DIAGNÓSTICO DO CULTIVO DE MILHO TRANSGÊNICO NO MUNICÍPIO DE CARVALHÓPOLIS

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Transcrição:

5ª Jornada Científica e Tecnológica e 2º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 06 a 09 de novembro de 2013, Inconfidentes/MG DIAGNÓSTICO DO CULTIVO DE MILHO TRANSGÊNICO NO MUNICÍPIO DE CARVALHÓPOLIS Túlio M. TEMPESTA 1 ;Murilo de SOUZA 2 ;Patrícia O. A. VEIGA 3 ; André D. VEIGA 4 RESUMO Para o plantio de plantas transgênicas no Brasil, é preciso respeitar distância mínima de uma lavoura transgênica para uma lavoura convencional, além da utilização refúgio para que os insetos pragas não se adaptem as novas tecnologias. Com isto objetivou-se com este trabalho fazer uma análise detalhada da situação atual do plantio de milho transgênico na região de Carvalhópolis/MG, além de divulgação das técnicas corretas para a utilização segura dos materiais geneticamente modificados. INTRODUÇÃO Em 2012 o Brasil ocupou a segunda posição no mundo quanto a área com lavouras geneticamente modificadas (GM), perdendo somente para os Estados Unidos. Nesse ano o Brasil plantou 36,6 milhões de hectares de lavouras GM, aumentando sua área cultivada com transgênicos mais do que em qualquer outro país no mundo, caracterizando um aumento recorde de 6,3 milhões de hectares, sendo responsável por 21% da área cultivada mundial de 170 milhões de hectares (JAMES, 2012). Os organismos transgênicos são organismos que, mediante técnicas de engenharia genética, contêm materiais genéticos de outros organismos visando características novas ou melhoradas relativamente ao organismo original, sendo que para o milho já está aprovado no nosso país a tecnologia BT (Bacillus thuringiensis) e o milho tolerante a herbicidas (glifosato e glufosanato), bem como a junção destas duas tecnologias. O milho BT confere à planta proteção natural a larvas de certos 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Machado. Machado/MG, email: tuliotempesta@hotmail.com; 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Machado. Machado/MG, email: murilosouzaagro@hotmail.com. 3 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Machado. Machado/MG, email: paalvim@hotmail.com. 4 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Machado. Machado/MG, email: paalvim@hotmail.com.

insetos, tornando praticamente desnecessário o controle destes por meio de pesticidas normalmente neurotóxicos, de alta agressividade ambiental, que em culturas não transgênicas são utilizados em larga escala. Para o plantio de plantas transgênicas no Brasil, é preciso respeitar e aderir algumas normas para aqueles produtores convencionais que não desejam se contaminar com material geneticamente modificado, por esta razão a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) determinou que, para as liberações comerciais, conforme Resolução Normativa nº 4 (BRASIL, 2007) a distância entre lavouras GM e convencionais vizinhas deve ser igual ou superior a 100 m ou, alternativamente, 20 m, desde que acrescida de bordadura com, no mínimo, dez fileiras de plantas de milho convencional de porte e ciclo vegetativo similar ao milho transgênico. Além deste cuidado é recomendado implantar em áreas cultivadas com transgênicos com resistência à insetos uma área conhecida como refúgio que consiste no plantio de pelo menos 10% de milho não Bt a menos de 800 metros da área a ser plantada com milho Bt. O objetivo do refúgio é reduzir a probabilidade de que os insetos-alvo desenvolvam resistência à proteína inseticida Bt, aumentando assim a longevidade desta importante tecnologia. Por esses motivos é necessário a realização de um trabalho no âmbito de avaliar a situação atual do cultivo do milho geneticamente modificado na região de Carvalhópolis/MG, pois esta região se caracteriza por pequenos agricultores que não possuem acesso facilitado à informações. Objetivou-se com este trabalho fazer uma análise detalhada da situação atual do plantio de milho transgênico na região de Carvalhópolis/MG, além de divulgação das técnicas corretas para a utilização segura dos materiais geneticamente modificados. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no município de Carvalhópolis/MG em parceria firmada com o escritório local da Emater, como uma das ações previstas no convênio assinado entre o IFSULDEMINAS e a Emater-MG. Primeiramente, através de uma conversa com o Técnico Ricardo Morais ficou estabelecido o universo de atuação, sendo que no município de trabalho existem cerca de 20 produtores de milho que utilizam variedades transgênicas, dentro de uma totalidade de 100 produtores de milho.

Foram aplicados questionários, aos vinte produtores pré-selecionados para formular o diagnóstico com detalhes do cultivo de milho transgênico na região em questão. O preenchimento do questionário aconteceu na propriedade de cada agricultor onde se teve o auxilio do técnico da Emater. Os produtores foram avaliados principalmente com relação ao cumprimento das normas estabelecidas para os organismos geneticamente modificados, como refúgio e coexistência. Após os agricultores responderem as perguntas do questionário esclarecíamos as suas dúvidas quanto aos transgênicos e os conscientizávamos sobre a importância da realização das técnicas corretas para a utilização de milho geneticamente modificado, prevalecendo sempre a área de refúgio e a área de coexistência. Os resultados foram avaliados através da realização de reuniões mensais com a participação dos acadêmicos, professores integrantes do projeto e técnicos da Emater, com objetivo de solucionar problemas, traçar metas e avaliar o andamento das atividades. Além disso, todos os dados serão dispostos em gráficos e será elaborado com o término do trabalho um boletim técnico para orientação dos produtores da região estudada. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram entrevistados 20 produtores de milho transgênico no município de Carvalhópolis, deste total apenas 40% sabiam o que era o organismo geneticamente modificado, onde todos os produtores entrevistados utilizassem o evento transgênico resistência a insetos (Bt). O milho Bt é caracterizado pela inserção na planta de um ou mais genes da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), que induz a produção de uma ou mais proteínas tóxicas para determinadas pragas. O nível de controle obtido nas plantas Bt é maior do que os obtidos por métodos convencionais, reduzindo ou eliminando a demanda pelo controle químico, o qual pode apresentar falhas frequentes gerando resíduos tóxicos nos produtos obtidos e causar contaminações ambientais com riscos para agricultores e consumidores (WAQUIL, 2003). Devido a frequentes falhas no controle da lagarta do cartucho do milho pelos métodos convencionais, e à eficiência do controle promovido pelo milho-bt (MENDES e WAQUIL, 2009) a aceitação dos produtores foi rápida. Após o lançamento do milho Bt no mercado brasileiro, em 2008, bastaram apenas três anos

para essa tecnologia ser utilizada em cerca, 44,4% na área de verão e 75,0% na safrinha (MENDES et al., 2011). Dentre os benefícios citados acima, 75% dos produtores afirmaram que com a utilização do milho transgênico houve uma diminuição na aplicação de defensivos, pois tradicionalmente o controle de tal praga é realizado com base em inseticidas químicos que podem trazer consequências negativas em termos de toxicidade ao homem, animais e ao meio-ambiente em geral e muitas vezes não trás um controle tão efetivo quanto a utilização dos transgênicos (BUSATO et al., 2005). Outro ponto observado é que 60% dos produtores afirmaram que houve um aumento da produtividade na área quando utilizaram o milho geneticamente modificado, pois a utilização do milho Bt garante uma proteção a planta em todo seu ciclo vegetativo. Quando comparado ao milho convencional se você detectar um ataque de pragas até o estádio V8 é possível realizar aplicações de inseticida, entretanto, nos estádios mais avançados, não é possível entrar novamente na área devido às plantas já possuírem um porte alto e a entrada de máquinas na lavoura nesse estádio irá provocar danos, ressaltando que muitas vezes as altas infestações desta praga ocorrem nesses estádios causando uma redução expressiva da área foliar, diminuindo o tamanho das plantas, e podendo ainda ocasionar diminuição no stand final de plantas, o que em muitos casos causa uma redução na produtividade da área por não conseguir realizar o controle de tal pragas. A diminuição do custo de produção com a utilização do milho Bt, foi outro fator apontado por 55% dos produtores entrevistados, pois a utilização dessa tecnologia trouxe uma grande facilidade no manejo, já que para realizar as pulverizações de controle das principais pragas, muitos desses produtores precisavam alugar máquinas, e então com a utilização do milho transgênico não há mais necessidade deste gasto bem como o da compra de inseticidas. Quanto a área de refúgio 65% dos produtores não fizeram o uso dessa técnica, sendo que o principal risco associado a não adoção da mesma é a rápida seleção de indivíduos ou raças das pragas-alvo resistentes às toxinas Bt. Dentre esses produtores 69% relataram o desconhecimento desta técnica, e 31% alegavaram dificuldades em comprar a semente convencional, pois haveria um desperdício muito grande de sementes devido as áreas serem pequenas. No refúgio a praga alvo possui condições de sobrevivência e reprodução, sem ser exposta à pressão de seleção da proteína inseticida expressa na planta Bt. O objetivo do

refúgio é sincronizar os cruzamentos de possíveis adultos sobreviventes à proteína inseticida com insetos ainda suscetíveis provenientes da área de refúgio, num esforço de preservar na descendência dos cruzamentos a suscetibilidade à proteína transgênica, com consequente manutenção dos benefícios da tecnologia Bt (BOURGUET et al., 2005) A maior limitação encontrada no desenvolvimento deste trabalho foi o desconhecimento dos produtores quanto às normas de Coexistência. A Resolução Normativa nº4 da CTNBio, de 16 de agosto de 2007, estabelece distâncias mínimas obrigatórias para coexistência entre a lavoura transgênica e a convencional do vizinho. A distância entre uma lavoura comercial de milho geneticamente modificado e outra de milho convencional, localizada em área vizinha, deve ser igual ou superior a 100 metros, com a alternativa de uma distância de 20 metros, desde que, acrescida de uma bordadura com pelo menos 10 linhas de plantas de milho convencional, de porte e ciclo vegetativo similar ao milho geneticamente modificado. O objetivo desse isolamento é propiciar tanto ao produtor de transgênico quanto ao de convencional, oportunidade de manter seus produtos diferenciados. Durante a entrevista foi explicado aos produtores o que era um organismo transgênico, o que era área de refugio e coexistência e a importância de cada uma dessas, conscientizando os mesmos sobre a importância de cada um deles realizarem essas técnicas, para a conservação dos eventos de resistência a insetos e também da importância de utilizarem a área de coexistência para dar aos seus vizinhos de terra a oportunidade de conservarem seus produtos diferenciados, caso não plantem transgênicos. Os vendedores de sementes é que são os responsáveis a passar estas orientações quanto a utilização das técnicas corretas para a utilização de plantas transgênicas como área de refúgio e coexistência, apenas 15% dos agricultores receberam a informação para a utilização da área de refúgio, quanto a área de coexistência nenhum dos produtores foi informado no momento da compra e ou semeadura do milho. CONCLUSÕES A maior parte dos produtores pouco sabiam sobre a importância da área de refúgio e nenhum destes fizeram o uso da área de coexistência. Acreditamos que existe uma falta de conscientização dos produtores tanto por parte da iniciativa pública quanto por parte da iniciativa privada, sobre a importância de realizar estas

técnicas que vão assegurar tanto a durabilidade dos eventos transgênicos quanto a segurança dos produtores convencionais vizinhos de manterem seus produtos diferenciados. Ressalta-se que a orientação precisa ser repassada não somente aos grandes produtores, mas também aos pequenos agricultores que utilizam esta tecnologia e precisam do nosso apoio e respeito. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOURGUET, D.; DESQUILBET, M.; LEMARIE, S. Regulating insect resistance management: the case of non Bt corn refuges in the US. Journal of Environmental Management, v.76, p.210 220, 2005. BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. Resolução normativa nº 04, de 16 de agosto de 2007. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, 23 ago. 2007. Seção 1, p.19. BUSATO, G.R.; GRUTZMACHER, A.D.; GARCIA, M.S. Consumption and utilization of food by Spodoptera frugiperda (J.E. Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) native to different areas in Rio Grande do Sul, from corn and irrigated rice. Neotropical Entomology, v.31, p.525 529, 2005. JAMES, Clive. 2012. Global Status of Commercialized Biotech/GM Crops: 2012. ISAAA Brief No. 44. 2012 MENDES, S. M.; WAQUIL, J. M. Uso do milho Bt no manejo integrado de lepidópteros-praga: recomendações de uso. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2009. 8 p. (Embrapa Milho e Sorgo. Comunicado técnico, 170). MENEZES, L.; CUNHA, J.; BISINOTTO, F.; ATTIE, J. Relatório biotecnologia. Céleres, p. 1-7, 2011 WAQUIL, J. M.; VIANA, P. A.; CRUZ, I. Manejo de pragas na cultura do sorgo. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2003. (Embrapa Milho e Sorgo. Circular técnica, 27)