a norma estabelece um valor máximo de transmitância térmica e mínimo de capacidade térmica, enquanto que nas demais zonas bioclimáticas esse valor varia de acordo com a absortância das paredes externas e das coberturas. Deve-se ressaltar que os procedimentos estabelecidos pela norma vêm sendo questionados. Silva et al. (214) investigou o peso que as variáveis tipos de piso e tipos de céu, que são desconsideradas no método de simulação da NBR 15575-1 (ABNT, 213), tem sobre desempenho térmico de uma habitação. A pesquisa mostrou que essas variáveis tem um impacto significativo no desempenho térmico das edificações. As análises feitas por Sorgato et al. (214) apontam que as condições de contato da edificação com o solo, que também não são especificadas pela NBR 15575, exercem forte influência nos resultados das simulações do desempenho térmico das edificações. O mesmo método foi questionado por Ferreira e Pereira (Ferreira; Pereira, 214) que ao avaliar um dos ambientes de permanência prolongada de um modelo de edificação multifamiliar constatou que o atendimento à exigência de que a temperatura interna deve ser inferior à temperatura externa do dia típico de verão não refletiu em um baixo percentual de horas em desconformo térmico. Diante deste contexto, este estudo propõe-se a analisar os limites das variáveis transmitância e capacidade térmica das paredes e coberturas do método normativo da NBR 15575. 2. OBJETIVO Esta pesquisa objetiva avaliar os limites das variáveis transmitância e capacidade térmica do método normativo da NBR 15575 através da comparação do desempenho energético de edificações residenciais unifamiliares, quantificando o consumo de energia para resfriamento e aquecimento para manter as condições de conforto térmico adaptativo nos ambientes de permanência prolongada. 3. MÉTODO Foram realizadas análises dos consumos de aquecimento e resfriamento dos ambientes de permanência prolongada de duas tipologias de edificações residenciais unifamiliares cujas orientações solares se mantiveram as mesmas durante todo o processo. Utilizou-se o programa de simulação computacional EnergyPlus versão 8.5 para a estimativa dos consumos. 3.1. Tipologias Duas tipologias de edificações residenciais unifamiliares foram utilizadas no estudo. A primeira tipologia, de 63 m² de área útil, possui uma cozinha, um banheiro e três ambientes de permanência prolongada: uma sala e dois dormitórios (Figura 1 e Figura 2). Já a segunda tipologia, de 15 m² de área útil, possui uma cozinha, dois banheiros, uma área de serviço, uma garagem e quatro ambientes de permanência prolongada: uma sala e três dormitórios (Figura 3 e Figura 4). A cobertura foi modelada como resistência térmica equivalente, de acordo os procedimentos da NBR 1522 (25). De acordo com o estudo de Mazzaferro et al (214), observou-se que a diferença nos resultados de desempenho térmico é mínima considerando a modelagem do ático como uma camada equivalente ou como uma zona térmica. Estas tipologias são as mesmas adotadas na tese de doutorado de Sorgato (215), as quais possuem características geométricas que buscam representar a variedade dos principais tipos de domicílios unifamiliares do Brasil. 1578 2

Figura 1 Croqui volumétrico da tipologia de 63 m². Figura 2 Planta baixa da tipologia de 63 m². Figura 3 Croqui volumétrico da tipologia de 15 m². Figura 4 Planta baixa da tipologia de 15 m². 3.2. Variáveis adotadas Os limites da NBR 15575-4 e da NBR 15575-5 são definidos de acordo com a variável absortância das paredes externas e das coberturas, assim como a zona bioclimática em que a edificação está inserida. Para as zonas bioclimáticas 3, 4, 5, 6, 7 e 8 são definidos dois tipos de limites para as paredes externas: o primeiro estabelece o valor máximo de transmitância térmica e mínimo de capacidade térmica para paredes externas com absortância menor ou igual a,6; e o segundo estabelece esses limites para paredes externas com absortância maior do que,6. No caso das coberturas, os limites de transmitância térmica são definidos para absortâncias menores ou iguais a,6 ou maiores de que,6 nas zonas bioclimáticas 3, 4, 5 e 6; e menor ou igual a,4 ou maior do que,4 nas zonas bioclimáticas 7 e 8. Com base nesses limites, foram atribuídos dois tipos de paredes e coberturas para a zona bioclimática. A Tabela 1 mostra as variáveis absortância térmica, transmitância térmica e capacidade térmica de paredes e coberturas que foram adotadas de acordo com as cidades e as absortâncias escolhidas. Para a simulação dos modelos foram utilizados os arquivos climáticos INMET das cidades de Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro, disponibilizados pelo laboratório de eficiência energética em edificações (LABEEE, 217). De acordo com a NBR 1522 (ABNT, 25), Florianópolis e São Paulo estão situados na zona bioclimática 3 e o Rio de Janeiro na 8. A zona bioclimática 3 possui um clima ameno ao longo do ano, tendendo para o úmido. Já a zona bioclimática 8 possui um clima quente e úmido. A orientação solar dos modelos permaneceu inalterada durante todo o processo de simulação. 1579 3

Cidade Florianópolis São Paulo Rio de Janeiro Tabela 1 Parâmetros adotados de acordo com os limites da NBR 15575. Transmitância das paredes Capacidade térmica das paredes Transmitância da Absortância externas externas cobertura W/(m 2.K) kj/(m².k) W/(m 2.K),6 3,56 147,1 1.93,8 2,19 188, 1,55,6 3,56 147,1 1.93,8 2,19 188, 1,55,4 3,56 147,1 1.93,8 2,19 188, 1,55 Além dos limites de transmitância e capacidade térmica das paredes externas e das coberturas, adotouse quatro percentuais de aberturas distintos nos ambientes de permanência prolongada ():,, e. Esta variação teve o objetivo de identificar se o percentual de abertura teria um impacto significativo no consumo de energia dos modelos. A área efetiva para ventilação corresponde a 5% da área de janela. Um total de 24 modelos foram elaborados atendendo às variações de paredes e coberturas, zonas bioclimáticas e percentuais de abertura. 3.3. Padrão de ocupação Definiu-se que as tipologias seriam habitadas por dois grupos, considerando duas pessoas por dormitório. A tipologia de 63 m² foi, então, ocupada por quatro pessoas, e a de 15 m² por seis. O padrão de ocupação desses moradores durante o dia varia de acordo com o tipo de ambiente: nos dormitórios o número máximo de pessoas é de dois e nas salas o valor pode chegar a quatro. Foi definido que entre as 8:h e às 13:h as salas e os dormitórios não eram ocupados. A Figura 5 e a Figura 6 mostram o padrão de ocupação utilizado nas salas e nos dormitórios de ambas as tipologias. Número de ocupantes 6 5 4 3 2 1 1h 3h 5h 7h 9h 11h13h15h17h19h21h23h Horas Dormitório 1 Dormitório 2 Sala Figura 5 Padrão de ocupação da tipologia de 63 m². 6 5 4 3 2 1 1h 3h 5h 7h 9h 11h13h15h17h19h21h23h Horas Dormitório 1 Dormitório 2 Dormitório 3 Sala Figura 6 Padrão de ocupação da tipologia de 15 m². Número de ocupantes 3.5. Condições de conforto As condições de conforto foram determinadas a partir dos limites de aceitabilidade da ASHRAE 55 (ASHRAE 55, 213) com a adaptação de De Vecchi et al. (214) que adiciona uma zona de ajuste de clo onde o usuário não estaria em desconforto por frio com uma taxa metabólica entre 1 met ( 58,1 W/m²) e 1,3 met ( 75,5 W/m²). Esta zona de ajuste considera um acréscimo de vestimentas entre,5 clo e 1 clo. A Figura 7 mostra o gráfico com os dados de conforto adaptativos utilizados. 158 4

Figura 7 Gráfico do conforto adaptativo adaptado de De Vecchi et al. (214). 3.4. Ventilação híbrida As condições de ventilação foram determinadas a partir do estudo de Sorgato et al. (216), que considera o gráfico de conforto adaptativo proposto por De Vecchi et al. (214) e os valores de temperaturas externa e interna para determinar a necessidade de ventilação natural ou condicionamento artificial do ar. A integração dos sistemas de ventilação natural e de condicionamento artificial foi possível através da utilização dos recursos de controles avançados do Energy Management System (EMS). A Figura 8 mostra o esquema de funcionamento da ventilação híbrida. Figura 8 Figura esquemática do funcionamento da ventilação híbrida. 3.4.1 Ventilação natural Adotou-se a ventilação seletiva para controlar a abertura das janelas para ventilação natural. Assim, foi estipulado três condições que devem ser atendidas: na primeira condição as janelas são abertas quando a temperatura interna do ambiente é igual ou superior a 23 C (Tint 23 C), na segunda a temperatura interna do ambiente deve ser maior ou igual à temperatura externa (Tint Text) e na terceira a temperatura interna do ambiente deve ser menor que a temperatura do limite superior da condição de conforto térmico (TAmb < Tcon). O comportamento de abertura das janelas é o mesmo durante todos os dias da semana. Quanto às portas, definiu-se que a porta interna de um determinado ambiente permaneceria aberta quando a ventilação 1581 5

natural estivesse ocorrendo. As portas de acesso aos modelos permanecem fechadas. A Figura 9 ilustra o processo de ventilação seletiva. Figura 9 Figura esquemática do funcionamento da ventilação natural. 3.4.2 Sistema de condicionamento de ar O funcionamento do sistema de condicionamento de ar também ocorre em situações pré-definidas. Para aquecimento, o sistema entra em funcionamento assim que a temperatura interna atinge valores menores do que 18 C, enquanto que para o resfriamento o sistema opera de acordo com os limites de aceitabilidade de 9% da ASHRAE 55. Neste caso, quando a temperatura interna operativa está acima da zona de conforto o sistema de resfriamento é acionado. Quando um dos ambientes de permanência prolongada não está sendo ocupado, o sistema de condicionamento de ar é desligado. Definiu-se que a temperatura de termostato de refrigeração seria 24 C e para aquecimento seria de 21 C nas zonas bioclimáticas 1, 2, 3 e 4. Apenas as salas e os dormitórios foram condicionados artificialmente. As portas internas dos ambientes que estão sendo condicionador artificialmente permanecem fechadas. Para este estudo o dormitório só será condicionado artificialmente no período da noite. 4. RESULTADOS Os resultados mostram o desempenho energético para resfriamento e aquecimento dos ambientes de permanência prolongada das duas tipologias simuladas. 4.1. Consumo de energia da tipologia de 63 m² As Figuras 1 e 11 mostram os consumos de resfriamento e aquecimento dos ambientes de permanência prolongada da tipologia de 63 m² em Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro. A Figura 1 apresenta os dados dos modelos com absortância,4 (Rio de Janeiro) e,6 (Florianópolis e São Paulo) e transmitância 3,56 W/(m 2.K), e a Figura 11 os dados dos modelos com absortância,8 e transmitância 2,19 W/(m 2.K). As colunas representam o consumo dos ambientes de permanência prolongada com os percentuais de abertura () escolhidos. Para todos os modelos analisados, o consumo de energia para resfriamento superou o de aquecimento e os modelos de São Paulo foram os que obtiveram o menor consumo de energia, consumindo entre 16,26% (315 kwh/ano) e 26,29% (451 kwh/ano) menos energia do que os modelos de Florianópolis e entre 12,72% (237 kwh/ano) e 35,87% (535 kwh/ano) menos energia do que os modelos do Rio de Janeiro. Chama a atenção a semelhança dos consumos totais de Florianópolis e Rio de Janeiro para os modelos de absortância,4/,6 e transmitância 3,56 W/(m 2.K). Neste caso os modelos de Florianópolis consumiram apenas cerca de 5% mais energia do que os do Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro foi o clima que mais consumiu energia para resfriamento, entre 92,12% e 98,37% do total do consumo de energia para todos os modelos. Por outro lado, os modelos desta cidade foram os que consumiram menos energia para aquecimento, chegando a no máximo 7,83% (145 kwh/ano) do consumo total para o modelo de absortância,4, transmitância 3,56 W/(m 2.K) e percentual de abertura de. Esse fator se deve ao fato de o Rio de Janeiro estar situado na zona bioclimárica 8, que é a mais quente. Nos dormitórios, a escolha dos limites teve um impacto significativo no consumo de energia. Para resfriamento, o consumo de energia foi maior para os limites da NBR 15575 com absortância,8 e transmitância 2,19 W/(m².K). Em todos os casos os modelos que atendiam esse limite consumiram no 1582 6

mínimo 2,7% (31, kwh/ano) mais energia do que os de absortância,4/,6. Já o consumo de energia para aquecimento foi maior para os limites com absortância,4/,6 e transmitância 3,56 W/(m 2.K). Na sala, a escolha do percentual de abertura () foi responsável por uma variação de 6,9% (61,7 kwh/ano) a 93,3% (416,6 kwh/ano) no consumo de energia, fazendo da escolha dos limites de transmitância e capacidade térmica um fator secundário para a variação do consumo de energia para resfriamento. As salas com absortância,8, transmitância 2,19 W/(m².K) e de foram as que consumiram menos energia para resfriamento. Para as salas com absortância,4/,6 e transmitância 3,56 W/(m 2.K) o consumo foi menor com o de. Os resultados do consumo para aquecimento nas salas foram pouco significativos. 25 Consumo de energia para resfriamento e aquecimento da tipologia de 63 m² (kwh/ano) 2 15 1 5 147 1568 177 194 1134 1253 146 1625 1392 1489 1636 1862 Florianópolis São Paulo Rio de Janeiro Dorm2 - Aquecimento Dorm1 - Aquecimento Sala - Aquecimento Dorm2 - Resfriamento Dorm1 - Resfriamento Sala - Resfriamento Figura 1 Consumo de energia da tipologia de 63 m² com absortância,6/,4 e transmitância 3,56 W/(m 2.K). 2,5 Consumo de energia para resfriamento e aquecmento da tipologia de 63 m² (kwh/ano) 2, 1,5 1, 5 1464 1288 1715 1973 187 957 1264 1495 1688 1493 1951 Florianópolis São Paulo Rio de Janeiro 2168 Dorm2 - Aquecimento Dorm1 - Aquecimento Sala - Aquecimento Dorm2 - Resfriamento Dorm1 - Resfriamento Sala - Resfriamento Figura 11 Consumo de energia da tipologia de 63 m² com absortância,8 e transmitância 2,19 W/(m 2.K). 1583 7

4.2. Consumo de energia da tipologia de 15 m² As Figuras 12 e 13 mostram os consumos de resfriamento e aquecimento dos ambientes de permanência prolongada da tipologia de 15 m² nas três cidades escolhidas. A Figura 12 apresenta os dados dos modelos com absortância,4/,6 e transmitância 3,56 W/(m 2.K) e a Figura 13 os dados dos modelos com absortância,8 e transmitância 2,19 W/(m 2.K). Na maioria dos casos desta tipologia o consumo de energia para resfriamento superou o de aquecimento. A única exceção ocorreu nos modelos com transmitância 3,56 W/(m 2.K) e absortância,6 na cidade de São Paulo, onde o consumo de energia para aquecimento corresponde a no mínimo de 53,52% (145,5 kwh/ano) do consumo total de energia para condicionamento do ar. Para todos os casos dos modelos de absortância,4/,6 e transmitância 3,56 W/(m 2.K) o Rio de Janeiro foi responsável pelo menor consumo de energia, já para os modelos de absortância,8 e transmitância 2,19 W/(m 2.K), os consumos totais das três cidades foram semelhantes. Assim como na tipologia de 63 m², os modelos do Rio de Janeiro foram os que consumiram mais energia para resfriamento, entre 83,86% (988,3 kwh/ano) e 96,43% (1148,3 kwh/ano) do total consumido para a mesma cidade, e menos para aquecimento, entre 3,57% (129,2 kwh/ano) e 16,14% (42,5 kwh/ano) do total consumido. Nos dormitórios, o consumo de energia para o resfriamento caiu para valores inferiores a 8 kwh/ano em todas as cidades e, como no primeira tipologia, o consumo de energia também foi maior para os limites da NBR 15575 com absortância,8 e transmitância 2,19 W/(m 2.K). Os resultados do Rio de Janeiro, por exemplo, mostram que para todos os três dormitórios os modelos com absortância,4 e transmitância 3,56 W/(m 2.K) consumiram menos da metade da energia para o resfriamento do ar que os modelos de absortância,8 e transmitância 2,19 W/(m 2.K). O comportamento dos gráficos de aquecimento dos dormitórios do primeiro e do segundo modelo são semelhantes, com o aumento do consumo de energia proporcional ao aumento do percentual de abertura e maior consumo de energia nos modelos com absortância,6 e transmitância 3,56 W/(m 2.K). O consumo de energia para o resfriamento da sala apresentou uma grande variabilidade com o aumento do percentual de abertura. Para todos os casos o aumento do percentual de abertura significou um crescimento do consumo entre 6,82% (46,23 kwh/ano) e 75,54% (357,18 kwh/ano). Nesta tipologia o consumo de energia para aquecimento das salas também foi pouco expressivo. 25 Consumo de energia para resfriamento e aquecmento da tipologia de 15 m² (kwh/ano) 2 15 1 5 128 1369 1499 1776 1364 1524 166 1953 963 166 1179 Florianópolis São Paulo Rio de Janeiro 15 Dorm3 - Aquecimento Dorm2 - Aquecimento Dorm1 - Aquecimento Sala - Aquecimento Dorm3 - Resfriamento Dorm2 - Resfriamento Dorm1 - Resfriamento Sala - Resfriamento Figura 12 Consumo de energia do modelo de 15 m² com absortância,6/,4 e transmitância 3,56 W/(m 2.K). 1584 8

2,5 Consumo de energia para resfriamento e aquecmento da tipologia de 15 m² (kwh/ano) 2, 1,5 1, 5 1177 1266 146 1684 191 1249 1396 1699 1191 1311 1444 Florianópolis São Paulo Rio de Janeiro 189 Dorm3 - Aquecimento Dorm2 - Aquecimento Dorm1 - Aquecimento Sala - Aquecimento Dorm3 - Resfriamento Dorm2 - Resfriamento Dorm1 - Resfriamento Sala - Resfriamento Figura 13 Consumo de energia do modelo de 15 m² com absortância,8 e transmitância 2,19 W/(m 2.K). 5. CONCLUSÕES Este trabalho analisou os consumos de resfriamento e de aquecimento dos ambientes de permanência prolongada de duas tipologias de edificações residenciais unifamiliares que atendiam aos limites das variáveis do método normativo da norma NBR 15575. Foram adotados diferentes valores de absortância térmica das paredes e das coberturas e de percentuais de abertura dos ambientes de permanência prolongada. Os dois modelos foram simulados utilizando-se os arquivos climáticos das cidades de Florianópolis, São Paulo e Rio de Janeiro. Essas variáveis geraram 24 modelos distintos. Observou-se que na maioria dos casos o consumo de energia para o resfriamento das salas e dos dormitórios superou o de aquecimento, sendo que as salas consumiram mais energia para resfriamento do que os dormitórios. Sobre os limites da NBR 15575, percebe-se que eles podem levar a uma variação de consumo maior para o resfriamento dos dormitórios, enquanto que nas salas essa variação tende a ser menor, fazendo da escolha do percentual de abertura o principal fator de alteração do consumo. Também houve uma variação significativa do consumo com a mudança da zona bioclimática, sendo que no clima da cidade do Rio de Janeiro o consumo de energia para o resfriamento foi responsável pela maior parte do consumo total de energia. Para o aquecimento dos dormitórios, o consumo se mostrou suscetível à variações significativas tanto com a escolha de limites distintos quanto com o aumento do. Conclui-se que além da escolha dos limites do método normativo da NBR 15575 exercer uma influência significativa no consumo de energia das edificações, a zona bioclimática e a variação do percentual de abertura, que é uma variável desconsiderada pela norma, também exercem uma influência considerável. Como o trabalho considerou o condicionamento artificial dos dormitórios somente no período noturno, esperava-se que o consumo de energia para manter a temperatura de conforto neste ambiente fosse menor do que nas salas. Apesar das limitações do trabalho, que utilizou apenas duas tipologias com mesma orientação e em duas zonas bioclimáticas distintas, os resultados se mostraram coerentes em todos os ambientes analisados. Assim, objetivo do trabalho foi alcançado satisfatoriamente REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 1522-3: Desempenho térmico de edificações Parte 3: Zoneamento bioclimático brasileiro e estratégias de condicionamento térmico passivo para habitações de interesse social. Rio de Janeiro, 25. ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575-1: Desempenho de edificações habitacionais. Rio de Janeiro, 213. 1585 9

. NBR 15575-4: Edificações habitacionais Desempenho Parte 4: Sistemas de vedações verticais internas e externas - SVVIE. Rio de Janeiro, 213. NBR 15575-5: Edificações habitacionais Desempenho Parte 5: Requisitos para sistemas de coberturas- SVVIE. Rio de Janeiro, 213 ASHRAE AMERICAN SOCIETY OF HEATING, REFRIGERATING AND AIR-CONDITIONING ENGINEERS. ASHRAE 55-213: Thermal Environmental Conditions for Human Occupancy, ASHRAE. Atlanta, 213. BRASIL MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Empresa de Pesquisa Energética. Balanço Energético Nacional 216. Disponível em: <https://ben.epe.gov.br/benrelatoriofinal.aspx?anocoleta=216&anofimcoleta=215>. Acesso em: 22 de Fevereiro de 217. FERREIRA, C. C., PEREIRA, I. M. Avaliação dos impactos da ABNT 15575 no conforto térmico e no consumo de energias nas novas edificações habitacionais brasileiras: XV Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, Maceió. Nov. 214. IBGE INDICE BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/>. Acesso em: 15 de Fevereiro de 217. LABEEE LABORATÓRIO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM EDIFICAÇÕES. Ajuste dos arquivos climáticos do INMET 216. Disponível em < http://www.labeee.ufsc.br/downloads/arquivos-climaticos/inmet216>. Acesso em: 3 de março de 217. MAZZAFERRO, L., SORGATO, M. J.; MELO, A.P.; LAMBERTS, R. Análise comparativa de modelagens de áticos e zonas subterrâneas no programa EnergyPlus. XV Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, Maceió. Nov. 214. DE VECCHI, R.; SORGATO, M. J; PACHECO, M; LAMBERTS, R. Application of the adaptive model proposed by ASHRAE 55 in the Brazilian climate context: raising some issues. in: 8th Windsor Conference 214: Counting the Cost If Comfort in a Changing World, Network for Comfort and Energy Use in Buildings, Cumberland Lodge, Windsor Great Park, 214. SILVA, A. S.; SORGATO, M. J.; MAZZAFERRO, L.; MELO, A. P.; GHISI, E. Incerteza do método de simulação da NBR 15575-1 para a avaliação do desempenho térmico de habitações. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 14, n. 4, p. 13-117, out./dez. 214. SORGATO, M. J. A influência do comportamento do usuário no desempenho térmico de edificações residenciais. 215. 258f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil). Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis. 215. SORGATO, M. J.; MELO, A.P.; MARINOSKI, D. L.; LAMBERTS, R.. Análise do procedimento de simulação da NBR 15575 para a avaliação do desempenho térmico das edificações residenciais. Ambiente Construído, Porto Alegre,v. 14, n. 4, p. 83-11, out./dez. 214. SORGATO, M. J.; MELO, A.P.; LAMBERTS, R.. The effect of window opening ventilation control on residential building energy consumption. Energy and Buildings, v. 133, p. 1-13, 216. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à ELETROBRAS/PROCEL e à CAPES pelos recursos financeiros aplicados no financiamento do projeto. 1586 1