Caracterização das Condições Sociodemográficas e de Saúde de Mulheres Idosas com Câncer de Mama



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Transcrição:

Caracterização das Condições Sociodemográficas e de Saúde de Mulheres Idosas com Câncer de Mama LUCIANA ARAÚJO DOS REIS 1, & ACÁCIA QUARESMA BRITO 2 Resumo Este artigo tem como objetivo caracterizar as condições sociodemográficas e de saúde de mulheres idosas com câncer de mama em uma Instituição de Vitória da Conquista/BA. Tratase de um estudo descritivo exploratório com delineamento transversal e abordagem prospectiva de Janeiro de 2011 a Janeiro de 2013, realizado numa Instituição de Tratamento Médico destinado a pacientes portadoras de neoplasia maligna. As idosas com câncer (N=52) apresentaram média de idade de 67.67 (± 7.17) anos e eram na sua maioria casadas, alfabetizadas, tinham profissão referente ao lar, tinham problemas de saúde associados ao câncer, com diagnóstico de câncer grau 1, com tratamento cirúrgico associado a quimioterapia e estado nutricional deficitário. Palavras-chave: mulheres idosas; câncer de mama; saúde. Introdução O câncer de mama é provavelmente o tipo de câncer mais temido pelas mulheres, sobretudo pelo impacto psicológico que provoca, pois envolve negativamente a perceção da 1 Fisioterapeuta, Mestre e Doutora em Ciências da Saúde/UFRN, Estágio Pós-Doutoral em Saúde Coletiva/UFBA/ISC. Docente Adjunta da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e Docente Titular da Faculdade Independente do Nordeste. E-mail: lucianauesb@yahoo.com.br. 2 Graduanda em Enfermagem pela Faculdade Independente do Nordeste. 60

sexualidade e a própria imagem corporal, mais do que se observa em qualquer outro tipo de câncer (Mohallem & Rodrigues, 2007). Estatísticas revelam que é a neoplasia maligna de maior ocorrência entre as mulheres em muitos países. No Brasil, é a primeira ou a segunda causa mais frequente, dependendo da região considerada. Na década de 70 a 90 houve um aumento de 69% na mortalidade de mulheres com câncer de mama no país (INCA Instituto Nacional de Câncer, 2003). A ocorrência do câncer de mama é relativamente rara antes dos 35 anos de idade, mas cresce após essa idade, principalmente nas faixas etárias mais elevadas. Ocorre com maior frequência no sexo feminino (INCA, 2012). As causas do câncer de mama são desconhecidas, mas é aceita pela comunidade científica a relação da doença com fatores próprios do hospedeiro, como a duração da atividade ovariana e a hereditariedade, além de fatores ambientais, tais como alimentação e utilização de determinados medicamentos. Alguns autores também referem a idade, localização geográfica, consumo de álcool, uso de contracetivo oral e terapia de reposição hormonal como fatores de risco às neoplasias mamárias (Mohallem & Rodrigues, 2007). Muitos dos tumores diagnosticados em mulheres idosas resultam de múltiplas e sucessivas exposições à substância cancerígena ocorridas durante a sua vida produtiva. Essa constatação revela o longo período de latência no câncer e, também, as dificuldades relacionadas à idade (Fonseca, 2005). A relação direta entre o avançar da idade e o aumento da incidência da maioria dos tumores malignos sugerem que a idade seria, isoladamente, a mais importante variável no desenvolvimento de câncer. O carcinogênese é um processo que envolve um evento mutagênico iniciador, seguindo pela expansão clonal da linhagem da célula lesada por meio da ação de promotores tumorais. Porém, uma única mutação não é suficiente para causar câncer (Fonseca, 2005). Segundo Zago, Pereira, Braga e Bousquet (2005) para a maioria dos cânceres a incidência aumenta com a idade. A probabilidade de desenvolvimento de algum tipo de câncer dos cinco aos vinte e cinco anos de idade é de cerca de 1:700 indivíduos elevando-se aos 65 anos de idade para cerca de 1:14 indivíduos a ocorrência de tumores malignos, mas alguns apresentam mais incidência na vida adulta madura (40-50 anos) e outros entre a sexta e a sétima década de vida (INCA, 2004). 61

Nas mulheres, por volta do período da menopausa, a incidência do câncer de mama revela uma mudança na inflexão da curva de tendência no sentido da estabilização. Os outros cânceres relacionados a hormônios, a exemplo dos tumores de endométrio e ovário, mostram comportamento similar. Este fato apresentou-se apenas discretamente nos dados de incidência do câncer de mama nas mulheres (Mohallem & Rodrigues, 2007). Segundo Uez (2006), as conexões entre incidência de câncer e idade não são ainda completamente compreendidas, e o tópico da biologia do câncer na velhice representa cresce no campo de pesquisa oncológica que se abre em várias áreas especificas de estudo. Para evitar que o câncer de mama só venha a ser diagnosticado em estágio avançado, a deteção precoce é de extrema relevância, uma vez que possibilita o início do tratamento o quanto antes, aumentando as chances de cura. Por isso, o recomendável é que as mulheres, especialmente aquelas acima de 50 anos de idade, consultem regularmente o seu médico e estejam bem informadas e atentas aos fatores de risco (Ferreira & Oliveira, 2006). Nesta perspetiva, o presente estudo tem por objetivo geral identificar a prevalência de câncer de mama em mulheres idosas do município de Vitória da Conquista/BA. Como objetivos específicos: identificar as condições sociodemográficas em mulheres idosas portadoras de câncer de mama; averiguar as condições de saúde em mulheres idosas portadoras de câncer de mama; identificar os fatores de risco para o desenvolvimento da neoplasia mamária. Metodologia Amostra A pesquisa foi realizada em uma Instituição de Tratamento Médico de Vitória da Conquista (Estado da Bahia, BA, Brasil) destinado a pacientes portadoras de neoplasia maligna. A amostra do estudo é representada por todos os prontuários das mulheres idosas atendidas no período definido para a coleta de dados, sendo a amostra constituída de 52 prontuários. 62

Esta pesquisa apresenta caráter descritivo exploratório com delineamento transversal e abordagem prospectiva de Janeiro de 2011 a Janeiro de 2013, que se caracteriza por observar, registrar, identificar a prevalência de câncer de mama em mulheres idosas do município de Vitória da Conquista/BA, sem manipulá-los, realizando descrições precisas da situação e descobrindo as relações existentes entre os elementos componentes da pesquisa.. Instrumento Para coleta dos dados, foi utilizada uma ficha adaptada para os dados de interesse neste estudo, com base nos dados disponíveis nos prontuários das pacientes, sendo analisado os prontuários das pacientes com relação a sua neoplasia e outros fatores relacionados a anamnese das pacientes em estudo. Procedimentos Os procedimentos de coleta de dados foram iniciados após aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Independente do Nordeste (CAAE: 17700313.9.0000.5578) atendendo os aspetos éticos constantes na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. Os dados colhidos a partir da amostra foram organizados e tabulados em um banco de dados no programa Microsoft Excel e em seguida transportados e analisados em uma planilha do programa IBM SPSS Statistics (versão 20.0), no qual foi realizada a análise estatística descritiva. Resultados As mulheres idosas avaliadas apresentaram média de idade de 67.67 (± 7.17) anos, sendo mais frequente as idosas casadas (73.08%), com nível de escolaridade referente a alfabetizada (40.38%) e com profissão do lar (50.00%), conforme os dados da Tabela 1. 63

Tabela 1 Distribuição das idosas segundo as características sociodemográfica. Vitória da Conquista/BA, 2013 N % Estado Civil Casada 38 73.08% Solteira 3 5.77% Viúva 9 17.30% Divorciada 2 3.85% Nível de Escolaridade Alfabetizada 21 40.38% Não Alfabetizada 19 36.54% 1º Grau 6 11.54% 2º Grau 6 11.54% Profissão Lavradora 20 38.46% Artesã 1 1.92% Do Lar 26 50.00% Professora 5 9.62% Em relação às condições de saúde 96.15% das idosas apresenta problemas de saúde associados ao câncer, 94.23% não apresentam sequelas e 94.23% fazem tratamento (ver Tabela 2). Tabela 2 Distribuição das idosas segundo as condições de saúde. Vitória da Conquista/BA, 2013 N % Presença de Problemas de Saúde Sim 50 96.15% Não 2 3.85% Apresenta Sequelas Sim 3 5.77% Não 49 94.23% Faz Tratamento Sim 49 94.23% Não 3 5,77% 64

Tabela 3 Distribuição das idosas segundo as características do câncer. Vitória da Conquista/BA, 2013 N % Grau do Câncer Grau 1 30 57.69% Grau 2 2 3.85% Grau3 20 38.46% Terapêutica do Câncer Tratamento Cirúrgico + Quimioterapia 49 94.23% Tratamento Cirúrgico + Radioterapia 2 3.85% Tratamento Cirúrgico 1 1.92% Fatores de Risco Estado Nutricional deficitário 50 96.15% Nenhum 2 3.85% Quanto ao câncer, 57.69% das idosas apresentam grau 1, 94.23% realizaram tratamento cirúrgico associado a quimioterapia e 96.15% apresentaram como fator de risco o estado nutricional deficitário (ver Tabela 3). Discussão De acordo com as pesquisas nacionais o fator idade é o mais predominante fator de risco para desenvolvimento do câncer de mama. Mulheres acima dos 50 anos estão mais predispostas a desenvolver o câncer que em qualquer outra faixa etária (Mohallem & Rodrigues, 2007). No município de Vitória da Conquista/BA constatou-se, no presente estudo, que as mulheres idosas avaliadas apresentaram média de idade de 67.67 (±7.17) anos, sendo mais frequentes as idosas casadas, com nível de escolaridade referente a alfabetizada e com profissão do lar (domésticas). No mundo, a incidência do câncer de mama representa, no sexo feminino, aproximadamente 10% de todos os novos casos e 23% dos casos de câncer em mulheres (INCA, 2012). A descoberta do câncer é um período de muita angústia, ansiedade e dúvidas 65

para maioria das pacientes, que pode resultar em casos de depressão e até mesmo de negação da doença (Fonseca, 2005). Segundo Kübler-Ross (1994) ao enfrentar a hipótese de morte foi identificado que os pacientes atravessam 5 estágios: choque e negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Devido a todas essas alterações o apoio familiar é de extrema importância para que estas pacientes consigam iniciar o tratamento e lidar com modificações cotidianas causadas pela doença (Simonton, 1990). Casos com sintomas somáticos e mudanças na imagem corporal são muito mais difíceis de lidar e acabam provocando até desistência do tratamento. No presente estudo, a estratificação da amostra por escolaridade e ocupação tem influência na prevalência do câncer pela falta de informação, de acesso aos serviços de saúde entre outros fatores, o que é imprescindível tanto na identificação dos casos novos quanto na aderência ao tratamento. As mulheres avaliadas além de não terem melhor escolaridade eram de baixa renda o que leva a influência direta na prevalência da patologia. Pesquisas demonstram que após os 65 anos a prevalência de doenças crônicas é muito maior que em outras faixas etárias (Almeida, Barata, Monteiro, & Silva, 2002) As doenças crônicas são fatores que predispõem algumas mulheres a desenvolver o câncer de mama quando associadas a alguns fatores de risco como idade, histórico familiar de câncer, tratamento com reposição hormonal, menarca tardia entre muitos outros. No município de Vitória da Conquista/BA não foi diferente, pois, a maioria dessas mulheres relatou ter problemas de saúde crônicos. Ao investigar a presença de problemas de saúde anteriores ao diagnóstico do câncer, verificou-se que a maioria das idosas apresentava problemas de saúde como diabetes e hipertensão e que poucas delas desenvolveram alguma sequela em consequência a esses problemas. O estudo demonstrou que a maior parte declarou nos seus prontuários fazer tratamento para esses problemas de saúde e eram constantemente avaliadas pelos médicos. Apesar do acompanhamento médico e controle dessas patologias, ainda é alta a prevalência do câncer nessas mulheres. Quanto ao câncer, a maioria das idosas apresentam grau 1, a maior parte realizou tratamento cirúrgico associado a quimioterapia e a maioria apresenta como fator de risco o estado nutricional deficitário. De acordo com as informações coletadas as pacientes que apresentam grau 2 e 3 já chegaram na instituição com este grau e não foi agravado durante o 66

tratamento. Os resultados deste estudo demonstraram que a maioria dos cânceres foram identificados precocemente e que os tratamentos realizados estão sendo eficazes na maioria das pacientes. A qualidade de vida é uma das principais preocupações dos profissionais de saúde no tratamento do câncer de mama. Como essas mulheres já se sentem fragilizadas, a preocupação do tipo de tratamento a ser utilizado é de essencial importância influenciando diretamente na aderência ao tratamento. Alguns estudos demonstraram que mulheres que se sujeitaram a tratamentos como a mastectomia apresentaram piora na imagem corporal e na vida sexual (Engel, Kerr, Schlesinger-Raab, Sauer, & Hölzel, 2004). A terapêutica do câncer de mama pode envolver cirurgia, quimioterapia, radioterapia e hormonioterapia. O tratamento associado de cirurgia e quimioterapia tem demonstrado maior eficácia na maioria dos casos (Silva, 2000). São vários os fatores de risco apontados pelos estudiosos que predispõem as pacientes ao desenvolvimento câncer como: idade acima de 50 anos, menstruação precoce e menopausa tardia, primeira gravidez depois dos 40, obesidade, uso corrente de contracetivos orais, alimentação à base de alimentos gordurosos, consumo excessivo de álcool entre vários outros (Sclowitz, Menezes, Gigante, & Tessano, 2005). O acompanhamento feito pelos profissionais de saúde dessas pacientes periodicamente facilita a identificação de muitos desses fatores de risco precocemente podendo evitar muitas complicações e até mesmo diminuindo a prevalência da doença (Vieira, 1991). Ao analisar a prevalência do câncer de mama no município de Vitória da Conquista/BA, entre Janeiro de 2011 e Janeiro de 2013, com dados coletados em área delimitada, conclui-se que a faixa etária mais atingida foi dos 60 aos 78 anos de idade e que o fato das idosas terem baixa escolaridade e baixa renda além de na sua maioria morarem na zona rural aumenta de maneira particular a prevalência do câncer de mama neste município. Nesta pesquisa, constatou-se que houve melhor evolução no tratamento das pacientes que realizaram procedimento cirúrgico, principalmente das que associaram a cirurgia ao tratamento de quimioterapia. A identificação precoce dos casos foi demonstrada pela maioria dos cânceres serem de grau 1, que também influencia na melhor evolução do tratamento e colabora para aumentar sobrevida das pacientes. 67

O aumento da prevalência de câncer de mama em mulheres portadoras de doença crônica como diabetes e hipertensão verificado no presente estudo nos chama atenção para a importância da prevenção realizada pelos profissionais de saúde, que devem estar preparados para identificar precocemente os fatores de risco modificáveis evitando o adoecimento e morte dessas pacientes. Bibliografia Almeida, M.F., Barata, R.B., Monteiro, C.V., & Silva, Z.P. (2002). Prevalência de doenças crônicas auto-referidas e utilização de serviços de saúde, PNAD/1998, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, 7(4), 743-756. Engel, J., Kerr, J., Schlesinger-Raab, A., Sauer, H., & Hölzel, D. (2004). Quality of life following breast-conserving therapy or mastectomy: Results of a 5-year prospective study. Breast J, 10(3), 223-231. Ferreira, M.L., & Oliveira, C. (2006). Conhecimento e significado para funcionárias de indústrias têxteis sobre prevenção do câncer do colo-uterino e detecção precoce do câncer da mama. Revista Brasileira de Cancerologia, 52(1), 5-15. Fonseca, A.T. (2005). Atuação da enfermagem na detecção precoce do câncer de mama [Monografia]. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Câncer. Instituto Nacional de Câncer (2003). Estimativas da incidência e mortalidade por câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Câncer / Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (2004). Estimativa 2005: Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Câncer / Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (2012). Estimativa 2012: Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Câncer / Ministério da Saúde. Kübler-Ross, E. (1994). Sobre a morte e o morrer: O que os doentes terminais têm para ensinar a médicos, enfermeiras, religiosos e aos seus próprios parentes. São Paulo: Martins Fontes. Mohallem, A.G., & Rodrigues, A.B. (2007). Enfermagem oncológica. São Paulo: Manole. Sclowitz, M., Menezes, A.M., Giganti, D.P., & Tessano, S. (2005). Condutas na prevenção secundária do câncer e fatores associados. Revista de saúde pública, 39(3), 340-349. Silva, E.Z. (2000). Câncer de mama: Um guia para médicos. São Paulo: Atlântica. 68

Simonton, S.M. (1990). A família e a cura: O método Simonton para famílias que enfrentam uma doença. São Paulo: Summus. Uez, M.E. (2006). Câncer de mama: Imagem corporal e envelhecimento feminino. Tese de Mestrado (não publicada), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Vieira, A.M. (1991). Um modelo para a assistência de enfermagem à mulher mastectomizada a partir das suas representações sociais. Tese de Mestrado (não publicada), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Zago, A., Pereira, L.A., Braga, A.L., & Bousquat, A. (2005). A mortalidade do câncer de mama em mulheres na Baixada Santista, 1980 a 1999. Revista de Saúde Pública, 39(4), 641-645. Characterization of the Sociodemographic and Health Conditions of Elderly Women with Breast Cancer Abstract This article aims to characterize the sociodemographic and health conditions of elderly women with breast cancer in an Institution of Vitória da Conquista/BA. This is an exploratory descriptive study with cross-sectional and prospective approach from January 2011 to January 2013, carried out in an Institution for the Medical Treatment of patients with malignant neoplasm. Elderly women with breast cancer (N=52) had a mean age of 67.67 (± 7.17) years old and they were mostly married, literate, housewives, and they had health problems associated with cancer, grade 1 cancer diagnosed, surgery treatment associated with chemotherapy, and deficient nutritional status. Keywords: elderly women; breast cancer; health. Como citar este artigo: Reis, L.A., & Brito, A.Q. (2014). Caracterização das condições sociodemográficas e de saúde de mulheres idosas com câncer de mama. Revista E-Psi, 3(2), 60-69. Received: September 29, 2013 Revision received: November 25, 2013 Accepted: November 28, 2013 69