Desafios Africanos. Apartheid, Ruanda, Ebola. Prof. Alan Carlos Ghedini



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Transcrição:

Desafios Africanos Apartheid, Ruanda, Ebola Prof. Alan Carlos Ghedini

Continente Africano

Magreb Também chamado África Menor É a porção mais ocidental do mundo muçulmano Em 1989 os países dessa região formaram a União do Magreb Árabe

Sahel Estreita faixa de terra entre o Saara e a África Subsaariana Nesta área são registradas grandes tensões étnicas entre os grupos lá residentes

África subsaariana Também chamada de África Negra Onde está o maior número de países do continente. Região especialmente afetada pela escravidão, neocolonialismo e guerras civis País mais rico da região: África do Sul

Apartheid Local: África do Sul, entre 1948 e 1994 O que foi? Regime de segregação racial de Estado Apoiado em discursos racialistas e racistas, teve também inspiração nas práticas do nazismo. O que causou? Excluiu a população Negra da África do Sul

Resistência O Congresso Nacional Africano (CNA) representou o principal grupo de resistência ao Apartheid Nos enfrentamentos em protestos, milhares de sulafricanos negros foram mortos pela polícia africânder. Nelson Mandela chegou a defender o enfrentamento na fase mais dura do regime. A ONU aprovou resolução condenando o regime Sul- Africano.

Países que, em 1973, consideraram crime o Apartheid

Mandela Mandela foi acusado de traição e levado à ilha de Robben para cumprir prisão perpétua. A partir da prisão, Mandela se tornaria o símbolo da luta contra o regime. Somente no Governo de Klerk, em 1990, Mandela seria libertado, elegendo-se, em 1994, presidente do país e pondo fim ao Apartheid.

Reparações Após o fim do Regime, foram criadas as Comissões da Verdade e Reconciliação. O objetivo estava em trazer à luz os crimes do Apartheid. Aquele que confessasse seus crimes e provasse tê-los cometido sob ordens, poderia pedir a Anistia. No governo de Thabo Mbeki foi definido que o Estado pagaria, a milhares de vítimas, um total de 85 milhões de dólares.

Desmond Tutu Líder das Comissões da Verdade e Reconciliação

Absurdos no absurdo apartheid Ambulâncias para negros, separada dos brancos Negro não poderia contratar branco Confisco das melhores terras, para uso dos brancos Obrigatoriedade do ensino do africânder (língua branca) a todos.

Banheiros separados

Hospitais diferentes

Tudo separado

Bantustões

Ruanda O conflito em Tutsis e Hutus

Ruanda

Origens do Massacre O conflito em Ruanda tem suas raízes ainda no neocolonialismo belga na bacia do Congo. Durante a colonização, de acordo com mínimas diferenças fenotípicas, os belgas elegeram os Tutsis como a elite a governar a região. A maioria, Hutu, foi marginalizada.

A partir dos anos 60 A partir dos anos 60 do século XX, os belgas se retiram da região. Rapidamente os Hutus, em maioria, chegam ao poder em Ruanda. Começa assim um processo de marginalização e perseguição aos Tutsis.

O princípio do conflito A resistência Tutsi se dava pela Frente Patriótica Ruandesa. O assassinato do presidente Juvénal Habyarimana, em 1994, serviria de estopim a uma série de massacres. Refugiados foram para campos junto à fronteira com o Zaire (atual República Democrática do Congo)

Interahamwe Os principais envolvidos no massacre em si foram membros da milícia Interahamwe, apoiada pelo exército de Ruanda. Calcula-se o número de mortos em torno de 800 mil. Georges Rutaganda Líder Interahamwe

O gráfico do massacre O vale, na curva populacional, mostra o massacre em 1994

Hotel Ruanda No hotel Le Milles Colinnes, em Kigali, o gerente, um Hutu de nome Paul Rusesabagina salvou cerca de 1200 Tustis do massacre. A história de Paul, sua família e do massacre, foi contada no filme Hotel Ruanda, de 2004.

Ebola Em 2014, um medo antigo emerge

O que é? Febre Hemorrágica Ebola (FHE) Causada pelo vírus do gênero Ebolavirus Sintomas: semelhantes aos da gripe, com febre, dores musculares, de garganta e cabeça. Pode ser sucedido por náuseas, vômito, diarreia e, nos casos avançados, quadros hemorrágicos. Mortalidade de até 90% Transmitida pelo contato com fluídos de animais infectados.

O vírus

Prevenção e terapia Cozinhar adequadamente carnes, Eliminação adequada dos corpos infectados Uso de roupa adequada no contato com corpos infectados A terapia consiste, basicamente, em reidratação oral ou intravenosa.

Variantes do Ebola Ébola-Zaire Ébola-Sudão Ébola-Bundibugyo Ébola-Costa do Marfim OBS.: O Ebola não é considerado um vírus com infecção pelo ar, senão por gotículas inaláveis de 0,8 à 1,2 micrômetros.

Hospedeiro conhecido: morcego da fruta

Surtos conhecidos do Ebola 1976 O paciente zero teria sido o diretor de uma escola na vila de Yambuku, na República Centro-Africana, junto ao Rio Ebola. Outros casos foram relatados no Zaire (República Democrática do Congo) 1995-2013 Na República Democrática do Congo, antigo Zaire, 315 pessoas foram afetadas, sendo que 254 morreram. 2007 Também em Uganda houve o registro de um surto do vírus.

2014: o maior surto Maior surto já registrado A epidemia se tornou uma emergência internacional, com concentração de casos na costa da Libéria e Serra Leoa Há ainda casos já confirmados nos EUA e na Espanha (07/10/2014) Outros países afetados: Guiné, Nigéria, Senegal, República Democrática do Congo.

O mapa do surto de 2014

Impacto Social A nova epidemia tem causado um impacto severo nas já pauperizadas economias da costa da Libéria e da Bacia do Rio Congo. Há o temor de que os efeitos econômicos da crise, conforme o Finantial Times, possam causar mais mortes do que o Ebola em si. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já cogitou apoiar as economias da região. Há ainda o isolamento, em quarentena, de milhões de indivíduos nos países mais afetados.

Algumas possibilidades de tratamento Zmapp (EUA) Não tem ainda resultados realmente expressivos Favipiravir (Japão) um antiviral Vacina NIAID/GSK (EUA) ainda em fase experimental Transfusão de sangue