AVALIAÇÃO DE UM SISTEMA DE IRRIGAÇÃO POR GOTEJAMENTO EM AMBIENTE PROTEGIDO H. F. de Araújo 1 ; D. L. Ferrari 2 ; P. A. M. Leal 3 RESUMO: Em condições de ambiente protegido a avaliação dos sistemas de irrigação não é uma prática comum, o que provoca grande perda de água no manejo da irrigação. Desta forma o objetivo desta pesquisa foi avaliar um sistema de irrigação por gotejamento utilizado na cultura do tomate em cultivo protegido. A avaliação do sistema foi feito em uma casa de vegetação de alto grau tecnológico, situada na área do campo experimental da Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), sendo o mesmo composto por dez linhas laterais com espaçamentos entre gotejadores de 0,50 m, totalizando 20 gotejadores por linha autocompensantes com vazão 4 L h -1, operando a uma pressão de 30 kpa. Para a avaliação do sistema utilizou-se à metodologia proposto por Deniculi et al., (1980), fazendo-se a avaliação após estabilização da vazão e pressão (30 kpa) por 15 min, com coleta da vazão por um tempo de 2 min. Analisando os resultados conclui-se que o sistema apresenta boa uniformidade de distribuição, estando todos os parâmetros avaliados acima da recomendada pela literatura e sob a classificação de excelentes. PALAVRAS-CHAVE: Uniformidade de distribuição; Eficiência de irrigação. EVALUATION OF A DRIP IRRIGATION SYSTEM IN GREENHOUSE SUMMARY: In terms greenhouse evaluation of irrigation systems is not a common practice, which causes great loss water in irrigation. The aim of this study was to evaluate a drip irrigation system used in tomato in greenhouse. The rating system was done in a greenhouse of high technological level, situated in the area of experimental field of Agricultural Engineering College (FEAGRI), State University of Campinas (UNICAMP), the same being composed of ten lines with lateral spacings emitters 0,50 m, a total of 20 line by drip flow self-compensating with 4 L h-1, operating at a pressure of 30 kpa. For the evaluation system used to the methodology proposed by Deniculi et al. (1980), by making the evaluation after stabilization of the flow and pressure (30 kpa) for 15 min and collected by a flow time of 2 min. Analyzing the results it concluded that the system has good uniformity of distribution, all the parameters evaluated by the above literature and recommended in the fine classification. KEYWORDS: filtering efficiency; irrigation; water quality 1 Eng. Agr e Doutorando em Engenharia Agrícola, Universidade estadual de Campinas, Av. Cândido Rondon, 501 Cidade Universitária Prof. Zeferino Vaz, CEP: 13083-875 Campinas-SP. Fone: (19) 3521-1123 e-mail: haroldfa@gmail.com 2 Eng. Agrícola e Mestrando em Engenharia Agrícola na UNICAMP, Campinas-SP 3 Prof. doutor da faculdade de engenharia agrícola, FEAGRI/UNICAMP, Campinas-SP
INTRODUÇÃO Em condições de ambiente protegido a avaliação dos sistemas de irrigação instalados no seu interior ainda é pouco comum, isso porque o produtor tem a ilusão que o mais importante é o ambiente em que a cultura esta inserida, deixando de lado o sistema de irrigação. Nesse tipo de cultivo, a forma convencional de cultivo é em vaso o que torna muito importante a avaliação do sistema de irrigação instalado, isso por que nessa forma de cultivo há uma maior perda de água por percolação no vaso, provocando perdas de nutrientes, principalmente daqueles que apresentam maior mobilidade no solo, como o nitrogênio e o potássio, dessa forma poluindo o solo no interior da ambiente. Os sistemas de irrigação localizada são de grande importância no cenário agrícola brasileiro, com aplicações voltadas principalmente para a fruticultura, horticultura e fertirrigação (Matos et al, 1999). Geralmente, esses sistemas são mais utilizados em culturas perenes que apresentam maior espaçamento entre plantas e entre fileiras. Segundo Bernardo et al., (2006), esses sistemas caracterizam-se por aplicar água somente na zona radicular das culturas, em pequenas intensidades, porém com alta freqüência (turno de rega de um a quatro dias), de modo que se mantenha a umidade do solo ao nível da capacidade de campo ou próximo ele. Com isso o objetivo deste trabalha foi avaliar um sistema de irrigação por gotejamento no interior de um ambiente protegido, para subsidiar os produtores com informações que sirvam para auxiliar no manejo da irrigação. MATERIAL E MÉTODOS A presente avaliação foi feita em uma casa de vegetação de alto grau tecnológico, situada na área do campo experimental da Faculdade de Engenharia Agrícola (FEAGRI) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), situada em Campinas SP. Esta casa de vegetação foi dotada de uma estrutura totalmente fechada com PEBD (Polietileno de Baixa Densidade) com 150μm de espessura, tratado contra raios ultravioleta e equipada com sistema de ventilação mecânica e resfriamento evaporativo, acionados automaticamente para o controle das variáveis climáticas (temperatura e umidade relativa), através de um termostato combinado ao umidostato que juntos eram responsáveis pelo acionamento e desligamento do sistema e ainda uma tela termo-refletora tipo alumínio modelo aluminet com 60% transmissividade de ondas curtas e 40% de ondas longas, sendo esta fixa. O sistema de irrigação avaliado foi instalado para irrigar a cultura do tomate sob a forma de cultivo em vaso de 15 L de substrato, sendo este composto por dez linhas laterais com espaçamentos entre gotejadores de 0,50 m, totalizando 20 gotejadores por linha, sendo os mesmos autocompensantes com vazão 4 L h - 1, operando a uma pressão de 30 kpa. Para avaliação do sistema foi utilizado à metodologia proposto por Deniculi et al., (1980), onde nesta metodologia, propõe-se a avaliação de maior número de pontos ao longo da linha. Dessa forma, este método indica a coleta em oito pontos (saídas) ao longo da linha lateral, utilizando a seguinte proporção: primeiro gotejador; os situados a 1/7, 2/7, 3/7, 4/7, 5/7, 6/7 do comprimento e o último gotejador. Conforme metodologia, o sistema de irrigação foi ligado e deixado estabilizar a vazão e pressão (30 kpa) por 15 min, em seguida deu-se o inicio as coletas das vazões dos referidos gotejadores por um tempo de 2 min ininterruptos.
Os parâmetros utilizados na avaliação do sistema estão detalhados a seguir: Coeficiente de uniformidade de Christiansen (CUC) e de distribuição (CUD) dado pelas as seguintes equações respectivamente: qi q CUC = 100 1 n q q25 CUD = 100 q (eq. 1) (eq. 2) Em que: q i = vazão de cada gotejador (L h -1 ); q = vazão média dos gotejadores (L h -1 ); n = número de gotejadores; q 25% = média de 25% dos menores valores de vazões observadas (L h -1 ). Coeficiente de uniformidade estatístico (CUE), obtido a partir das estimativas da média e do desvio padrão. Essa metodologia permite a avaliação da uniformidade de distribuição tanto de sistemas implantados como também para efeito de dimensionamento, sendo expressa pela equação 3 sugerida por Bralts & Kesner (1983). S CUE = 100 1 q (eq. 3) q Em que: S q = é o desvio padrão de vazão do emissor; q = vazão média dos gotejadores (L h -1 ). Eficiência do sistema de irrigação por gotejamento (Ef) obtida através da Equação 4: E f =Tr CUC (eq. 4) Em que: Tr = coeficiente de transmissividade ou coeficiente de transpiração tabelado (0,90); CUC = Coeficiente de uniformidade de Christiansen. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 é apresentado os valores das vazões dos gotejadores coletado a campo, verificando-se que a todos os gotejadores encontram-se acima do valor de vazão especificado pelo o fabricante que é de 4 L h -1, conforme também observado por Benício et al. (2009) em avaliação do desempenho de um sistema de irrigação por microaspersão. Tabela 1. Valores das medições da vazão dos emissores em L h -1. Emissores L1 L2 L3 L4 Primeiro 4,67 4,70 4,77 4,87 1/7 5,00 4,70 4,67 4,63 2/7 4,80 4,87 4,87 4,83 3/7 4,83 4,90 4,83 4,67 4/7 4,73 4,63 4,73 4,57 5/7 4,83 4,70 4,67 4,83 6/7 4,63 4,63 4,77 4,73 Ultimo 4,83 4,80 4,73 4,67 Médias 4,792 4,742 4,754 4,725 Na Tabela 2 verificam-se os resultados dos parâmetros avaliados no sistema, observando-se que todos os parâmetros apresentaram-se com bom desempenho nas suas medidas de avaliação.
Os valores de CUC e CUD estão dentro da faixa recomendada para os projetos avaliados e classificação dos projetos de acordo com Merriam e Keller (1978), porém Reis et al., (2005) e Sousa et al., (2008) avaliando projetos de irrigação localizada e aspersão convencional respectivamente, encontraram valores destes parâmetros bem inferiores ao verificado nesta pesquisa. Tabela 2. Representação pós-cálculo dos parâmetros: coeficiente de uniformidade de Christiansen (CUC), coeficiente de uniformidade de distribuição (CUD), coeficiente de uniformidade estatístico (CUE) e eficiência do sistema de irrigação (Ef). Parâmetros Valores Unidade CUC 98,24 % CUD 97,57 % CUE 97,95 % Ef 88,42 % Já Souza et al., (2006) em avaliação de sistemas de irrigação por gotejamento,utilizados na cafeicultura verificaram que dos sistemas avaliados, 38,7% apresentaram valores de CUD acima de 90%, classificados, portanto, como excelentes, valores concludentes conforme observado por esta pesquisa. Os demais parâmetros (CUE e Ef) mostraram-se bem avaliados, estando dentro da faixa aceitável conforme Bernardo (1995). CONCLUSÕES O sistema avaliado apresenta boa uniformidade de distribuição, estando todos os parâmetros avaliados acima da recomendada pela literatura e sob a classificação de excelentes. AGRADECIMENTOS A UNICAMP pelo apoio logístico e a FAPESP pelo apoio financeiro e ao CNPq pela Bolsa de estudos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNARDO, S. Manual de irrigação. 6.ed. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 1995. 657p. BERBARDO, S.; SOARES, A. A.; MANTOVANI, E. C. Manual de Irrigação. 8ª Ed. Viçosa, Ed. UFV, 2006, 625p. BENÍCIO, F.R.; CARVALHO, C. M.; ELOI, W. M.; GONÇALVES, F. M.; BORGES, F. R. M. Desempenho de um sistema de irrigação por microaspersão na cultura da goiaba em Barbalha-CE. Revista Brasileira de Agricultura Irrigada v.3, n.2, p.55 61, 2009 BRALTS, V. F.; KESNER, C. D. Drip irrigation field uniformity estimation. Transactions of the ASAE, St. Joseph, v.26, n.5, p.1369-1374, 1983. DENÍCULI, W.; BERNARDO, S.; THIÁBAUT, J. T. L.; SEDIYAMA, G. C. Uniformidade de distribuição de água, em condições de campo num sistema de irrigação por gotejamento. Revista Ceres, Viçosa, v.27, n.50, p.155-162, 1980. MATOS, J. A.; DANTAS NETO, J.; AZEVEDO, C. A. V.; AZEVEDO, H. M. Avaliação da distribuição de água de um microaspersor autocompensante. Revista Irriga, Botucatu, v.4, n.3, p. 168-174, 1999.
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