ISSN: CORPO DE BAILARINA E DISCIPLINA: COMO NINA PERCEBE SEU CORPO SOB INFLUÊNCIA DA DANÇA NA VISUALIDADE FÍLMICA CISNE NEGRO

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Transcrição:

CORPO DE BAILARINA E DISCIPLINA: COMO NINA PERCEBE SEU CORPO SOB INFLUÊNCIA DA DANÇA NA VISUALIDADE FÍLMICA CISNE NEGRO Cremilton de Souza Santana (UNEB) Janaina de Jesus Santos** (UNEB) RESUMO Este trabalho toma os referenciais teórico- metodológicos da Análise do Discurso de origem francesa e seus estudos no Brasil e do Cinema para analisar os discursos visualizados nas cenas do filme Cisne Negro (Black Swan, EUA, 2010, de Darren Aronofsky), e assim compreender os planos que constituem e produzem sujeitos nas cenas em que a bailarina Nina (Natalie Portman) se metamorfoseia em cisne produzindo sujeitos marcados no corpo. Nesse aspecto, analisou- se as noções de enunciado, corpo, sujeito e discurso. Apoiou- se nas estratégias cinematográficas na perspectiva francesa, com autores como Aumont (2006) para identificar e descrever os planos, para depois buscar as camadas mais profundas das imagens que exibem a metamorfose do corpo de Nina em cisne por meio de estratégias da imagem em movimento. A pesquisa foi respaldada na perspectiva foucaultiana para perceber em nosso corpus como o corpo é submetido à transformação. Os recortes da visualidade fílmica de Cisne Negro estão centrados na cena em que Nina é evidenciada em metamorfose do corpo humano para características do animal cisne, já que O corpo exerce e principalmente sofre as ações das microrrelações de poder sobre o próprio corpo em um momento historicamente situado. O foco da análise são detalhes como as penas na cor preta emergindo da irritação nas costas de Nina, em que ela se comporta como um cisne com gestos e olhares que lembram o animal, as pernas da bailarina metamorfoseiam em formatos de pernas de cisnes, enquanto os olhos vermelhos mostram desespero e tensão. PALAVRAS- CHAVE: Análise do Discurso, Cisne Negro, Sujeito Graduando do curso Letras com Habilitação em Língua Inglesa e Literaturas; bolsista ICV participante do grupo AUDiscurso/ CNPq Laboratório de Estudos Audiovisual e Discurso da Universidade do Estado da Bahia (UNEB DCH VI) niltoncte@hotmail.com ** Professora assistente do curso Letras com Habilitação em Língua Inglesa e Literaturas da Universidade do Estado da Bahia DCH campus VI; coordenadora do AUDiscurso/CNPq- Laboratório de Estudo Audiovisual e Discurso/UNEB, no qual desenvolve o projeto de pesquisa Discursos, subjetividade e narrativas fantásticas, praticas analíticas e interdisciplinares. janainasan@gmail.com 4461

INTRODUÇÃO A dança se encontra em um campo peculiar entre a arte e o corpo. Ela se apresenta como elemento essencial na arte da sedução por quem executa e por seus espectadores. É a manifestação dos movimentos corporais tanto da parte subjetiva de sua execução quanto da parte objetiva, os passos e os olhares envolventes para seduzir. Como objeto do campo das Artes, a dança requer uma dose de veneração pelas emoções. Desse modo, a materialidade da dança evidencia o corpo da bailarina em movimentos clássicos envolvendo a emoção e as técnicas que disciplinam o corpo com movimentos tão particulares que o espectador se perde na expressão natural do profissional da dança e do seu corpo. A dança mesmo antes da escrita era uma forma de leitura que o homem realizava do mundo a sua volta, essas leituras eram registradas em rochas nas paredes das cavernas. Com o surgimento do cinema no final do século XIX, essa leitura ganhou maior destaque por conseguir fazer uma releitura dessa realidade em imagens e movimento que através dos mecanismos cinematográficos são capazes de capturar as imagens tanto nas questões que envolvem a captura em vários ângulos, quanto nas possibilidades de repetições, como mudar a velocidade, aumentar o tamanho em close elevando o olhar da câmera em um ponto que merece destaque, assim a visualidade fílmica Cisne Negro evidencia os discursos dos corpos contemporâneos como reflexo da sociedade atual que apontam para o corpo jovem, sensual e sedutor para as indústrias do entretenimento que são preferíveis estarem são e magros. São belezas e magrezas excessivas que acarretam em vários transtornos psíquicos como a anorexia e a bulimia. Assim, propõe- se analisar os discursos da disciplina e do corpo jovem e sensual para o entretenimento sob influência da dança na visualidade fílmica Cisne Negro (Black Swan, EUA, Darren Aronofsky, 2010). Visto que mesmo as obras cinematográficas sendo ficções, nelas revelam sujeitos contemporâneos em suas práticas historicamente situadas e conscientes de si. O filme Cisne Negro traz em seu enredo a história de Nina (Natalie Portman), 4462

uma bailarina que sonha chegar à perfeição. Ela vive com a mãe, Érica (Bárbara Hershey), ex- bailarina que projeta na filha a continuação de sua carreira, já que ela interrompeu a sua carreira para dedicar a filha. O elenco conta ainda com o diretor artístico da companhia de dança Royal, Leroy (Vicent Cassel), que decide buscar uma nova rainha cisne para substituir a antiga bailarina, Beth (Winona Rider), na temporada de abertura de O Lago dos Cisnes, mesmo Nina sendo a preferida de Leroy. Ela terá que superar a concorrência da nova integrante da companhia, Lily (Mila Kunis), que começa a ganhar à atenção do diretor. Na modernidade líquida onde tudo é competitivo, a Ordem do Discurso, tem se destacado nas abordagens dos discursos e a constituição dos sujeitos como ser social e transformador de sua realidade. Neste sentido, pretende- se compreender como o sujeito Nina tem seu corpo disciplinado para compor o duplo personagem cisne negro e cisne branco na visualidade fílmica Cisne Negro, tendo como objetivos específicos demarcar como o dispositivo cinematográfico produz os lugares para os sujeitos na superfície dos planos com suas estratégias detalhe e close e descrever o sujeito Nina como a metamorfose de homem e cisne que revelam saberes contemporâneos. Para isso, recorre- se as estratégias cinematográficas utilizadas, tais como, close e plano detalhe observando a superfície do dispositivo cinematográfico que produz os planos e lugares para os sujeitos, analisando como os enunciados do nosso corpus possui relação aos discursos sobre o corpo da bailarina disciplinado pelo coreógrafo, pelo o palco, pelos discursos da perfeição e da sensualidade. DISCIPLINARIZAÇÃO DO CORPO Dentre as várias possibilidades teóricas, preferimos fazer essa pesquisa por meio da Análise do Discurso de origem francesa na perspectiva foucaultina e seus estudos no Brasil. Para investigar o processo de disciplinarização do corpo da bailarina Nina que se constitui mutuamente em três corpos, a saber: Nina, cisne 4463

negro e cisne branco, faz- se necessário dissertar sobre enunciado, corpo e biopolítica, tendo em vista que os enunciados estão visíveis e fazem com que os discursos se materializam em um momento histórico de uma época específica. Sendo assim, objetos não preexistem a eles mesmos, só surgindo sob as condições positivas de um feixe complexo de relações. (FOUCAULT, 2009, p. 50). Nesse contexto, há um embate enunciativo a todo instante sendo necessário se posicionar diante do discurso, tendo em vista que o sujeito é constituído por um meio discursivo e seu corpo elevado a condições de existência disciplinar, exigido pela companhia de dança e a profissão de bailarina. Para Milanez (2009), o corpo é definido como materialidade discursiva e efeito de subjetividade discursivamente produzida e modificada. Havendo assim, o que Foucault chama de poder disciplinar, pois, os corpos dos sujeitos são disciplinados uma vez para serem dóceis e outras vezes para se rebelar contra a sua subjetividade da possessão do outro em sua exterioridade. Por outro lado, a biopolítica é a junção dos enunciados e corpos, uma vez que essas práticas regulamentam a sociedade através do biopoder sobre todos os aspectos do corpo e da vida dos sujeitos. Representando o que Revel (1997, p.27) chama de uma grande medicina social que se aplica à população a fim de governar a vida: a vida faz, portanto, parte do campo do poder. Esse governar segundo Foucault (1986, p. 80) é O controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera simplesmente pela consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo, com o corpo. Enquanto a biopolítica se ocupa do poder estatal para gerenciar a saúde, higiene, alimentação, sexualidade, natalidade, entre outras. Dessa forma, a biopolítica surgiu para controlar a população centralizando o poder nos governantes. Nessa perspectiva, pensa- se como Foucault (1978) ao referir que o corpo é constituído pela universalidade das vontades, já que a bailarina Nina às vezes era disciplinada para ser dócil, ora para se rebelar, e qual melhor corpo para ser disciplinado se não o de uma bailarina? Os hábitos diários para aperfeiçoar as 4464

técnicas dos movimentos da dança clássica balé modelavam seu corpo e a constituía como sujeito. Para o autor, o poder exerce sobre o próprio corpo dos indivíduos adestrando os sujeitos ora para serem dóceis e ora para serem rebeldes. Assim, este estudo sobre as disciplinas, sobre os discursos do corpo jovem e sensual para o entretenimento na visualidade fílmica, tomando como objeto de estudo o filme Cisne Negro busca caminhos para refletir sobre os discursos da disciplinarização do corpo, dos discursos dos corpos contemporâneos como reflexo da sociedade atual que apontam para o corpo jovem, sensual e sedutor para as indústrias do entretenimento que são preferíveis estarem são e magros na contemporaneidade na materialidade da imagem em movimento. OS APORTES TEÓRICOS DA ANÁLISE DO DISCURSO A Análise do Discurso nasceu como uma área em que se entrelaçam três campos teóricos, a linguística, a psicanálise e o marxismo para analisar as práticas sociais de maneira reflexiva. Dessa forma, envolve várias questões referentes à sociedade, pois assim como a língua necessita do sujeito falante para materializar, com os discursos não são diferentes, já que para os discursos ganharem forma precisam de pronunciadores para se pronunciar diante de fatos históricos e culturais, porém o sujeito discursivo é diferente do sujeito falante, uma vez que os discursos não estão fechado em si mesmo, eles abrem possibilidades para outras formações e materializações discursivas, no entanto, o sujeito falante é mais fechado em si mesmo. Nesse sentido, analisa aspectos contidos em enunciados, sejam eles na linguagem verbal ou não verbal. Fernandes (2008, p. 61) enfatizar que: [...] a Análise do Discurso implica operações de leituras e interpretação que se envolvem campos e problemáticas dos domínios sócio- históricos, uma vez que focaliza campos e problemáticas encontrados na linguagem em funcionamento e não em seu exterior trata- se de problemas encontrados na linguagem 4465

em funcionamento, que aponta a construção de uma subárea da linguística, concomitante com tantas, outras das quais se diferencia pelo viés epistemológico que orienta a maneira de focalizar o objeto. Dessa forma, serão analisados elementos que sustentam os discursos da disciplina, do corpo são, jovem, sensual para o entretenimento e da constituição dos sujeitos heterogêneos no filme Cisne Negro, visto que os sujeitos multifacetados são características próprias da Análise do Discurso e em cada espaço discursivo haverá uma constituição de um sujeito múltiplo mediante valores sócio- históricos contextualizados. Na obra cinematográfica citada, os discursos apontam a bailarina Nina como sujeito que luta e transforma os sistemas de disciplinarização exercidos sobre ela pela mãe e pelo diretor Leroy, tendo em vista que mostra uma bailarina que almeja à perfeição e ser escolhida a rainha cisne na cobiçada peça O Lago dos Cisnes, já que ser rainha é uma posição que Nina queria se apoderar. Ser rainha nos remete a pensar em coroa e a coroa oferece status, o poder de se pronunciar. Como afirma Foucault (1970, p. 8) [...] Muita gente não tem um desejo de começar ou de se encontrar, logo de entrada, do outro lado do discurso, sem ter que considerar o exterior o que ele poderia ter de singular, de terrível, talvez de maléfico. Mas, o que há, enfim, de tão perigoso no fato de as pessoas falarem e de seus discursos proliferarem indefinidamente? Onde, afinal, está o perigo? Assim, Foucault sugere que não se pode dizer tudo o quanto se pensa em qualquer ambiente, uma vez que existem certa hierarquia e tabus nos discursos, e não se tem o direito de dizer tudo em qualquer circunstância, tendo assim, o direito privilegiado ou exclusivo do sujeito que fala, dando forma aos jogos das interdições, que revelam ligação dos discursos com o desejo e o poder. Para Foucault (1978), essas relações de poder e intransitividade tornam- se práticas políticas ligadas a toda existência social. 4466

Ainda segundo o filósofo francês, o autor do discurso não é o pronunciador de seu texto ou fala, mas o sujeito como princípio de agrupamento do discurso, como unidade e origem de suas significações, como foco de sua coerência (FOUCAULT, 1971, p. 26), já que muitas coisas são ditas, porém nem todas têm visibilidade, os sujeitos são conjuntos de outros discursos constituídos no social no qual pertence. Nina teve sua constituição no meio familiar e no meio artístico ao se posicionar e autoafirmar como rainha cisne após uma discursão com a mãe, ela diz eu sou a rainha cisne, coisa que você nunca conseguiu ser Nina se constituiu como sujeito no mundo da dança na apresentação da nova temporada da peça O Lago dos Cisnes. REFLEXÕES METODOLÓGICAS Este trabalho toma os referenciais teórico- metodológicos da Análise do Discurso de origem francesa e seus estudos no Brasil e do cinema para analisar os discursos visualizados nas cenas do filme Cisne Negro (Black Swan, EUA, 2010, de Darren Aronofsky). Para compreender os planos que constituem e produzem sujeitos na cena em que a bailarina Nina (Natalie Portman) se metamorfoseia em cisne produzindo sujeitos marcados no corpo. Nesse aspecto, analisou- se o corpo, sujeito e discurso, buscando apoio nas estratégias cinematográficas na perspectiva francesa, com autores como Aumont (2006) para identificar, descrever os planos e as camadas mais profundas das imagens que exibem a metamorfose do sujeito Nina em cisne em imagens e movimento. A pesquisa foi respaldada na perspectiva foucaultiana para perceber em nosso corpus como o corpo é submetido à transformação. A análise teve prosseguimento por meio de recortes da visualidade fílmica Cisne Negro por meio da cena em que Nina é evidenciada em metamorfose do corpo humano para características do cisne negro. Após ter ido visitar Beth, a antiga rainha cisne no hospital, Nina chega em casa e escuta sons de choro, e em seguida ela ouve imitações da voz da mãe chamando- a de doçura, Nina vai até o 4467

ateliê da genitora e observa as pinturas, todos os quadros começam a sorrirem para Nina, ela tapa os ouvidos e diz: chega!, na sequência Nina destrói as artes, nesse momento a mãe dela entra no ateliê, Nina sai correndo para o quarto dela e coloca uma trava na porta, nesse momento ela começa a metamorfose em cisne A cena é mostrada passo a passo em fotogramas capturados do filme, em que a câmera focaliza nas mutações do corpo de Nina, em um primeiro momento, a câmera foca na pele irritada nas costas da bailarina dando um close para evidenciar os enunciados e as mutações do corpo presente, na qual vão emergir penas do arranhão, as pernas da bailarina vão ganhando forma de pernas do animal cisne, esses enunciados evidenciam a metamorfose de Nina no cisne negro, em seguida a câmera fixa no olhar da rainha cisne para focar na pena que está na mão da bailarina diante dos olhos dela. Este plano é denominado detalhe, construindo dentro da visualidade fílmica a demonstração de tensão e desespero nos olhos vermelhos da bailarina, visto que seu corpo estava adquirindo características do animal do cisne e isso iria fazer toda a diferença na vida dela. ANÁLISES E DESCRIÇÕES Nos fotogramas selecionados, há imagens da personagem principal Nina Sayers, que é a bailarina da companhia de balé da cidade de Nova York. Nina busca a perfeição de chegar ao topo de sua carreira sendo escolhida a rainha cisne para a temporada da peça O Lago do Cisne da companhia citada. Os fotogramas mostram o processo de mutação do corpo de Nina nas materialidades discursivas em que a bailarina é mostrada em primeiro plano para evidenciar as transformações passo a passo do corpo humano para animal cisne. Sendo que esses sinais são os reflexos da busca de Nina pela perfeição como rainha cisne, esses discursos do duplo personagem, do corpo sedutor para o entretenimento subjetivou e a transformou como um produto do meio em que estava inserida, isto é, Nina se constituiu como sujeito e assumiu características do animal cisne. 4468

A cena mostra o processo de mutação do corpo de Nina. Esse fotograma é da noite que antecede a apresentação da peça na companhia de dança Royal, Nina foi selecionada como rainha cisne e posteriormente, foi apresentada em cerimônia como a nova bailarina responsável pela composição da dupla personagem da cobiçada peça O Lago dos Cisnes. Na encenação acima a bailarina está no seu quarto no momento em que começa a perceber sinais estranhos no corpo. Ficam evidentes os indícios de transmutação do cisne negro que emerge para entrar em conflito com o cisne branco, uma vez que o conflito, os sujeitos cindidos são próprios da constituição do sujeito na Análise do Discurso. Há sempre produção de discursos contextualizados em toda parte, não só na visualidade fílmica, porém o sujeito bailarina no filme abre espaço para a produção discursiva do sujeito anormal, uma vez que que este sujeito sofre mutações e transgride as leis naturais e se transforma em um animal o cisne. O corpo exerce e principalmente sofre as ações das microrrelações de poder sobre o próprio corpo em um momento historicamente situado. São detalhes como as penas na cor preta emergindo da irritação das costas de Nina, ela se comportava como um cisne com gestos e olhares que lembram o animal, as pernas da bailarina metamorfoseiam em formatos de pernas de cisnes, enquanto os olhos vermelhos mostram desespero e tensão. Como Foucault (1963, p. 219) nos faz pensar que o sujeito que fala é o mesmo que aquele pelo qual ele é falado. Nina se pronunciava como sujeito rainha cisne por intermédio dos discursos da perfeição. Nina buscava se reconhecer como um ser social e transformador do meio pelo qual estava inserida, e é isso que acontece ela se transforma em um sujeito com os atributos do cisne no mundo da dança entrelaçados aos discursos do corpo jovem e sensual para a indústria dos espetáculos artísticos. Todas as práticas da bailarina refletem o poder do corpo sobre o corpo e o conhecimento sobre si, tendo em vista que o papel da disciplina traz mudanças minuciosas nos corpos dos sujeitos, Nina teve essas transformações passo a passo até se metamorfosear no animal cisne os sinais dessas mutações 4469

emergiram no corpo como o aparecimento de penas e irritações na pele que apenas as superfícies do corpo são capazes de mostrar, assim como só o cinema e não outra arte é apto a evidenciar essas mutações através das técnicas cinematográficas dando close nos mínimos detalhes por meio da imagem em movimento. O contraste das imagens era o reflexo do sujeito Nina transformado no cisne negro, tornando sua subjetividade perceptível através dos planos e do movimento, nessa síntese Courtine e Haroche (2009, p. 57) nos remete a analisar que os olhos são o que o rosto é para alma, chama- se ainda as portas da alma, pois é pelos olhos que ela se deixa ver de fora. Desse modo, os olhos de Nina se sobressaiam as outras partes do corpo ao aparecer na tonalidade vermelha cor de sangue representando o nascimento de um sujeito consciente e autossuficiente em um mercado competitivo que é o espaço da dança que a competição começa desde a seleção para fazer parte de uma companhia de dança até ser escolhida para os melhores papeis no palco. O cisne negro, assim como o cisne branco tomaram posse do corpo de Nina, em um dado momento eles iriam entrar em conflitos e isso iria fazer toda a diferença na vida dela. Na última imagem, Nina discute e expulsa a mãe do quarto, isto é, Nina expulsa os últimos resquícios do cisne branco que a disciplinava e controlava, pois a mãe tinha sobre Nina o poder das escolhas dela e de como ela se apresentaria para o mundo sendo a doce e meiga garotinha, submissa e auto estima baixa, no entanto, com o cisne negro assumindo o poder Nina tornou- se autossuficiente e governante de si. Assim sendo, a mutação do corpo de Nina está associada diretamente a subjetividade dela, já que essa transformação acontece sempre de acordo com discursos que permeiam sua exterioridade. Nina buscava a perfeição como bailarina e para isso ela tinha que ter condições para representar dois papéis com personalidades opostas e isso influenciou na constituição desse sujeito, visto que que os discursos da dupla personagem e da perfeição constituíram o corpo de Nina similar de um animal o cisne, enquanto a instituição constituiu- a como sujeito 4470

bailarina rainha cisnes. Nesse sentido, os discursos constituem os corpos e as instituições os sujeitos e os dispositivos fílmicos revelam um sujeito anormal que ocupa um lugar diferente na sociedade, enquanto a companhia de dança a constituiu como rainha cisne, como bailarina. Estes sinais evidenciam algo de anormal no corpo de Nina, emerge a desordem e a indagação se é ela ou é o cisne negro, pois há um embate discursivo contemporâneo da liquidez identitária que mostra um conflito entre os cisnes branco e negro para tomar o poder sobre o corpo da bailarina. CONCLUSÕES Esses sujeitos e discursos marcados no filme nos conduzem a refletir sobre as práticas discursivas sobre o corpo perfeito, magro, jovem e sensual para o entretenimento, uma vez que os discursos é o reflexo de uma época e os discursos midiáticos na contemporaneidade nos induzem a pensar que para ser sensual e perfeito o corpo precisa ser magro, principalmente para o mundo da dança que disciplina o corpo da bailarina pelo o palco e pelo o coreógrafo para ter os melhores e mais sensuais gestos e movimentos em um espaço milimetricamente calculado, a bailarina é preferível que esteja magra para não sobrecarregar o par com seu peso e para a perfeição nas acrobacias. Pelo que foi abordado, conclui- se que a mutação do corpo de Nina era própria da constituição do sujeito em evidência. O corpo de Nina foi evidenciado na posição de sujeito rainha cisne. O poder do cisne negro deixa o cisne branco em segundo plano - o cisne negro por ser destrutivo domina e destrói o cisne branco. Nesse sentido, as microrrelações de poderes influenciam na transmutação dos sujeitos no contexto de inserção de Nina no âmbito familiar, na companhia de 4471

dança, na performance do duplo cisne teve ligação direta na metamorfose dela colocando- a na condição de sujeito constituído pelos os discursos exteriores de acordo sua inserção. Sendo assim, os sujeitos são constituídos e historicamente modificados em um determinado momento na história e não em outro, o sujeito dócil e submisso representado em Nina pelo cisne branco perdeu espaço para a constituição do cisne negro - um sujeito sensual e governante de si na apresentação da peça O Lago dos Cisnes. Portanto, os discursos emergem em um contexto histórico e em um determinado espaço de tempo e essa ordem possibilita- nos a perceber que os discursos produzem os corpos e as instituições constituem os sujeitos de acordo o local e época onde estiverem inseridos. REFERÊNCIAS AUMONT, J; Marie, M. Dicionário teórico e crítico de cinema. 2. ed. 2ª Campinas, 2006. Papirus. CISNE NEGRO. Direção:Darren Aronofsky. Roteiro: Mark Heyman, Andres Heinz e John J. McLaughlin.USA,2010.DVD.1h43min.colorido. COURTINE, Jean- Jacques; HAROCHE, Claudine. História do rosto: exprimir e calar as suas emoções. Tradução Ana Moura. Lisboa: Teorema, 2009. FERNANDES, C. A. Análise do discurso: reflexões introdutórias. 2ed. São Carlos: Claraluz, 2008. FOUCAULT, M. A Arqueologia do Saber. Trad. Luiz Felipe Baeta Neves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007a. FOUCAULT, M. A governamentalidade. In: Michael Foucault, Microfísica do poder (pp. 277-293). Rio de Janeiro: Graal. (1978).. A ordem do discurso. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2007b.. Os anormais. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2001a.. Prefácio à Transgressão. In Ditos e Escritos, v.iii. Rio de Janeiro: Forense Universitária, (1963). MILANEZ, Nilton. A possessão da subjetividade: sujeito, corpo e imagem. In: SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ANÁLISE DO DISCURSO, Uberlândia.Anais...Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia, 2008. 4472