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S B C Anais do XXVII Congresso Brasileiro de Cartografia e XXVI Exposicarta 6 a 9 de novembro de 2017, SBC, Rio de Janeiro - RJ, p. 343-347 A CARTOGRAFIA DOS 500 ANOS DO RECIFE UM ESTUDO DE CASO: BAIRRO DO RECIFE L.M.B. Morais 1, A.V.S. Menezes 1, L.A.C.M., Sá 1,2 1 Universidade Federal de Pernambuco, Brasil 2 Departamento de Engenharia Cartográfica 1,2 Curso de Graduação em Engenharia Cartográfica e de Agrimensura Comissão III - Cartografia RESUMO Os mapas antigos permitem que o passado seja visitado. A pesquisa tem como objetivo localizar e identificar as alterações que ocorreram no Recife e seu entorno para entender que se deve preservar o patrimônio histórico. Um povo sem história não forma uma nação. Para atender ao objetivo da pesquisa, foi definida a área de estudo, onde o Recife começou, estudos foram necessários para embasar a pesquisa e selecionar dados, documentos cartográficos pretéritos e iconografia. Na coleta de dados foram visitados museus, institutos e fundações de pesquisa, levantamentos de campo pelos pesquisadores, mas também foi necessário recorrer a internet. Os dados foram analisados e processados, catalogação e georreferenciamento fizeram parte do trabalho. Como resultado, definiu-se que muito necessita ser feito até atingir o objetivo final. A criação e a disponibilização uma página na Internet com os dados da pesquisa objetiva auxiliar pesquisadores e motivar turistas a conhecer o Recife. Palavras chave: Cartografia Histórica, Recife, Ação Antrópica, Patrimônio Histórico. ABSTRACT Old maps allow the past to be visited. The research aims to locate and identify the changes that occurred in Recife and its surroundings to understand that historical heritage should be preserved. A people without history do not form a nation. In order to meet the research objective, it was defined the study area, where Recife started, studies were necessary to base the research and select data, past cartographic documents and iconography. In the collection of data were visited museums, institutes and research foundations, field surveys by researchers, but also had to call upon to the internet. The data were analyzed and processed; cataloging and georeferencing were part of the work. As a result, it has been defined that much needs to be done until reaching the ultimate goal. The creation and making available of an Internet page with the research data aims to assist researchers and motivate tourists to get to know Recife. Keywords: Historical Cartography, Anthropogenic Action, Historical Patrimony. 1 - INTRODUÇÃO A cidade de Recife, estado de Pernambuco foi fundada em 12 de março de 1537, possui, segundo a estimativa do IBGE (2016), 1.625.583 habitantes, sendo uma das regiões metropolitana mais densa do País. Nasceu em torno de um porto, na foz do rio Capibaribe, onde existe os arrecifes que deram nome a Cidade. Na época dos holandeses (1630-1654), imigrantes judeus fugindo das perseguições na Europa se refugiaram no Brasil Holandês. Expulsos os holandeses destruíram o que haviam construído. O Porto foi reconstruído devido a sua importância como entreposto com a Europa. O objetivo da pesquisa é recuperar a história da cidade do Recife através da Cartografia e da Iconografia. Uma das cidades mais antigas do Brasil, possuí registros históricos, em mapas, documentos e pinturas e fotografias. O estudo tem início nos anos de 1600, segundo mapa de João Texeira Albanez I, quando teve início o povoamento do Recife, no final do istmo de Olinda, entre o mar e os rios Capibaribe e Beberibe, e vai revelando alterações com a pretensão de chegar ao estado atual da região. O Recife é uma cidade carregada de história, apenas comparada apenas ao Rio de Janeiro e à Salvador, primeira capital do Brasil Colonial. A Fig 1 apresenta a localização do bairro do Recife, área de estudo. O Bairro passou por várias mudanças ao longo dos séculos, sofreu incêndios, aterros, demolições, arquitetura de edificações alterada e surgiram novas edificações e pontes. 343

Fig 1 Localização da Área de Estudo 2 - METODOLOGIA DA PESQUISA Na pesquisa foram utilizados computadores, câmera fotográfica digital, entre outros recursos necessários. A pesquisa foi organizada de acordo com a Fig 2, que apresenta as etapas executadas. Formulação do Problema Coleta de Dados Processamento e Análise dos Dados Resultados e Discussões Fig 2 Procedimento Metodológico Formulação do Problema: Uma cidade histórica necessita ter sua memória preservada. O porto do Recife foi responsável pelo povoamento da região. As condições marítimas do local e a proximidade com a Europa criaram as condições propícias para tornar-se um porto. O início da pesquisa pelo bairro do Recife foi natural, uma vez que foi lá que tudo começou. Durante o embasamento teórico foi observado que em prol do progresso várias edificações históricas haviam sido demolidas para abertura de vias ou mesmo para dar lugar a prédios mais modernos. A igreja do Corpo Santo construída pelos portugueses na metade do século XVI foi demolida em 1914, em nome da reforma urbana e da ampliação do Porto. Coleta de Dados: O levantamento do problema levou ao traçado de rotas para aquisição de dados e informações. Os estudantes do curso de Engenharia Cartográfica, bolsistas PIBIC, visitaram museus, além de acervos municipais e estaduais em busca de subsídios que embasassem a pesquisa. Nos locais 344

visitados foram encontradas: informações, mapas e fotografias antigas de prédios, pontes e praças. O acervo está guardado no: Museu da Cidade do Recife, Forte das Cinco Pontas; IPHAN Instituto Patrimonial Histórico e Artístico Nacional; Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco; CONDEPE/Fidem Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco; IAHGP Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano; Arquivo Público de Pernambuco; ICPS Instituto da Cidade Pelópidas Silveira. A internet foi outro local de coleta de dados, onde existe um acervo digital construído pelas bibliotecas. A equipe também foi ao campo, coletando informações e fotografias de prédios, pontes e praças. Processamento e Análise de Dados: Dividiu-se em duas etapas análise das informações e análise dos mapas e da iconografia. As informações obtidas através de livros, artigos, jornais e sites foram objeto do embasamento teórico, que sedimentou a formulação do problema. Os mapas foram georreferenciados com o programa computacional ArcMap, e o Google Earth auxiliou fornecendo as coordenadas. No georreferenciamento ocorreram problemas, nem sempre foi possível identificar pontos necessários, pois as alterações urbanas não permitiam. A Fig 3 obtida no Google Earth, foi empregada no georreferenciamento, pode-se visualizar as quatro pontes que ligam o bairro do Recife as outras regiões da Cidade, são: ponte do Limoeiro; ponte Mauricio de Nassau; ponte Buarque de Marcedo e ponte 12 de Setembro. Sete pontos foram selecionados para garantiu uma melhor acurácia. Pernambuco, com objetivo proteger a barra do Porto e a povoação do Recife. A importância do Porto do Recife é representada pela quantidade de navios. A toponímia chama atenção, merece um estudo direcionado. Embora seja controversa a origem do nome Pernambuco, alguns autores afirmam que vem do tupi Paranãpuka, significa buraco de mar, foi alterado de suas primitivas Perñabuquo e Fernambouc. Fig 4 Porto do Recife de João Teixeira Albanez I Fonte: Paulina (2017) O mapa de Gaspar Barleus e Frans Post de 1644, Fig 5, pode-se observar onde a ilha de Santo Antônio onde foi instalada a cidade Maurícea, mostra ainda o bairro do Recife com suas fortificações e ponte. Alguns bancos de areia são representados, bem como o grande recifes de corais, o local protegido para um porto. A primeira ponte que ligava o bairro do Recife à ilha de Santo Antônio foi um projeto ordenado por Maurício de Nassau e elaborado pelo judeu e arquiteto Baltazar de Affonseca. A inauguração aconteceu em 28 de fevereiro de 1643, tendo sido a primeira ponte de madeira construída sobre o rio Capibaribe, e a primeira ponte de grande porte no Brasil. Fig 3 Pontos de Controle do Georreferenciamento Fonte: Autores (2016) 3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO O mapa do cartógrafo português João Teixeira Albanez I data de 1626, antes da invasão holandesa, Fig 4. O povoado do Recife tinha acesso à vila Olinda por via terrestre. Dois fortes merecem destaque, o do Brum e o do Picão. O Forte do Bom Jesus, mas tarde denominado Forte do Brum, foi construído por Duarte Coelho Pereira, donatário da capitania de Fig 5 Recorte do Mapa de Johannes Vingboons Fonte: MOWIC (2017) Nas extremidades da Ponte foram construídos dois arcos, um tinha porta que podia se fechar que ficava do lado do bairro do Recife chama-se Arco da Conceição, o que ficava na outra extremidade, Arco de Santo Antônio. Em 1683 a ponte do Recife passou por sua primeira reforma. Os dois arcos de pedra foram mantidos. Em 1742 aconteceu outra reforma maior remodelando a ponte, mas ainda aproveitando os pilares de pedra e madeira. Os arcos são também reformados e recebem as imagens dos santos católicos. 345

Fonte: FUNDAJ (2016) Fonte: Autores Fig 6 Ponte Giratória 1923 e Ponte 12 de Setembro 2016 A estrutura precária não aguentou e cedeu em 5 de Outubro de 1815. Uma ponte ferro foi construída no local e inaugurada em 7 de Setembro de 1865. A ponte recebeu o nome de 7 de Setembro, mas teve pouca durabilidade devido a maresia. Em 1917, durante a administração do governador de Pernambuco Manoel Borba, a ponte foi reconstruída em concreto armado e reinaugurada em 18 de Dezembro de 1917, denominada ponte Maurício de Nassau. Nas colunas laterais da Ponte existem quatro grandes estátuas de bronze, duas em cada extremidade, viradas para o bairro de Santo Antônio e para o do Recife Antigo, acompanhadas por placas comemorativas apostas pelo Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Os arcos restringiam a circulação na área, o Recife perdeu parte de sua história em 1913, quando foi demolido o arco da Conceição e em 1917 o de Santo Antônio. Quatro pontes ligam o bairro do Recife a cidade, são: Limoeiro, que foi inaugurada em 1881, construída em ferro, foi reconstruída em concreto armado, e inaugurada em 1966; a Maurício de Nassau; a Buarque de Macêdo, inaugurada em 1890, construída em madeira, foi reconstruída em concreto armado, e inaugurada em 1923; e a 12 de Setembro, que na construção anterior possuía um mecanismo giratório, para dar passagem as embarcações, inaugurada em 1923, Fig 6, após reformas restaram apenas as ruínas que servem de abrigos para garças. Durante o período de dominação holandesa foi construída a primeira comunidade judaica das Américas e ergueram a sinagoga denominada Kahal Zur Israel ou Congregação Rochedo de Israel, a mais antiga da América do Sul. Teve seu prédio destruído, mas a partir de estudos cartográficos e documentais, feitos pelo arquiteto José Luiz da Mota Menezes, o local identificado e teve início das escavações arqueológicas. Em 1997, através do programa Monumenta, que visava restaurar e preservar o centro histórico do Recife, começou a escavação e recuperação da sinagoga, cujas ruínas e vestígios estavam na rua do Bom Jesus. Para conseguir localizar as dependências do primeiro templo judaico do hemisfério ocidental, foram removidas 750 toneladas de terra e mais de 1000 metros quadrados de reboco. Em dezembro de 2001 a sinagoga foi aberta ao público. Em nome da modernização do Porto do Recife, prédios históricos tombados, como os arcos da Conceição e de Santo Antônio, também desapareceu o arco do Bom Jesus. O arco do Bom Jesus que era a porta Norte do Bairro no fim da rua do Bom Jesus, antiga rua dos Judeus, em 1850. Os restos da demolição foram aproveitados na construção do Arsenal de Marinha, hoje conhecido como Torre Malakoff. A igrejinha de São Frei Pedro Gonçalves foi erigida no começo da segunda metade do século 16, segundo o historiador Gabriel Soares, em 1587 já existia. Em 1800 foi demolida, dando lugar a Matriz do Corpo Santo, uma das mais belas e ricas igrejas do Norte do Brasil. A Igreja também não resistiu ao planejamento arquitetônico da avenida Marquês de Olinda, em 1913, foi demolida. Os mapas apresentados na Fig 7 foram georreferenciados. Os mapas mostram construções, demolições e aterros. O forte do Brum, ao Norte dos mapas, resiste até hoje, construção inicial portuguesa, em 1629, atualmente, é Museu Militar do Forte do Brum. O forte do Buraco está em ruínas e o forte do Picão já não mais existe. 346

Fig 7 As Transformações do Porto do Recife de 1776 a 1906 Ano: 1776 Ano: 1808 Ano: 1854 Ano: 1906 Fonte: FUNDAJ (2015) 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS A pesquisa aborda de uma maneira geral as mudanças ocorridas no bairro do Recife, dedicando-se, neste texto, mais a construção das pontes. A abordagem sobre as pontes vem de encontro a necessidade da ligação do Porto com a área do continente, cujo objetivo era transportar e distribuir as mercadorias que saíam e chegavam. Os documentos cartográficos pretéritos e da iconografia permitem perceber mudanças ocorrida no espaço físico territorial. No bairro do Recife pode-se observar que uma parte do patrimônio histórico foi destruído. Neste artigo não foi possível tratar de outras alterações como os aterros, por exemplo. A pesquisa continuará em busca da explicação das alterações antrópicas no Recife, pois ainda existe muito a ser tratado AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a PROPESQ-UFPE e ao CNPQ pela oportunidade. Agradecemos a família que muito nos prestou apoio e a minha orientadora pela oportunidade e pelo conhecimento. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Franca, R. Monumentos do Recife: estátuas e bustos, igrejas e prédios, lápides, placas e inscrições históricas do Recife. Recife: Secretaria de Educação e Cultura, 1977.382p. FUNDAJ. - Fundação Joaquim Nabuco. Histórico: Recife. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?l ang=codmun=261160search= recife>. Acesso em: 20 abr 2016. Menezes, J.L.M. 2014. Pontes do Recife: a construção da mobilidade. Recife, Pernambuco. Paulina, T. Coleção - Imagens Período Colonial Pernabuco disponível em: http://www.sudoestesp.com.br/file/colecaoimagens-periodo-colonial-pernabuco/681/. Acesso Pontual, V. 2001. Uma Cidade e Dois Prefeitos. Editora Recife. Recife, estado de Pernambuco. Menezes, José Luiz Mota. 1988. Atlas Histórico Cartográfico do Recife. ed. Salvador. Massangana. VIANA, H. A Fundação do Recife. Recife, Editora Imprensa industrial, 1959. Internet: Recife Antigo. As portas e os arcos da Ponte Maurício de Nassau http://bairrodorecife.blogspot.com.br/2014/01/asportas-e-os-arcos-da-ponte-mauricio.html. Acesso Recife Antigo. E o bairro do Recife veio ao chão http://bairrodorecife.blogspot.com.br/2014/01/e-obairro-do-recife-veio-ao-chao.html Acesso em: 14 set. 2017. Recife Antigo. A Ponte Giratória http://bairrodorecife.blogspot.com.br/2014/01/aponte-giratoria.html MOWIC. http://mowic.org/cartography.htm Acesso Instituto Ricardo Brenand http://www.institutoricardobrennand.org.br/pinaco teca/fpost/mauricio_2.htm Acesso em: 14 set. 2017. 347