Marilda Mendonça Guazzelli Ramos Vianna Marcelo Lage Kleberson Ricardo Oliveira Pereira Jo Dweck Francisco Rolando Valenzuela-Díaz Pedro Maurício

Documentos relacionados
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DA ARGILA ORGANOFILICA

COMPARAÇÃO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO EM SOLVENTES ORGÂNICOS ENTRE ARGILAS ESMECTÍTICAS NATURAIS E ARGILAS ESMECTÍTICAS ORGANOFÍLICAS

Estudo do efeito de sais quaternários de amônio no processo de organofilização de argila esmectítica

Preparação e Caracterização de argila Verde-Lodo natural com diferentes sais quaternários de amônio.

COMPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ARGILAS ESMECTITAS ORGANOFÍLICAS VISANDO UMA MAIOR EFICIÊNCIA NA REMOÇÃO DE ÓLEO

ICTR 2004 CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM RESÍDUOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Costão do Santinho Florianópolis Santa Catarina

Preparação e caracterização das argilas organofílicas Brasgel e Verde Lodo utilizadas na adsorção de solventes orgânicos

Inchamento de argilas organofílicas em solventes orgânicos

ADSORÇÃO DE GASOLINA E DIESEL POR DIVERSOS ADSORVENTES (ARGILAS ORGANOFÍLICAS E CARVÃO ATIVADO)

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

Preparo e avaliação de argilas Verde-Lodo organofílicas para uso na remoção de derivados de petróleo

II-112 ESTUDO DA ADSORÇÃO DOS COMPONENTES ORGÂNICOS DO VINHOTO EM ESMECTITAS ORGANOFÍLICAS

PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ARGILA ORGANOFÍLICA PARA REMOÇÃO DE TOLUENO

PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ARGILAS BENTONITAS ORGANOFÍLICAS

1. INTRODUÇÃO R. S. S. CUNHA *1 ; J. D. MOTA 1 ; M. G. F. RODRIGUES 1

MODIFICAÇÃO DA ARGILA VERMICULITA COM SURFACTANTE PARA SER UTILIZADA COMO ADSORVENTE EM SOLVENTES ORGÂNICOS

DESENVOLVIMENTO DE ARGILA VERDE ORGANOFÍLICA APLICADA AO PROCESSO DE REMOÇÃO ÓLEO/ÁGUA

Avaliação da adsorção de benzeno em meio aquoso pela vermiculita

TECNOLOGIA DE OBTENÇÃO DE ARGILA ORGANOFÍLICA VISANDO SUA UTILIZAÇÃO COMO ADSORVENTE PARA REMOÇÃO DE ÓLEO

CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA DE ARGILAS ORGANOFÍLICAS DESTINADAS À REMOÇÃO DE ÓLEOS COMBUSTÍVEIS

OBTENÇÃO DE ARGILAS ORGANIFÍLICAS ATRAVÉS DA ADIÇÃO DE SAL QUATERNÁRIO DE AMÔNIO EM ARGILAS BENTONITAS SÓDICAS

TRATAMENTO DE ÁGUAS OLEOSAS POR ARGILAS ORGANOFÍLICAS OBTIDAS PELO MÉTODO ÍON-DIPOLO

ORGANOFILIZAÇÃO DE ARGILAS BENTONÍTICAS COM TENSOATIVO NÃO- IÔNICO VISANDO SEU USO EM FLUIDOS DE PERFURAÇÃO BASE ÓLEO

CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA DE NANOCOMPÓSITOS ARGILA ORGANOFÍLICA/BORRACHA NATURAL

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DE BTEX POR NANOESTRUTURA ADSORVENTE CONFECCIONADA COM ARGILA ESMECTITA DE ORIGEM BRASILEIRA

OBTENÇÃO E APLICAÇÃO DE ARGILAS MODIFICADAS NA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DE EFLUENTE PETROLÍFERO

SINTETIZAÇÃO DE BENTONITAS ORGANOFÍLICAS PARA TRATAMENTO DE EFLUENTES

PROCESSO DE OBTENÇÃO DE ARGILA ORGANOFILICA UTILIZANDO DOIS SAIS QUATERNÁRIOS DE AMÔNIO (Praepagen e Dodigen)

SÍNTESE DE ARGILAS ORGANOFÍLICAS EMPREGANDO DIFERENTES SAIS QUATERNÁRIOS DE AMÔNIO

INFLUÊNCIA DO TEMPO DE EMBALAGEM DE AMOSTRA DE SOLO CONTAMINADO NA DOSAGEM DE BTEX

SÍNTESE DE ARGILAS ORGANOFÍLICAS E COMPÓSITOS ORGANOCERÂMICOS APLICADOS À ADSORÇÃO DE ORGÂNICOS CONTAMINATES

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A ARGILA ORGANOFÍLICA CHOCOLATE A E CARVÃO ATIVADO NA ADSORÇÃO DE SOLVENTES ORGÂNICOS.

PÓ DE ACIARIA MODIFICADO UTILIZADO EM PROCESSO DE DESCONTAMINAÇÃO AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DA TÉCNICA DE BOMBEAMENTO EM ÁREA SOB IMPACTO DE VAZAMENTO DE ÓLEO DIESEL

OBTENÇÃO DE ARGILAS QUIMICAMENTE MODIFICADAS - ORGANOVERMICULITA

APLICAÇÃO DE ARGILAS ESMECTÍTICAS ORGANOFÍLICAS NA ADSORÇÃO DE EFLUENTES PETROLÍFEROS EM SISTEMA DE BANHO FINITO

PREPARAÇÃO DE ARGILAS ORGANOFÍLICAS APLICADAS A ADSORÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS CONTAMINANTES

REMOÇÃO DE TOLUENO POR ADSORÇÃO USANDO UMA ARGILA ESMECTÍTICA ORGANOFÍLICA

TÍTULO: MATERIAIS HÍBRIDOS DERIVADOS DE ARGILA-SUBSTÂNCIAS HÚMICAS POR DIFERENTES ROTAS APLICADOS A ADSORÇÃO DE NÍQUEL

Universidade Estadual de Maringá / Centro de Tecnologia /Maringá, PR. Centro de Tecnologia/Departamento de Engenharia de Alimentos

5º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS

AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE ADSORÇÃO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO UTILIZANDO A ARGILA PALIGOSRQUITA ORGANOFILIZADA

6º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS

AVALIAÇÃO DA ESPUMA DE POLIURETANO COMO MATERIAL SORVENTE PARA REMEDIAÇÃO DE ÓLEOS E GRAXAS

TRATAMENTO DE SOLO ARENOSO CONTAMINADO COM DIESEL UTILIZANDO MÉTODO INOVADOR DE ATIVAÇÃO PARA O PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO

SÍNTESE DE BIODIESEL UTILIZANDO ARGILA BENTONÍTICA NATURAL E IMPREGNADA COMO CATALISADOR

ORGANOFILIZAÇÃO DE ARGILA BRASILEIRA VISANDO SEU USO NA REMOÇÃO ÓLEO/ÁGUA.

PREPARAÇÃO DE ARGILAS ORGANOFILICAS EM MATRIZ DE ELASTÔMERO.

ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS E MECÂNICAS DE NANOCOMPÓSITOS, FORMADOS A PARTIR DE ARGILAS ORGANOFÍLICAS E POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS

VI CARACTERIZAÇAO E EXTRAÇAO DE HIDROCARBONETOS TOTAIS DE PETROLEO EM SOLO CONTAMINADO

Adsorção do corante Rodamina B de soluções aquosas por zeólita sintética de cinzas pesadas de carvão

ESCOAMENTO MULTIFÁSICO E O PROCESSO DE REMOÇÃO DO ÓLEO DA ÁGUA EM MEIO POROSO: UM ESTUDO EXPERIMENTAL E NUMÉRICO, UTILIZANDO CFD

5º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS

VI INFLUÊNCIA DO GRAU DE SATURAÇÃO DO MEIO POROSO NA RETENÇÃO/INFILTRAÇÃO DE DIESEL, BIODIESEL E SUAS MISTURAS EM DOIS LATOSSOLOS

Jorge Augusto Berwanger Filho*, Emanuele Caroline Araujo dos Santos, Carlos Alberto Mendes Moraes, Luis Alcides Schiavo Miranda.

TÍTULO: O USO DE ARGILOMINERAIS COMO UMA NOVA ALTERNATIVA PARA O TRATAMENTO DE CHORUME

ANÁLISE DAS VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM NA ADSORÇÃO DO ÍON (CU 2+ ) EM RESÍDUO MINERAL

22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

REMEDIAÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA CONTAMINADA COM HIDROCARBONETOS EM UMA REFINARIA DE ÓLEO

TRATAMENTO DE EMULSÕES ÓLEO/ÁGUA UTILIZANDO ARGILA VERMICULITA EXPANDIDA ORGANOFÍLICA E HIDROFOBIZADA

COMPARATIVO DE ARGILAS NACIONAIS PARA USO EM NANOCOMPÓSITOS

CARACTERIZAÇÃO DA ARGILA VERDE CLARO PARA OBTENÇÃO DE ARGILA ORGANOFÍLICA

APLICAÇÃO DE BARREIRA REATIVA PERMEÁVEL NA REDUÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR VAZAMENTOS EM TANQUES DE COMBUSTÍVEIS

ANÁLISE ESTATÍSTICA DA ADSORÇÃO DE ÓLEO EM SISTEMA DE BANHO FINITO UTILIZANDO A ARGILA BSN 01 ORGANOFÍLICA OBTIDA EXPERIMENTALMENTE.

QUÍMICA ANALÍTICA AMBIENTAL Prof. Marcelo da Rosa Alexandre

(Effect of quaternary ammonium salts on the organophilization of national bentonite clay)

ADSORÇÃO DAS FRAÇÕES SOLÚVEIS DA GASOLINA EM ÁGUA

POLIPROPILENO REFORÇADO COM ARGILA VERDE LODO E FIBRA DA CASTANHA-DO-BRASIL

PRODUÇÃO DE ETANOL ENRIQUECIDO UTILIZANDO ADSORÇÃO EM FASE LÍQUIDA COM MULTIESTÁGIOS OPERANDO EM BATELADA E ALTA EFICIÊNCIA DE ENERGIA

UTILIZAÇÃO DOS MATERIAIS: MEMBRANA INORGÂNICA Y E ARGILA CHOCOBOFE PARA AVALIAÇÃO DAS SUAS CAPACIDADES ADSORTIVAS DE COMPOSTOS ORGÂNICOS

I Simpósio Nacional de Ciência e Meio Ambiente Progresso, Consumo e Natureza Desafios ao Homem

TRATAMENTO DE EFLUENTE DE INDÚSTRIAS DE LATICÍNIOS ATRAVÉS DOS PROCESSOS ADSORTIVOS COM ARGILAS SÓDICAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

Indústria Comércio Resíduo Acidentes Desconhecida. Figura Distribuição das áreas contaminadas em relação à atividade (CETESB, 2006).

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS PARA REMOÇÃO DE ÓLEO DE AMBIENTES AQUÁTICOS

BENTONITAS DO BRASIL, CARACTERÍSTICAS E USOS

6º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DE FENÓIS TOTAIS E SURFACTANTES EM ÁGUA PRODUZIDA POR MEIO DE CARVÃO ATIVADO

Adsorção em interfaces sólido/solução

CONTAMINAÇÃO DO SOLO POR BENZENO EM POSTOS DE COMBUSTÍVEIS NA REGIÃO DE CAICÓ-RN.

PREPARAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE UMA ARGILA ORGANOFÍLICA COMO ADSORVENTE DE FENOL JORGE VINÍCIUS FERNANDES LIMA CAVALCANTI

O USO DAS ARGILAS ESMECTÍTICAS DA REGIÃO DE FRANCA, SP COMO ADSORVENTES DE COMPOSTOS PETROQUÍMICOS

menor escala, não são de menor importância, uma vez que seus efeitos são de grande envergadura (Kennish, 1997).

SORÇÃO DE NI E AZUL DE METILENO EM ESMECTITA DE RIO BRANCO ACRE SOB TRATAMENTO COM CÁTION ORGÂNICO

PQI-2321 Tópicos de Química para Engenharia Ambiental I

ARGILA VERDE-CLARO, EFEITO DA TEMPERATURA NA ESTRUTURA: CARACTERIZAÇÃO POR DRX

CONTAMINAÇÃO DO SUBSOLO POR HIDROCARBONETOS DO PETRÓLEO

INVESTIGAÇÃO DOS POSSÍVEIS SÍTIOS DE ADSORÇÃO DE Cd +2 E Hg +2 EM SOLUÇÃO AQUOSA

UTILIZAÇÃO DO PROCESSO DE SOLIDIFICAÇÃO PARA TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ORIUNDOS DA ARGILA NATURAL CHOCOBOFE

ANÁLISE DE QUALIDADE DA ÁGUA PRODUZIDA DESCARTADA A PARTIR DE PLATAFORMAS PRODUTORAS DE PETRÓLEO

PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE ARGILAS ORGANOFÍLICAS EM ESCALA DE LABORATÓRIO, VISANDO SEU USO EM SISTEMA DE SEPARAÇÃO EMULSÃO ÓLEO/ÁGUA.

TÍTULO: PROPOSTA METODOLÓGICA PARA BIORREMEDIAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS POR HIDROCARBONETOS DE PETRÓLEO

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA POR DRX E MET DE NANOCOMPÓSITOS DA POLIAMIDA 6 E 66 COM ARGILA BENTONITA REGIONAL

COMPLETE SOLUTIONS FOR WATER POLLUTION

Identificação da fonte de hidrocarbonetos em áreas contaminadas pela análise de TPH fingerprint

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE SURFACTANTES PARA A SOLUBILIZAÇÃO E REMOÇÃO DE DNAPLs DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

VI AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DA ROTA INALAÇÃO DE VAPORES EM LOCAIS CONTAMINADOS COM DERIVADOS DE PETRÓLEO

Estudo da remoção de diesel em solo arenoso utilizando sistemas microemulsionados a base de óleo de maracujá

Contaminação do solo e das águas subterrâneas em aeroportos: origem e risco potencial

Transcrição:

Marilda Mendonça Guazzelli Ramos Vianna Marcelo Lage Kleberson Ricardo Oliveira Pereira Jo Dweck Francisco Rolando Valenzuela-Díaz Pedro Maurício Büchler

COMPARAÇÃO ENTRE SORVENTES COMERCIAIS E ARGILAS ORGANOFÍLICAS NA SORÇÃO DE POLUENTES ORGÂNICOS Marilda Mendonça Guazzelli Ramos Vianna 1 ; Marcelo Lage 2 ; Kleberson Ricardo Oliveira Pereira 3 ; Jo Dweck 4 ; Francisco Rolando Valenzuela Díaz 5 ; Pedro Maurício Büchler 6 1- Doutoranda do Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. E-mail: marilda.vianna@poli.usp.br, bolsista CNPq. 2- Aluno de Graduação da Faculdade de Engenharia Química Fundação Armando Alvares Penteado. 3- Prof. Dr. do Departamento de Processos Inorgânicos, Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro. 4- Doutorando do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. 5- Prof. Dr. do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. 6- Prof. Titular do Departamento de Engenharia Química da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. RESUMO A contaminação de solos e águas por gasolina e diesel devido a vazamentos de tanques de estocagem enterrados resultam em graves problemas ambientais. A gasolina é uma complexa mistura de 50 a 150 hidrocarbonetos. Benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos são constituintes da gasolina que mais contaminam o solo e a água. Quando as bentonitas ou outras argilas são modificadas com aminas quaternárias, elas tornam-se organofílicas e são chamadas de argilas organofílicas. As argilas organofílicas podem ser utilizadas como sorventes de contaminantes orgânicos. Nesse trabalho investigou-se a capacidade sorção de tolueno, xileno e diesel por duas argilas organofílicas e por sorventes comerciais. As duas argilas organofílicas são sintetizadas a partir de uma bentonita proveniente do Estado da Paraíba e de uma bentonita sódica comercial, com o sal cloreto de hexadeciltrimetilamônio (HDTMA-Cl). Os resultados mostraram que as argilas organofílicas tiveram maior eficiência do que os sorventes comerciais. PALAVRAS-CHAVE: argilas organofílicas, hidrocarbonetos, remediação, sorventes. Introdução Derramamentos de hidrocarbonetos derivados do petróleo em águas doces e nos oceanos ainda causam grandes problemas ambientais, como por exemplo, o desastre ecológico envolvendo o petroleiro Prestige, que se partiu ao meio no dia 19 de novembro de 2002 e lançou 66 mil toneladas de óleo ao mar, ameaçando a indústria pesqueira no noroeste da Espanha. Vazamentos acidentais de produtos químicos estocados em tanques enterrados são uma das causas mais comuns de contaminação das águas e dos solos por compostos orgânicos. Devido a esses vazamentos a Fundação Nacional de Saúde estima que 5 milhões de pessoas correm risco por viverem perto de 6 mil áreas contaminados no Brasil (NOSSA, 2003). Outros casos graves de contaminação ocorridos no Estado de São Paulo são: Centro Industrial da Shell Brasil S.A. em Paulínia e as bases de distribuição de 162

combustíveis da Esso Brasileira de Petróleo Ltda. e da Shell Brasil S.A. A área ocupada pela Refinaria Presidente Arthur Bernardes da Petrobrás, em Cubatão, está contaminada. Entre os produtos detectados pela análise estão: benzeno, tolueno, xileno (CETESB, 2004). A Região Metropolitana de São Paulo apresenta em torno de 43.000 áreas potencialmente contaminadas por orgânicos e metais pesados (SANCHEZ, 2001). A Cetesb realizou em 2001 um cadastramento dos postos de gasolina e a partir de 2002 começou a convocar os postos com mais de 15 anos para obterem licença ambiental. Esses postos revendedores e de abastecimento de combustíveis deverão emitir um relatório que contenha entre outros itens os resultados das análises de BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos). Se esses poluentes forem encontrados acima da concentração máxima permitida o sítio será considerado contaminado (CETESB, 2004). BTEX são os constituintes da gasolina que mais contaminam o solo e a água e estão na lista de poluentes prioritários da USEPA (2004). Os fatos acima citados mostram a necessidade do estudo e desenvolvimento de materiais sorventes. Entre esses materiais as bentonitas sódicas e as bentonitas organofílicas vem recebendo atenção especial dos pesquisadores a nível mundial (ALTHER, 1996); (ALTHER, 2002). Apesar do Brasil estar entre os dez maiores produtores, a produção brasileira é inexpressiva, tendo um gasto de US$ 9.135.000 FOB com a importação de bentonitas em 2002 (DNPM, 2003). As bentonitas são importantes argilas esmectíticas industriais, possuindo mais de 100 diferentes aplicações. Além do seu amplo potencial de uso no controle do meio ambiente, as bentonitas organofílicas encontram diversos usos industriais, entre eles, agentes tixotrópicos para fluidos de perfuração de poços de petróleo à base de óleo, espessantes para tintas e nas indústrias de cosméticos, fármacos, adesivos e lubrificantes. Elas vêm recebendo especial atenção pela indústria por serem intermediárias na obtenção de nanocompósitos polímero/argila, tipo de compósitos com amplo potencial de uso na indústria automobilística e de embalagens (DELBEM et al.,2002); (MOREIRA et al., 2002). O Brasil consome basicamente bentonitas organofílicas importadas, principalmente para aditivos de fluidos de perfuração de poços de petróleo, de tintas e de cosméticos. Bentonitas organofílicas têm demonstrado ótima eficiência na remoção de vários contaminantes orgânicos da água (JAYNES e BOYD, 1990); (JAYNES e VANCE, 1996); (GITIPOUR et al.; 1997); (SHARMASARKAR et al., 2000) podendo ser usadas no tratamento de águas contaminadas, sendo ainda indicadas para revestimentos de reservatórios de disposição de resíduos (SHENG e BOYD, 1998), tratamentos de efluentes (LIN e JUANG, 2002), derramamento controlado, em tanques de óleo ou gasolina e em revestimentos de aterros (ZHU et al., 1997); (LO,1998); (LO, 2001); (KOCH, 2002); (JOSÉ et al., 2003) (RAMOS VIANNA et al., 2004). Nesse estudo duas argilas organofílicas foram sintetizadas adicionado-se o sal quaternário de amônio cloreto de hexadeciltrimetilamônio, a dispersão aquosa de argila. O objetivo dessa pesquisa foi comparar as argilas organofílicas com dois sorventes comerciais, em suas capacidades de adsorção e absorção. Materiais e Métodos As argilas utilizadas foram: uma bentonita policatiônica, proveniente do Estado da Paraíba, denominada SVC e uma bentonita sódica comercial denominada AM2. 163

O sal quaternário de amônio usado foi o cloreto de hexadeciltrimetilamônio (HDTMA- Cl) fornecido pela Clariant Divisão Surfactantes. Foram testados os sorventes comerciais: turfa e rocha silícica ácida com NPK. Os sorbatos utilizados foram: tolueno (PA), xilenos (PA) e diesel. A síntese das argilas organofílicas foi efetuada segundo o método descrito por Valenzuela-Díaz (VALENZUELA DÍAZ, 2001), adicionando-se o sal quaternário de amônio à dispersão de bentonita em água. As argilas foram identificadas da seguinte forma: HDTMA-SVC é a bentonita policatiônica (SVC) com o sal hexadeciltrimetilamônio (HDTMA). As argilas sintetizadas e os dois sorventes comerciais foram caracterizados pelos ensaios: Difratometria de raios-x para a argila natural e para a argila organofílica. Teste de inchamento baseado na norma ASTM D 5890-95, realizado somente para a argila organofílica. Teste de absorção baseado na norma ASTM F 716-82. Teste de adsorção baseado na norma ASTM F 726-99. Para os testes de inchamento o LMPsol adotada as seguintes convenções: valores iguais ou inferiores a 2 ml/g foram considerados como não inchamento ; de 3 ml/g a 5 ml/g como inchamento baixo ; de 6 ml/g a 8 ml/g como inchamento médio e acima de 8 ml/g como de inchamento alto. As amostras foram preparadas na forma de pó, para análise por difração de raios-x. O aparelho utilizado foi um difratógrafo de raios-x da marca Philips modelo XPERT- MPD do LMPSol. Foi utilizada radiação K-α do cobre, com passo de 0,02º (2 θ), com intervalo de medida de 1 a 16º 2θ e tempo por passo de 1 s. Resultados e Discussões Difração de raios-x A Tabela 1 apresenta as distâncias interlamelares d 001 das argilas organofílicas preparadas com o sal quaternário de amônio HDTMA-Cl. As argilas foram pré tratadas a 60ºC e apresentaram distâncias interlamelares superiores a argila natural que está entre 12 e 14 Å, o que evidencia a intercalação do cátion quaternário de amônio HDTMA na argila organofílica preparada. Tabela 1: Distâncias interlamelares d 001 (Å) Bentonita organofílica Distância interlamelar (Å) HDTMA-SVC 21,4 HDTMA-AM2 20,6 Teste de inchamento A Figura 1 mostra o teste de inchamento em tolueno e xileno da HDTMA-SVC. Trata-se de um teste utilizado para argilas através do qual verificamos a sua afinidade orgânica. As argilas incharam acima de 8 ml/g, tanto em tolueno como em xileno, o que é considerado um inchamento alto. Em diesel, a argila HDTMA-SVC teve um inchamento alto e a argila HDTMA-AM2 apresentou um inchamento médio. 164

12 10 8 ml / g argila 6 4 HDTMA-SVC HDTMA-AM2 2 0 Tolueno Xileno Diesel Figura 1: Teste de inchamento Teste de absorção Na Figura 2 temos o teste de absorção da HDTMA-SVC, turfa, rochas ácidas silícicas+npk e rochas ácidas silícicas em tolueno e xileno. A capacidade de absorção dos materiais testados seguiu a ordem: HDTMA-SVC > HDTMA-AM2 > turfa > rochas ácidas silícicas+npk para tolueno e xileno. Para o diesel os resultados foram: HDTMA-SVC = HDTMA-AM2 > turfa > rochas ácidas silícicas+npk. 12,0 10,0 g absorvido / g absorvente 8,0 6,0 4,0 HDTMA-SVC HDTMA-AM2 Turfa Rochas ácidas silícicas + NPK 2,0 0,0 Tolueno Xileno Diesel Figura 2: Teste de absorção 165

Teste de adsorção Os resultados do teste de adsorção estão na Figura 3. Os dados indicam que a capacidade de adsorção dos materiais testados seguiu a ordem: HDTMA-AM2 > HDTMA-SVC > turfa > rochas ácidas silícicas +NPK para tolueno e xileno. Para o diesel a capacidade de adsorção teve a seqüência: turfa > HDTMA-AM2 > HDTMA-SVC > rochas ácidas silícicas +NPK. 10 9 8 7 g adsorvido / g adsorvente 6 5 4 3 HDTMA-SVC HDTMA-AM2 Turfa Rochas ácidas silícicas+npk 2 1 0 Tolueno Xileno Diesel Figura 3: Teste de adsorção Conclusões Pelo teste de inchamento pode-se verificar que as argilas organofílica mostraram grande afinidade com o tolueno, xileno e Diesel. As capacidades de absorção das argilas organofílicas foram superiores do que a turfa e do que a rocha ácida silícica nos três poluentes orgânicos testados. A HDTMA-AM2 teve melhor adsorção para o tolueno e xileno. Para o diesel a turfa apresentou o melhor resultado de adsorção. O outro sorvente comercial rocha ácida silícica + NPK teve menor capacidade de sorção para os três poluentes testados, quando comparado com as argilas organofílicas HDTMA-SVC e HDTMA-AM2 e com a turfa. As argilas organofílicas mostraram potencial para sorver tanto tolueno, xileno que são componentes da gasolina quanto diesel, tendo potencial para ser utilizado na remediação de sítios contaminados por esses poluentes orgânicos. Agradecimentos Nossos agradecimentos ao CNPq pelo apoio financeiro (processo nº 141.708/2001-8). 166

Referências Bibliográficas ALTHER,G.R. Organically modified clay removes oil from water. Waste Management, v. 15, n. 8, p. 623-628, 1996. ALTHER,G.R. Using organoclays to enhance carbon filtration. Waste Management, v. 22, p. 507-513, 2002. CETESB - Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental. Disponível: http://www.cetesb.sp.gov.br Acesso: 26 de maio 2004. DELBEM, M.F.; JACONIS, S.; VALENZUELA DÍAZ, F.R. DEMARQUETTE, N. R. Nanocompósitos de argila e termoplásticos: aplicações e mercado. In: PLASTSHOW 2002, CD-ROM Plastshow 2002, p. 01-09, 2002. DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral. Bentonita. Disponível em: < http://www.dnpm.gov.br/suma2002/bentonita_revisado_.doc> Acesso: 20 de fev. 2003. GITIPOUR,S.; BOWERS, M.T.; HUFF, W.; BODOCSI, A.. The efficiency of modified bentonite clays for removal of aromatic organics from oily liquid wastes. Spill Science & Technology Bulletin, v. 4, n. 3, p. 155-164, 1997. JAYNES, W.F. ; BOYD, S.A.. Trimethylphenylamonium-smectite as an effective adsorbent of water soluble aromatic hydrocarbons. Journal of the Air Waste Management Association, v. 40, n. 12, p. 1649-1653, 1990. JAYNES, W.F. ; VANCE, G.F. BTEX sorption by organo-clays: cosorptive enhancement and equivalence of interlayer complexes. Soil Science American Journal, v. 60, n. 6, p. 1742-1749, 1996. JOSE, C.L.V.; VALENZUELA DÍAZ, F.R., BUCHLER, P.M. Characterization and adsorption of phenol by organoclays. Materials Science Forum, v.416-18, p. 550-554, 2003. KOCH, D. Bentonites as a basic material for technical base liners and site encapsulation cutoff walls. Applied Clay Science, v. 21, p. 1-11, 2002. LIN, S.H.; JUANG, R.S. Heavy metal removal from water by sorption using surfactantmodified montmorillonite. Journal of Hazardous Materials, B 92, p. 315-326, 2002. LO, I.M.-C. ;LEE, S.C.-H. ;MAK, R.K.-M. Sorption of nonpolar and polar organics on dicetyldimethylammonium-bentonite. Waste Management & Research, v. 16, n. 2, p. 129-138, 1998. LO, I.M. Organoclay with soil-bentonite admixture as waste containment barriers. Journal of Environmental Engineering, p 756-759, 2001. MOREIRA, A.G., WIEBECK, H., VALENZUELA DÍAZ, F.R. Caracterização de nanocompósito bentonita/poli(vinil butiral) PVB. In: VIII Simpósio Latino Americano de Polímeros, Libro de Resumes del SLAP, p. 514-515, 2002. NOSSA, L. Vazamentos em postos deixa 5 milhões em risco. Disponível em: <http://www.estado.estadao.com.br/editorias/2002/10/25/cid025.html> Acesso: 20 de fev. 2003. RAMOS VIANNA, M.M.G.; RAMIREZ, J.H.; PINTO, C.A.; VALENZUELA DÍAZ, F.R.; BÜCHLER, P.M. Sorption of oil pollution by organoclays and coal/mineral complex. Brazilian Journal of Chemical Engineering, v. 21, n. 02, p. 239-245, 2004. SANCHEZ, L.E. Desengenharia O Passivo Ambiental na Desativação de Empreendimentos Industriais. 1ed. São Paulo, Edusp, 2001. (in Portuguese) SHARMASARKAR, S. ; JAYNES, W.F. ; VANCE, G.F. BTEX sorption by montmorillonite organo-clays: TMPA, ADAM, HDTMA. Water Air and Soil Pollution, v. 119, n. 1-4, p. 257-273, 2000. 167

SHENG, G.Y. ; BOYD, S.A. Relation of water and neutral organic compounds in the interlayers of mixed Ca/trimethylphenylammonium-smectites. Clays and Clay Minerals, v. 46, n. 1, p.10-17, 1998. USEPA U.S. Environmental Protection Agency. Cleaning Up Underground Storage Tank System Releases. Disponível em:<http://www.epa.gov/swerust1/cat/index.htm>. Acesso: 13 de fev. 2004. VALENZUELA DÍAZ, F.R. Preparation of organophilic clays from a Brazilian smecttic clay. Key Engineering Materials, v. 189, p. 203-207, 2001. ZHU, L.; Li, Y.; ZHANG, J. Sorption of organobentonites to some organic pollutants in water. Environmental Science & Technology, v. 31, n. 5, p. 1407-1410, 1997. ABSTRACT Contamination of soil and water by gasoline from leaking underground storage tanks (USTs) may result in serious environmental problem. Most gasoline blends are complex solutions containing 50 to 150 components. Benzene, toluene, ethylbenzene, bd the xylenes (BTEX) are the major water-soluble constituents of gasoline that contaminated soils and natural waters. Methods of removal need to be employed that remove organic contaminants at high efficiency and attractive economics. When bentonite or other clays are modified with quaternary amines, they become organophilic which is called organoclay. Organoclay can act as sorbents for contaminated. This study investigated, experimentally, the ad/absorption of toluene, xylene and diesel by two organoclays and two commercial sorbents. The organoclays used were a bentonite from the Brazilian State of Paraíba (SVC) and a commercial sodium bentonite with one Brazilian quaternary ammonium salt (HDTMA- Cl). The cation exchange was hexadecyltrimethylammonium (HDTMA). The sorption data showed that the organoclays are the most efficient of the four materials. Key-words: organoclays, hydrocarbon, remediation, sorption 168