A NATUREZA JURÍDICA DO CHEQUE



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Transcrição:

A NATUREZA JURÍDICA DO CHEQUE Alecxander Marcelo da Costa Fernando Biral Freitas Resumo: O cheque é uma ordem incondicional de pagamento à vista de valor determinado, formulada pelo titular de uma conta bancária contra a instituição financeira responsável pela mesma, em razão de provisão que o emitente possui junto ao sacado, proveniente essa de contrato de depósito bancário ou de abertura de crédito. Este se caracteriza ainda em um instrumento de natureza e de função dúplices. Uma vez que simultaneamente se constitui em uma ordem de pagamento e um título de crédito. Considerando as peculiaridades previamente descritas, o objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão com base na literatura da natureza jurídica do cheque. Palavras-Chave: Cheque, títulos de crédito, ordem de pagamento, prescrição. 1 Introdução O cheque é uma ordem incondicional de pagamento imediato de valor determinado, formulada pelo titular de uma conta bancária contra a instituição financeira responsável pela mesma (Mamede, 2008), em razão de provisão que o emitente possui junto ao sacado, proveniente essa de contrato de depósito bancário ou de abertura de crédito (Coelho, 2008). Sua compreensão como título de crédito pode ser questionada, uma vez que a condição de ordem de pagamento imediato não implicaria a criação efetiva de um crédito. Por outro lado, a emissão de um cheque caracteriza um ato de criação de crédito, pois quem recebe não dispõe de dinheiro e sim de um título no qual se declara a existência do valor especificado e se determina o respectivo pagamento ao sacado (Mamede, 2008). Portanto, quem o recebe precisa acreditar no adimplemento e apresentar o título à instituição financeira sacada, no local indicado para que seja convertida em pecúnia. Entretanto, a ausência de provisão de fundos suficientes para a compensação do cheque emitido exige que a cártula seja levada ao Judiciário para execução e permite ainda que esta seja protestada por falta de pagamento (Mamede, 2008). Uma vez que o emitente do cheque ao efetuar sua emissão não está apenas determinando ao banco destinatário o pagamento imediato da quantia indicada na cártula em moeda corrente, está 1

simultaneamente declarando a existência de um crédito naquele valor e assumindo a obrigação de saldar a dívida (Coelho, 2008). Assim, o cheque é um instrumento de natureza e de função dúplices, uma vez que simultaneamente se constitui em uma ordem de pagamento e um título de crédito Considerando as peculiaridades previamente descritas, o objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão com base na literatura da natureza jurídica do cheque. 1.1 Natureza Jurídica do Cheque No Brasil, a primeira referência ao cheque apareceu em 1845, quando o Banco Comercial da Bahia foi fundado, mas possuía a denominação de cautela. Somente por volta de 1890, pela Lei 149-B, surgiu a primeira citação referente ao cheque, no seu art. 16, letra a, vindo o instituto a ser regulamentado pelo Decreto 2.591, de 7 de agosto de 1912 (Trigueiros, 1987). Em 1931, o Brasil participou da Conferência de Genebra, da qual uma Lei Uniforme para Cheques foi extraída. Entretanto, esta norma foi promulgada somente em janeiro de 1966, com o Decreto Executivo n 57.595. A partir daí, a Lei n 2.591/1912 foi abandonada. Duas décadas de pois, mais precisamente em 2 de setembro de 1985, o Decreto n 57.595/66 fo i substituído quando a vigente Lei do Cheque (Lei n 7.357) foi sancionada (Mamede, 2008). Embora tenha ocorrido uma substituição normativa do Decreto n 57.595/66 pela Lei n 7.357/85, não houve uma subst ituição de regimes jurídicos. A vigente Lei do Cheque nada mais é que uma consolidação dos princípios e regras inscritas na Lei Uniforme para os Cheques, oriunda da Convenção de Genebra de 1931 (Trigueiros, 1987), não existindo uma denúncia à convenção internacional. O mesmo se passou com a edição da Lei nº 10.406/02, que instituiu o vigente Código Civil Brasileiro. Em seus artigos 887 a 926, foi positivado um conjunto de normas gerais sobre títulos de crédito, baseada na Convenção de Genebra de 1930, quando se elaborou uma Lei Uniforme para Letra de Câmbio e Nota Promissória. Estes artigos, de forma supletiva, também se aplicam ao regramento do cheque no País, nos casos onde a Lei 7.357/85 não forneça tratamento específico (Mamede, 2008). Assim, o artigo 903 do Código Civil prevê que os títulos de crédito sejam regidos pelo disposto no Código, salvo disposição diversa em lei especial. Além disso, o cheque também está submetido a um conjunto de normas regulamentares estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional e Banco Central do Brasil (Coelho, 2008). 2

O artigo 13 da Lei n 7.357/85 assevera que as obr igações assumidas pelos diversos partícipes da relação, entre sacador, avalista, sacado, endossatário, são autônomas e independentes. A estas características somase o princípio de abstração, permitindo-se afirmar que o cheque é uma declaração unilateral de um crédito que independe do negócio de base, ou seja, que não comporta a investigação sobre a causa debendi (Mamede, 2008). 1.2 Requisitos Essenciais do Cheque Os requisitos essenciais do cheque estão previstos nos artigos 1º e 2º da Lei nº 7.357/85, a chamada Lei do Cheque. O primeiro requisito, inscrito no artigo 1, I, da lei, é a denominação cheque inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é redigido (Requião, 2003). Este requisito representa a manifestação de vontade do emitente de se obrigar por um título que segue as regras cambiais. O segundo requisito refere-se ao artigo 1, II, da lei e consiste no fato que o valor da ordem de pagamento deve constar em algarismos e por extenso, prevalecendo o segundo em caso de dúvida, de acordo com o artigo 12 da Lei do Cheque; além disso, se for indicado o valor mais de uma vez, sendo por extenso ou por algarismos, deverá prevalecer, no caso de divergência, a indicação do valor menor (Mamede, 2008). De acordo com as disposições expressas no artigo 10 da Lei 7.357/85, o valor do cheque corresponde ao que está expresso no título, não podendo ser incluídos juros, correção monetária ou outro acessório financeiro (Requião, 2003), mantendose, assim, o conceito jurídico de ordem de pagamento à vista. O terceiro requisito expressa a disposição do artigo 1 da Lei n 7.357/85, regulamentando que este título deve indicar o nome do sacado, ou seja, a denominação do banco ou instituição financeira a quem se ordena o pagamento. A indicação do lugar do pagamento, ou seja, a sede da instituição financeira sacada, corresponde ao quarto requisito essencial para o cheque. O artigo 2, I, estabelece que na falta de indicação especial é considerado o lugar de pagamento designado junto ao nome do sacado; se forem designados vários lugares, o cheque é pagável no primeiro deles; não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável no local de sua emissão (Mamede, 2008). O artigo 11 da Lei do Cheque prevê ainda que o cheque pode ser pago no domicílio de terceiro, desde que o terceiro seja banco. 3

O quinto requisito essencial de um cheque atende à exigência do artigo 1, V, da Lei n 7.357/85: deverão estar indicados a data e o lugar da emissão do cheque (Requião, 2003). Por outro lado, se o local de emissão do cheque não for especificado no título, o artigo 2, II, es clarece que deverá ser considerado o lugar indicado junto ao nome do emitente. É lícito ao sacador pós-datar o cheque. Em termos cambiais, a única consequência deste ato seria prolongar o prazo de apresentação, que passa a contar da data presente no documento. Entretanto, isso não impede que sua apresentação se dê antes da data expressa no corpo do documento, exigindo-se o pagamento correspondente (Mamede, 2008). Outro requisito imprescindível a ser considerado é que a folha de cheque seja assinada pelo emitente ou por mandatário com poderes especiais para tanto (artigo 1, VI, da Lei n 7.357/85). De acordo com Mamede (2008), se o texto originalmente lançado no cheque sofrer alterações, o artigo 58 da Lei 7.357/85 estabelece que os signatários posteriores à alteração comprometem-se nos termos do texto alterado, já que ingressaram no inter cambial quando aquela era a conformação da cártula. Em oposição, os signatários anteriores à adulteração respondem exclusivamente pelas obrigações constituídas segundo o texto original. Por outro lado, não sendo possível determinar se a firma foi aposta no título antes ou depois da adulteração, presume-se que tenha sido antes. Se as alterações forem perceptíveis, o cheque não deverá ser acatado pelo banco ou instituição financeira. Entretanto, isto não afasta a obrigação jurídica correspondente e a controvérsia jurídica que gravita em torno da necessidade de fornecer a cada um o que é seu. Assim, a adulteração não torna os créditos indevidos, inválidos ou nulos. Considerando o cheque um título formal, este possui requisitos que a lei lhe impõe. Assim, na falta de alguns dos requisitos anteriormente descritos, o documento torna-se descaracterizado como cheque, deixando de ser um título cambiário e insuscetível de ser transmitido por endosso (Requião, 2003). 1.3 Tipologia do Cheque Mamede (2008) relata que existe base jurídica para a emissão de um cheque quando há uma relação jurídica entre o banco sacado e o emitente do título. A situação do beneficiário em relação à emissão do título define variações com reflexos na circulação do documento. De acordo com a Lei n 7.357, os cheques podem ser classificados em: a) cheque ao portador: é aquele em que o espaço destinado à nominação do beneficiário é preenchido 4

com a expressão ao portador, ou deixado em branco; b) cheque à ordem: é aquele em que o beneficiário é explícito, com ou sem cláusula expressa à ordem, permitindo que o título seja transferido por endosso a outro; c) cheque nominativo: caracteriza-se por nomear o beneficiário e acompanhar a cláusula não à ordem, para que o título não possa ser transferido por endosso; d) cheque por conta de terceiro: é aquele em que o pagamento é feito utilizandose os fundos disponíveis na conta de um terceiro; e) cheque administrativo é aquele emitido pelo próprio banco, que ocupa a posição de eminente e sacado ao mesmo tempo; f) cheque visado: caracteriza-se por possuir, lançado e assinado no verso, visto, certificação ou outra declaração equivalente, datada e por quantia igual à indicada no título; g) cheque cruzado: é aquele que contém a aposição de dois traços paralelos no anverso do título, indicando que o título só pode ser pago pelo sacado a banco ou a cliente do sacado, mediante crédito em conta; h) cheque para ser creditado em conta: é aquele que possui a cláusula para ser creditado em conta lançada na face da cártula, sendo proibido que o cheque seja pago em dinheiro. 1.4 Endosso O cheque representa um título de crédito passível de ser transmitido pelas vias específicas do Direito Cambiário por mera tradição, se ao portador ou por meio de endosso, diante da cláusula à ordem. O endosso transmite o título (cheque) e garante seu pagamento. Quem transfere o cheque também assume obrigações cambiárias com qualquer outra pessoa que vier a ser portadora do título, sendo sua responsabilidade essencialmente cambiária (Requião, 2008). O endosso pode dar-se em preto, especificando a natureza do ato e a favor de quem o crédito é transferido, ou em branco, seja por mera assinatura dada no verso da cártula, seja por fazer acompanhar da cláusula por endosso ou equivalente, sem que seja delegado o endossatário, sendo que o credor neste caso será o credor da cártula (Mamede, 2008). Portanto, circulando o endosso em branco é como se fosse um título ao portador, ou seja, por tradição não há necessidade de o credor completá-lo ou reendossá-lo quando quiser transmiti-lo, eis que o endosso em branco sucede o outro. (Requião, 2008). O endosso pode ser passado em qualquer momento entre a emissão e o fim do prazo de apresentação do título (Mamede, 2008). É conhecido como endosso póstumo aquele que for efetuado posteriormente ao protesto por falta de pagamento, ou aquele levado a efeito depois de passado o prazo fixado para a sua efetivação. Neste caso, o cessionário do cheque priva-se apenas da 5

indiscutibilidade, arrimada na autonomia e na abstração que privilegiam a figura do endossatário, mas não perde o direito emergente do título, enquanto não prescrita a ação cambiária (Requião, 2008). 1.5 Aval Sendo o cheque considerado um título de crédito, seu pagamento pode ser garantido por aval, que poderá ser prestado por terceiro ou mesmo por pessoa que já seja signatária do título, exceto o signatário do cheque (Mamede, 2008). O artigo 29 da lei reguladora prevê ainda que a garantia do pagamento poderá ser dada no todo ou em parte. Neste caso, é necessário que o avalista declare o valor que está garantindo, sob pena de entender-se ser responsável pela totalidade da importância do cheque. O aval deve ser lançado no cheque ou na folha de alongamento, ou seja, não pode ser lançado em documento separado, mesmo que tal documento circule junto ao cheque. Quando o aval é dado no verso do cheque, deve conter a expressão por aval, ou equivalente, e a assinatura do avalista. Pode, entretanto, o aval ser dado no anverso do cheque, quando bastará a assinatura do avalista, salvo quando se tratar da assinatura do emitente (art. 30 da Lei do Cheque). 1.6 Prazo de Apresentação do Cheque A Lei n 7.357/85 assinala que o prazo para aprese ntação de um cheque é de 30 dias, a contar do dia de sua emissão, se o título for emitido no mesmo lugar onde houver de ser pago. Entretanto, se o cheque for emitido em praça diferente daquela em que deve ser pago ou ainda no exterior, o prazo para que seja apresentado ao banco ou instituição financeira deverá ser de 60 dias, contando sua data de emissão (Coelho, 2008). Quando o cheque é emitido entre lugares que apresentam calendários distintos, considera-se a emissão o dia correspondente ao calendário do lugar do pagamento (Mamede, 2008). É importante destacar que mesmo após o transcurso dos 30 ou 60 dias da emissão do cheque, este ainda poderá ser apresentado ao banco sacado, para fins de liquidação, não deixando que transcorram os seis meses após a data de emissão do cheque, acarretando assim sua prescrição, haja vista que transcorrido este prazo o cheque perde seu valor em ação de execução (Coelho, 2008). 6

Assim, a inobservância do prazo de apresentação acarreta a perda do direito de executar os endossantes do cheque, se o título for devolvido por insuficiência de fundos. Desta forma, o credor conserva o direito de executar o emitente, mesmo que não tenha apresentado o cheque no prazo, possibilidades reconhecidas pela jurisprudência (Coelho, 2008). Embora o cheque seja uma ordem incondicional de pagamento à vista, criou-se entre os brasileiros a prática de contratação de sua apresentação futura, em prazo ou termo definido entre sacador e tomador. Tais previsões, como se afere no artigo 32 da Lei n 7.357/85, não têm validade cambiária e não impedem a apresentação imediata do cheque ao banco sacado. Entretanto têm validade obrigacional e contratual, sendo lícito às partes ajustarem que a apresentação do cheque se fará no futuro. Assim, mesmo que a Lei n 7.357/85 ampare a apresentação do cheque antes do dia indicado como data de emissão, havendo as partes contratado uma ampliação do prazo de apresentação, este ajuste deverá ser respeitado, respondendo o beneficiário que descumprir o acordo por danos materiais e morais que causar (Mamede, 2008). 1.7 Revogação, Sustentação e Cancelamento do Cheque O procedimento de emissão do cheque, sua eventual circulação, apresentação e pagamento poderão ser retirados de seu trâmite normal em virtude da ocorrência de eventos específicos que prejudiquem seu pagamento, os quais possuem previsão legal de dois institutos: a revogação (contraordem) ou sustação (oposição). Assim, a Lei nº 7.357/85 prevê a possibilidade de sustação ao pagamento do cheque (Fazzio Júnior, 2003). No art. 35, caput, dispõe que o emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê de contraordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com as razões motivadoras do ato, acrescentando no respectivo parágrafo único que a revogação ou contraordem só produz efeito depois de expirado o prazo de apresentação. Já o art. 36 diz que mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado, por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito (caput). A oposição do emitente e a revogação ou contraordem se excluem reciprocamente ( 1º). Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo opoente ( 2º). 7

A hipótese de cancelamento da folha de cheque ou de todo o talonário difere das anteriormente descritas, uma vez que não houve emissão da ordem incondicional de pagamento imediato (Mamede, 2008). Portanto, o cancelamento é o ato que o correntista pratica diante da perda do cheque ou talonário não preenchido e não assinado, declarando o motivo do cancelamento (artigo 3, 2, da Resolução n 2.74 7/00 Bacen). 1.8 Ação por Falta de Pagamento do Cheque A Lei n 7.357/85 prevê em seu artigo 47 que o por tador do cheque pode recorrer ao Judiciário executando o cheque que não foi pago regularmente pelo banco sacado. Assim, o portador poderá promover a execução do cheque contra o emitente e seus avalistas e/ou contra os endossantes e seus avalistas, se o cheque apresentado em tempo hábil e a recusa de pagamento são comprovados pelo protesto ou por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação. Portanto, qualquer das declarações previstas neste artigo dispensa o protesto e produz os efeitos deste (artigo 47, 1, da Lei 7.357/85), respondendo os signatários pelos danos causados pelas declarações inexatas (artigo 47, 2, da Lei 7.357/85). Entretanto, o p ortador que não apresentar o cheque em tempo hábil, ou não comprovar a recusa de pagamento pela forma indicada neste artigo, perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável (artigo 47, 3, da Lei 7.357/85). A devolução de um cheque pelo banco, sob a alegação de inexistência de fundos, apesar de haver provisão suficiente em seu poder, permite a indenização, a título de dano moral, não sendo exigível a comprovação de reflexo patrimonial do prejuízo (Fazzio Júnior, 2003). Por outro lado, a emissão do cheque sem fundos configura o delito conhecido como de estelionato, prevalecendo, entretanto, na jurisprudência e na doutrina brasileira, o entendimento de que a inexistência de provisão quando da sua apresentação e não simplesmente sua emissão é que constitui crime. De forma a descaracterizar o cheque, como na hipótese em que ele é dado em garantia de uma dívida, não há que se falar em ilícito penal (Requião, 2008). O prazo máximo para o ajuizamento da dívida é de seis meses a partir do prazo de apresentação do cheque (data da primeira apresentação à instituição financeira) e não de sua data de emissão. Entretanto, se a cártula não foi apresentada à instituição financeira sacada, contam-se 30 dias (cheque da praça) ou 60 dias (cheque emitido em praça diferente daquela em que deve 8

ser pago ou ainda no exterior) para apresentação e, a partir de então, os seis meses do prazo prescricional para a ação executiva (Coelho, 2008; Mamede, 2008). Com a prescrição do cheque não existe mais a declaração unilateral de vontade, nem garantias cambiais de autonomia, de independência e abstração. Entretanto, a prescrição do cheque não significa a prescrição do negócio subjacente. De acordo com Mamede (2008), tomando-se o princípio da autonomia por um ângulo inverso, a exemplo do que faz o artigo 888 do Código Civil, bem como pelo artigo 61 da Lei 7.357/85, a qual prevê a possibilidade de o credor aforar uma ação de enriquecimento contra o emitente e outros obrigados, que se locupletaram injustamente com o não pagamento da cártula, ação essa que possui prazo prescricional de dois anos, contados do dia em que se consumar a prescrição do cheque. A ação de locupletamento ou ação de enriquecimento tem como objetivo obter a condenação do emitente ao pagamento do valor da cártula, devidamente corrigido e acrescido de verbas acessórias, como juros moratórios. Por outro lado, devido às reformas processuais produzidas na década de 90, o meio processual mais eficaz para se evitar o enriquecimento indevido do devedor em face do cheque prescrito é a ação monitória, a qual é disciplinada pela Lei n 9.079/95 e pelos artigos 1.102a 1.102c, presentes no Código de Processo Civil. 1.9 Cobrança Judicial Ação para cobrança do crédito representado pelo cheque é precedida de sua devida apresentação ao banco sacado. Pode, contudo, o titular do crédito protestar o cheque, dando ciência ao devedor do inadimplemento, facultando-lhe o pronto pagamento. O protesto consiste na apresentação do título vencido ao cartório competente, que intimará o devedor acerca da dívida, podendo este quitá-la, acrescida das despesas e juros de mora. Ressalte-se que esta modalidade de protesto é extrajudicial ou meramente notarial, não devendo ser confundida com o protesto judicial, O procedimento do protesto de cheque é regulado pelo art. 48 da Lei nº 7.357/85 e pela Lei nº 9.492/97. Cumpre ressaltar que com o advento da Lei do Cheque, o protesto foi dispensado como medida obrigatória e facultado para que o titular do crédito proponha ação de cobrança. Acerca dessa facultatividade do protesto, leciona Teixeira (1985): [...] a maior conquista da nova lei brasileira foi dispensar a obrigatoriedade do protesto formal como pressuposto ou medida preliminar ao início da cobrança do cheque. Hoje, tanto vale o protesto quanto a declaração escrita e assinada pelo sacado ou por câmara de compensação. Aboliu-se o fantasma do 9

protesto, instrumento de pressão contra os devedores muitas vezes culpados de mera negligência ou descuido na emissão do cheque (Teixeira, 1985). Esta possibilidade se encontra no art. 47, inciso II e 1º, da Lei nº 7.357/85, que autoriza a dispensa do protesto do título para a promoção de sua execução, desde que o cheque tenha sido apresentado em tempo hábil e a recusa do pagamento for comprovada por declaração do sacado, escrita e datada sobre o cheque, com indicação do dia de apresentação, ou, ainda, por declaração escrita e datada por câmara de compensação. Há também a dispensa de protesto e de qualquer outra declaração para a promoção de execução no caso de o pagamento do cheque ter sido obstaculizado pela intervenção, liquidação extrajudicial ou falência da instituição bancária que tenha funcionado como sacado, conforme o 4º do art. 47 da Lei do Cheque. Este, porém, não é o entendimento do Supremo Tribunal Federal, que na Súmula nº 600 autoriza a ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que o cheque não tenha sido apresentado ao sacado no prazo legal, isso desde que não prescrita a ação cambiária. Judicialmente, a cobrança do cheque pode se dar por três vias estabelecidas na Lei do Cheque, conforme as hipóteses e os prazos previstos na própria lei. A primeira delas se refere à ação cambial típica, que no direito brasileiro é representada pela ação de execução. Esta via deve ser utilizada enquanto o cheque ainda não se tornou prescrito. Está regulada nos artigos 47 a 55 da Lei do Cheque e nos artigos 646 e seguintes do Código de Processo Civil, sendo o prazo prescricional de seis meses a contar da expiração do prazo de apresentação do cheque (art. 59 da Lei do Cheque). O cheque é considerado um título executivo extrajudicial pelo art. 585, I, do Código de Processo Civil. Após a prescrição, o cheque perde sua eficácia executiva, mas ainda pode ser cobrado pela ação de enriquecimento indevido, prevista no art. 61 da Lei do Cheque, podendo ser proposta em até dois anos a contar da prescrição do título. Esta ação se processa pelo rito ordinário do processo de conhecimento. Atualmente, também é considerada uma ação de natureza cambiária, pois o demandado não pode arguir, em sua defesa, matérias estranhas à sua relação com o demandante (Martins, 2001), em razão do princípio da inoponibilidade das exceções pessoais aos terceiros de boa-fé (Coelho, 2003). Por fim, resta ao credor a cobrança por meio da ação causal, preceituada no art. 62 da Lei do Cheque, que deve ser fundamentada na relação causal pela qual se constituiu a dívida constante da cártula, a causa debendi. Nesta, o cheque serve apenas como indício de prova, devendo a petição inicial mencionar o negócio jurídico subjacente, pelo qual se constituiu o débito, e ainda a prova do não pagamento. Trata-se, portanto, de uma ação 10

de cobrança, processada pelo rito ordinário do processo de conhecimento, obedecendo ao prazo prescricional comum, que atualmente é de 10 anos, conforme o art. 205 do Código Civil. Comentários Finais Há relativa divergência sobre a natureza do cheque. Muitos entendem que não se trata de um título de crédito, pois é utilizado tão somente como forma de pagamento, faltando-lhe características essenciais aos títulos de crédito, como entende, entre outros, Sidou (2000): O cheque não é título de crédito. O cheque é instrumento de exação, não de dilação, não tem data de vencimento, é pagável no ato de sua apresentação, ou seja, à vista, baseia-se na exceção condicional dos títulos de crédito, ninguém o contesta. Consequentemente, cheque não é dinheiro, não tem poder liberatório como tem a moeda, é meio de pagamento, como tal dado in solvendo e não in soluto, condição esta que nem o banco sacado lhe confere, sendo sua exclusiva e única plena realização. Entretanto, a doutrina classifica o cheque entre os títulos de crédito, posto entender que contém os elementos indispensáveis para tal, pois é um instrumento autônomo, independente, circulável, literal e formal, podendo ainda ser garantido por aval. Pronuncia J. X. Carvalho de Mendonça que o cheque é rigor cambiário na sua forma, no seu conteúdo e na sua execução; além disso, o cheque possui todos os requisitos essenciais que o individualizam, as obrigações dele decorrentes devem ser expressamente formuladas, subsistindo por si, independente de sua causa originária, ou seja, todos aqueles que nele lançarem sua assinatura ficam obrigados perante o portador. O cheque é simultaneamente uma ordem de pagamento e um título de crédito, uma vez que ao efetuar sua emissão (saque) o emitente (sacador) não está apenas determinando ao banco destinatário (sacado) o pagamento imediato da quantia expressamente indicada na cártula em moeda corrente, mas também está declarando a existência de um crédito daquele valor e, assim, está assumindo a obrigação de pagá-lo, caso a ordem não seja acatada pelo banco sacado. Comungando desta mesma óptica, sustenta-se que o cheque é um instrumento de pagamento que se converte em título de crédito pelo fato de sua emissão em favor de terceiro, tornando-se um contrato concreto que o devedor liquida tal débito ou adquire a coisa, não em numerário, mas por 11

processo equivalente ao da moeda, e este adquire crédito de seu montante contra o sacador, Ferreira (Martins, 2001). A tipicidade de título de crédito vai tomando força, já que adquiriu função de promessa de pagamento, especialmente em estabelecimento comercial, quando este é meio de prestações a serem pagas, tanto que se tornou comum a emissão de cheque pós-datado. Bibliografia Brasil. Constituição (1988). Lei n 7.357, de 2 de setembro de 1985. Brasil. Código de Processo Civil. Organização de texto, notas remissivas e índices por Juarez de Oliveira. 7.ed. São Paulo: Saraiva, 2001. Coelho, Fabio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 7.ed. Saraiva, 2003. Fazzio Junior, Waldo. Manual de Direito Comercial. 9.ed. São Paulo, Atlas, 2008. p.379-380. Mamede, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro: Títulos de Crédito. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2008, p.238-305. Martins, Fran. Títulos de crédito: cheques, duplicatas, títulos de financiamento, títulos representativos e legislação. 11.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, v.ii. Requião, Rubens. Curso de Direito Comercial. 23.ed. Saraiva, 2003. Rizzardo, Arnaldo. Títulos de crédito: Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Rio de Janeiro: Forense, 2006. Sidou, J. M. Othon. Do cheque: comentários à Convenção de Genebra e à Lei nº 7.357, de 1985. 4.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000. Teixeira, Egberto Lacerda. A nova lei brasileira do cheque. São Paulo: Saraiva,1985. Trigueiros, Florisvaldo dos Santos. Dinheiro no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: Léo Christiano, 1987. 12