UM MENINO NO ESPAÇO. 2ª parte



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Transcrição:

UM MENINO NO ESPAÇO 2ª parte

CELSO INNOCENTE Um menino no espaço. 2ª parte ISBN 978-85-914107-1-2 1ª edição Celso Aparecido Innocente Rio de Janeiro Brasil 2012

Sumário Prefácio -------------------------------------------------------- 7 De volta ao lar - ----------------------------------------------- 9 Um novo amiguinho ----------------------------------------- 22 O disco voador ------------------------------------------------ 30 Um pouco feliz ------------------------------------------------ 42 Fora de rota ---------------------------------------------------- 53 Um planeta ideal ---------------------------------------------- 64 Os alienígenas ------------------------------------------------- 78 Um acidente --------------------------------------------------- 90 Chegada a Suster --------------------------------------------- 104 Encontro com o robô ---------------------------------------- 114 Notícia triste -------------------------------------------------- 123 Pequena viagem ---------------------------------------------- 137 O novo dormitório ------------------------------------------- 150 Telepatia ------------------------------------------------------- 162 De volta à escola ---------------------------------------------- 174 Sobre o autor -------------------------------------------------- 189 Outros trabalhos ---------------------------------------------- 191

Na primeira história, Regis fôra levado à Suster, um planeta imortal, a oitenta e sete anos-luz da Terra, sendo devolvido um ano depois, sem ter envelhecido um minuto sequer.

P r e f á c i o Após ter sido sequestrado na Terra e permanecido por quase um ano no distante planeta Suster, onde é amado por seus habitantes, humanos semelhantes aos terráqueos, não suportando a saudade, Regis um simples menino de nove anos de idade, foi devolvido a seus familiares e amigos. Então aos poucos, ele vai se adaptando a sua rotineira vida terráquea, com novos colegas de escola e pessoas que investigam sua longa viagem interplanetária. Aqueles alienígenas, humanos imortais, não suportando viver assim, distante do filho que cativaram, resolvem buscá-lo novamente para que permaneça de maneira definitiva em seu mundo perfeito, onde não há dores, crimes, guerras ou tristezas. Mas como Regis, filho da Terra, poderia lhes dar amor e alegria se ele mesmo, não conseguia ter felicidade? Será que se pode haver felicidade em um mundo perfeito, sem que exista a simplicidade ou mesmo peraltice de uma criança? Por que a vida lhes privou deste pequeno privilégio, símbolo de amor e esperança entre as pessoas? Qual a troca que aqueles seres humanos imortais, darão ao menino para convencê-lo a viver e ser feliz por toda uma eternidade em seu avançado mundo distante da Terra? Acompanhe a continuação das aventuras deste simples menino terráqueo, em um mundo aonde parecia impossível de se alcançar, devido às muitas complicações de se fazer uma viagem em distâncias incalculáveis.

Celso Innocente De volta ao lar Eram pouco mais das dez horas da noite, quando adentrei à varanda de minha casa, que até parecia morta, sem nenhuma luz acesa. Com certeza, todos dormiam. Bati na porta e segundos depois, ela se abriu, onde pensando ser um bonito sonho, mamãe me abraçou chorando: Meu filhinho! Não é possível! Você aqui! Era possível sim. Fazia quase um ano em que me encontrava ausente, sem que eles tivessem qualquer notícias. Agora ali, eu também chorava de alegria. Ouvindo o barulho, papai também se levantou e como mamãe, me abraçou emocionado. Filho, onde você estava? Nós ficamos quase loucos, procurando por você em todos os lugares deste mundo! Seria muito difícil explicar a eles o que se passara. Eu retornava de uma longa viagem (longa mesmo). Regis, faz um ano em que você sumiu de casa! Insinuou mamãe. Um ano sem dar notícias filho! O que houve com você? Você fugiu de casa? Mamãe, a senhora não acreditará em mim! Foi por causa de eu ter lhe castigado naquele dia! Não foi? Onde você se escondeu por todo esse tempo? Eu não fugi de casa mamãe! Acredite em mim! Claro que acreditaremos em você filho! Exclamou papai. Onde você esteve todo esse tempo? Estive muito longe daqui. Longe, onde? Perguntou-me papai. Estive em outro planeta, que está a oitenta e sete anos-luz daqui. Outro planeta! Admirou-se papai. Como assim? 9

Um menino no espaço 2ª parte Não importa filho! Alegou mamãe, talvez não acreditando muito. O importante é que você voltou. Deve estar cansado. Vamos dormir um pouco. Guardei meu material escolar, que ainda estava em minhas mãos e logo depois, protegido por meus pais, que ainda não acreditando em meu retorno, fui dormir. Como eu era apenas um menino, acabei por adormecer rapidamente; porém, meus pais, devido o acontecido, provavelmente, passaram a noite toda, sem conseguir fechar os olhos. Na manhã seguinte, levantei-me às nove horas, vesti uma de minhas antigas roupas e na cozinha, encontrei meus cinco irmãos reunidos com mamãe, que naturalmente, já havia lhes explicado sobre meu retorno. Fui direto ao banheiro e em seguida, tomei dois copos de café com leite e dois pães, que estavam a maior delícia do mundo, pois aquilo era algo que não fazia a um ano. Após este café, mamãe me abraçou, perguntando-me: Como você foi parar neste tal planeta, que você disse? Fui raptado mamãe, por Tony e Rud, em uma gigantesca espaçonave preta e dourada. A Beth, que estava comigo, veio da escola por outro caminho e então, eles me raptaram. Te raptaram por quê? Porque eles me amam muito, mamãe. Te amam? É! O senhor Frene, me ama como a um filho e todos os outros Susterianos também. O senhor Frene, me vê na Terra, a todo o momento. Agora por exemplo, com certeza, ele está nos vendo. Ele só me devolveu, para demonstrar uma grande prova de amor. 10

Celso Innocente Naquela mesma manhã, andando de bicicleta, me encontrei com Beth, que pensando ser um fantasma, se assustou, a me ver. Regis, onde você esteve? É uma longa história, Beth. Eu achava que você tivesse morrido naquele mato. Não morri! Vê? Ironizei rindo. Estou aqui em carne e osso! As pessoas te procuraram muito, por todo lado, mas nunca te encontraram. Achavam que algum maníaco tivesse te matado e escondido o corpo. Credo! Maníaco? Eu hem! Ninguém some assim! Como você fez! Você cresceu Beth. Era de meu tamanho. Agora está maior! Você que não cresceu nada! Continua igual ao dia em que desapareceu. É! Onde eu estava às pessoas não crescem assim tão rápido! Eu já estou no quarto ano e você repetiu. É claro! Eu sei! Você tem dez anos e eu também! Só que aparento ter nove! Ah! De onde eu venho, eu já teria quinze anos! Deixe de ser mentiroso! Não é mentira não! Lá o ano é mais curto que aqui e o engraçado é que o dia é bem mais longo e também não existem noites. Então deve ser muito gostoso por lá! Dias depois, com a ajuda da mamãe e carinho de dona Regina, a mesma professora do ano anterior, consegui retornar à escola; pois o ano letivo, mal se iniciara. Estávamos no final do mês de março de oitenta e um. Beth, ainda era minha parceira de 11

Um menino no espaço 2ª parte caminhada para a escola, porem, não colega de classe. Eu voltara a frequentar a mesma terceira série. Devido contar alguma coisa sobre meu sequestro a quase todos meus amigos, a conversa acabou indo parar nos ouvidos de repórteres de televisão, que abelhudos, vieram investigar o caso, acabando sendo mostrado não só para o Brasil, mas até no exterior, onde os governadores se interessaram e também, vieram investigar. Com isto, minha história, acabou parando nos ouvidos de quem mais se interessava por etês e ovinis: os engenheiros da NASA (americana). E foi por isto, que representantes do governo brasileiro, nos visitaram e então disseram ao papai: O governo americano, convidou Regis e vocês, para fazer uma visita à NASA, com tudo pago. Antes que papai dissesse alguma coisa, decidi imediatamente: Não quero ir, papai! Como não, garoto! Estranhou o homem. Todos os garotos, sonham em conhecer a NASA. Eu não sonho! Neguei prontamente. Será importante pra a humanidade, menino! Eu não quero ir! Neguei, saindo da sala. Papai continuou conversando com aquele engravatado e eu, sabendo que podia confiar nele, fui brincar com outros amiguinhos. Poucas horas mais tarde, retornando para casa, papai veio a meu encontro dizendo: Regis, nós viajaremos pros Estados Unidos, dentro de uma semana, mais ou menos. Nós, quem? Eu, você e o doutor Marcelo. Quem é doutor Marcelo? 12

Celso Innocente Aquele homem que esteve aqui. Eu não irei! Será importante filho. Ao mundo e a você. Importante pra mim! Me investigarem? Já passei por isso, papai! Me deixaram sem roupa! Não quero! Eles só querem te ouvir. Estudar alguma coisa que você viveu e aprendeu. Saber onde você realmente esteve... Como foi abduzido... Abi... Abid... O que? Abduzido filho! É a mesma coisa que arrebatar, roubar, levar... Coisas assim! E por que então o senhor não diz: levado? Porque quanto se refere a seres extra-terrestres o pessoal cientista usam este termo. Não quero ir papai! Não aprendi nada que interessa a eles. Aprendeu sim Regis! Não vai te acontecer nada! Eles só irão conversar com você. Já disse que não quero ir! Disse que não iria, mas fui. Nunca vi um passaporte e um visto de entrada para os Estados Unidos da América, ficar pronto em tão curto espaço de tempo. Era terça-feira de manhã, quando um carro do governo do estado de São Paulo, estivera em casa, com duas pessoas; uma delas apanhou um aparelho esquisito e dentro de casa, pediu licença e foi esfregando aquilo em mim. O que é? Perguntei-lhe. Testa pra ver se você está com radioatividade. Sai de mim, sô! Não tenho nada disso não! Precisamos examinar. Em Angra faremos um teste em seu sangue. Olhei triste para papai e reclamei indisposto: Já disse que não queria ir! 13

Um menino no espaço 2ª parte Nada de mal vai lhe acontecer garoto! Afirmou o homem. Pode acreditar! Já está acontecendo! Primeiro vem essa porcaria, depois, enfiarão agulhas em meu braço... Depois com certeza, me mandarão ficar pelado... Não que seja mariquinha, mas estava com lágrimas. Papai! Naquela mesma tarde, já em Angra dos Reis, no hospital da usina nuclear, foram feitos alguns testes em meu corpo, inclusive tirando meu sangue e me fazendo fazer xixi, mesmo sem querer; depois me deixaram só de cueca e como eu já reclamara antes, não me fizeram ficar pelado. Mas felizmente ou sei lá, nada de muito importante foi encontrado em meu corpo, apenas vestígios de uma radiação inofensiva. Na manhã de quarta-feira, já com os testes em mãos, seguimos para os Estados Unidos da América, rumo à NASA, aonde chegamos naquela mesma tarde. Ao contrário de que eu e papai, esperávamos, ele com o doutor Marcelo, ficaram hospedados em um hotel muito chique e eu, no próprio edifício da NASA. Foi Charles, de uns trinta anos, moreno, que falava um português muito arrastado, que me levou a meus aposentos. A porta se abriu automaticamente e nós entramos. Era um quarto aconchegante, com televisão, telefone, banheiro, uma bonita cama de casal, um frigobar de hotel cheinho de guloseimas, entre doces, salgados e refrigerantes, alem de uma estante cheia de livros, todos escritos em Inglês. Acho que queriam me tapear, ou conquistar... É aqui que você ficará. Disse-me Charles. Até quando? No máximo uma semana. Por que papai não está comigo? Ele não ajudaria em nada! Talvez, até atrapalharia. 14

Celso Innocente Por que ele precisou vir então? Quando terminarmos os estudos, você poderá ficar mais uma semana e então poderá passear com ele. Não, obrigado! Quero ir embora logo. Por que tanta pressa? Quando vai começar os tais estudos? Amanhã cedinho. É verdade que aqui o horário é diferente do Brasil? Sim, é verdade. Agora são oito e quinze da noite aqui; no Brasil, são dez e quinze. Na manhã seguinte, um robô que mais parecia uma grande caixa de metal inoxidável com rodinha, abriu a porta e entrou. Era mais ou menos, sete horas da manhã. Eu acabara de me levantar; ainda estava de pijamas. O robô me trazia uma farta refeição matinal, com frutos, suco de laranja, iogurte, pão, bolacha, café, leite e ovos mexidos. Liguei a televisão em qualquer canal e sem prestar atenção no que mostrava, aproveitando a fome, me alimentei muito bem. Logo depois, entrou Charles: Dormiu bem? Perguntou-me ele. Não muito. Neguei. Por que não? Preocupado com papai. Não precisa se preocupar. Ele está muito bem! Pra ser sincero, está melhor que nós, pois está aproveitando o tempo para passear, pode acreditar em mim. Afinal de contas quero ser seu amigo. Será que quer mesmo? Duvidei. Que isso garoto? Assim você me ofende! 15