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Transcrição:

Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social Deliberação 38/LIC-R/2010 Não renovação de licença para o exercício da actividade de radiodifusão sonora de que é titular RR - Rádio Restauração, CRL Lisboa 9 de Junho de 2010

Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social Deliberação 38/LIC-R/2010 Assunto: Não renovação de licença para o exercício da actividade de radiodifusão sonora de que é titular RR - Rádio Restauração, CRL I. Pedido 1. Em 22 de Abril de 2009, e ao abrigo do disposto no artigo 17º, n.º 1, da Lei n.º 4/2001, de 23 de Fevereiro (doravante, Lei da Rádio), deu entrada na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) o pedido de renovação de licença para o exercício de radiodifusão sonora apresentado pela RR - Rádio Restauração, CRL. 2. A RR - Rádio Restauração, CRL é titular da licença para o exercício da actividade de radiodifusão para cobertura local emitida em 22 de Maio de 1989, serviço de programas Rádio Restauração, frequência 102.3 MHz, licenciada para o concelho de Olhão. II. Da instrução e análise do processo 3. A Requerente fez acompanhar o pedido em apreço dos seguintes documentos: a) Requerimento para renovação do alvará para o exercício da actividade de radiodifusão; b) Cópia da licença radioeléctrica para o serviço de radiodifusão sonora passada pela ANACOM Instituto das Comunicações de Portugal; c) Cópia do respectivo pacto social; d) Certidão da Conservatória do Registo Comercial; e) Declaração da entidade requerente de que não detém participação em mais de cinco operadores de radiodifusão; 1

f) Lista actualizada de cooperantes, para determinação do universo de membros; g) Declarações individualizadas dos cooperantes de cumprimento do disposto no artigo 7º, n.º 3 e 4, da Lei da Rádio; h) Linhas gerais de programação, mapa de programas a emitir e respectivos horários; i) Estatuto editorial; j) Memória descritiva da actividade desenvolvida nos últimos dois anos; k) Último relatório de prestação de contas; l) Documento comprovativo da situação contributiva regularizada perante a segurança social; m) Declaração comprovativa da situação contributiva regularizada perante os serviços de finanças. 4. Em 17 de Fevereiro de 2010, o Conselho Regulador da ERC aprovou um projecto de não renovação da licença do operador, uma vez que a extinta AACS, em 5 de Dezembro de 2001, aprovara uma decisão final sobre cancelamento do alvará do operador RR - Rádio Restauração, CRL., porquanto este se limitava a retransmitir a programação da Rádio Capital, não tendo programação própria. 5. O operador foi notificado do projecto em causa, bem como do direito a se pronunciar acerca do mesmo, nos termos do artigo 100º e 101º do Código do Procedimento Administrativo. III. Defesa escrita apresentada 6. Em 22 de Março de 2010, o operador apresentou a sua defesa escrita, alegando, em síntese, que: a) A decisão de não renovação da licença seria ilegal, desproporcional e injusta; b) A decisão da extinta AACS de cancelamento do alvará encontra-se suspensa na sequência do pedido de suspensão da sua eficácia, tendo sido interposto recurso contencioso de anulação daquela decisão; c) A rádio tem programação própria, pelo que estão reunidos todos os requisitos necessários para a renovação da licença; 2

d) Não existem indícios que comprometam a garantia de respeito e cumprimento do projecto aprovado e das demais obrigações legais da R.R. Rádio Restauração, CRL. ; e) A decisão da ERC não pode basear-se em pretensos factos que ocorreram há mais de 8 anos; f) Por outro lado, o pedido de renovação já está tacitamente deferido, tendo em conta que desde a data da apresentação do pedido 22 de Abril de 2009 até ao projecto de deliberação já decorreram mais de 3 meses; g) Acresce que o operador está registado junto da ERC, pagando a respectiva taxa de regulação e supervisão; h) Finalmente, uma decisão de não renovação traria enormes prejuízos ao operador. 7. Juntamente com a defesa escrita, o operador apresentou prova testemunhal, sendo que as testemunhas prestaram o seu depoimento por escrito. 8. Em síntese, João Manuel Coelho Viegas Matamouros disse que: a) Tem conhecimento dos factos sobre que presta declarações, dado prestar colaboração e ser ouvinte da rádio há mais de 5 anos; b) A Rádio Restauração tem o seu próprio estúdio e equipamentos necessários para efectuar as emissões; c) A Rádio Restauração tem programação própria, tendo inclusive participado na elaboração e aperfeiçoamento da sua grelha de programação; d) A Rádio emite vários programas, para além de ter tempos de informação. 9. Em síntese, José Miguel Francisco disse que: a) Tem conhecimento dos factos sobre que presta declarações, dado desempenhar funções de manutenção do sistema de emissão da rádio, sendo seu ouvinte há mais de 6 anos; b) A Rádio Restauração tem o seu próprio estúdio e equipamentos necessários para efectuar as emissões; c) A Rádio Restauração tem programação própria, tendo inclusive participado na elaboração e aperfeiçoamento da sua grelha de programação; d) A Rádio emite vários programas. 3

IV. Análise e fundamentação 10. Nos termos do artigo 24º, n.º 3, alínea e), dos Estatutos da ERC, aprovados pela Lei n.º 53/2005, de 8 de Novembro, compete ao Conselho Regulador atribuir os títulos habilitadores do exercício da actividade de rádio e de televisão e decidir, fundamentadamente, sobre os pedidos de alteração dos projectos aprovados, os pedidos de renovação daqueles títulos ou, sendo o caso, sobre a necessidade de realização de novo concurso. 11. Também o artigo 15º, n.º 1, da Lei da Rádio atribui competência a esta Entidade para proceder às renovações ou não das licenças para o exercício da actividade de radiodifusão sonora. 12. Tem, pois, esta Entidade legitimidade para proceder à apreciação do pedido de renovação do operador e decidir se o mesmo deverá ou não ser admitido. Assim, 13. Alega o operador, em síntese, que (i) a decisão de cancelamento aprovada pela extinta AACS está suspensa, pelo que não pode esta Entidade não proceder à renovação em causa; (ii) o operador já emite programação própria; (iii) o pedido de renovação foi tacitamente deferido. 14. Ora, em primeiro lugar cumpre referir que nos termos do artigo 17º, n.º 1, da Lei da Rádio, as licenças e autorizações são emitidas pelo prazo de 10 anos, renováveis por iguais períodos, mediante solicitação com seis meses de antecedência, do respectivo titular, devendo a correspondente decisão ser proferida no prazo de três meses a contar da data da apresentação do pedido. 15. Considerando que a licença do operador foi emitida em 22 de Maio de 1989, a primeira renovação teria ocorrido em 22 de Maio de 1999, caducando em 22 de Maio de 2009, pelo que deveria aquele ter apresentado o pedido de renovação da licença em 22 de Dezembro de 2008, a fim de respeitar o prazo de seis meses previsto na lei 1. 1 Tratando-se de uma situação hipotética em que a decisão da extinta AACS de cancelamento do alvará em causa não teria ocorrido. 4

16. Admitindo-se que o pedido dava entrada na data devida, esta Entidade deveria pronunciar-se nos três meses seguintes, a fim de a licença ser renovada antes do seu termo. 17. No entanto, a verdade é que o operador apenas requereu a renovação da licença em 22 de Abril de 2009, 30 dias antes do termo do prazo, pelo que os três meses conferidos por lei para a decisão sobre a renovação sempre se completariam bem depois daquele prazo de caducidade, 22 de Maio de 2009. 18. Assim, considerando que não foi respeitada a data prevista na Lei da Rádio - por motivo imputável ao operador -, e uma vez que não era possível proceder-se à instrução e decisão do processo em tempo útil (até porque os últimos elementos indispensáveis para a instrução só deram entrada nesta Entidade em 26 de Junho de 2009), considera-se que a licença do operador caducou em 22 de Maio de 2009. 19. Ainda que assim não se entendesse, sempre se dirá, atentos os argumentos apresentados pelo operador, o seguinte: 20. Em 5 de Dezembro de 2001, a extinta AACS aprovou uma decisão final sobre cancelamento do alvará do operador RR - Rádio Restauração, CRL, porquanto este se limitava a retransmitir a programação da Rádio Capital, não tendo programação própria. 21. Na realidade, e conforme resulta da leitura da decisão em causa, as emissões da RR Rádio Restauração, CRL, frequência 102.3 para o concelho de Olhão, demonstram que esta rádio local de conteúdo generalista retransmite exclusivamente a rádio temática Capital e mesmo no período do dia em que a lei exige emissão de programação própria (6 horas entre as 7 e as 24h) esta não existe. 22. Apurou-se ainda que este operador, assim como mais sete devidamente identificados na referida decisão, não tem estúdios a funcionar; nenhuma destas rádios escolhe o conteúdo da programação, porque a programação é a da Rádio Capital que estas se limitam a retransmitir, o texto dos protocolos celebrados entre a Rede A e as rádios locais é claro: as rádios locais vendem todo o equipamento e cedem todo o seu espaço de emissão à REDE A em contra partida de esta assumir os passivos respectivos. A REDE A modernizará com equipamento seu, os equipamentos das rádios objecto do presente processo que também passam a ser propriedade da REDE 5

A no termo de vigência do Protocolo. A REDE A é a única proprietária dos novos equipamentos. 23. Embora desde a data dos factos até hoje a Lei da Rádio tenha sido alterada, a verdade é que a actual também prevê, como consequência para as infracções detectadas, a revogação da licença para o exercício da actividade de radiodifusão sonora (artigo 70º, alíneas b) e d), da Lei da Rádio). 24. De acordo com a actual Lei da Rádio, os operadores estão obrigados a emitir um mínimo de 8 horas diárias de programação própria, sendo proibida a exploração do serviço de programas por entidade diversa do titular da licença (artigos 41º, n. º 1, e 70º, alínea b)). 25. Ora, considerando que os factos praticados pelo operador são, ainda hoje, fundamento para a revogação da licença não pode esta Entidade ignorar os mesmos e agir como se nada se tivesse passado, já que é a própria lei que determina, como consequência de tal violação, a perda da licença. 26. De facto, não pode esta Entidade renovar a licença da RR Rádio Restauração, CRL e pôr em causa a decisão da extinta AACS quando é sua continuadora. 27. Na realidade, com a entrada em vigor dos Estatutos da ERC as designações feitas à AACS consideram-se feitas à ERC, e dado que esta é Recorrida no processo judicialmente impugnado, não pode esta renovar a licença sob pena de venire contra factum proprium. 28. Nem pode a ERC ignorar a gravidade das infracções praticadas, para mais quando não se trata de uma violação em que a abertura de um processo contra-ordenacional e a aplicação de uma coima seria suficiente. 29. Sem prescindir, relativamente à invocação de a renovação do alvará ter sido tacitamente deferida, sempre se dirá o seguinte: 30. De acordo com o artigo 17º, n.º 2, da Lei da Rádio, a ERC tem um prazo de três meses para apreciar o pedido de renovação, sob pena de o mesmo ser tacitamente aprovado. 31. Considerando que o último documento indispensável para a instrução do processo deu entrada nesta Entidade em 26 de Junho de 2009, e caso não se tivesse verificado a caducidade, deveria o processo ter sido apreciado nos três meses seguintes. 6

32. No entanto, o projecto de deliberação de não renovação foi aprovado pelo Conselho Regulador em 17 de Fevereiro de 2010, pelo que poderia entender-se ter ocorrido o deferimento tácito da solicitada renovação. 33. Conforme entendido no Acórdão do Tribunal Central Administrativo, de 21 de Junho de 2005, é discutida na doutrina a verdadeira natureza do acto tácito - ou acto silente na linguagem da escola Coimbrã - defendendo uns que tal acto é um verdadeiro acto administrativo, constituindo portanto uma conduta voluntária da Administração e outros, que se trata apenas de um mero pressuposto do recurso contencioso, logo não havendo qualquer conduta voluntária e para outros ainda, que se trata de um mero pressuposto de impugnação ou uma mera ficção legal de efeitos exclusivamente processuais. 2 34. A este propósito refira-se que a formação do acto tácito de deferimento que tem lugar essencialmente no âmbito dos licenciamentos e autorizações ( ) consiste na autorização ou aprovação propostas ou requeridas pelo particular e forma-se mediante o silêncio do órgão competente para decidir, durante determinado prazo sem que nada diga. Trata-se, para todos os efeitos, de um acto administrativo, correspondente àquele que resultaria de a Administração ter decidido expressamente aprovo ou autorizo. Ou seja, noutra perspectiva, o exercício do direito pelo requerente fica, a partir daí, administrativamente descondicionado (mesmo não havendo acto expresso descondicionante). 3 35. Contudo, e se o órgão requerido quiser indeferir a pretensão formulada, depois de formulado o deferimento tácito, tal acto é uma revogação de um anterior acto constitutivo tanto, nos casos de procedimentos particulares como nos procedimentos públicos -, só podendo, portanto, ocorrer com fundamento em ilegalidade e dentro do prazo previsto na lei, para o efeito. 4 36. Refira-se ainda o Parecer da Procuradoria Geral da República de 2 de Maio de 2002, que sustenta: o decurso do prazo para a formação de acto tácito não exonera a Administração do dever legal de decidir, que só se tem por observado quando se venha a praticar um acto expresso. 2 In, www.dgsi.pt 3 Acórdão do Tribunal Central Administrativo de 28 de Outubro de 2008, in www.dgsi.pt 4 Idem 7

Acresce que se a AACS [e actualmente a ERC] entender que o acto silente positivo é ilegal, ela não está impedida de intervir para corrigir essa eventual ilegalidade, já que o referido acto pode ser revogado (revogação expressa ou implícita) nos mesmos termos e condições do acto expresso, in www.dgsi.pt. 37. Tem sido esse, aliás, o entendimento da jurisprudência: a anulação contenciosa de acto revogatório de acto de deferimento tácito implica o restabelecimento da situação anterior, ressurgindo o acto silente, sem embargo de a Administração poder substituir esse mesmo acto, por outro de conteúdo e sinal contrário, nos limites da lei e do caso julgado 5, o indeferimento expresso posterior revoga implicitamente o deferimento tácito com ele incompatível. Revogado por substituição (renovação do indeferimento) acto anterior de indeferimento, não se forma deferimento tácito 6 e os actos tácitos de deferimento ou indeferimento podem ser revogados por actos expressos, nos mesmos termos em que o podem ser os correspondentes actos expressos. O acto expresso de indeferimento posterior ao deferimento tácito constitui revogação desse deferimento 7. 38. Assim, e caso tivesse ocorrido deferimento tácito que renovasse a licença do operador, mas sem conceder, vem agora esta Entidade, ao abrigo do artigo 141º e seguintes do Código do Procedimento Administrativo, revogar tal acto. 39. Simultaneamente, e uma vez que a licença para o exercício da actividade de radiodifusão sonora detida pela RR Rádio Restauração, CRL havia já sido revogada pela extinta AACS, delibera esta Entidade reiterar a decisão aprovada por aquela e, consequentemente, não proceder à renovação da licença deste operador. V. Deliberação Nestes termos, analisando o pedido de renovação de licença para o exercício da actividade de radiodifusão sonora apresentado pelo operador RR - Rádio Restauração, CRL, serviço de programas Rádio Restauração, frequência 102.3 MHz, licenciado para o concelho de Olhão, o Conselho Regulador da ERC - Entidade Reguladora para a 5 Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 29 de Novembro de 2005, in Acs. Dout. do STA, 532, 583 6 Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 27 de Fevereiro de 1997, in Bol. do Min, da Justiça, 464, 592 7 Acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de 2 de Abril de 1981, in Acs. Dout. do STA, 236-237, 1033. 8

Comunicação Social delibera, ao abrigo do disposto no artigo 24º, n.º 3, alínea e), dos Estatutos da ERC, aprovados pela Lei n.º 53/2005, de 8 de Novembro, e artigo 17º, n.º 1, da Lei da Rádio, não renovar, pelos motivos acima invocados, a licença para o exercício da actividade de radiodifusão sonora de que aquele é titular. Lisboa, 9 de Junho de 2010 O Conselho Regulador José Alberto de Azeredo Lopes Elísio Cabral de Oliveira Maria Estrela Serrano Rui Assis Ferreira 9