Luís Carlos Monteiro 2018
Figura 1: Portal barroco da igreja de São Bento. UFSSMM, 2018. Situada na rua de São Francisco, em frente à rua do Santo Contestável, esta igreja fez parte de um convento beneditino dedicado à Santa Escolástica, fundado em 1590, por iniciativa de uma dama nobre chamada Maria Teixeira 1. O convento, do qual apenas subsiste a igreja e parte das dependências a Norte, onde atualmente estão instalados os serviços do SEF e a 7ª Companhia do GIPS, tinha como objetivo acolher religiosas provenientes das famílias nobres da região. A vida monástica iniciou-se neste local em 1592 e em 1721, contava com cento e quarenta e quatro religiosas, quatro conversas e onze noviças 2 Após a extensão das ordens religiosas em 1834,o mosteiro entra em ruína, e em 1852, a Câmara Municipal de Bragança, apresentou um pedido para aqui instalar variados serviços, que ao longo do tempo foram alterando a configuração original do imóvel. 3 Aqui estiveram instalados, o Liceu, o Asilo do Duque de Bragança, a Alfândega, o Tribunal de Justiça, a PSP, o Governo Civil e diversos serviços municipais. 1 ALVES, Francisco Manuel (Abade de Baçal) Memórias Arqueológico-Históricas de Bragança, 2000, Tomo II, p. 265 2 Idem, op. cit., p.265 3 Idem, op. cit., p.268 Página 1 de 4
O portal, à semelhança da grande parte das igrejas conventuais, é lateral e tipicamente barroco. Foi construído em 1690, pelas mãos do mestre canteiro Martinho da Veiga, acha-se flanqueado por pilastras com capitéis jónicos, encimado por um nicho, onde se encontra a imagem de São Bento, ladeado por duas aletas. Do lado esquerdo do portal, está incrustado na parede, o brasão de armas da família Teixeira, datado do século XVII. Figuras 2 e 3: Brasão de armas da Família Teixeira (à Esquerda) e imagem de São Bento dentro do nicho (à direita) na fachada principal da igreja de São Bento. UFSSMM, 2018. Página 2 de 4
No interior, é de realçar o teto em alfarge da capela-mor, de formato octogonal com grande efeito geométrico, trata-se de uma relíquia de feição mudéjar dos finais do século XVI. O retábulo da capela-mor é barroco, arquivoltado e de tribuna profunda, com talha dourada ricamente Figuras 4: Teto mudéjar do altar-mor da igreja de São Bento in João Jacob Bragança - Cidades e Vilas de Portugal (Lisboa, 2008, p.97) trabalhada, construído em 1721. Mas, o grande destaque vai para o teto da nave da Igreja, em forma de abóboda de berço. Encontra-se colorido com uma pintura prospética, com a representação da Santíssima Trindade ao centro, ladeada por São Bento e Santa Escolástica, e a rodear os três, encontram-se as representações simbólicas da Justiça, Prudência, Temperança e Fortaleza. Esta obra de arte de elevado valor artístico, foi pintada em 1763 e a sua autoria atribui-se ao mestre Manuel Caetano Fortuna. Figura 5: Teto prospético da nave da igreja de São Bento in João Jacob Bragança - Cidades e Vilas de Portugal (Lisboa, 1997, p.95) Página 3 de 4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALMEIDA, Álvaro; BELO, Duarte Vila Real e Bragança. In Portugal Património Guia Inventário. 1ª ed. Casais de Mem Martins, Rio de Mouro. Círculo de Leitores, 2007, vol.2 ALVES, Francisco Manuel (Abade de Baçal) Memórias Arqueológico-Históricas de Bragança. Tomo II (ed. 2000) Câmara Municipal de Bragança, Instituto Português de Museus, Museu Abade de Baçal. JACOB, João Manuel Neto Bragança. In: Cidades e Vilas de Portugal. 1ª ed. Lisboa: Editorial Presença, 1997, vol. 22 FOTOGRAFIAS: Guilherme Moutinho Página 4 de 4