CAPÍTULO 4. O raciocínio lógico leva você de A a B. A imaginação. leva você a qualquer lugar. Albert Einstein ( ), físico alemão

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Transcrição:

CAPÍTULO 4 O raciocínio lógico leva você de A a B. A imaginação leva você a ualuer lugar. Albert Einstein (1879 1955), físico alemão Lógica: a arte de pensar de acordo com as limitações e as incapacidades da falta de compreensão humana. Ambrose Bierce (1842 1914), escritor americano Análise por técnica eletrouímica da porosidade de revestimentos sobre superfícies metálicas

Materiais e Métodos 93 4. A TÉCNICA PROPOSTA 4.1. TÉCNICA 1 A técnica de Dissolução Anódica Voltamétrica (DAV) a ser desenvolvida neste trabalho consiste na polarização anódica do sistema substrato/revestimento e medida da densidade de carga envolvida no processo de passivação do substrato. Para estudo e desenvolvimento foi selecionado o revestimento de níuel eletrouímico sobre cobre. A comparação entre as densidades de carga de passivação do substrato isento de eletrodepósito (densidade de carga padrão de passivação) e auela envolvida na passivação do substrato revestido fornece a porosidade, conforme a expressão: EQUAÇÃO 27 porosidade, fração da área do substrato exposto ao meio; densidade de carga de passivação do substrato, cobre; densidade de carga de dissolução/passivação do substrato revestido, níuel depositado sobre cobre. As condições necessárias para a aplicação desta técnica são: ue o substrato não sofra ataue uímico na solução de dissolução/passivação utilizada; ue o substrato passive uando polarizado anodicamente; ue o revestimento permaneça inerte ou apresente uma taxa de reação peuena e uantificável na faixa de potencial em ue o substrato passiva (6) (61) (62) (63). Devido à restrição imposta pela terceira condição e, no caso da existência de Análise por técnica eletrouímica da porosidade de revestimentos sobre superfícies metálicas

Materiais e Métodos 94 uma peuena taxa de reação entre a solução de dissolução/passivação e o revestimento, a Euação 27 deve ser modificada para: EQUAÇÃO 28 i ( 1 ) i 1. REV i porosidade, na i-ésima iteração; i-1 porosidade, na iteração anterior; REV densidade de carga de dissolução do revestimento, obtido de uma voltametria para o material do revestimento puro. A Figura 9 apresenta uma voltametria típica de passivação do cobre. A área sob a curva fornece a densidade de carga de dissolução/passivação para o substrato ( ). A densidade de carga de dissolução/passivação do revestimento ( REV ) pode ser obtida da mesma forma ue para o eletrodo de cobre, mas utilizando-se um eletrodo de níuel. A densidade de carga de passivação é obtida integrando-se a área sob o pico de passivação na faixa adeuada de potenciais. Para obtermos o resultado em mc/cm 2, divide-se o valor encontrado na integração pela velocidade de varredura (VV) utilizada. A partir da Euação 28, verifica-se ue o cálculo da porosidade trata-se de um procedimento iterativo, onde a porosidade obtida na primeira iteração é utilizada para calcular a porosidade na segunda iteração e assim sucessivamente. Para o início do processo iterativo, utiliza-se a Euação 27 ou 1,5. Este valor é a primeira estimativa para iniciar o processo iterativo e desconsidera a reação de dissolução do níuel. Análise por técnica eletrouímica da porosidade de revestimentos sobre superfícies metálicas

Materiais e Métodos 95 1, Densidade de corrente (ma/cm 2 ),8,6,4,2 Densidade de carga de passivação do cobre, -,4 -,3 -,2 -,1,,1 Potencial (V vs. ECS) FIGURA 9 VOLTAMETRIA TÍPICA DE IVAÇÃO PARA UM ELETRODO DE COBRE REVESTIDO COM NÍQUEL, SOLUÇÃO: SULFITO DE SÓDIO 5 g/l, VV: 1 mv/s Independente do valor escolhido para o início do processo iterativo, com as iterações subseuentes o valor da porosidade tende para o valor correto. Como controle para o número de iterações utilizado, admitiu-se ue a variação entre as duas últimas iterações deve ser menor do ue 1 %, fato ue ocorreu geralmente na 4 a iteração. 4.2. TÉCNICA 2 Outra alternativa para o cálculo da porosidade segue o mesmo princípio acima, mas considera a carga de passivação do níuel obtida a partir da própria curva de passivação do cobre revestido, e não a partir de um eletrodo de níuel puro. De modo ue o cálculo da densidade de dissolução/passivação para o cobre é idêntico ao proposto anteriormente, mas a densidade de carga de dissolução/passivação do níuel é obtida da região inferior (base) da curva de passivação do cobre (Ver Figura 1). Análise por técnica eletrouímica da porosidade de revestimentos sobre superfícies metálicas

Materiais e Métodos 96 Neste caso, a euação de cálculo da porosidade deve ser alterada para: EQUAÇÃO 29 NI NI densidade de carga de dissolução/passivação do revestimento, obtida da curva de passivação do substrato revestido. A Figura 1 apresenta uma voltametria típica de passivação do cobre. A área sob a curva fornece a densidade de carga de dissolução/passivação para o cobre ( ) e a densidade de carga de dissolução/passivação do revestimento ( NI ) pode ser calculada considerando-se uma linha reta sob o pico de passivação do cobre (Ver Figura 1). 1, Densidade de corrente (ma/cm 2 ),8,6,4,2, Densidade de carga de passivação do cobre NI Densidade de carga de passivação do níuel -,4 -,3 -,2 -,1,,1 Potencial (V vs. ECS) FIGURA 1 VOLTAMETRIA TÍPICA DE IVAÇÃO PARA UM ELETRODO DE COBRE REVESTIDO. SOLUÇÃO: SULFITO DE SÓDIO 5 g/l, VV: 1 mv/s Análise por técnica eletrouímica da porosidade de revestimentos sobre superfícies metálicas