Avaliação das Características Físico-Químicas e Sensoriais de Doce de Leite Diet Fabricado com Sucralose, Litesse e Lactitol

Documentos relacionados
Elaboração de Doce de Leite Pastoso com Adição de Soro de Queijo: Estudo de Viabilidade

I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA ACRE ACEITAÇÃO SENSORIAL DE BOLO ELABORADO COM FARINHAS DE CASTANHA- DO-BRASIL E BANANA VERDE

Avaliação sensorial de requeijão cremoso de diferentes marcas comerciais

ELABORAÇÃO E ACEITAÇÃO DE PÃO COM REDUÇÃO DE CLORETO DE SÓDIO E CARACTERÍSTICAS FUNCIONAIS

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS SENSORIAIS EM SOBREMESAS LÁCTEAS SABOR CHOCOLATE ELABORADAS COM LEITE E SORO DE LEITE

DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE SENSORIAL DE UM GELADO COMESTÍVEL (PICOLÉ) DIET. Palavras-chave: picolé diet, novidades alimentícias, análise sensorial.

IOGURTE PROBIÓTICO DE MORANGO SEM LACTOSE

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE DOCE DE LEITE PASTOSO ADICIONADO DE FARINHA DE LINHAÇA

ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE QUEIJOS FUNCIONAIS

DESENVOLVIMENTO DE TIPO HAMBURGUER BOVINO COM ADIÇÃO DE FARINHA DE BERINJELA

RESUMO INTRODUÇÃO. Área temática: Engenharia e Tecnologia de Alimentos 1

APLICAÇÃO DE ÓLEOS E GORDURAS DE RELEVÂNCIA NUTRICIONAL EM PRODUTOS DE PANIFICAÇÃO. da Silva e Elisa Makiyama Kim FEA-UNICAMP

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO DOCE DE LEITE PRODUZIDO NO IFSULDEMINAS - CÂMPUS MUZAMBINHO E COMPARAÇÃO COM MARCAS COMERCIAIS

ANÁLISE SENSORIAL DE DOCE DE LEITE PASTOSO PURO, DOCE DE LEITE PASTOSO COM GELEIA DE BURITI E DOCE DE LEITE PASTOSO GELEIA DE CUPUAÇU

SENSORIAL ANALYSIS OF LIGHT YOGHURT WITH DIETARY FIBERS

I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA ACRE

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE DIFERENTES MARCAS DE DOCE DE LEITE PRODUZIDOS NO ESTADO DE MINAS GERAIS

ELABORAÇÃO DE BEBIDA A BASE DE EXTRATO HIDROSSOLÚVEL DE SOJA (Glycine max L.) E POLPA DE CUPUAÇU (Theobroma grandiflorum)

USO DE SORO DE QUEIJO NA FORMULAÇÃO DE DOCE DE LEITE PASTOSO EM SUBSTITUIÇÃO AO LEITE

IOGURTE ADICIONADO DE WPC OU SORO EM PÓ: QUAL A MELHOR OPÇÃO SENSORIAL? Universidade Estadual do Oeste do Paraná/ Colegiado de Farmácia/ Cascavel-PR

Aceitação sensorial de bebida láctea, sob diferentes concentrações de soro

REDUÇÃO PERCEPTÍVEL E REDUÇÃO ACEITÁVEL DE AÇÚCAR EM NÉCTAR DE UVA: ANÁLISE SENSORIAL COMO FERRAMENTA PARA REFORMULAÇÃO

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE ABACAXI PÉROLA CULTIVADO NO SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE BARRAS DE CEREAIS COM PASSAS DE MIRTILO (Vaccinium ashei Reade) COM E SEM DESIDRATAÇÃO OSMÓTICA

XI Jornada Científica XI Semana de Ciência e Tecnologia IFMG Campus Bambuí

ACEITABILIDADE E INTENÇÃO DE COMPRA DE DOCE DE BANANA EM MASSA ADICIONADO DE AMENDOIM

ACEITAÇÃO E PREFERÊNCIA DE DERIVADOS LÁCTEOS POR ESTUDANTES DA UNIVIÇOSA/ESUV (MG) 1. Introdução

ACEITAÇÃO SENSORIAL DE PREPARADO SÓLIDO PARA REFRESCO SABOR MARACUJÁ

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÃO DE REQUEIJÃO CREMOSO COM BAIXO TEOR DE SÓDIO E DE GORDURAS

Estudo do efeito da adição de soro de queijo na qualidade sensorial do doce de leite pastoso

ELABORAÇÃO DE GELEIA TRADICIONAL E LIGHT DE GUABIROBA BRUNA NAPOLI¹; DAYANNE REGINA MENDES ANDRADE²; CRISTIANE VIEIRA HELM³

APROVEITAMENTO DE SORO DE LEITE: perfil sensorial de doce de leite pastoso com polpa de marolo

AVALIAÇÃO SENSORIAL DA FIBRA DO PEDÚNCULO DO CAJÚ (Anacardium occidentale L.) EM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES COMO RECHEIO EM PASTEIS

BARRINHA DE CEREAL COM USO DE MEL EM SUBSTITUIÇÃO DO XAROPE DE AGLUTINAÇÃO

Enliten (Ingredion/EUA)

Sorvete de geleiada de morango com hibisco (Hibiscus sabdariffa L.)

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE BISCOITOS FORMULADOS COM FARINHA DE SEMENTE DE GOIABA

Aceitabilidade de Geleia Light de Morango com Associação dos Edulcorantes Acesulfame-k e Sucralose

TESTE DE COMPARAÇÃO PAREADA PARA ANÁLISE SENSORIAL DO SUCO DE UVA

PERFIL FISICO-QUIMICA DO QUEIJO DE COALHO ARTESANAL DO SERTÃO DA PARAIBA, NORDESTE, BRASIL.

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE ABÓBORA E MORANGA CRISTALIZADAS PELO PROCESSO DE AÇUCARAMENTO LENTO.

Utilização de maracujá integral no desenvolvimento de sobremesa láctea (flan) e avaliação de suas características físico-químicas e sensorial.

QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA DE DOCES DE LEITE COMERCIALIZADOS NA REGIÃO DO VALE DO JAGUARIBE-CE

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE DOCE DE LEITE CAPRINO SABORIZADO COM CAFÉ

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE DOCE DE CAFÉ COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE CAFÉ E SORO

COMPARAÇÃO DE PARÂMETROS LABORATORIAIS EM DIFERENTES TIPOS DE GELEIAS CONVENCIONAIS DE MORANGO

AVALIAÇÃO SENSORIAL DO SORVETE COM LEITE DE BÚFALA ADICIONADO DE MANGA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA DO LEITE CRU E DO LEITE PASTEURIZADO COMERCIALIZADOS NO OESTE DE SANTA CATARINA

UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO E SAÚDE

ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO FÍSICO-QUIMICA DE REQUEIJÃO CREMOSO COM REDUZIDO TEOR DE SÓDIO. Apresentação: Pôster

Mitos e verdades sobre os adoçantes

AUTOR(ES): LETICIA FERNANDA VAROL, GUSTAVO MORAIS DA SILVA, LALESKA OLIVEIRA, LUCIETE FERRAZ DO NASCIMENTO

ANÁLISE SENSORIAL DO QUEIJO COALHO FABRICADO A PARTIR DE LEITE DE CABRA PASTEURIZADO E PASTEURIZADO E CONGELADO 1

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS E FÍSICO-QUÍMICAS DO IOGURTE GREGO INDUSTRIAL COM O IOGURTE GREGO ARTESANAL

ANÁLISE SENSORIAL: TESTES DISCRIMINATIVOS, DESCRITIVOS E AFETIVOS

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE SORVETE COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DA FARINHA DE MACAÚBA

TÍTULO: ACEITAÇÃO DE NOVOS REFRESCOS EM PÓ NOS SABORES UVA E LARANJA CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA SUBÁREA: CIÊNCIAS AGRÁRIAS

ADIÇÃO DE FIBRA DE CÔCO MACAÚBA (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd) NA PRODUÇÃO DE RICOTA

ANÁLISE SENSORIAL DE IOGURTE DE LEITE DE CABRA ADOÇADO COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE SACAROSE

Palavras chave: bagaço seco, fração fibrosa, teste sensorial

ELABORAÇÃO DE DOCE DE LEITE ORGÂNICO ENRIQUECIDO COM FIBRA ALIMENTAR. Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica-RJ. CTUR/UFRRJ, Seropédica-RJ

AVALIAÇÃO DO TEOR PROTÉICO E ACEITAÇÃO GLOBAL DE BARRAS ALIMENTÍCIAS PRODUZIDAS COM VEGETAIS DESIDRATADOS E RESÍDUO DO EXTRATO DE SOJA

Desenvolvimento de massa de pizza enriquecida com feijão-caupi (Vignaunguiculata (L.) Walp.)

ACEITABILIDADE SENSORIAL E INTENÇÃO DE COMPRA DE IOGURTE SABOR CAFÉ

ELABORAÇÃO DE BISCOITOS TIPO COOKIE DE CHOCOLATE ENRIQUECIDO COM FARINHA DE COCO

ANÁLISE SENSORIAL DE QUEIJO MINAS FRESCAL ADICIONADO DE CONDIMENTO PREPARADO 1

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DE TRATAMENTO PRÉVIO NA ACEITAÇÃO DA APARÊNCIA E DO SABOR DE CASCA DE MELANCIA DESIDRATADA OSMOTICAMENTE

Benefícios do Iogurte Ylafrut Power Fitness com whey protein

Sorvete funcional à base de extrato de hibisco (Hibiscus sabdariffa L.) adicionado do cálice da flor

ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DE SUCO DE CAJU. Iwalisson Nicolau de Araújo 1 Graduando em Licenciatura em Química pela Universidade Estadual da Paraíba.

Autor (1) Claudiany Silva Leite Lima; Autor (2) Eleilde de Sousa Oliveira; Orientador (1) Denise Silva do Amaral Miranda.

ANÁLISE SENSORIAL DE PÃO DE ERVAS ELABORADO COM LEITE CAPRINO ENRIQUECIDO COM DIFERENTES FARINHAS

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE GELADO COMESTÍVEL ELABORADO COM POLPA DO FRUTO DE MANDACARU ADICIONADO DE SORO DE LEITE

ANÁLISE NUTRICIONAL E SENSORIAL DE SUPLEMENTOS ALIMENTARES

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE GELÉIA DE PHYSALIS. Campus Universitário Caixa Postal 354 CEP INTRODUÇÂO

SENSORY EVALUATION AND INTENTION TO PURCHASE CHOCOLATE POWDER

AVALIAÇÃO DO TEMPO DE COZIMENTO DA MASSA DE QUEIJO SOBRE A UMIDADE DE QUEIJO PRATO DURANTE A MATURAÇÃO

História CREDIBILIDADE

ELABORAÇÃO DE PRODUTO LÁCTEO A PARTIR DO PÓ DA ACEROLA (Malpighia ermaginata D.C) VERDE

ACEITABILIDADE SENSORIAL DE GELEIA DE AÇAÍ E BANANA

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE MICROBIOLÓGICA E ACEITABILIDADE SENSORIAL NA SUBSTITUIÇÃO DA SACAROSE POR EDULCORANTES EM GELADOS COMESTÍVEIS

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE CHIPS DE MACAXEIRA

DESENVOLVIMENTO DE LICOR À BASE DE CASCAS DE ABACAXI

VII Semana Acadêmica da UEPA Marabá

PROCESSAMENTO E CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICA DE FRUTOS DE MURICI-PASSA (Byrsonima verbascifolia)

AVALIAÇÃO FISICO-QUÍMICA DE BEBIDAS LACTEAS PRODUZIDAS NA REGIÃO DO SERTÃO PERNAMBUCANO E COMERCIALIZADAS EM SALGUEIRO-PE Apresentação: Pôster

Qualidade de grãos de duas cultivares de arroz de terras altas produzidas em Minas Gerais

Elaboração de produtos a partir do aproveitamento total da batata-doce

Desenvolvimento e análise sensorial de doce de leite utilizando farinha de banana verde (Musa spp.)

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE IOGURTE TRADICIONAL COM CALDA DE GOIABA VERMELHA (Psidium guajava)

Produção e estudo da aceitabilidade sensorial do licor de jambo vermelho

Avaliação de sabor e valor calórico de molhos desenvolvidos com a utilização de amido resistente

AVALIAÇÃO FÍSICA E SENSORIAL DE EMPANADO DE CMS DE PINTADO (Pseudoplatystoma sp) ELABORADA COM PRODUTOS FUNCIONAIS

ANÁLISE DO CONHECIMENTO DO CONSUMIDOR DIANTE O USO DE ADOÇANTES. Introdução

ACEITABILIDADE SENSORIAL DE IOGURTE COM POLPA DE FRUTAS VERMELHAS

Prêmio Jovem Cientista

COMPOTA DE ABACAXI ADICIONADO DE DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE CANELA EM PAU

ACEITAÇÃO SENSORIAL DE CHIPS DE BATATA-DOCE (IPOMOEA BATATAS) E INHAME (DIOSCOREA SPP) FRITOS EM OLEÍNA E ESTEARINA DE PALMA

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

Transcrição:

Artigo Original / Original Article Avaliação das Características Físico-Químicas e Sensoriais de Doce de Leite Diet Fabricado com Sucralose, Litesse e Lactitol Physicochemical and Sensory Evaluation of Diet Doce de Leite Formulated With Sucralose, Litesse and Lactitol Nara Mendes Queiroz Ribeiro a, Elen Cristina Martins Costa b, Anderson dos Santos Morais c, Christiane Maciel Vasconcellos Barros De Rensis d* Resumo O doce de leite é um produto muito consumido no Brasil. No entanto, há pessoas que por vários motivos não podem consumir sacarose, então procuram os produtos diet. Este trabalho teve como objetivo avaliar das características físico-quimicas e sensoriais do doce de leite diet elaborado com sucralose, Litesse e Lactitol. Foram elaborados dois doces de leite: convencional e diet. Análises físico-químicas e sensoriais foram feitas para comparação das características dos doces. Os doces não apresentaram diferenças (p>0,05) em relação à composição. Na avaliação sensorial, o doce diet obteve médias significativamente mais altas para os atributos cor e impressão global. Em relação à intenção de compra, cerca de 88% dos potenciais consumidores teriam atitude positiva de compra do doce de leite diet. Palavras-chave: Doce de leite. Edulcorante. Polidextrose. Poliol. Produto diet. Abstract Doce de leite is a dairy product widely consumed in Brazil. Some people cannot eat sucrose for several reasons; therefore, they look for diet products. The objective of this work was to evaluate the physicochemical and sensorial characteristics of diet doce de leite manufactured with sucralose, Litesse and Lactitol. Two doces de leite were developed: conventional and diet. Physicochemical and sensory characteristics were compared. There was no statistical difference (p>0,05) in their composition. Sensory acceptability tests indicated significant difference (p<0.05) between samples for color and global impression Buying intention grades showed that 88% of the consumers would certainly or probably buy diet doce de leite. Key words: Diet product. Doce de leite. Polydextrose. Polyol. Sweetening agents. a Graduanda em Engenheira de Alimentos - Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU). E-mail: nara_mqr@hotmail.com. b Graduação em Engenheira de Alimentos - Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU). E-mail: ellencmcosta@hotmail.com. c Mestre em Engenharia Química - Universidade Federal de Uberlãndia (UFU). Docente Instituto Educacional Guilherme Dorça Faculdades de Talentos Humanos (IEGD). E-mail: ander_morais@yahoo.com.br. d Doutora em Tecnologia de Alimentos - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Docente - Universidade Norte do Paraná (UNOPAR). E-mail: christiane@unopar.br. * Endereço para correspondência: Av. Paris 675, Jardim Piza CEP 86041-100 Londrina, PR. 1 Introdução O doce de leite é basicamente leite concentrado adicionado de açúcar e apresenta valor nutritivo considerável. Aliado às características de estabilidade biológica e ao fato de ser agradável ao paladar, é um produto que pode contribuir com importante parcela das proteínas, calorias, vitaminas e minerais da dieta natural. É um alimento menos perecível que o leite e de grande aceitação sensorial 1. O sabor doce remete a uma sensação de prazer, mas muitas pessoas por apresentarem obesidade, doenças coronárias crônicas, diabetes e hipertensão, não podem consumir doces em geral. A substituição do açúcar (sacarose) pode ser realizada com o uso de edulcorantes, como sucralose, aspartame, ciclamato, acessulfame K, sacarina, esteviosídeo, lactitol, dentre outros. Os produtos diet e light há algum tempo avolumam-se nas prateleiras dos supermercados, chamando atenção de pessoas preocupadas com a saúde e a estética 2. A imagem antiga de que produtos dietéticos eram apenas para pessoas doentes foi reformulada e segundo pesquisas da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos Dietéticos (Abiad), o consumidor brasileiro, preocupado em prevenir problemas de saúde, foi responsável pelo crescimento de 87% do mercado de produtos diet e light, nos últimos 10 anos 3. O doce de leite pode ser considerado light quando apresentar uma redução mínima de 25% de algum de seus componentes como, por exemplo: valor energético total, proteína, açúcares, gorduras, sólidos e líquidos, colesterol, quando comparado com um doce de leite convencional. Já um doce de leite, para ser considerado diet (com restrição de sacarose), deverá apresentar o teor máximo de 0,5 g de sacarose por 100 g ou 100 ml de produto final a ser considerado 4. Nos dias atuais, a proposta das indústrias de laticínios é desenvolver produtos diet, sem comprometer o sabor e a textura dos mesmos. Esta melhora é possível graças ao aumento da tecnologia e melhoria dos ingredientes. Para o desenvolvimento de doce de leite, a substituição da sacarose é muito complexa, pois ela é responsável pelo sabor, doçura, textura, aroma e cor. Através das interações entre leite, sacarose e altas temperaturas é que ocorrem as reações de Maillard e de Caramelização que dão cor característica ao doce de leite 5. A sucralose é um edulcorante não-calórico, em média 600 21

vezes mais doce que a sacarose, resistente à altas temperaturas, não contém sabor residual amargo ou metálico e não faz mal à saúde 2. A utilização de edulcorantes como sucralose pode ser adequada em relação ao sabor, mas muitas vezes, não proporciona as características de textura e aparência desejadas 5. Por este motivo, é necessária a adição de um agente de corpo como a polidextrose associada a um poliol para conferir melhores resultados 6. A polidextrose (Litesse ) é um excelente agente de corpo, solúvel em água, estável em uma ampla faixa de ph, temperaturas e condições de processo, ajudando na formação da cor. O Litesse caracteriza-se por ser um carboidrato especial, uma vez que, é composto por 90% de fibra dietética. Apesar da composição do Litesse conter glicose ele é considerado uma fibra dietética, não sendo absorvido pelo nosso organismo 7. O poliol (Lactitol ), que é um edulcorante de reduzidas calorias derivado da lactose, tem solubilidade, viscosidade, ponto de ebulição e fusão similares às da sacarose, tem um perfil de dulçor de 30% a 40% ao do açúcar sacarose e não apresenta sabor residual 7. O objetivo do trabalho foi avaliar as características físicoquimicas e sensoriais do doce de leite diet elaborado com sucralose, Litesse e Lactitol. 2 Material e Método 2.1 Elaboração dos doces de leite Os doces de leite foram produzidos na Unidade Industrial de Processamento (UIP) - Laticínios do Núcleo de Excelência em Engenharia de Alimentos (NEEA) das Faculdades Associadas de Uberaba FAZU em Uberaba / MG. Foram elaborados 2 tipos de doce de leite: o convencional (com adição de sacarose) e o diet (com adição de edulcorante, poliol e polidextrose). Para a elaboração do doce de leite diet utilizou-se: 6,20 kg de leite integral, 0,01% de edulcorante (sucralose), 4,0% poliol (Lactitol ) e 7,2% polidextrose (Litesse ). Os ingredientes foram calculados em relação à quantidade inicial de leite. Foi levado em consideração o poder de dulçor do lactitol de 40% e o da sucralose de 600 vezes ao da sacarose, para as quantidades adicionadas de sucralose, poliol e polidextrose. A acidez do leite integral pasteurizado, que era de 17 Dornic, foi corrigida para 13 Dornic, utilizando-se 0,036 % de bicarbonato de sódio, e iniciou-se o pré-aquecimento até 40 C em tacho inox aberto, e posteriormente procedeu-se à adição da sacarose (doce convencional) ou edulcorante, poliol e polidextrose (doce diet). O aquecimento foi feito até o produto atingir aproximadamente 110ºC em agitação contínua por 2:30h. O doce foi cozido até atingir o valor de 63º Brix, em seguida foi submetido ao resfriamento com agitação, até atingir a temperatura de 65 C, quando então se procedeu ao envase manual do doce em pote de vidro (decorrente da viscosidade do produto e da pequena escala de produção). Para a desinfecção, as embalagens foram colocadas em solução de ácido peracético a 80 ppm e deixadas em repouso por 5 minutos. Em seguida, as mesmas foram enxaguadas com água filtrada. A figura 1 apresenta o fluxograma do processo geral de fabricação do doce convencional e do diet. diet OU Sucralose Lactitol Litesse convencional: sacarose Desinfecção Química da embalagem com ácido peracético 80 ppm /5 min Matéria - prima Leite pasteurizado Padronização (13º Dornic ) Pré -aquecimento e Adição dos ingredientes Aquecimento (110ºC) com agitação contínua ( 2:30 h) até 63º brix Resfriamento (65º C) Envase manual Figura 1 - Fluxograma do processo de fabricação do doce de leite convencional e diet 2.2 Composição química Após o processamento, os doces de leite foram avaliados quanto aos teores de: Umidade: pelo método gravimétrico, em estufa a 105ºC até peso constante de acordo com procedimento AOAC 925.23 8 ; Gordura: pelo método de Bligh-Dyer 9 ; Nitrogênio total: pelo método de Kjeldahl AOAC 991.20 8. Os valores de nitrogênio total foram multiplicados por 6,38 para obter os valores equivalentes em proteína; ph: determinado empregando-se potenciômetro devidamente calibrado com as soluções padrões de ph 7,0 e 4,0 10 ; Acidez titulável: por titulação com hidróxido de sódio seguindo a metodologia descrita pela AOAC 935.17 8 ; Cinzas: a amostra foi carbonizada em bico de chama e depois calcinada em forno mufla a 550ºC até a obtenção de cinzas brancas, seguindo-se a metodologia indicada pela AOAC 8 ; Carboidratos totais por diferença AOAC 8. 22

2.3Análise sensorial Os doces de leite foram submetidos a um teste sensorial de aceitação e intenção de compra. Foram recrutados 50 provadores não treinados dentre alunos, professores e funcionários das Faculdades Associadas de Uberaba FAZU. Os provadores foram selecionados em função de consumirem doces de leite e terem disponibilidade e interesse em participar do teste. Os testes foram realizados em cabines individuais do Laboratório de Análise Sensorial do Núcleo de Excelência em Engenharia de Alimentos NEEA/FAZU, sob luz branca. As amostras codificadas com números de três dígitos foram apresentadas de forma monádica em copos brancos descartáveis, com aproximadamente 10g cada. A temperatura de apresentação foi a de 25 o C e a ordem de apresentação das amostras foi aleatória. Os atributos cor, aroma, textura, sabor, doçura e impressão global foram analisados com a utilização de uma escala hedônica, cujos extremos correspondiam a desgostei muitíssimo (1) e gostei muitíssimo (9). Para a intenção de compra foi utilizada a escala estruturada de cinco pontos, onde 1 correspondia a expressão de eu certamente compraria este produto e 5 eu certamente não compraria este produto. No teste de preferência, os provadores foram solicitados a escolher qual a sua amostra preferida. 2.4 Planejamento experimental e análise estatística dos resultados O delineamento experimental utilizado foi do tipo casualizado em blocos. Em cada bloco foram avaliados dois tipos de doces de leite (convencional e diet), sendo que cada bloco foi executado em duplicata, resultando em quatro experimentos, e as análises em triplicata. Os resultados da composição química foram analisados através de Análise de Variância (ANOVA), utilizando-se o teste de Tukey para verificar diferenças entre as amostras com nível de significância 5%. Os resultados obtidos no teste de aceitação foram analisados através de Análise de Variância (ANOVA) e do teste de Tukey quando necessário com nível de significância 5%. Para o teste de preferência foi utilizada a tabela do teste de Comparação Pareada Preferencial bicaudal 11. 3 Resultados e Discussão 3.1 Análises físico-químicas Na tabela 1 são apresentados os teores de umidade, gordura, proteína, carboidrato, cinzas, acidez e ph dos doces de leite tradicional e diet, logo após 1 dia de fabricação. Tabela 1 Média (n = 2) da composição físico-químicas do doce de leite convencional e diet Amostras de doces Atributos Convencional Diet Umidade (%) 27,17 a 32,77 a Gordura (%) 13,28 a 14,49 a Proteína Total (%) 8,22 a 8,00 a Carboidratos Totais (%) 49,78 a 43,10 a Cinzas (%) 1,55 a 1,64 a Acidez Titulável (% ácido láctico) 0,26 a 0,28 a ph 6,45 a 6,27 a a,b Em uma mesma linha, médias acompanhadas de letras em comum, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de significância. De acordo com a tabela 1, não houve diferença significativa (p>0,05) em relação à composição química do doce de leite diet, quando comparado com o doce de leite convencional (com adição de sacarose). Segundo Brasil (1997) 12, o doce de leite convencional atende aos requisitos da legislação específica vigente, umidade máxima de 30% para doce de leite cremoso ou em pasta, carboidratos totais máximo de 60%, gordura mínimo de 2%, proteína mínimo de 6% e máximo de 2% de cinzas. A tabela 2 apresenta a comparação entre a composição físico-química do doce de leite diet elaborado e a do doce de leite diet encontrado no mercado. Tabela 2 Comparação entre a composição físico-química do doce de leite diet comercial e a do doce de leite diet elaborado Doce de leite diet Atributos Comercial Elaborado Umidade (%) 42,79 32,77 Gordura (%) 10,52 14,49 Proteína Total (%) 8,97 8,00 Carboidratos Totais (%) 40,22 43,10 Cinzas (%) 1,71 1,64 Acidez titulável (% ácido láctico) 0,35 0,28 ph 6,42 6,27 Em relação à composição química dos doces diet do mercado e do elaborado, pôde-se verificar que as porcentagens de quase todos os atributos encontrados foram similares. A quantidade de carboidratos totais do doce de leite diet comercial foi 40,22% enquanto que a do doce diet elaborado foi de 43,10%. Essa elevada quantidade de carboidratos totais é devido à adição dos ingredientes utilizados, Litesse e Lactitol, que são carboidratos. 23

3.2 Análise sensorial Após a avaliação do teste de aceitação, os dados obtidos foram analisados e as médias, das notas atribuídas por cada provador, calculadas. A tabela 3 apresenta esses resultados. Tabela 3 Médias obtidas para os atributos cor, aroma, sabor, doçura, textura e impressão global dos doces de leite convencional e diet Amostras de doces Atributos Convencional Diet Cor 5,73 b 7,74 a Aroma 6,87 a 7,05 a Sabor 7,64 a 7,77 a Doçura 6,89 a 7,39 a Textura 7,01 a 7,42 a Impressão global 6,69 b 7,49 a a,b Em uma mesma linha, médias acompanhadas de letras em comum, não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de significância. Os provadores não reportaram diferença de aceitação em relação aos atributos aroma, sabor, doçura e textura para os dois doces. Em relação à cor, a adição dos ingredientes alterou significativamente a coloração do doce diet. As médias obtidas para esse atributo foram: 7,74 para o doce de leite diet e 5,73 para o doce convencional. Os provadores comentaram que a cor do doce de leite diet era mais escura que a do doce convencional. Este fato pode estar relacionado com a maior rapidez e maior intensidade que as reações Maillard ocorrem no doce com adição do Litesse. As médias para o atributo impressão global foram maiores para o doce de leite diet (7,49). Provavelmente, os provadores correlacionaram um doce de melhor qualidade àquele de cor um pouco mais escura. A cor foi o fator decisivo para a melhor impressão global do doce diet. Quanto à intenção de compra, os resultados são mostrados nos gráficos das figuras 2 e 3 para o doce de leite convencional e doce de leite diet, respectivamente: 34% 0% 4% 46% 16% eu certamente não compraria eu provavelmente não compraria tenho dúvidas se compraria eu provavelmente compraria eu certamente compraria Figura 2 - Intenção de compra em relação ao doce de leite convencional 52% Figura 3 - Intenção de compra em relação ao doce de leite diet Aproximadamente 88% dos provadores certamente ou provavelmente comprariam o doce de leite diet enquanto 80% certamente ou provavelmente comprariam o doce de leite convencional. Estes resultados indicam que o produto diet com adição de sucralose, Litesse e Lactitol foi bem aceito pelos provadores e, conseqüentemente, teria boa aceitação no mercado. Foi realizado o teste de comparação pareada, com o objetivo de verificar a preferência dos provadores pelos doces convencional e diet. Os resultados do teste podem ser verificados na tabela 4. Tabela 4 Resultados do teste de preferência aplicado no Doce de leite convencional (controle) e doce de leite diet Amostras % preferência Número de preferência Número tabelado* Doce Convencional 40% 20 32 Doce Diet 60% 30 Fonte: Ferreira (2000) 11 De acordo com a tabela do teste de Comparação Pareada Preferencial bicaudal 11, se a soma da amostra indicada como preferida for igual ou maior ao mínimo tabelado, conclui-se que há diferença significativa de um produto em relação ao outro ao nível de 5% de significância. Apesar de 30 provadores (60%) terem escolhido a amostra de doce de leite diet, não houve preferência pelas amostras, pois o número de preferência para esse doce (igual a 30) foi menor que o mínimo tabelado (igual a 32). Entretanto, pode-se verificar uma tendência dos provadores em escolherem o doce de leite diet. Essa tendência poderia estar relacionada com a melhor cor, melhor impressão global, como mostrou o teste de aceitação (tabela 3), e com a maior intenção de compra (figura 3). 4 Conclusão 0%2% 10% 36% eu certamente não compraria eu provavelmente não compraria tenho dúvidas se compraria eu provavelmente compraria eu certamente compraria De acordo com a avaliação físico-química e sensorial, o doce de leite diet apresentou características semelhantes às do doce de leite convencional. O uso dos ingredientes sucralose, Litesse e Lactitol aumentou a intenção de compra e a aceitação do doce diet para os atributos cor e impressão global, o que é um ponto positivo já que os consumidores procuram produtos diet com características bem semelhantes ao do produto convencional. 24

Referências 1. Soares FD, Brugiolo TC, Malta DS, Sampaio PL, Pinto LC, Vecchi A, Olmi VR. Avaliação físico-química, microbiológica e sensorial do doce de leite com morango. Ind Alimentos 2007 jan/fev;11(67):48-50. 2. Cândido LMB, Campos AM. Alimentos para fins especiais: dietéticos. São Paulo: Livraria Varela; 1996. 3. Pivaro J. Receita saudável para as empresas. Ver. Ind. Lat. 2005 mar/abr;56:12-17. 4. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n. 29, de 30 março de 1998. Regulamento Técnico Referente a Alimentos para Fins Especiais. Disponível em: URL: http://elegis.anvisa.gov.br/ leisref/public/showact.php?id=17213&word=. 5. Oliveira APV, Frasson K, Almeida TCA, Benassi MT. Aceitação de sobremesas lactéas dietéticas e formuladas com açúcar: teste efetivo e mapa de preferência interno. Ciênc Tecnol Aliment 2004 out/dez;24(4):627-33. 6. SABOR e saúde aliados à panicação. Food Ingredients 2005 jan/fev;34:28-30. 7. Bucione A. Alimentos mais saudáveis: light, diet e funcionais. Rev ILCT 2004 jul/ago;59(339):15-19. 8. Association of Official Analytical Chemists - AOAC. Official methods of analysis. 15th ed. Washington: AOAC; 1995. 9. Bligh EG, Dyer WJ. A rapid method of total lipid extraction and purification. Can J Biochem Physiol 1959;37:911-17. 10. Cecchi HM. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. Campinas: Unicamp; 1999. 11. Ferreira VLP, Almeida TCA, Pettinelli MLCV, Silva MAAP, Chaves JBP, Barbosa EMM. Análise sensorial: testes discriminativos e afetivos. Campinas: SBCTA; 2000. Manual: série qualidade. 12. Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria n. 354, de 04 de setembro de 1997. Regulamento técnico Mercosul para fixação de identidade e qualidade de doce de leite. Disponível em: URL: www.agricultura.gov.br. 25