PRÁTICA DE RTD FASE PRÁTICA DO CONCURSO DE NOTAS E REGISTRO



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Transcrição:

SERVENTIAS NOTARIAS E REGISTRAIS Disciplina: Prática TPPJ Prof. Fernando Cândido Data: 12.12.2009 MATERIAL DO PROFESSOR PRÁTICA DE RTD FASE PRÁTICA DO CONCURSO DE NOTAS E REGISTRO As atribuições do RTD o registro Ao Registro de Títulos e Documentos RTD cabe basicamente os atos de registro e averbação enumerados nos artigos 127, 128 e 129 da LRP. Os artigos 127 e 129 detalham os atos de registro. O artigo 128 trata da averbação. Há uma diferença entre os atos de registro dos artigos 127 e 129. A eficácia atribuída pelo registro dos atos enumerados pelo artigo 127 é declaratória e em alguns casos tão somente publicitária. O registro, em qualquer caso, sempre tem os efeitos (i) publicitário, (ii) atestador da autenticidade, (iii) assecuratório ou de segurança, guarda e conservação do documento, e (iv) comprovação da data. Estes são efeitos presentes em qualquer ato de registro e averbação, conforme artigos 1º da Lei 6.015/73 e 8.935/94. Contudo, em relação ao registro dos atos enumerados pelo artigo 129, conforme dispõe a LRP, a eficácia também é constitutiva, isto é, sem o registro tais atos não têm forças perante terceiros. O art. 127 da LRP Conforme artigo 127, cabe ao RTD o registro dos seguintes atos: (i) instrumentos particulares, para a prova das obrigações convencionais de qualquer valor; (ii) penhor comum sobre coisas móveis; (iii) caução de títulos de crédito; (iv) penhor de animais, não compreendido nas disposições do art. 10 da Lei nº 492, de 30-8-1934; (v) contrato de parceria agrícola ou pecuária; (vi) mandado judicial de renovação do contrato de arrendamento para sua vigência, quer entre as partes contratantes, quer em face de terceiros (art. 19, 2º, do Decreto nº 24.150, de 20-4-1934); (vii) facultativo, de quaisquer documentos, para sua conservação; (viii) quaisquer registros não atribuídos expressamente a outro ofício. O artigo 10 da Lei 492/1934 mencionado no artigo 127, IV, da LRP, trata do penhor rural pecuário. Em tese, por tal previsão, o penhor de animais que não se enquadre na Lei 492/34 teria assento no RTD. Todavia, em face do art. 1.438 do CC (que determina registro no RI) há quem entenda que este dispositivo perdeu eficácia. O Decreto 24.150/34 (Lei de Luvas), mencionado no art. 127, VI, da LRP, foi revogado. Regulava as condições e processo de renovação dos contratos de locação de imóveis destinados a fins comerciais ou industriais. 1

O art. 129 da LRP Já na forma do artigo 129, ao RTD cabe a prática dos seguintes atos, para surtir efeitos perante terceiros: (i) contratos de locação de prédios, sem prejuízo do disposto do artigo 167, I, nº 3; (ii) documentos decorrentes de depósitos, ou de cauções feitos em garantia de cumprimento de obrigações contratuais, ainda que em separado dos respectivos instrumentos; (iii) cartas de fiança, feitas por instrumento particular; (iv) contratos de locação de serviços não atribuídos a outras repartições; (v) contratos de compra e venda em prestações, com reserva de domínio ou não, qualquer que seja a forma de que se revistam, os de alienação ou de promessas de venda referentes a bens móveis e os de alienação fiduciária; (vi) todos os documentos de procedência estrangeira, acompanhados das respectivas traduções, para produzirem efeitos em repartições da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios ou em qualquer instância, juízo ou tribunal; (vii) quitações, recibos e contratos de compra e venda de automóveis, bem como o penhor destes, qualquer que seja a forma que revistam; (viii) os atos administrativos expedidos para cumprimento de decisões judiciais, sem trânsito em julgado, pelas quais for determinada a entrega, pelas alfândegas e mesas de renda, de bens e mercadorias procedentes do exterior. (ix) cessão de direitos e de créditos, de sub-rogação e de dação em pagamento. Conforme artigo 129, I, da LRP, os contratos de locação podem ter assento no RTD, mas para dar efeitos à cláusula de vigência perante o adquirente do imóvel, o contrato de locação depende de registro no RI, conforme art. 167, I, nº 3. As atribuições do RTD a averbação Conforme dispõe o artigo 128 da LRP, no RTD, à margem dos respectivos registros, serão averbadas quaisquer ocorrências que os alterem, quer em relação às obrigações, quer em atinência às pessoas que nos atos figurarem, inclusive quanto à prorrogação dos prazos. O que confirma a regra de que o registro é ato praticado sobre um documento principal, à margem do qual serão averbadas suas alterações, complementações, retificações, ratificações e cancelamentos ou distratos. Os livros do RTD Para a execução de suas atribuições, o RTD é organizado com os seguintes livros, todos com 300 folhas: (i) Livro A: livro de protocolo para apontamento de todos os títulos, documentos e papéis apresentados; (ii) Livro B: para transcrição integral de títulos e documentos, ainda que registrados por extrato no livro C; (iii) Livro C: para inscrição por extrato, de títulos e documentos, a fim de surtirem efeitos em relação a terceiros e autenticação de data; (iv) Livro D: indicador pessoal, substituível pelo sistema de fichas, a critério e sob a responsabilidade do Oficial, o qual é obrigado a fornecer as certidões pedidas pelos nomes das partes que figurarem, por qualquer modo, nos livros de registro. Cuidado: os livros B e C do RTD podem ser substituídos pelo sistema de microfilmagem, e o livro D pelo sistema de microficha. 2

Elementos Comuns aos Livros Na parte superior de cada página do livro constará (conforme art. 133 da LRP): (i) o título (Livro de Protocolo, Livro de Registro Integral, Livro de Registro Resumido, Indicador Pessoal); (ii) a letra com o número (Livro A, número 55, por exemplo); (iii) o ano em que começar. Observação: a indicação do ano é feita de forma padrão, na parte superior das páginas do livro (frente e verso). Mas, o ano do lançamento não é elemento dos assentos (pegadinha do concurso de MG). Livro A O livro A, livro de protocolo, é organizado em colunas para as seguintes anotações: (i) número de ordem, contínuo; (ii) dia e mês; (iii) natureza do título e qualidade do lançamento (locação, fiança, etc lançamento integral, lançamento resumido ou averbação); (iv) nome do apresentante; (v) anotações e averbações. Cuidado: no protocolo não consta coluna com o ano do lançamento (pegadinha no concurso de MG). Depois do registro, no protocolo, deve-se indicar o número da página do livro em que foi lançado, mencionando o número e a página de outros livros em que houver qualquer nota ou declaração concernente ao mesmo ato. O apontamento do título, documento ou papel no protocolo será feito seguidamente e de forma imediata. A numeração será sempre individual para cada documento. Porém se a mesma pessoa apresentar simultaneamente diversos documentos da mesma natureza, para lançamentos da mesma espécie (integral ou resumido), serão eles lançados no protocolo de forma conjunta ou englobada. Finalizada a inscrição no protocolo, deve ser traçada uma linha horizontal, separando o lançamento do seguinte. Ao final do expediente diário, o Oficial deve lavrar um termo de encerramento de próprio punho, datado e assinado. Livro B O registro no Livro B, de registro integral, consiste em lançamento por trasladação (reprodução integral e detalhada realizada pelos copistas), e do seu termo constam as seguintes colunas: (i) número de ordem; (ii) dia e mês; (iii) transcrição integral; (iv) anotações e averbações. Antes de cada registro, indica-se no Livro B, o número de ordem, a data do protocolo e o nome do apresentante. Conforme artigo 142 da LRP, o registro integral consiste na trasladação dos documentos apresentados, com: (i) a mesma ortografia e pontuação, (ii) com referência às entrelinhas ou quaisquer acréscimos, alterações, defeitos ou vícios que tiver o original apresentado, (iii) menção precisa aos seus característicos exteriores e às formalidades legais, (iv) a transcrição dos documentos mercantis pode ser feita na mesma disposição gráfica que contiverem, se o interessado assim o desejar. Feita a trasladação, na última linha, será realizado o encerramento, com assinatura 3

do nome por inteiro do Oficial, seu substituto ou escrevente designado. Regra geral de Registros Públicos: nunca, jamais poderá ficar espaço em branco ao final de um registro ou averbação. Uso de impressos ou modelos ou contratos padrão no Livro B Apresentado documento impresso, idêntico a outro já registrado na íntegra no mesmo livro, poderá o registro indicar apenas: (i) o nome das partes contratantes; (ii) as características do objeto; (iii) demais dados constantes dos claros preenchidos, indicando que se trata de impresso padrão conforme registro anterior sob número. Livro C O Livro C, de registro por extrato, é lavrado com as seguintes colunas de declaração: (i) número de ordem; (ii) dia e mês; (iii) espécie e resumo do título; (iv) anotações e averbações. Cuidado: a indicação do ano não é elemento de coluna, seja no livro B, seja no livro C (pegadinha do concurso de MG). Conforme artigo 143 da LRP, o registro resumido consiste nas seguintes indicações: (i) natureza do título, do documento ou papel; (ii) valor, prazo e lugar em que tenha sido feito; (iii) nome e condição jurídica das partes; (iv) nomes das testemunhas; (v) data da assinatura e do reconhecimento de firma por tabelião, se houver, com o nome do Oficial de Notas; (vi) o nome do apresentante; (vii) o número de ordem; (viii) a data do protocolo; (ix) data da averbação; (x) a importância e a qualidade do imposto pago. Depois de lançado, o registro será datado e rubricado pelo Oficial, seu substituto ou escrevente designado. O registro dos contratos de penhor, caução e parceria Conforme art. 144, o registro de contratos de penhor, caução e parceria será feito com os seguintes elementos: (i) nome, profissão e domicílio do credor e do devedor; (ii) valor da dívida, juros, penalidades e vencimento; (iii) especificações dos objetos empenhados; (iv) pessoa em poder de quem ficam; (v) espécie do título (penhor, caução ou parceria); (vi) condições do contrato; (vii) data e número de ordem. Nos contratos de parceria, serão considerados como credor o parceiro proprietário, e como devedor o parceiro cultivador ou criador. 4

Livro D O Livro D ou indicador ou classificador pessoal, que pode ser substituído pelo sistema de fichas, é composto pelos nomes das partes que figurarem, por qualquer modo, nos livros de registros. Cuidado: o advogado da parte não é parte. Portanto, não deve constar do classificador pessoal. O mesmo em relação ao procurador da parte. Comentários aos artigos 127 e 129 da LRP A regra é, e qualquer doutrina de Direito Notarial e Registral afirma que, os atos de registro são relacionados de forma exaustiva, um rol fechado, numerus clausus, enquanto que os atos de averbação são relacionados de forma exemplificativa, um rol aberto ou numeros apertus. Mas, veja a redação do artigo 127, inciso VII e parágrafo único, da LRP: Art. 127. No Registro de Títulos e Documentos será feita a transcrição: VII - facultativo, de quaisquer documentos, para sua conservação. Parágrafo único. Caberá ao Registro de Títulos e Documentos a realização de quaisquer registros não atribuídos expressamente a outro ofício. Portanto, o RTD apresenta duas atribuições excepcionais, conforme dispositivos em comento: (i) para a prática de um registro que atribui tão somente as eficácias (a) publicitária, (b) atestadora de autenticidade, (c) assecuratória ou de segurança, guarda e conservação do documento, e (d) comprovação da data. Pela redação literal no artigo 127, VII, neste registro não está presente a eficácia constitutiva (atribuída no caso de registro de ato enumerado pelo art. 129 da LRP). (ii) competência residual para efetivar qualquer registro não atribuído a outro órgão. Estas atribuições do RTD contrariam a regra de que, em tema de registro, as competências são exaustivas. Trata-se de uma exceção. Assim, o RTD pode registrar qualquer documento para guardá-lo e conservá-lo. O RTD é competente para registrar qualquer documento que não seja atribuído a outro órgão. Qualificação registral Penhor Comum O penhor é um direito real de garantia, e como tal tem por objeto conferir segurança ao credor quanto ao recebimento do valor que lhe cabe, se necessário for com a constrição de um bem do devedor ou de um terceiro oferecido para tanto, seja pela alienação ou pelo uso e fruição. A garantia real permite ao credor a realização da venda daquele bem oferecido, para com o resultado apurado, efetivar o pagamento da obrigação (com exceção da anticrese). O penhor comum é o penhor não regulado por leis especiais ou por dispositivos específicos do CC. O penhor comum, em que há a vinculação de um bem para a satisfação de um crédito, exige a efetiva transferência da posse do bem oferecido como garantia ao credor. O penhor comum, conforme dispõem a LRP e o CC, só se constitui com a efetiva transferência da posse. Mas, ao credor caberá guardar o bem dado em garantia. Com o registro em RTD, o penhor e a caução têm força perante terceiros. Art. 1.431. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação. Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as coisas 5

empenhadas continuam em poder do devedor, que as deve guardar e conservar. Art. 1.432. O instrumento do penhor deverá ser levado a registro, por qualquer dos contratantes; o do penhor comum será registrado no Cartório de Títulos e Documentos. Espécies de Penhor e seu registro O Penhor é especificado conforme o bem oferecido em garantia. São as seguintes as suas modalidades: (i) Penhor Comum (ii) Penhor Rural (o agrícola e o pecuário ou de animais) (iii) Penhor Industrial e Mercantil (iv) Penhor de Veículos (v) Penhor de Títulos de Crédito O penhor rural tem registro no RI (art. 1.438), o mesmo ocorre com o penhor industrial e mercantil (art. 1.448). O penhor de direitos e títulos de crédito tem registro no RTD (art. 1.452), de igual forma se procede em relação ao penhor de veículos (art. 1.462) que tem na alienação fiduciária em garantia seu sucedâneo de uso mais comum, e o penhor comum também depende de registro em RTD (art. art. 127, II, LRP, e 1.432 do CC). O penhor comum é aquele não regulado por disposições especiais. É o caso do penhor de jóias comumente firmado com a CEF. Penhor Qualificação Positiva e Registro Elementos para a qualificação positiva do penhor: (i) o documento apresentado deve ser original; (ii) devidamente subscrito pelas partes credor e devedor pignoratício; (iii) eventual anexo mencionado no texto deve ser juntado para fins de registro; (iv) inexistência da cláusula vedada pelos artigos 1.431, parágrafo único, e 1.452, parágrafo único (regra da transferência da posse no penhor comum e dos documentos comprobatórios dos direitos na caução). E os dados do art.1.424 do CC: (v) valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo; (vi) prazo de pagamento; (vii) taxa dos juros, se houver; (viii) bem dado em garantia com as suas especificações. O lançamento segue o art. 144 da LRP, e o registro do penhor, da caução e da parceria é feito com os seguintes elementos: (i) nome, profissão e domicílio do credor e do devedor; (ii) valor da dívida, juros, penalidades e vencimento; (iii) especificações dos objetos empenhados; (iv) pessoa em poder de quem ficam; (v) espécie do título (penhor ou caução ou parceria); (vi) condições do contrato; (vii) data e número de ordem. Qualificação registral Atas de Condomínio As atas de condomínio são registradas no RTD para atender a regra do artigo 221 do CC, que diz: Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações 6

convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público. Assim, enquanto não registrada em RTD a ata de condomínio não produz efeitos em relação a terceiros, especialmente os condôminos ausentes. Ficam ressalvados os casos de instituição do condomínio, aprovação e modificação de convenção, que devem ser levados ao RI. Veja o exemplo de uma ata de condomínio que delibera sobre o aumento da taxa condominial. Enquanto não inscrita em RTD, os efeitos do aumento não alcançam os condôminos ausentes. Quais as formalidades para o arquivamento de ata de condomínio? O Oficial deve verificar se: (i) o documento apresentado é original; (ii) devidamente subscrito pelo presidente e pelo secretário da mesa diretiva dos trabalhos; (iii) eventual anexo mencionado no texto deve ser juntado à ata para registro (em especial a lista de presença e a convocação). Qualificação registral Documentos de origem estrangeira São dois os principais dispositivos que tratam dos documentos de origem estrangeira e seu registro na LRP. No que concerne ao RTD, vejamos ambos: Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para surtir efeitos em relação a terceiros: 6º) todos os documentos de procedência estrangeira, acompanhados das respectivas traduções, para produzirem efeitos em repartições da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios ou em qualquer instância, juízo ou tribunal; Art. 148. Os títulos, documentos e papéis escritos em língua estrangeira, uma vez adotados os caracteres comuns, poderão ser registrados no original, para o efeito da sua conservação ou perpetuidade. Para produzirem efeitos legais no País e para valerem contra terceiros, deverão, entretanto, ser vertidos em vernáculo e registrada a tradução, o que, também, se observará em relação às procurações lavradas em língua estrangeira. Parágrafo único. Para o registro resumido, os títulos, documentos ou papéis em língua estrangeira, deverão ser sempre traduzidos. Como se pode notar, algumas são as hipóteses de registro de documento estrangeiro enumeradas pela LRP: (i) Primeiro a LRP deixa claro que, para surtir efeitos perante terceiros o documento estrangeiro deve ser registrado (art. 129, 6º, e art. 148, 2ª parte). (ii) Segundo, para esse registro de efeitos constitutivos perante terceiros, a tradução juramentada é obrigatória (art. 148, 2ª parte). (iii) Para guarda e conservação, os documentos estrangeiros podem ser registrados mesmo sem a tradução, desde que adotados caracteres comuns (art. 148, 1ª parte, e art. 127, VII). (iv) Para registro no Livro C (registro por extrato ou resumido), o título sempre deve ser traduzido. O que se pode entender por caracteres comuns? Trata-se do tipo de alfabeto usado no Brasil e no mundo ocidental. O alfabeto latino, também conhecido como alfabeto romano, é o sistema de escrita alfabética mais utilizado no mundo, e é o alfabeto utilizado para 7

escrever a língua portuguesa e a maioria das línguas da Europa ocidental e central e das áreas colonizadas por europeus (fonte wikipédia). Em outras palavras, o documento preparado no alfabeto cirílico (Rússia), no oriental (China e Japão), no árabe ou no grego, como exemplos, não encontram assento do RTD sem tradução, ainda que o pedido seja de registro para meros fins de guarda e conservação (art. 127, VII). No entanto, outra formalidade deve ainda ser atendida para a qualificação registral positiva do documento de origem estrangeira, para fins de registro com efeitos constitutivos. Trata-se da consularização (reconhecimento de firma e cargo ou autenticação efetivada pelo Cônsul brasileiro no país de origem do documento). A consularização tem fundamento nos regulamentos para o serviço consular brasileiro, e no Decreto nº 84.451/80, art. 1º. Alguns países, por tratado ou acordo com o Brasil, têm seus documentos originários dispensados da consularização. São eles a França (art. 30 do Decreto Federal 91.207/85), Argentina, Paraguai e Uruguai, por força do Protocolo de Las Leñas (Decreto 2.067/96 e Decreto Legislativo 55/95) e que formavam com o Brasil o bloco de países do Mercosul original. Há ainda quem inclua a Itália e a Espanha, mas com duvidosa fundamentação. Em conclusão, pode-se afirmar que, para o registro do documento estrangeiro, para atribuir efeitos perante terceiros, a qualificação registral deve averiguar: (i) Documentos originais, tanto o estrangeiro, quanto a tradução; (ii) Tradução pública juramentada (aquela preparada por tradutor devidamente inscrito na Junta Comercial ou o ad hoc). (iii) Consularização (autenticação ou reconhecimento de firma e cargo efetivado pelo Cônsul brasileiro no país de origem do documento estrangeiro). IN 84/2000 do DNRC, art. 10: Somente na falta ou impedimento de Tradutor Público e Intérprete Comercial para determinado idioma, poderá a Junta Comercial, para um único e exclusivo ato, nomear tradutor e intérprete ad hoc. (art. 10 da IN 84/2000 do DNRC, art. 32, I, da Lei 8.934/94 a nomeação depende da subscrição de compromisso conforme legislação citada). Era o caso do idioma holandês até algum tempo na cidade de SP. Qualificação registral Das procurações Cuidado com as procurações, pois conforme regra do CC, os instrumentos de mandato devem ter a firma do outorgante reconhecida apenas quando o terceiro, a quem se apresente, assim o requeira. Confira a regra do artigo 654, parágrafo 2º, do CC: Art. 654. Todas as pessoas capazes são aptas para dar procuração mediante instrumento particular, que valerá desde que tenha a assinatura do outorgante. 1 o O instrumento particular deve conter a indicação do lugar onde foi passado, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos. 2 o O terceiro com quem o mandatário tratar poderá exigir que a procuração traga a firma reconhecida. No entanto, por regra do artigo 158 da LRP, para ingresso no RTD as procurações sempre devem ter a firma do outorgante reconhecida: Art. 158. As procurações deverão trazer reconhecidas as firmas dos outorgantes. 8

Outra regra interessante do CC é que as procurações lavradas por instrumento público podem ser substabelecidas por instrumento particular: Art. 655. Ainda quando se outorgue mandato por instrumento público, pode substabelecer-se mediante instrumento particular. Para o registro de procurações, o Oficial deve verificar se: (i) o documento apresentado é original; (ii) devidamente subscrito pelo outorgante, com sua firma reconhecida; (iii) eventual revogação de mandato anterior, quando então deve ser feita averbação ao ato revogado; (iv) eventual anexo mencionado no texto deve ser juntado para fins de registro; (v) indicação do lugar onde foi passada, a qualificação do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos (art. 654, p. 1ª, do CC). Cuidado para não efetivar registro de procurações por instrumento particular, quando a forma exigida pela lei seja a pública. Exemplo da procuração para a venda e compra imobiliária de valor superior a 30 salários, lembrar também da procuração para a celebração do casamento. Qualificação registral Alienação Fiduciária em Garantia Conforme Decreto-lei 911/69 e art. 129, 5º, da LRP, os contratos (normalmente o mútuo ou financiamento) com alienação fiduciária em garantia, devem ser registrados em RTD para produção de efeitos perante terceiros, especialmente frente a possíveis adquirentes do objeto da garantia. Ocorre que, a prática, decisões judiciais e finalmente o CC, atribuíram ao registro na repartição de trânsito, a função de dar eficácia à garantia fiduciária sobre o automóvel, em relação a terceiros, por lançamento do gravame no certificado de registro do auto. Por outro lado, o CC, ao regular o instituto da propriedade fiduciária de outros bens que não somente os automóveis, obriga ao registro em RTD com efeitos constitutivos. Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor. 1 o Constitui-se a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento, fazendo-se a anotação no certificado de registro. 2 o Com a constituição da propriedade fiduciária, dá-se o desdobramento da posse, tornando-se o devedor possuidor direto da coisa. 3 o A propriedade superveniente, adquirida pelo devedor, torna eficaz, desde o arquivamento, a transferência da propriedade fiduciária. Assim, a garantia fiduciária sobre automóveis depende de registro na repartição competente para licenciamento. É o chamado sistema de gravame das repartições de trânsito. Já a constituição da garantia fiduciária sobre demais bens móveis infungíveis, depende do registro no RTD. Em relação aos imóveis, o documento deve ser levado ao RI (Lei 9.514/97). Ao Oficial do RTD cabe, no momento da qualificação registral, verificar se o contrato contém os seguintes elementos (incluindo aqueles exigidos pelo artigo 1.362 do CC): (i) o documento apresentado deve ser original; (ii) devidamente subscrito pelas partes (credor, devedor e eventuais fiadores); (iii) total da dívida, ou sua estimativa; 9

(iii) prazo ou época do pagamento; (iv) taxa de juros, se houver; (v) descrição da coisa objeto da transferência, com os elementos indispensáveis à sua identificação; (vi) não se admite cláusula que autorize o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento (nulidade de objeto); (vii) eventual anexo mencionado no texto deve ser juntado para fins de registro. Atenção: o STF pacificou entendimento de que não cabe a prisão civil resultante da conversão da alienação fiduciária em garantia em ação de depósito (conversão da ação de busca e apreensão que depende da constituição do devedor em mora pela entrega de notificação via RTD ou protesto, em ação de depósito). Das notificações procedimento e prazos Por notificação, de uma forma mais comum, entende-se a carta registrada e enviada pelo RTD ao seu destinatário, para fins de comprovação de entrega. Porém, mais tecnicamente, notificação é o ato de dar nota de um registro ou averbação efetivado nos livros do RTD, aos terceiros ou demais partes do documento, atendendo à requisição do apresentante. Art. 160. O oficial será obrigado, quando o apresentante o requerer, a notificar do registro ou da averbação os demais interessados que figurarem no título, documento, ou papel apresentado, e a quaisquer terceiros que lhes sejam indicados, podendo requisitar dos oficiais de registro em outros Municípios, as notificações necessárias. Por esse processo, também, poderão ser feitos avisos, denúncias e notificações, quando não for exigida a intervenção judicial. 1º Os certificados de notificação ou da entrega de registros serão lavrados nas colunas das anotações, no livro competente, à margem dos respectivos registros. 2º O serviço das notificações e demais diligências poderá ser realizado por escreventes designados pelo oficial e autorizados pelo Juiz competente. Do artigo 160 da LRP consta a regra da territorialidade da competência do RTD para a efetivação das notificações. Em outras palavras, quando o destinatário da notificação residir em comarca diversa daquela para a qual é competente o Oficial que registrou o documento, este deverá requisitar a entrega ao RTD do domicílio do destinatário. A regra da territorialidade, na prática, provocou bastante polêmica entre os RTD de todo o Brasil, por conta da possibilidade de remessa do documento destinado à notificação pelo Correio, pelo sistema de Aviso de Recebimento AR. No entanto, esta prática já foi coibida pelos órgãos correcionais de alguns Estados, como exemplos São Paulo e Minas Gerais. A entrega dos documentos apresentados para notificação é realizada por escreventes, normalmente chamados notificadores. É norma estadual que define o número de diligências e o prazo para a realização de cada uma. Em SP são 3 as diligências, no prazo máximo de 30 dias, quando então a notificação deverá ser certificada. Em SP, o prazo para a realização da 1ª diligência é de 15 dias. Ao final do prazo demarcado pela regulamentação estadual, deverá o escrevente notificador preparar um relatório do ocorrido nas tentativas de entrega. Trata-se do certificado da notificação, que será averbado à margem do registro. Curiosidade: na Argentina admite-se que o serviço de notificação envolva não apenas documentos, mas também coisas. No Brasil, a notificação refere-se ao registro de títulos e documentos, e não de objetos. 10

Da averbação do cancelamento O cancelamento de registro em RTD por falha do processo de registro, ou por nulidade do ato ou negócio jurídico depende obrigatoriamente de decisão judicial. No entanto, pode ocorrer um cancelamento em virtude da quitação da obrigação materializada no título ou por termo de exoneração, quando então, os respectivos documentos serão averbados à margem do registro a que se referem. Assim determinam os artigos 164 a 166 da LRP: Art. 164. O cancelamento poderá ser feito em virtude de sentença ou de documento autêntico de quitação ou de exoneração do título registrado. Art. 165. Apresentado qualquer dos documentos referidos no artigo anterior, o oficial certificará, na coluna das averbações do livro respectivo, o cancelamento e a razão dele, mencionando-se o documento que o autorizou, datando e assinando a certidão, de tudo fazendo referência nas anotações do protocolo. Parágrafo único. Quando não for suficiente o espaço da coluna das averbações, será feito novo registro, com referências recíprocas, na coluna própria. Art. 166. Os requerimentos de cancelamento serão arquivados com os documentos que os instruírem. Exemplo de lançamento no Livro A Protocolo O livro A, livro de protocolo, é organizado em colunas para as seguintes anotações: (i) número de ordem, contínuo; (ii) dia e mês; (iii) natureza do título e qualidade do lançamento (locação, fiança, etc lançamento integral, lançamento resumido ou averbação); (iv) nome do apresentante; (v) anotações e averbações. Depois do registro, deve-se indicar, no protocolo, o número da página do livro em que foi lançado, mencionando o número e a página de outros livros em que houver qualquer nota ou declaração concernente ao mesmo ato. Finalizada a inscrição no protocolo, deve ser traçada uma linha horizontal, separando o lançamento do seguinte. Todo e qualquer livro do RTD, terá na parte superior de cada página (conforme art. 133 da LRP): (i) o título (Livro de Protocolo, Livro de Registro Integral, Livro de Registro Resumido, Indicador Pessoal); (ii) a letra com o número (Livro A, número 55, por exemplo); (iii) o ano em que começar. Veja o exemplo do expediente do dia 07 de dezembro de 2009 em que foram apresentados 4 documentos: (i) um contrato de locação, apresentado por Fernando Candido (locador) para registro integral. Manoel Pereira é o locatário; (ii) uma fiança apresentada por Manoel Pereira para registro resumido, afiançado Joaquim Pereira; (iii) uma carta para notificação por Joaquim Pereira para registro integral (destinatário Fernando Candido); (iv) distrato da locação 1, apresentada por Fernando Candido para averbação. Manoel Pereira é o locatário. 11

LIVRO DE PROTOCOLO LIVRO A - nº 01 2009 ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Nº de Ordem Dia e mês Natureza do Doc. Lançamento Apresentante Anotações Livro e Folha 1 07/12 Cto. de Locação Integral Fernando Candido L B, f. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 2 07/12 Carta de Fiança Resumido Manoel Pereira L C, f. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3 07/12 Carta Notificação Integral Joaquim Pereira L B, f. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 4 07/12 Distrato Averbação Fernando Candido avb. nº 1 L B, f. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: no exemplo não consta, porém deverá ser lançada anotação, no registro nº1, da averbação do distrato. Portanto, no campo Anotações do registro nº 1, entraria uma remissão à avb. nº 4. Exemplo de assento no Livro B Registro Integral O registro no Livro B, de registro integral, é feito por trasladação (reprodução integral e detalhada realizada pelos copistas). Do seu termo constam as seguintes colunas: (i) número de ordem; (ii) dia e mês; (iii) transcrição integral; (iv) anotações e averbações. Antes de cada registro, indica-se no Livro B, o número de ordem, a data do protocolo e o nome do apresentante. Conforme artigo 142 da LRP, o registro integral consiste na trasladação dos documentos apresentados, com: (i) a mesma ortografia e pontuação, (ii) com referência às entrelinhas ou quaisquer acréscimos, alterações, defeitos ou vícios que tiver o original apresentado, (iii) menção precisa aos seus característicos exteriores e às formalidades legais, (iv) a transcrição dos documentos mercantis pode ser feita na mesma disposição gráfica que contiverem, se o interessado assim o desejar. Feita a trasladação, na última linha, será realizado o encerramento, com assinatura do nome por inteiro do Oficial, seu substituto ou escrevente designado. Regra geral de Registros Públicos: nunca, jamais poderá ficar espaço em branco ao final de um registro ou averbação. Exemplo: expediente do dia 07 de dezembro de 2009 em que foi apresentada uma carta para notificação por Joaquim Pereira para registro integral (destinatário Fernando Candido). Protocolada sob número 3 no Livro A nº 01. 12

Vitória, 05 de setembro de 2009. Ao senhor Fernando Candido Rua da Ladeira, 5 Vitória Espírito Santo CEP 000-000 NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL Caro destinatário, conforme é de seu conhecimento, o contrato de comodato por nós celebrado em 05 de janeiro de 2002, sem prazo determinado, pode ser rescindido unilateralmente, tendo em vista a redação da cláusula terceira do instrumento, que prevê a possibilidade de denúncia mediante aviso com 60 dias de antecedência. Pelo exposto, serve a presente para notificá-lo da resilição do contrato de comodato firmado em 05 de janeiro de 2002, tendo por objeto o imóvel da rua da Ladeira, número 5, Vitória, Espírito Santo, e com fundamento na cláusula 3ª., já mencionada, notificálo a desacupar o imóvel no prazo de 60 dias do recebimento da presente. Sem mais, Joaquim Pereira Joaquim Pereira - Comodante 13

LIVRO DE REGISTRO INTEGRAL LIVRO B - nº 01 2009 --------------------------------------------------------------------------------------------------- Nº de Ordem Dia e mês Transcrição Integral do Documento Anotações/averb. 1 07/09 Em dia, mês e ano, neste Registro de Títulos e Documentos do Município e Comarca de, compareceu, na qualidade de apresentante, o senhor Joaquim Pereira, que requereu o presente Registro Integral de uma Carta para Notificação do senhor Fernando Candido. A referida Carta Notificação foi inscrita no Livro de Protocolo, Livro A, número um, sob o número de ordem três, e registrada no presente Livro B, número um, sob número um, em expediente de sete de setembro de dois mil e nove, sendo trasladada conforme segue: Vitória, 05 de setembro de 2009. Ao senhor Fernando Candido Rua da Ladeira, 5 Vitória Espírito Santo CEP 000-000 NOTIFICAÇÃO EXTRAJUDICIAL Caro destinatário, conforme é de seu conhecimento, o contrato de comodato por nós celebrado em 05 de janeiro de 2002, sem prazo determinado, pode ser rescindido unilateralmente, tendo em vista a redação da cláusula terceira do instrumento, que prevê a possibilidade de denúncia mediante aviso com 60 dias de antecedência. Pelo exposto, serve a presente para notificá-lo da resilição do contrato de comodato firmado em 05 de janeiro de 2002, tendo por objeto o imóvel da rua da Ladeira, número 5, Vitória, Espírito Santo, e com fundamento na cláusula 3ª., já mencionada, notificálo a desacupar o imóvel no prazo de 60 dias do recebimento da presente. Sem mais, Joaquim Pereira Comodante. Consta assinatura do notificante. Nada mais. Lido e achado conforme, eu, Oficial Delegado, lavrei e assino. Emolumentos recolhidos na forma da lei (discriminação das parcelas: Oficial, Estado, Previdência, Tribunal de Justiça, Registro Civil).------------------------------- -------------------------------------------------------- -------------------------------------------------------- 14

Exemplo de assento do Livro C Registro Resumido ou por Extrato O Livro C, de registro por extrato, é lavrado com as seguintes colunas de declaração: (i) número de ordem; (ii) dia e mês; (iii) espécie e resumo do título; (iv) anotações e averbações. Conforme artigo 143 da LRP, o registro resumido consiste nas seguintes indicações: (i) natureza do título, do documento ou papel; (ii) valor, prazo e lugar em que tenha sido feito; (iii) nome e condição jurídica das partes; (iv) nomes das testemunhas; (v) data da assinatura e do reconhecimento de firma por tabelião, se houver, com o nome do Oficial de Notas; (vi) o nome do apresentante; (vii) o número de ordem; (viii) a data do protocolo; (ix) data da averbação; (x) a importância e a qualidade do imposto pago. Exemplo: expediente do dia 07 de dezembro de 2009 em que foi apresentada uma fiança por Manoel Pereira para registro resumido, afiançado Joaquim Pereira. A carta de fiança foi lançada no Protocolo sob número de ordem 2. Elementos do assento, conforme artigo 143 da LRP: (i) natureza do documento: Carta de Fiança; (ii) valor, prazo e lugar em que tenha sido feito; (iii) nome e condição das partes: Manoel Pereira na qualidade de fiador e na condição de afiançado Joaquim Pereira; (iv) nomes das testemunhas; (v) data da assinatura e do reconhecimento de firma por tabelião, se houver, com o nome do Oficial de Notas; (vi) apresentada por Manoel Pereira; (vii) inscrita no protocolo, Livro A nº 01, sob o número de ordem 2, e registrada no Livro C sob número 1; (viii) data do protocolo: 07/09/2009; (ix) data da averbação (se for o caso); (x) a importância e a qualidade do imposto pago. LIVRO DE REGISTRO POR EXTRATO LIVRO C - nº 01 2009 -------------------------------------------------------------------------------------------------- Nº de Ordem Dia e mês Natureza e Resumo do Documento Anotações/averb. 1 07/09 Em dia, mês e ano, neste Registro de Títulos e Documentos do Município e Comarca de, compareceu, na qualidade de apresentante, o senhor Manoel Pereira, que requereu a presente Inscrição por Extrato de uma Carta de Fiança no valor de reais, subscrita pelo prazo de na cidade de pelo senhor Manoel Pereira na qualidade de fiador e por Joaquim Pereira na condição de afiançado, compareceram ainda na qualidade de testemunhas, do instrumento que foi por todos assinado em dia, mês e ano, e a firma do fiador reconhecida pelo Tabelião de Notas da Cidade e Comarca de, Oficial delegado senhor. A referida carta de fiança foi apresentada a esta serventia de Registro pelo 15

senhor Manoel Pereira e inscrita no Livro de Protocolo, Livro A número um, sob o número de ordem dois, e registrada no presente Livro C, número um, sob número um, em expediente de sete de setembro de dois mil e nove, e averbada no expediente de dia, mês e ano, ao registro número, do Livro. Lido e achado conforme, eu, Oficial Delegado, lavrei e assino. Emolumentos recolhidos na forma da lei (discriminação das parcelas: Oficial, Estado, Previdência, Tribunal de Justiça, Registro Civil). ------------------------------ ------------------------------------------------------ 16

Exemplo de lançamentos no Livro D Classificador Pessoal O Livro D ou indicador ou classificador pessoal, que pode ser substituído pelo sistema de fichas, é composto pelos nomes das partes que figurarem, por qualquer modo, nos livros de registros. Cuidado: o advogado da parte não é parte. Portanto, não deve constar do classificador pessoal. Este livro consiste em lançamentos dos nomes das partes, livro e número de registro. Veja o mesmo exemplo do expediente do dia 07 de dezembro de 2009 em que foram apresentados 4 documentos: (i) um contrato de locação, apresentado por Fernando Candido (locador) para registro integral. Manoel Pereira é o locatário; (ii) uma fiança apresentada por Manoel Pereira para registro resumido, afiançado Joaquim Pereira; (iii) uma carta para notificação por Joaquim Pereira para registro integral (destinatário Fernando Candido); (iv) distrato da locação 1, apresentada por Fernando Candido para averbação. Manoel Pereira é o locatário. LIVRO INDICADOR PESSOAL LIVRO D - nº 01 2009 Nome Livro Registro ----------------------------------------------------------------------------------------- Fernando Candido L B nº,, Joaquim Pereira L B nº L C nº, Manoel Pereira L B nº L C nº,,

PARA ANOTAÇÃO: ELEMENTOS DA QUALIFICAÇÃO REGISTRAL POSITIVA NO RTD 1 O documento sempre deve ser original. Não se admite registro ou averbação de cópias ainda que autenticadas. 2 O documento deve conter as assinaturas das partes, inclusive eventuais fiadores. 3 Sempre deve se verificar a indicação de anexo ao texto do documento apresentado. Este anexo deverá ser juntado ao título (regra diretriz da integralidade documental, pela qual não se admite a inscrição de parte de documento, mas do seu inteiro teor). 4 Por fim, ao Oficial do RTD caberá a verificação de formalidade adicional determinada pela lei ou normas regulamentares locais para o ato que se pretende inscrever. QUESTÕES 1 No RTD de Brasília do qual você é Oficial foi apresentada uma certidão de nascimento para registro. A certidão refere-se à cidade Criciúma, Santa Catarina. O requerente requer o registro na forma do art. 127, VII, da LRP. Qual a sua qualificação, positiva ou negativa? 2 No RTD do qual você é Oficial, o sistema de registro utilizado era o de livros, por escrituração manual, na forma da LRP. Por ato do órgão correcional local, você foi autorizado e implantou o sistema de microfilmagem em substituição aos livros B e C. Qual será o 1º número de registro? Segue-se a sequência dos livros B e C? Qual deles? Ou será lançado o número 1 de registro em microfilme? 3 No RTD do qual você é Oficial foi apresentado um compromisso de venda e compra de um imóvel, do instrumento não consta cláusula de irrevogabilidade e foi juntado requerimento para registro na forma do artigo 127, VII, da LRP, dando conta da ciência das partes que os efeitos do registro em RTD não são aqueles da inscrição no RI. A sua qualificação seria positiva? 4 A fase prática do concurso para notários e registradores requer a preparação de um assento de registro de um Compromisso de Constituição de Consórcio. Há possibilidade de registro? Em qual serventia?

QUESTÕES DO RCPJ DA SEMANA PASSADA 1 Foi apresentada ao RCPJ do qual você é Oficial uma ata de assembleia de destituição do vice-presidente, do tesoureiro e de alteração de sede. A convocação indica como pauta a alteração dos quadros do órgão diretivo. Qual o seu procedimento? 2 Foi apresentada uma ata de assembléia de aprovação de contas realizada em setembro de 2009. Já se encontra pendente (prenotação com exigência) a averbação da eleição da administração referente ao mandato outubro de 2009 a outubro de 2012. A qualificação da ata de aprovação de contas seria positiva? Justifique. 3 É apresentado na Serventia da qual você é Oficial, um contrato social de uma sociedade em conta de participação para registro. Qual o seu procedimento? 4 Qual o prazo legal que a sociedade simples limitada pode permanecer unipessoal? Ultrapassado tal prazo, o sócio remanescente apresenta uma alteração recompondo a pluralidade de sócios. Há possibilidade de averbação? Justifique.