Avaliação de Genótipos de Feijão-Vagem Arbustivo em Ipameri GO. Nei Peixoto 1 ; João Miguel Júnior 2 ; Francisco da Mota Moreira 2 ; Waldivino Gomes Firmino 2 ; Josimar Alberto Pereira 2. ¹AGENCIARURAL/ UEG Rodovia GO 330 Km 241 anel viário. CEP 75780-000 Ipameri - GO. E-mail: nei.p@terra.com.br; 2 Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Universitária de Ipameri, Rodovia GO 330 Km 241 anel viário. CEP 75780-000 Ipameri - GO. RESUMO Avaliou-se no Campo experimental da Universidade Estadual de Goiás Unidade Universitária Ipameri-Go oito genótipos de feijão-vagem arbustivo sendo quatro linhagens (Hab 01, Hab 19, Hab 39 e Hab 46) e quatro cultivares (Japão Amarelo, Japão Branco, Coralina e Turmalina). Não foram observadas diferenças estatísticas entre genótipos quanto à produtividade e número de vagens por planta. Os materiais Hab 01S e Turmalina foram mais precoces que os demais florescendo cerca de 5 dias antes que os demais. Quanto ao peso médio das vagens a linhagem Hab 39 apresentou a maior média (8,02 g) em contraste com a linhagem Hab 19 que apresentou a menor média (6,55 g). PALAVRAS-CHAVE: Phaseolus vulgaris L, precocidade, produtividade peso médio de vagens. ABSTRACT Evaluation of bush snap beans in Ipameri, Goias, Brazil. It was evaluated in the Experimental Field of the Universidade Estadual de Goias (UEG), Unidade Universitária de Ipameri, State of Goias Brazil, eight genotypes of bush snap beans, being four breeding lines (Hab 01S, Hab 19, Hab 39 and Hab 46) and four cultivars (Japao Amarelo, Japao Branco, Coralina and Turmalina). There weren t statistical difference among genotypes regarding to yield and number of pods per plant. The breeding line Hab 39 presented the largest average of pods medium weight (8,02 g) in contrast with the breeding line Hab 19 that presented the smallest one (6,55 g). KEYWORDS: Phaseolus vulgaris L, precocity, yield, medium weight A produção de feijão-vagem (Phaseolus vulgaris L.) é caracterizada em grande parte por cultivares com hábito de crescimento indeterminado. O desenvolvimento de cultivares de feijão-vagem com crescimento determinado e ciclo de cultural mais curto têm despertado
interesse de pesquisas que avaliam as características de desenvolvimento e produtividade destes materiais (Queiroga et al., 2003). A introdução de cultivares importadas, com hábito de crescimento determinado e vagens do tipo cilíndrico, tem sido tentada considerando-se que a cultura rasteira permite a mecanização da cultura, inclusive a colheita (Filgueira, 1981). Cultivares nacionais como Andra (Leal, 1990), Alessa (Leal & Bliss, 1990), Mimoso Rasteiro Ag 461 (Carrijo, 1991) foram lançadas, com o objetivo de atender esse segmento. Como resultado de um programa de melhoramento genético, desenvolvido na Estação Experimental de Anápolis (EEA), Goiás, pela Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária (EMGOPA), partindo de materiais segregantes introduzidos do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT) foram obtidas linhagens uniformes, que foram avaliadas inicialmente em Anápolis. As mais promissoras avaliadas numa rede de ensaios em diversas condições edafoclimáticas de Goiás (Peixoto et al., 1993; Peixoto et al., 1998). Em 1995 foram lançadas comercialmente as cultivares Coralina, cujo nome foi dado em homenagem à poetisa goiana Cora Coralina e Turmalina, um sonho dos bandeirantes em Goiás (Peixoto et al., 1995). Avaliações importantes de materiais resultantes do programa supracitado foram conduzidas em outros Estados, com a participação de instituições de ensino e de pesquisa (Gasperini et al., 2001; Oliveira et al., 2001; Pereira et al., 2001; Pinto et al., 2001), em ambientes os mais diversos possíveis, alguns se destacando entre os mais promissores. Entre as vantagens da utilização de cultivares rasteiras, além da possibilidade do uso da mecanização, podem ser citadas a redução acentuada do período de produção é do número de colheitas; eliminação do tutoramento; diminuição do uso de defensivos; melhor aproveitamento e proteção do solo; menor tempo de utilização da área cultivada; elevada produção; economia de mão-de-obra e insumos em geral; e boa aceitação do produto colhido (Leal et al., 1983 citado por Carvalho et al., 1999). Outra vantagem do cultivo de feijão-vagem arbustivo é a possibilidade de se efetuar uma única colheita, ou seja, o arranque das plantas no campo e a posterior separação das vagens, além da possibilidade de se efetuar colheita mecânica (Pinto. et al., 2001). No outono/inverno de 2002 e primavera/verão 2002/2003, foram avaliados em Anápolis-GO seis genótipos arbustivos de feijão-vagem em sistema orgânico de produção, em que se destacaram como mais promissores a cultivar Coralina, com sementes brancas e a linhagem Hab 39, com sementes marrons, ambas com vagens cilíndricas (Vidal, 2004). O presente trabalho visou avaliar oito genótipos arbustivos de feijão-vagem, quanto à produtividade, número de vagens por planta e peso médio das vagens.
MATERIAIS E MËTODOS Efetuou-se a semeadura no campo experimental da Universidade Estadual de Goiás - Unidade Universitária Ipameri-Go, em solo de cerrado cultivado com pastagem, no dia 07/06/2003, no espaçamento de 0,5m x 0,2m. Foram feitas adubação química com a fórmula 5-25-15, na dosagem de 600 kg/ha, e orgânica com 20t/ha de esterco de aviário. Após 20 vinte dias da semeadura foi realizada a adubação de cobertura com 300 kg/ha de sulfato de amônio. Foram plantadas quatro linhagens (Hab 01S, Hab 19, Hab 39 e Hab 46) e quatro cultivares (Japão Amarelo, Japão Branco, Coralina e Turmalina).Utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados com quatro repetições, sendo as parcelas constituídas por 4 linhas de 4m de comprimento (8m 2 ), utilizando-se para coleta de dados 4 metros das duas linhas centrais (4m 2 ). Os dados de floração foram obtidos quando 50% das plantas da parcela apresentavam, pelo menos, uma flor aberta. A colheita iniciouse 63 dias após o plantio. Para avaliação de produtividade, peso médio das vagens e número de vagens por planta, as vagens foram colhidas, contadas e pesadas. No fim do ciclo produtivo foi feita a contagem do stand para se realizar o cálculo de número de vagens por planta. Os dados foram analisados estatisticamente e as médias comparadas pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade, utilizando-se o aplicativo ESTAT V.2.0. RESULTADOS E DISCUSSÃO A antese das primeiras flores ocorreu entre 46 e 51 dias e a primeira colheita aos 63 dias após a semeadura. Os materiais Turmalina e Hab 01S. foram mais precoces (46 dias), enquanto que Japão amarelo e Japão branco foram os mais tardios (51 dias), os demais começaram a florescer por volta de 47 dias (Tabela 1). O ciclo deste plantio foi mais longo que os plantios realizados em Anápolis-GO, onde a antese ocorreu por volta de 39 dias), (Peixoto et al., 1993). Foram realizadas 5 colheitas semanais, sendo a primeira feita aos 63 dias, 17 dias após o início de floração, e a última aos 91 dias. Este ciclo total foi superior ao encontrado por Peixoto et al. (1997), o que pode ser atribuído ao desenvolvimento vegetativo mais lento devido às baixas temperaturas de inverno. Houve diferença entre os genótipos quanto ao peso médio de vagens. A linhagem Hab 39 (8,02g) atingiu a maior média, em contraste o a linhagem Hab 19 (6,55g) que apresentou o menor peso médio de vagem (Tabela 1), valores semelhantes aos obtidos por Peixoto et al. (1997), em cinco experimentos em municípios goianos, em plantios de inverno. Quanto à produtividade os genótipos se igualaram estatisticamente, com média geral de 12,64 t/ha (Tabela 1), semelhante às maiores médias alcançadas por Peixoto et al. (1997), que variaram de 10,47 a 15,45 mas inferior aos obtidos por Oliveira et al. (2001), em Areia-
PB, onde o genótipo mais produtivo alcançou 17,6 t/ha. Também para número de vagens por planta os genótipos se igualaram, com média geral de 17,1 e amplitude de 13,3 a 21,7 vagens por planta, semelhantes aos obtidos Peixoto et al. (1997) Campo Alegre de Goiás, em plantios de inverno de 1991, em condições edafoclimáticas semelhantes às de Ipameri, e inferiores às obtidas por Oliveira et al. (2001), em Areia-PB, onde a variação foi de 24,76 a 38,31 vagens por planta. Tabela 1. Número de vagens por planta, peso médio de vagens, produtividade de vagens comerciáveis e floração de feijão-vagem de crescimento determinado. Ipameri. UEG- AGENCIARURAL, 2003. Cultivares e Nº de dias até Produtividade Peso médio de vagens Nº de vagens linhagens antese (t/ha) (g) por planta Japão Amarelo 51,25 a 15,60 a 6,8 bc 21,67 a Hab 46 47,25 bc 14,38 a 7,3 abc 19,33 a Hab 39 47,50 bc 13,81 a 8,0 a 16,50 a Coralina 48,25 bc 12,03 a 7,3 abc 17,96 a Hab 19 47,50 bc 11,60 a 6,6 c 17,60 a Hab 01S. 46,75 c 11,25 a 7,3 abc 15,31 a Japão Branco 50,00 ab 11,25 a 7,7 ab 14,79 a Turmalina 46,25 c 11,20 a 6,7 bc 13,31 a CV % 2,57 25,26 5,34 23,39 Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. LITERATURA CITADA CARVALHO, A. C. P. P; LEAL, N. R.; RODRIGUES, R.; COSTA, F. A. Capacidade de combinação para oito caracteres agronômicos em cultivares de feijão-de-vagem de crescimento determinado. Horticultura Brasileira, Brasília, V.17, n.2, p. 102 105, Jul.1999. CARRIJO, I.V. Mimoso Rasteiro Ag 461: nova cultivar de feijão-vagem. Horticultura Brasileira, Brasília, v.9, n.2. p.96, Nov. 1991. FILGUEIRA, F. A. R. Manual de Olericultura: cultura e comercialização de hortaliças. Segunda edição. São Paulo. Editora Agronômica Ceres. v. 1, 1981, 338p. GASPERINI, L.; JACCOUD FILHO, D.S.; OTTO,R.F.; PEREIRA, A.V.; CELANO, M.M.; STABACH, A.R.. Levantamento preliminar da ocorrência de doenças fúngicas em duas cultivares de feijão-vagem cultivadas em ambiente natural e sob agrotêxtil na região de Ponta Grossa, Paraná. Horticultura Brasileira, Brasília, v.19, suplemento CD-ROM, Jul. 2001. LEAL, N. R. Andra: nova cultivar de feijão-vagem. Horticultura Brasileira, Brasília, v.8, n.1, p.29-30, Mai. 1990.
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