MANUAL SOBRE AS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS E A CAMADA DE OZONO



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Transcrição:

MINISTÉRIO PARA A COORDENAÇÃO DA ACÇÃO AMBIENTAL DIRECÇÃO NACIONAL DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL UNIDADE NACIONAL DE OZONO MANUAL SOBRE AS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS E A CAMADA DE OZONO O buraco de ozono Maputo, Maio 2008

Índice Nº Conteúdo Pág. Abreviaturas Introdução 1-2 Como está formada a atmosfera? 3 As principais camadas da atmosfera 4-5 O que é Ozono? 5 Como se forma o ozono? 6 O que é a camada de ozono? 7 Qual é a dimensão da camada de ozono? 8 A distribuição da camada de ozono na atmosfera. 8 Onde é usado o ozono? 8 Quais são as substâncias que destroem o ozono (SDO)? 9 A atmosfera como filtro da radiação solar. 12 O que é o buraco de ozono? 12 Qual é a origem dos raios ultravioletas? 13 Como são classificados os raios ultravioletas (UV)? 13 A radiação infravermelha. 14 Como são absorvidos os raios ultravioletas na atmosfera? 15 As regiões do globo mais afectadas pelos Raios Ultravioletas 16 O que é o buraco de ozono? 16 Quais são os efeitos resultantes da destruição da camada de ozono? 19 Papel dos CFCs no aquecimento global. 21 Existe uma relação entre a temperatura e a destruição da cama de ozono? 22 Existe uma relação entre as substâncias destruidoras de ozono (SDO) e as mudanças climáticas? 23 Efeito estufa 23 Os gases com efeito de estufa (GEE) 24 Gases com efeito de estufa e o Protocolo de Quioto. 25-26 Alterações climáticas. 26 Consequências das alterações climáticas. 26 Tecnologia limpa 26-27 O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo 27 História sobre substâncias destruidoras da camada de ozono (SDO). 27 Os fluidos de refrigeração 28 A indústria química e os CFCs. 28 Objectivos da Convenção de Viena. 29 Objectivos do Protocolo de Montreal. 29 Critérios para adoptar as emendas. 29 As emendas ao Protocolo de Montreal. 29 Obrigações para os países subscritores do Protocolo de Montreal 30 Sistema de controlo das substâncias destruidoras de ozono (SDO) em Moçambique, Iniciou a 8 de Dezembro de 1993 com a ratificação da Convenção e

Protocolo de Montreal. 30 Autoridade compete para implementação do Convenção e o Protocolo de Montreal 30 Quadro legal da implementação dos Acordos. 30 Organização interna. 31 Obrigações da Unidade Nacional de Ozono. 31 Mecanismos de implementação. 32 Sectores de utilização de cada grupo de substâncias. 32 Principio de funcionamento nos aparelhos de refrigeração e climatização 32 Sectores com alternativas já disponíveis aos Clorofluorcarbonetos (CFCs) 33 Quais são as medidas tomadas a nível mundial para evitar a degradação do ozono? 33 Agentes poluidores 34 Recursos naturais 34 Como é que o ambiente afecta a Pobreza?... 35 Recursos naturais... 35 Água e saneamento básico... 37 Crescimento populacional 37 A política de reciclagem e reutilização dos materiais 38 Formação de radicais livres na atmosfera. 39 Dissociação e ionização de partículas. 39 Formação de iões na atmosfera. 39 Energia de primeira ionização. 40 O que acontece com o nosso corpo após a exposição ao sol? 40 Tipos de pele Humana quanto a sensibilidade ao UV-B. 41 Índice Ultravioleta. 41-42 Penetração dos raios na pele. 42-44 Como diferenciar o câncro de pele? 44 O que é a pinta ou sinal? 44 Qual é o número normal de pintas nos adultos? 45 Quando é que devemos nos preocupar com pintas? 45 O que é Melanoma? 46 Porque reconhecer precocemente o câncro de pele? 46 Como é feita a remoção das pintas? 46 O que se pode fazer para evitar que as pintas virem Câncro de pele. 47 Sensibilidade à luz ultravioleta e tipos de pele 47 Patologias associadas ao sol 47 Prevenção contra os danos provocados pela radiação UV 48 Medidas preventivas 49 A importância do tomate os brócolos 50-53 Outras medidas preventivas 53-56 A cadeia alimentar 56 Transferência de tecnologia para a camada de ozono. 57 História sobre o ozono. 57-58 Ecossistema 58-67 Questionário para os oficiais das alfândegas. 67

Questionário de segurança para oficias das alfândegas. 67 Função dos Oficias das alfândegas no cumprimento do Decreto 24/2008 Regulamento Sobre a Gestão das Substâncias que Destroem a Camada de Ozono 69 (SDO). Avaliação do conhecimento 70 Fotografias sobre os danos causados pelos raios Ultravioletas (UV-B) 71-76 Lista das substâncias que destroem a camada de ozono. 77-78 Lista das substâncias alternativas. 79 Tabela sobre o consumo dos CFCs 1994-2007. 80 Tabela sobre o consumo de Brometo de metíl 1994-2007. 81 Fotografias dos recipientes dos refrigerantes. 82-84 Mapa sobre países que tem fronteira com a República de Moçambique. 85 Calendários para o banimento das substâncias que destroem a camada de ozono. 86-89 Efeitos das substâncias que destroem a camada de ozono. 90 Tempo de vida e potencial de destruição de ozono. 91 Lista dos países subscritores da Convenção de Viena e Protocolo de Montreal. 92-96 Bibliografia. 97

Abreviaturas 1 CFCs... Clorofluorcarbonetos. 2 CTC... Tetracloreto de carbono. Conferência das Partes (países subscritores da convenção e Protocolo de Montreal). 3 COP... 4 DNAIA... Direcção Nacional de Avaliação do Impacto Ambiental. 5 GWP... Potencial de Aquecimento Global. 6 HCFCs... Hidroclorofluorcarbonetos. 7 Halon... Halogenados. 8 HFC... Hidrofluorcarbonetos. 9 HC... Hidrocarbonetos. 10 HBFC... HidroBromofluorcarbonetos. Plano de Gestão para a Eliminação Final dos Hidroclorofluorcarbonetos. 11 HPMP... 12 ISO... Organização de Padrões Internacionais. 13 MB... Brometo de metíl. 14 MCF... Clorofórmio de metíl. Ministério para Coordenação da Acção Ambiental em Moçambique. 15 MICOA... 16 MOP... Reunião das Partes do Protocolo de Montreal. 17 MF... Fundo Multilateral. 18 MP... Protocolo de Montreal. 19 ODP... Potencial de destruição de ozono. 20 SDO... Substâncias que destroem a camada de ozono. 21 RMP... Plano de Gestão para eliminação de Refrigerantes (CFCs). 22 TPMP... Plano de Gestão das SDO e Eliminação Final dos (CFCs) 23 UNEP... Programa das Nações Unidas para o Meio o Ambiente. 24 UNDP... Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. 25 UNO... Unidade Nacional de Ozono. Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial. 26 UNIDO... 27 WB... Banco Mundial. 28 WMO... Organização Mundial de Meteorologia. 29 WCO... Organização Mundial das Alfândegas. 30 WTO... Organização Mundial do Comércio. 1

Introdução No século XX em particular na década de setenta os cientistas Mário Molina e F Roaland, descobriram que os Clorofluorcarbonetos (CFCs), destruíam as moléculas de ozono estratosférico e de lá para cá vários outros cientistas de todos continentes foram constatando que algumas substâncias químicas constituíam um perigo para as moléculas de ozono, ao exemplo dos Clorofluorcarbonetos (CFCs); Brometo de metíl (CH 3 Br), Halogenados, Tetracloreto de carbono (CCL 4 ), os óxidos de nitrogénio entre outros. É sabido que a maioria destas substâncias não só destroem a camada de ozono, mas também fazem parte dos gases com efeito de estufa, causadores das mudanças climáticas que assolam o planeta, devastando vidas e colheitas em vários pontos do mundo e Moçambique é um dos países que tem sofrido estes fenómenos naturais. As insistentes informações sobre a destruição da camada de ozono que protege a biosfera contra os raios ultravioletas, o processo de acidificação da atmosfera, devido à queima desenfreada de combustíveis fósseis e a destruição de florestas tropicais, são alguns dos principais problemas que demonstram a universalidade das questões que envolvem a preservação do equilíbrio ecológico. Em todos anos torna-se cada vez mais claro que os recursos naturais estão sendo dizimados em nome do desenvolvimento. Desta acção traz como consequências as alterações na atmosfera, no solo, na água em suma concorrem para as alterações no ecossistema. É momento de reconhecer que a velocidade da transformação é tal que supera a capacidade científica e institucional, para minimizar ou inverter o sentido das suas causas e efeitos provocando os problemas ambientais a considerar; A destruição da camada de ozono da estratosfera; O aquecimento global da atmosfera; A crescente contaminação da água, dos solos pelos derrames e descargas de resíduos industriais e agrícolas; A destruição da cobertura florestal e a extinção de espécies. Hoje é possível afirmar que a camada de ozono tem um papel importantíssimo para a existência de vida na Terra, sendo a sua destruição o maior problema ambiental desde o século passado. Ainda que a reacção a este problema comece a produzir resultados positivos, só dentro de 1 ou 2 séculos se poderá atingir uma recuperação completa. 2

São diversas as substâncias químicas que reagem com o ozono, destruindo-o. A lista negra dos produtos danosos inclui óxidos nítricos e nitrosos expelidos pelos escapes dos veículos e o Dióxido e monóxidos de carbono libertos pela combustão do carvão e do petróleo. Mas em termos de efeitos destrutivos sobre a camada de ozono, nada se compara ao grupo de gases designados por Clorofluorcarbonetos, os conhecidos CFCs. Todas as pesquisas confirmaram (desde 1974) que os denominados Clorofluorcarbonetos (CFCs), são os grandes responsáveis pela destruição da camada de ozono. Em 1985, realizou-se a "Convenção de Viena" para a protecção da camada de ozono. Foi assinada por 28 países, e continha promessas de cooperação em pesquisa, bem como, a partilha de informação sobre produção e emissões dos CFCs. Deste modo, Moçambique através da Assembleia da República ratificou e assinou a Convenção de Viena para protecção de ozono, o Protocolo de Montreal para controlo da produção, importação e comercio das substâncias que destroem a camada de ozono, na qual resultou a Resolução 8/93 do Boletim da República nº 49 I Série e, no ano 2008, o Conselho de Ministro aprovou o Decreto 24/2008, o Regulamento sobre a gestão das substâncias que destroem a camada de ozono. 3

PERGUNTAS E RESPOSTAS Como é que a atmosfera está constituída? A atmosfera, camada que protege a terra do excesso de radiações ultravioletas e permite a existência de vida, é uma mistura gasosa de Nitrogénio, Oxigénio, Hidrogénio, Dióxido de carbono, vapor de água, e de outros elementos compostos e partículas de pó. Aquecida pelo sol e pela energia radiante da Terra, a atmosfera circula em torno do planeta e modifica as diferenças térmicas. No que se refere à água, 97% desta substância encontra-se nos oceanos, 2% está em forma de gelo e o restante 1% representa a água doce dos rios, lagos, águas subterrâneas, humidade atmosférica e do solo. O solo é a cobertura fina da matéria que sustenta a vida terrestre. É produto do clima, da rocha-mãe (do lodo arrastado pelas geleiras e das rochas sedimentares), e da vegetação. De todos eles dependem os organismos vivos, incluindo o homem. As plantas se servem da água, do dióxido de carbono e da luz solar para converter matérias primas em carbonatos, através da fotossíntese; a vida animal, por seu lado, depende das plantas numa sequência de vínculos interconectados conhecida como cadeia trófica. O Evangelista Torriceli, no século XVII, que foi o primeiro a comparar a atmosfera com os oceanos. Quando descobriu que a pressão atmosférica, é resultado do peso da camada de ar que recobre o planeta, Torricelli visualizou que na superfície do planeta, estamos perante um fundo de um oceano de ar exactamente como um peixe em grandes profundezas que está no fundo de um oceano de água. No entanto, quando passamos a estudar a camada de ar que recobre o planeta observa-se que em cada faixa de altitude a atmosfera tem um comportamento físico diferente, especialmente no tocante à temperatura. Assim, dizemos que a atmosfera tem cinco camadas, que são consideradas como as principais. 4

Quais são as principais camadas existentes na atmosfera? A atmosfera é constituída por cinco camadas principais nomeadamente a Troposfera, Estratosfera, Camada de ozono, Ionosfera e Exosfera. Troposfera É a camada da atmosfera que está em contacto com a superfície terrestre e que contem o ar que respiramos; Tem uma altitude de 0 a 10 km; É a camada menos espessa mas é a mais densa; O ar junto ao solo é mais quente, diminuindo de temperatura com a altitude até atingir 20 0 C a -60 0 C; A zona limite chama-se tropopausa. Aqui a temperatura é constante; É nesta sub-camada onde se concentram os poluentes e ocorrem os fenómenos de precipitação - como chuva, neve, ventos, calor. É igualmente onde circulam os balões tripulados e aviões a jacto. Estratosfera Situa-se entre 10 a 50 km; É aqui onde começa a camada de ozono; Nesta camada a temperatura aumenta de -60 0 C a 0 0 C. Este aumento deve-se a interacção química e térmica entre as radiações solar e os gases ai existente; As radiações absorvidas são as ultravioletas (6.6 a 9.9 x 10-19 J); A zona limite chama-se estratopausa. Aqui a temperatura mantém-se constante, Também chega até a esta camada os balões, os aviões supersónicos e as nuvens geradas por explosões atómicas. No entanto, aeronaves com asas não podem ir muito além disso, pois densidades muito baixas do ar reduzem a força de sustentação e a quantidade de oxigénio necessária na combustão das turbinas. Da mesma maneira que os seres humanos, que respiram, para obter oxigénio necessário para queimar os alimentos e produzir energia, os aviões queimam o oxigénio retirado da atmosfera pelo seu movimento e o das turbinas. Os aviões conseguem ir mais alto que os seres humanos porque os seus movimentos através do ar compensam a concentração. Porém, o facto é que nem os aviões com turbinas nem os seres humanos conseguem suportar as condições atmosféricas aí existentes e os humanos ainda precisam do auxílio de um cilindro de ar. 5

Camada de ozono Esta camada situa-se a partir dos 50 a 80 Km de altitude; É nesta camada onde são filtrados os raios ultravioletas UV-B; É a camada que protege os seres vivos contra a acção dos raios ultravioletas. Ionosfera Esta camada situa-se a partir dos 80 km de altitude; Esta camada está composta por moléculas ionizadas, isto é, carregada electricamente; É nesta camada que as ondas de rádio são reflectidas de volta para aterra; Nesta camada ocorrem a desintegração dos meteoros provenientes do espaço, é o que nós observamos como estrelas candentes. Ao conjunto da mesosfera superior e da termosfera, dá-se o nome de ionosfera, porque essa região existe muitas partículas carregadas electricamente, como iões e electrões livres, produzidas por fotoionização dos gases atmosféricos que arrancam electrões às moléculas desses gases. Estes mantêm um equilíbrio dinâmico entre os fenómenos climáticos das diferentes regiões da Terra. Exosfera É a camada mais externa, começa após os 500 km e continua até se confundir com o espaço interplanetário, Nesta camada, a densidade gasosa é ínfima, não se registando fenómenos assinaláveis, a não ser a existência de dois cinturões de partículas (Cinturões de Van-Hallen), o primeiro a 4 000 km, e o segundo a 20 000 km de altitude Nas últimas décadas muito se tem falado da camada de ozono e do perigo que o planeta corre com a sua destruição. O que é ozono? Ozono (O 3 ), é um gás composto de três átomos de oxigénio. 6

Como se forma o Ozono? O ozono é um gás que é produzido pela energia das descargas eléctricas, que quebra as ligações entre os dois átomos do oxigénio molecular (O 2 ), libertando o oxigénio atómico (O) que fica livre para se ligar com uma molécula de O 2, formando-se, deste modo, a molécula triatómica que chamada ozono. Outros exemplos de como se pode formar o ozono O ar que respiramos é formado por 2 átomos de oxigénio (O 2 ); Os raios ultravioletas emitidos pelo Sol ao incidir na molécula de oxigénio, quebra as ligações entre os dois átomos do oxigénio molecular (O 2 ), libertando o oxigénio atómico (O) que fica livre para se ligar com uma molécula de O 2, formando-se, deste modo, a molécula triatómica de ozono, como mostra os dois exemplos a seguir (O 2 +O) = (O 3 ). O ozono em elevadas concentrações pode exercer um efeito tóxico nos animais, originando problemas respiratórios e irritação ocular e um efeito corrosivo em diversos materiais. Misturado com outros gases e partículas, ele é responsável pela formação do smog (nevoeiro fotoquímico que cobre os grandes centros urbanos e industriais, resultado da poluição atmosférica). O termo smog resulta da junção de duas palavras inglesas: smoke (fumo) e fog (nevoeiro) e, tal como o nome indica, é o resultado da mistura de um processo natural (nevoeiro) com os fumos resultantes da actividade industrial e queima de combustíveis fósseis, originando um tipo de nevoeiro que pode ser altamente tóxico. Suponhamos que temos um vazamento de alta tensão num determinado circuito eléctrico hipotético (ou uma descarga atmosférica, por exemplo). No momento da passagem do arco voltaico pelo ar temos uma libertação de energia. Logo: O 2 + energia 2 [O] 7

Traduzindo: Uma molécula de Oxigénio energizada é transformada em dois átomos de Oxigénio livres. Os átomos de Oxigénio livres na atmosfera são reactivos quimicamente, logo deverão se combinar com moléculas próximas para se estabilizar. Imaginemos que estejamos adjacentes aos átomos livres de oxigénio com moléculas de oxigénio e outras quaisquer. Chamemos as segundas de M (de molécula). Logo teremos: O + O 2 + M O 3 + M Traduzindo: Um átomo livre de Oxigénio com uma molécula de Oxigénio e uma molécula qualquer são transformados em Ozono e uma molécula qualquer. Aquela molécula qualquer não é consumida pela reacção, porém é necessária para que se possa realizar. Na verdade M é um catalisador, pode ser no caso da atmosfera da Terra o nitrogénio molecular (N 2 ), onde M=N 2, por exemplo. Portanto, esta é uma das formas mais comuns de se produzir ozono. Outras seriam fornos industriais, motores de automóveis entre outras que produzem o gás. Na baixa atmosfera o ozono é reactivo e contribui para a poluição atmosférica industrial, sendo considerado um veneno. O que é a camada de ozono? A camada de ozono é um termo usado para descrever a presença das moléculas de ozono na atmosfera. Esta camada funciona como um filtro da radiação solar, deixando passar as radiações de energia mais baixa, absorvendo (retendo) as energia mais elevada. A destruição da camada de ozono, pode causar desequilíbrio no clima, resultando no efeito estufa, o que causaria o descongelamento das grandes montanhas de gelo polares e a consequente inundação de muitos territórios que actualmente se encontram em condições de habitação. A camada de ozono, na atmosfera se estende a partir dos 50 a 80 Km sobre a superfície da Terra. Nela se produzem concentrações de milhares de moléculas de ozono. 8

Medida de ozono Qual é a dimensão do ozono? Se todo o ozono fosse agrupado numa única camada gasosa, em torno da Terra a sua espessura seria apenas de 3 mm! O padrão de medição do ozono é feito de acordo com sua concentração por unidade de volume que por sua vez recebe o nome de Unidade Dobson (UD). No ano de 2005, no dia 07 de Outubro, uma medição realizada pelo Instituto Europeu de Pesquisa (INPE), na Antárctica, constatou que a concentração de ozono estava em torno de 160 UD, quando em época normal seria 340 UD (Esta medida é considerada referencial). Abaixo da medida de 220 UD já se pode considerar baixa densidade de ozono, ou a formação do buraco que já causa danos ao meio-ambiente. Distribuição do ozono na atmosfera Troposfera: Nesta zona o Ozono é mau. Porém, ao nível do solo, o ozono é um gás altamente poluente. É prejudicial aos seres humanos (irrita os órgãos respiratórios), e até podem destruir o tecido dos pulmões, afecta o crescimento das plantas e causa problemas em vários materiais, por exemplo, a desintegração da borracha. Estratosfera: Nesta zona o Ozono é bom. Protege a Terra das radiações prejudiciais Ultravioletas do sol. Onde é usado o ozono? O Ozono podem ser usado para: - Tratamento de músculo (atletas); - Reduzir o excesso de gordura do corpo; - Ozono para purificação de ar nos Hotéis, pensões e casas privadas; - Nos ginásios e clubes, o ozono elimina odores causado pela transpiração; - Mata vírus/bactérias; - Elimina odores de álcool, cheiro forte de animais, - Previne cheiros passados em roupas de cama, - Serve para tratamento e purificação da água; - Mantém produto como carne, fruta e flores por muito tempo fresca. 9

Quais são as substâncias que destroem o ozono (SDO)? As substâncias que destroem o ozono (SDO), são substâncias químicas que causa a morte das moléculas de ozono na atmosfera quando reagem com elas. Para o efeito, deu-se abreviatura (ODP), que significa Potencial de Destruição de Ozono. A abreviatura anterior provem da tradução da língua inglesa o que significa (Ozone Depleting Potential), e o CFC utiliza-se como a substância padrão que tem um ODP de 1,0. A ozonosfera ou camada de ozono, localiza-se na estratosfera e cerca de 90% de ozono atmosférico, está entre 50 a 80 quilómetros de altitude, cerca de 20 km de espessura. Os gases na ozonosfera são tão rarefeitos que, se os comprimíssemos à pressão atmosférica ao nível do mar, sua espessura não seria maior que alguns milímetros. As radiações electromagnéticas emitidas pelo Sol trazem energia para a Terra, entre as quais a radiação infravermelha, a luz visível e um misto de radiações e partículas, muitas destas são nocivas. Grande parte da energia solar é absorvida e reemitida pela atmosfera. Se chegasse em sua totalidade à superfície do planeta, esta energia o esterilizaria. A ozonosfera é uma das principais barreiras que nos protegem dos raios ultravioletas. O ozono deixa passar apenas uma pequena parte dos raios (UV), esta benéfica. Quando o oxigénio molecular da alta-atmosfera sofre interacções devido à energia Ultravioleta proveniente do Sol, acaba dividindo-se em oxigénio atómico; o átomo de oxigénio e a molécula do mesmo elemento se unem devido à reionização, e acabam formando a molécula de ozono cuja composição é (O 3 ). A região, quando saturada de ozono funciona como um filtro onde as moléculas absorvem a radiação Ultravioleta do Sol e, devido a reacções fotoquímicas, é atenuado o seu efeito. As ondas electromagnéticas são uma combinação de um campo eléctrico e de um campo magnético que se propagam através do espaço transportando energia. A luz visível é uma das partes da radiação electromagnética. O conceito de ondas electromagnéticas primeiramente foram vistas por James Clerk Maxwell e depois confirmadas por Heinrich Hertz. Uma de suas principais aplicações são nas estações de rádio. 10

Um outro exemplo de como são destruídas as moléculas de ozono As reacções de formação e decomposição do ozono prosseguem (ou deviam prosseguir) com igual velocidade, devido ao equilíbrio dinâmico que deveria manter constante a concentração do ozono na atmosfera. O* + O 2 «----» O 3 (equilíbrio químico) Um exemplo de como são destruídas as moléculas de ozono. Os Clorofluorcarbonetos ou simplesmente (CFCs), têm cloro na sua composição química e quando atingem a camada de ozono, o cloro através dos raios ultravioletas dissociam-se da composição química e reagem com as moléculas de Ozono (O 3 ), (O+O+O), quebrando a sua ligação, para ter uma molécula de oxigénio e um átomo de oxigénio livre, destruindo assim a camada de ozono. O átomo de cloro é um catalisador poderoso que destrui as moléculas de ozono, permanecendo intacto durante todo o processo. Uma vez na alta atmosfera, o cloro leva muitos anos para descer à baixa atmosfera. Nesse período, cada átomo de cloro destroem milhões de moléculas de ozono. A reacção de destruição do ozono é bastante simples, uma vez que esta molécula é extremamente reactiva na presença da radiação UV e cloro. Observemos: O 2 + Energia UV 2 O 2 Cl (do CFC) + 2O 3 2 ClO + 2 O 2 2 Cl + 2 O (regenerando o Cl) + 2 O 2 Logo, o resultante da Reacção é: 2 O 3 3 O 2 11

Isto significa que tivemos três moléculas de oxigénio geradas e os átomos de cloro foram regenerados para destruir mais duas moléculas de ozono de cada vez, e assim por diante, até o cloro descer à baixa atmosfera. Tal como outros sistemas naturais, o ciclo do ozono é bastante sensível à mudanças externas. O maior problema, sem dúvida, é a emissão dos Clorofluorcarbonetos (CFCs) na atmosfera. O elemento responsável pelo desequilíbrio deste sistema é o cloro. Como já descrevemos anteriormente, em sua forma atómica. Este, age como catalisador da reacção de desintegração do ozono, sendo representado pelas seguintes equações químicas: Cl (g) + O 3(g) ClO (g) + O 2(g) ClO (g) + O 3(g) Cl (g) + 2 O 2(g) Reacção global: 2 O 3(g) 3 O 2(g) Os CFCs, são substâncias químicas utilizadas nos aparelhos de refrigeração (Geleiras, Congeladores, frigoríficos, morgues), ar condicionados, nos aerossóis (sprays), comésticos, domésticos, tintas bem como para fins de limpeza dos equipamentos electrónicos com circuitos muito pequenos. Toma atenção aos produtos que vai comprar! Lê as embalagens, escolhe os produtos amigos do ambiente! Atenção, isto de que falamos não irá afectar só o futuro, com toda a certeza já deste conta das alterações climáticas que temos vindo a sofrer e Moçambique é vitima destes fenómenos naturais que ceifam vidas e colheitas em muitos pontos do país. Três por cento (3%), talvez mesmo cinco por cento (5%), do total da camada de ozono já foi destruído pelos Clorofluorcarbonetos (CFCs). Outros gases, como o óxido de azoto (NO) libertos pelos aviões na estratosfera, também contribuem para a destruição da camada do ozono. A não remoção e tratamento dos Clorofluorcarbonetos (CFCs), ainda presentes nos equipamentos mais antigos, conduz à libertação para a atmosfera de 500 toneladas ou mais em muitos países do mundo. Em meados da década de 90, pesquisadores alemães desenvolveram estudos em que foi verificada a acção de microrganismos capazes de evitar a degradação do ozono, decompondo os gases CFCs. O trabalho se intitula: "Reductive Dehalogenation - its logics microbian", e foi publicado em 1997. 12

A rarefacção da camada de ozono tornou-se num dos maiores problemas ambientais do planeta. Ainda que a reacção a este problema comece a produzir resultados positivos, só dentro de 1 ou 2 séculos se poderá atingir uma recuperação completa. São diversas as substâncias químicas que reagem com o ozono, destruindo-o. A lista negra dos produtos danosos inclui óxidos nítricos e nitrosos expelidos pelos escapes dos veículos e o Dióxido e monóxidos de carbono libertos pela combustão do carvão e do petróleo. Mas em termos de efeitos destrutivos sobre a camada de ozono, nada se compara ao grupo de gases designados por Clorofluorcarbonetos, os conhecidos CFCs. Desde a década de 80 todas as investigações têm demonstrado que a camada de ozono tem vindo a diminuir (em 1998 cerca de 3-6% abaixo dos níveis de 1979). Todas as pesquisas confirmaram (desde 1974) que os denominados Clorofluorcarbonetos (CFCs), são os grandes responsáveis pela destruição e diminuição da camada de ozono. A atmosfera como filtro da radiação solar As radiações absorvidas na parte superior da troposfera e na estratosfera são radiações UV de energia compreendida entre 6,6 x 10-19 J e 9,9 x 10-19 J. Os gases que absorvem estas radiações são, principalmente, o oxigénio (O 2 ) e o ozono (O 3 ), podem também absorver estas radiações os Clorofluorcarbonetos (CFCs), os compostos de bromo, os óxidos de azoto. O que é o buraco de ozono? Ouve-se falar com frequência do buraco do ozono, na verdade não se trata de um verdadeiro buraco, mas sim de uma diminuição da espessura da camada, que consiste na diminuição da concentração de moléculas de ozono, que constituem a camada de ozono, permitindo desta forma, a emissão de raios ultravioletos à terra, devido às substâncias químicas libertadas pelo homem para a atmosfera. Foi em 1985 que a revista britânica Nature alertou a comunidade internacional sobre o problema do "buraco" do ozono sobre a Antárctica. Medições anuais demonstraram que este "buraco" aparecia todas as primaveras e que a sua extensão aumentava a uma velocidade alarmante. 13

Nota: Na figura acima observa-se a evolução do tamanho do buraco da camada de ozono entre 1979 a 1999. O "buraco" do ozono não é, na realidade, um buraco. É uma redução da camada de ozono que ocorre anualmente nas regiões polares, na primavera, seguida de uma recuperação durante o Verão. Fala-se de "buraco" da camada de ozono desde que o valor da coluna constituída por ozono seja inferior a 220 unidades Dobson (UD) - (unidade de medida que descreve a espessura da camada de ozono numa coluna de ar em condições padrão - temperatura 0 ºC e pressão normal - 300 UD equivalentes a 3 mm de espessura). Até em 1987, O buraco de ozono, tinha uma dimensão de 25 milhões de Km 2. Em 2003, os cientistas da NASA revelaram que o buraco de ozono sobre o Antárctico, naquele momento tinha uma área que ascende aos 15 milhões de 14

quilómetros quadrados, contra os 24 milhões que se verificaram nos últimos anos. A protecção da camada de ozono está, desde 1985, consagrada na Convenção de Viena e o controle das substâncias que destroem a acamada de ozono começou com a ratificação do Protocolo de Montreal aos 16 de Setembro de 1987. A Agência de Protecção Ambiental norte-americana calcula que, se não houver um controle na produção de Clorofluorcarbonetos (CFCs), haverá uma diminuição de 40% do ozono estratosférico por volta do ano 2075. A agência também concluiu que para cada 1% de diminuição do ozono, haverá um aumento de 2% de radiação UV-B que alcança a superfície da Terra, o que pode acarretar um aumento de 1 a 3% de novos casos de câncro de pele por ano. Apesar dos gases que prejudicam a camada de ozono serem emitidos em todo o mundo, 90% dos quais provenientes do hemisfério norte, resultante principalmente da actividade humana, é na Antárctica onde a falha na camada de ozono é maior. A área do buraco de ozono é definida como sendo o tamanho da região cujo ozono está abaixo das 200 Unidades Dobson (UD unidade de medida que descreve a espessura da camada de ozono numa coluna directamente acima das medições): 400 UD equivale a 4 mm de espessura. Antes da Primavera na Antárctica, a leitura habitual é de 275 DUs. A Organização Meteorológica Mundial (WMO), no seu relatório de 2006, prevê que a redução na emissão de CFCs, resultante do Protocolo de Montreal, levará uma diminuição gradual do buraco de ozono, com uma maior recuperação por volta dos anos 2065. Em 1985, os cientistas identificaram uma zona mais fina da camada do ozono sobre a Antárctica durante os meses de Primavera que ficou conhecida como buraco do ozono. As provas científicas mostram que os compostos químicos de origem humana são responsáveis pela criação do buraco do ozono Antárctico e são provavelmente responsáveis pelas perdas globais de ozono (As substâncias destruidoras de ozono/ozone Depleting Substances ODS). Pensa-se que a camada de ozono se está a degradar a uma quantidade de 5% a cada 10 anos na Europa do Norte, com tendência para tal degradação a estender-se para o sul do Mediterrâneo e ao sul dos EUA. Contudo, a degradação do ozono nas regiões polares é a mais dramática manifestação do efeito global. 15

Os níveis de ozono sobre o Ártico na Primavera de 1997 diminuíram 10% desde 1987. Apesar da redução da concentração de CFCs e outros compostos industriais que destroem o ozono quando expostos à luz solar. Luz solar Prisma separando a luz Luz solar no seu sentido mais amplo é o espectro total da radiação electromagnética fornecida pelo Sol. Na Terra, a luz solar é filtrada pela atmosfera terrestre, e a radiação solar é visível como a luz do dia quando o Sol está acima do horizonte a água reflecte a luz solar no arco íris portanto a cor da luz do sol são as cores do arco íris. Halo Solar fenómeno formado devido à incidência da luz solar sobre nuvens altas chamadas cirros, que são compostas por cristais de gelo, que fazem a difracção da luz solar, como num prisma, formando um halo. Qual é a origem dos raios ultravioletas e Infravermelhos? A radiação solar O sol emite uma ampla faixa de radiação electromagnética que inclui a radiação infravermelha, a luz visível e a radiação Ultravioleta (UV). Os únicos comprimentos de onda da radiação ultravioleta (UV), que alcançam a superfície da Terra, estão na faixa que compreende dos UV-A e UV-B. Da radiação solar que atinge a superfície da Terra, 45% corresponde ao espectro visível (luz visível), 45% a radiação infravermelha e 10% a radiação ultravioleta. Uma maior intensidade desta última, seria incompatível com a vida na Terra. Como são classificados os raios ultravioletas? Os cientistas classificam os raios ultravioletas em três tipos nomeadamente: Os UV-A, UV-B e UV-C. A radiação solar mais conhecida é a faixa visível, mas duas outras faixas importantes são a do ultravioleta e a do infravermelho. A faixa do ultravioleta é 16

subdividida em 3: UV-A (entre 400 e 320 nm), UV-B (entre 320 e 280 nm) e a UV-C (entre 280 e 100). A UV-A chega normalmente à superfície terrestre, não sendo absorvida eficientemente por nenhum dos constituintes atmosféricos. Em excesso a radiação UV-A pode trazer complicações à saúde. Porém, esta não tende a aumentar a sua intensidade com o tempo, como a UV-B. A UV-B é fortemente absorvida pela camada de ozono da atmosfera terrestre, causando uma variação muito forte na intensidade da radiação medida na superfície entre os limites de 280 e 320nm. Já o UV-C é totalmente absorvido pela atmosfera terrestre. A radiação ultravioleta mais merecedora de cuidados no dia-a-dia é a UV-B que é afectada pela camada de ozono. Portanto, com a ausência ou diminuição da camada de ozono não haveria a estratosfera, provocando grandes mudanças na distribuição térmica e na circulação da atmosfera, havendo incidência directa da radiação ultravioleta, que afectaria em muito à vida terrestre. Os raios ultravioletas UV-A (com comprimentos de onda variam de 320 a 400 nanómetros (nm), este tipo de radiação é cerca de mil vezes menos efectivo que a radiação UV-B para provocar eritema (vermelhidão de pele). Os raios ultravioletas UV-B (com comprimentos de onda variam de 290 a 320 nm), esta radiação é uma luz altamente energética que origina do sol, o qual tem tido vários impactos negativos sobre saúde humana e no ambiente etc. Os raios ultravioletas UV-C (com comprimentos de onda variam de 10 a 290 nm), os efeitos desta radiação na superfície da terra, é quase nulo, por isso que muitos dos cientistas afirmam que estes raios são filtrados totalmente pela camada de ozono. Os cientistas afirmam que no período de verão, 60% da radiação UV-B que alcança a superfície da Terra diariamente, chega entre 10 h as 14 h. 17

Raios ultravioletas em excesso, principalmente na faixa do UV-B (290 a 320 nanómetros de comprimento de onda), que atinjam a superfície terrestre, podem acarretar sérios prejuízos à saúde humana e ao meio ambiente em geral. Se a camada de ozono desaparecesse, a radiação Ultravioleta do Sol esterilizaria a superfície do globo e aniquilaria toda a vida terrestre. As radiações absorvidas na parte superior da troposfera e na estratosfera são radiações UV de energia compreendida entre 6,6 x 10-19 J e 9,9 x 10-19 J. A radiação infravermelha A radiação infravermelha (IV) é uma radiação não ionizante na porção invisível do espectro electromagnético que está adjacente aos comprimentos de onda longos, ou final vermelho do espectro da luz visível. Ainda que em vertebrados não seja percebida na forma de luz, a radiação IV pode ser percebida como calor, por terminações nervosas especializadas da pele, conhecidas como termoreceptores. A radiação infravermelha foi descoberta em 1800 por William Herschel, um astrónomo inglês de origem alemã. Hershell colocou um termómetro de mercúrio no espectro obtido por um prisma de cristal com a finalidade de medir o calor emitido por cada cor. Descobriu que o calor era mais forte ao lado do vermelho do espectro, observando que ali não havia luz. Esta foi a primeira experiência que demonstrou que o calor pode ser captado em forma de imagem, como acontece com a luz visível. A radiação IV está dividida segundo seus efeitos biológicos, de forma arbitrária, em três categorias: radiação infravermelha curta (0,8-1,5µm), média (1,5-5,6µm) e longa (5,6-1.000µm). Os primeiros trabalhos com os diferentes tipos de radiação IV, relatavam diferenças entre as formas de acção biológicas do infravermelho curto e médio/longo (Dover et al 1989). Acreditava-se que a radiação curta penetrava igualmente na porção profunda da pele sem causar aumento marcante na temperatura da superfície do epitélio, enquanto que a maior parte da energia do infravermelho médio/longo era absorvida pela camada superior da pele e frequentemente causasse efeitos térmicos danosos, como queimaduras térmicas ou a sensação de queima. Como são absorvidos os raios ultravioletas na atmosfera? A terra tem um sistema de compensações de temperatura, pressão e humidade, que mantém um equilíbrio dinâmico natural, em todas as suas regiões. As camadas superiores do planeta reflectem em cerca de 40% da radiação solar. Destes, aproximadamente 17% são absorvidos pelas camadas inferiores sendo que o ozono interage e absorve os raios ultravioletas. O Dióxido de 18

carbono e o vapor de água absorvem os raios infravermelhos. Restam 43% da energia, esta alcança a superfície do planeta. Que por sua vez reflecte 10 % das radiações solares de volta. Além dos efeitos descritos, existe ainda a influência do vapor de água e sua concentração variável. Estes, juntamente com a inclinação dos raios solares em função da latitude, agem de forma decisiva na penetração da energia solar, que por sua vez tem aproximadamente 33% da energia absorvida por toda a superfície atingida durante o dia, sendo uma parte muito pequena desta re-irradiada durante a noite. Além de todos os efeitos relatados anteriormente, existe ainda a influência e interacção dos oceanos com a atmosfera em sua auto regulação. Estes mantêm um equilíbrio dinâmico entre os fenómenos climáticos das diferentes regiões da Terra. Todos os mecanismos relatados acima, actuando em conjunto, geram uma transição suave de temperaturas em todo o planeta. Um dos maiores determinantes na distribuição do calor e Humidade na atmosfera é a circulação do ar, pois esta activa a evaporação média, dispersa as massas de ar quente ou frio conforme a região e o momento. Por consequência caracteriza os tipos de climas. À esta circulação de ar, quando na horizontal, chama-se vento, que é definido como o movimento do ar paralelo à superfície da Terra. Quando o deslocamento é na vertical, denomina-se corrente de ar. Aos movimentos verticais e horizontais de superfície, somam-se os fluxos de jacto (jet streams) e os deslocamentos de massas de ar, que determinam as condições climáticas do planeta. As regiões do globo mais afectadas pelos Raios Ultravioletas Os pólos são as zonas mais afectadas pelo buraco na camada de ozono. A razão para esse facto está relacionada com as condições meteorológicas especiais existentes nessas zonas do globo, especialmente o Pólo Sul (Antárctica). Durante o Inverno quando os raios solares não atingem esta região do planeta, as temperaturas são baixíssimas, formando-se umas nuvens de Constituição diferente das que costumamos observar. Isto vai criar uma conversão mais rápida e fácil dos CFCs em radicais de cloro destrutivos de ozono. Como as massas de ar circulam em camadas sobrepostas, dos Pólos para o Equador e no sentido inverso, estas têm a capacidade de transportar poluentes para milhares de quilómetros de distância de onde estes foram emitidos. Na região Antárctica a circulação é interrompida, formando-se círculos de convenção exclusivos daquela área que levam as moléculas como cloro para a estratosfera. Estes poluentes trazidos pelas correntes no Verão permanecem na 19

Antárctica até nova época de circulação. Ao chegar a Primavera, com os seus primeiros raios de sol, as reacções químicas que destroem o ozono são estimuladas. Em Novembro, o ar que chega de outras regiões permite uma recomposição parcial do escudo de ozono; o buraco diminui de tamanho, mas não fecha completamente. Quais são os principais efeitos resultantes da destruição da camada de ozono? A destruição da camada de ozono, permite a passagem dos raios ultravioletas provenientes do sol, chega directamente a terra e são responsáveis por vários danos. Os raios ultravioletas são os responsáveis pelos seguintes danos: Efeitos na saúde humana: Câncro de pele; Lesões nos olhos; Catarata dos olhos; Envelhecimento precoce; Desidratação; As pessoas tornam-se mais vulneráveis a doenças infecciosas; Queimaduras solares profundas; Enfraquecimento do sistema imunitário. Efeitos no reino vegetal: Diminuição das colheitas (para algumas plantas); Redução das espécies piscícolas; Diminuição da produtividade florestal; Redução do fitoplâncton superficial; Destruição das cadeias alimentares marinha devido à redução de fitoplâncton. Efeitos na poluição atmosférica: Aumento das substâncias ácidas; Aumento do smog fotoquímico; Efeitos nos materiais: Degradação de plásticos e pinturas exteriores. 20

Efeitos nos animais: Danos sobre DNA que resulta na modificação genética e aumento de mutações em muitos micro organismos; Diminuição do crescimento de micro organismos; Aumento das doenças oculares em algumas espécies; Diminuição das espécies aquáticas sensíveis à radiação ultravioleta; Efeitos no aquecimento global: Aceleração do aquecimento devido à menor capacidade de o oceano retirar Dióxido de carbono da atmosfera através do fitoplâncton; Acção dos CFCs como gases de efeito de estufa; Qualquer alteração na camada de ozono pode modificar drasticamente o clima. Para que a camada de ozono não diminua teremos de deixar de produzir gases que a destroem. Mesmo com uma acção persistente e activa, seriam necessários, segundo os especialistas, cerca de 75 anos para que a camada de ozono atingisse os níveis de 1980. E seriam necessários 100 anos para que a camada de ozono atingisse os níveis de 1950. É necessária uma efectiva cooperação internacional para a prevenção dos graves problemas ambientais que afectam o nosso planeta. Para reduzir a concentração dos poluentes atmosféricos são necessárias tanto medidas preventivas como correctivas. Os países desenvolvidos concordam com a necessidade de proibir ou ao menos limitar, o uso dos gases CFCs para evitar que os seus efeitos destruam o equilíbrio térmico da Terra. De salientar, no entanto, que em quantidades adequadas (muito pequenas), as radiações ultravioletas são salutares, contribuindo para a produção de vitamina D, indispensável ao normal desenvolvimento dos ossos. A maior parte da radiação ultravioleta é, então, absorvida pela camada de ozono, mas mesmo a pequena fracção que atinge a superfície é potencialmente perigosa para quem a ela se expor por períodos prolongados. A Agência Norte-Americana de Protecção Ambiental estima que a redução de apenas 1% na espessura da camada de ozono é suficiente para cegar 100 mil pessoas por cataratas e desencadear um aumento de 5% no número de casos de cancro de pele. 21

Está provado também que a exposição prolongada a radiação ultravioleta pode afectar as defesas imunológicas do Homem e de outros animais, permitindo o desenvolvimento de doenças infecciosas. A supressão de respostas locais e sistémicas a uma grande variedade de antigenes pode mesmo ser a causa para o desenvolvimento de diversos tipos de carcinomas. Mas os seres humanos não são os únicos afectados pelos raios ultravioletas, pois a sua intensificação interfere em muitos processos biológicos e químicos dos ecossistemas terrestres. As alterações provocadas pelas radiações prendem-se com as modificações no material genético das células dos organismos, o que se traduz na perturbação de diversas funções, como o metabolismo e a produção de bio massa. Porém, mais do que alterarem indivíduos, as radiações alteram as relações entre eles, nomeadamente as relações de competição entre plantas superiores, a extensão da herbívora pelos insectos e a susceptibilidade a elementos patogénicos, quer na agricultura, quer em ambiente natural. Acredita-se mesmo que níveis altos de radiação podem diminuir a produção agrícola, com a consequente redução na produção alimentar. Sabe-se, igualmente, que as radiações ultravioletas afectam os micro organismos, embora não se tenha noção da extensão de tais alterações. Este é um fenómeno preocupante, já que estes organismos participam em tarefas tão relevantes, em termos ecológicos, como a decomposição de resíduos, intervindo no ciclo dos nutrientes e interagindo com plantas e animais em forma de agentes patogénicos ou simbióticos. Do mesmo modo, nos ecossistemas aquáticos, a intensificação das radiações ultravioletas provoca problemas inquietantes, pois interfere no crescimento, na fotossíntese e na reprodução do plantão. São estas plantas e animais microscópicos que se encontram na base das cadeias alimentares e que são responsáveis por grande parte da produtividade de oxigénio do planeta e absorção do Dióxido de carbono, actuando como um tampão contra o aquecimento global do planeta. Ao intervir em todas as escalas dos ecossistemas, a radiação ultravioleta afecta, igualmente, os ciclos bioquímicos, como o ciclo do carbono, do azoto e o ciclo dos nutrientes minerais, entre outros, lesando globalmente toda a biosfera do planeta. Papel no aquecimento global A eficiência do cloro como catalisador é bastante elevada, chegando a quebrar 100 000 moléculas de ozono em um ano. Como o bom ozono (da estratosfera) absorve grande quantidade de radiação solar no ciclo ozono-oxigénio, a sua degradação pode intensificar em grande medida o efeito estufa. Por isso os 22

CFCs são considerados um gás com efeito de estufa (GEE), porque a sua acção por mas que seja indirecta. O Global Warming Factor (GWF) dos CFCs é 5 000 a 14 000, o que significa que é de 5 000 a 14 000 vezes mais eficiente que o CO 2 na intensificação do efeito de estufa. Porém, não há grande preocupação na comunidade científica internacional quanto a estes compostos, devido a dois factores: a concentração deles na atmosfera é menor que 1 ppb e, com o Protocolo de Montreal, sua produção e utilização estão sendo diminuídas a valores muito baixo. Existe uma relação entre a temperatura e a destruição da cama de ozono? As constantes temperaturas frias do Inverno que se sentem no Pólo Sul contribuem para a formação de nuvens polares estratosféricas que incluem moléculas contendo cloro e bromo. Quando a Primavera polar chega (Setembro), a combinação da luz solar com aquelas nuvens leva à formação de radicais de cloro e bromo que quebram as moléculas de ozono, com consequente destruição da camada do ozono. Quanto mais frio é o Inverno antárctico mais afectada é a camada do ozono. Em 2002, as dimensões sofreram um decréscimo e o buraco foi mesmo dividido em duas partes distintas, devido a uma vaga de calor sem precedentes na região. Este foi o menor buraco do ozono desde 1988. Com efeito, no ano 2000, as dimensões do buraco da camada de ozono atingiram um valor máximo de 27 a 28 milhões de km 2, devido a um Inverno particularmente frio. Tudo isto leva-nos a crer que, enquanto anteriormente se pensava que este fenómeno era totalmente independente das emissões dos gases com efeito de estufa, tais como o Dióxido de carbono, os dois fenómenos podem, de facto, estarem relacionados. Isto porque o aquecimento climático é acompanhado de um arrefecimento da alta atmosfera em altitude, o que pode acelerar a destruição da camada de ozono. Anteriormente à descoberta da possível correlação entre estes dois fenómenos estimava-se que a recuperação da camada de ozono não deveria começar a ocorrer antes de 2010-15, e que a recuperação completa dessa mesma camada só poderia começar a ser esperada cerca de 2050-60. A eventual correlação entre os dois fenómenos poderá resultar na revisão, para mais longe, destas expectativas, a menos que o Protocolo de Kyoto venha a ter resultados positivos em breve, sobre a diminuição das emissões de gases com efeito de estufa. 23

O buraco do ozono persiste normalmente até Novembro/Dezembro, quando as temperaturas regionais aumentam. O tempo exacto e amplitude do buraco de ozono na Antárctica dependem de variações meteorológicas regionais. Existe uma relação entre as substâncias destruidoras de ozono (SDO) e as mudanças climáticas? A resposta é sim, mas para uma melhor compreensão vamos descrever um pouco a origem dos gases com efeito de estufa. Efeitos de alterações ambientais As alterações que têm ocorrido na atmosfera desde o início do século XX não se verificaram nos componentes maioritários (azoto e oxigénio), mas em componentes vestigiais. O dióxido de carbono, o metano, o ozono e os CFCs são exemplos desses componentes. Durante séculos, foram produzidos e consumidos na Terra, mantendo-se um equilíbrio entre a sua emissão para a atmosfera e a sua retirada da mesma. Quando a velocidade de emissão é superior à velocidade de retirada, os gases vestigiais tornam-se poluentes. Há dois tipos de causas que explicam o aumento da concentração destes gases na atmosfera: as naturais, nas quais se incluem a actividade vulcânica e a própria biosfera, e as antropogénicas, que resultam da actividade humana. Entre estas últimas encontram-se a desflorestação, os incêndios florestais, a indústria, a agricultura, a circulação automóvel, e a produção de energia eléctrica através da queima de combustíveis fósseis. Efeito estufa Desde 1896 sabe-se que o Dióxido de carbono ajuda a impedir que os raios Infravermelhos escapem ao espaço, mantendo, assim, uma temperatura relativamente quente em nosso planeta. Efeito estufa, termo que se aplica ao papel que desempenham certos gases como o Dióxido de carbono, o Metano, o Óxido nitroso, os Clorofluorcarbonetos (CFCs), Hidrocarbonetos (HC), presentes na atmosfera, no aquecimento da superfície terrestre e outros (Aquecimento Global). Esses gases formam uma camada que impede a dispersão no espaço das radiações solares reflectidas pela Terra, num efeito semelhante ao que produz o vidro das estufas destinadas ao cultivo de plantas exóticas. O conteúdo na atmosfera de Dióxido de carbono e outros gases que contribuem para o efeito estufa está aumentando, como consequência da acção dos seres humanos e alguns fenómenos naturais. O efeito concreto destes incrementos 24