AVALIAÇÃO DE REATOR FOTO-FENTON UTILIZADO NA DEGRADAÇÃO DE POLUENTES

Documentos relacionados
UTILIZAÇÃO DA REAÇÃO FOTO-FENTON PARA REMEDIAÇÃO DE EFLUENTE FENÓLICO EM REATOR PARABÓLICO

Processos Oxidativos Avançados (POA s)

APLICAÇÃO DA FOTOCATÁLISE HETEROGÊNEA NA DEGRADAÇÃO DE FÁRMACOS

POAs Processos Oxidativos Avançados

PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS

METODOLOGIA EXPERIMENTAL

(83)

APLICAÇÃO DA FOTOCATÁLISE HETEROGÊNEA NO TRATAMENTO DE AFLATOXINA PROVENIENTE DE RESÍDUOS DE LABORATÓRIOS

Lactuca sativa BIOINDICADORA NA EFICIÊNCIA DO PROCESSO FENTON EM AMOSTRAS CONTENDO BENZENO

Construção de reatores de fotodegradação em batelada para atividades práticas envolvendo Química e Matemática

Fe 3+ (aq) + H 2 O + hv Fe 2+ (aq) HO H + Reação 2

VI-024 ESTUDO DA AÇÃO DO FENTON NO TRATAMENTO DE RESÍDUOS CONTENDO FORMOL

REMOÇÃO DE ÁCIDOS HÚMICOS NA ETAPA DE PRÉ-OXIDAÇÃO DO TRATAMENTO DE ÁGUA PARA O CONSUMO HUMANO COM O USO DOS PROCESSOS FENTON E FOTO-FENTON

Sistemas Homogêneos de Processos Oxidativos Avançados

II DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA ALTERNATIVA À INCINERAÇÃO NO TRATAMENTO DE MEDICAMENTOS VENCIDOS

II-311 DESTRUIÇÃO DE AZO-CORANTES COMERCIAIS EM EFLUENTES TÊXTEIS POR PROCESSO FOTOCATALÍTICO

4 Materiais e métodos

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE UM FOTO REATOR PARA O ESTUDO DA DEGRADAÇÃO DE RESÍDUOS CONTENDO FORMOL PELO PROCESSO FOTO- FENTON.

II-069 TRATAMENTO DAS ÁGUAS ÁCIDAS DE REFINARIA DE PETRÓLEO PELOS PROCESSOS FENTON E FOTO-FENTON COMBINADOS

VI-033 DEGRADAÇÃO DE CORANTES REATIVOS UTILIZANDO-SE PROCESSO FOTO-FENTON MODIFICADO

ASSOCIAÇÃO DE TÉCNICAS DE OXIDAÇÃO AVANÇADA VISANDO A DEGRADAÇÃO DE FENÓIS E ABATIMENTO DE DQO EM EFLUENTES INDUSTRIAIS

4. Resultados e Discussão

AVALIAÇÃO DO PROCESSO FOTO-FENTON NO TRATAMENTO DE EFLUENTES PREPARADO COM DIESEL VISANDO APLICAÇÃO EM ÁGUAS PRODUZIDAS EM CAMPOS DE PETRÓLEO

Degradação do Fármaco Cloridrato de Tetraciclina utilizando o processo Fenton.

ANÁLISE DOS PROCESSOS FENTON E FOTO-FENTON NO TRATAMENTO DO EFLUENTE DO ATERRO SANITÁRIO DE CACHOEIRA PAULISTA EM RELAÇÃO AO TOC E DQO

TÍTULO: AVALIAÇÃO DA DEGRADAÇÃO DA AZITROMICINA POR PROCESSO FOTO-OXIDATIVO -PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO/UV

TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS CONTENDO METAIS PESADOS

UTILIZAÇÃO DE PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO (FOTO- FENTON) NO TRATAMENTO DE EFLUENTE À BASE DE GASOLINA COMERCIAL

INFLUÊNCIA DA DOSAGEM DE H 2 O 2 NA LEI DE VELOCIDADE DE REAÇÃO DO FOTO-FENTON NA DEGRADAÇÃO DO ÍNDIGO BLUE

DEGRADAÇÃO DE POLUENTES USANDO O PROCESSO FENTON E ENRGIA SOLAR EM UM REATOR TUBULAR

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA CARLA CRISTINA ALMEIDA LOURES

4. Reagentes e Metodologia Analítica

Palavras chave: Efluente industrial, Azul de metileno, POA, Foto-fenton.

TRATAMENTO DE EFLUENTE HOSPITALAR POR MÉTODOS OXIDATIVOS AVANÇADOS

AVALIAÇÃO DO PROCESSO FOTO-FENTON COM FERRIOXALATO (Fe III OX) NO TRATAMENTO DO CHORUME DO ATERRO BANDEIRANTES (SP)

II-292 DEGRADAÇÃO DO CORANTE TÊXTIL LUMACRON SE UTILIZANDO H 2 O 2 /UV

estas atividades deparam com a presença de amônia nos efluentes industriais e, em conseqüência, nos recursos hídricos. Desta forma, são desenvolvidos

TRATAMENTO DO EFLUENTE GERADO NA PRODUÇÃO DE BIODIESEL UTILIZANDO OS PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS FOTO- FENTON- EM LUZ ARTIFICIAL

Errata da Tese de Doutorado

II-142 DEGRADAÇÃO FOTOCATALÍTICA DE CORANTES SINTÉTICOS: ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DE PARÂMETROS OPERACIONAIS

Degradação de fenol em águas por processo oxidativo avançado utilizando ferro metálico e peróxido de hidrogênio

VI ESTUDO COMPARATIVO DE PROCESSOS FENTON E FOTO-FENTON UTILIZANDO LUZ VISÍVEL E ULTRAVIOLETA PRÓXIMA NA DEGRADAÇÃO DE CORANTES REATIVOS.

Remediação de solos in situ usando POA: ensaios preliminares de tratabilidade

APLICAÇÃO DE LUZ UV SOLAR ASSOCIADA COM PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO NO TRATAMENTO DA VINHAÇA

DETERMINAÇÃO DE ALGUNS PARÂMETROS CINÉTICOS DA REAÇÃO DE DECOMPOSIÇÃO DO PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO.

O estudo de oxidação da amônia foi realizado usando-se solução sintética de 100mg/L de NH 3 obtida a partir de uma solução de NH 4 OH, PA, 33%.

R: a) t r = 2,23 h b) nº bateladas = 7 c) N Rt = 179,4 kmol por dia

APLICAÇÃO DA FOTOCATÁLISE HETEROGÊNEA NO TRATAMENTO DE EFLUENTES DE LAVAGEM DO BIODIESEL RESUMO

Prática 10 Determinação da constante de equilíbrio entre íons Fe 3+ e SCN -

APLICAÇÃO DO PROCESSO FOTO-FENTON NA FOTODEGRADAÇÃO DO FENOL EM MEIO AQUOSO UTILIZANDO LÂMPADAS DE LUZ NEGRA COMO FONTE DE RADIAÇÃO

APLICAÇÃO DO PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO ELETROQUÍMICO PARA OXIDAÇÃO E DEGRADAÇÃO DE CORANTES PRESENTES EM EFLUENTE TÊXTIL SIMULADO

AVALIAÇÃO DO PAPEL DA DISSOLUÇÃO DE O 2 NA DEGRADAÇÃO DE UMA SOLUÇÃO DE AZUL DE METILENO EXPOSTA À RADIAÇÃO UV

AVALIAÇÃO DO AZUL DE BROMOTIMOL COMO POLUENTE PERSISTENTE EM MEIO AQUOSO SOB FOTÓLISE ULTRAVIOLETA

APLICAÇÃO DO COAGULANTE QUITOSANA NO TRATAMENTO DE CHORUME

TRATAMENTO DE RESÍDUOS GERADOS EM AULAS PRÁTICAS DE QUÍMICA DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UFV: UMA OPORTUNIDADE DE APRENDIZAGEM

ESTUDO DA LAMA VERMELHA COMO MEIO DE REAÇÃO FENTON NO TRATAMENTO DE EFLUENTES DA INDÚSTRIA TEXTIL

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DO PROCESSO DE FOTO-FENTON NA DEGRADAÇAO DE EFLUENTE TÊXTIL

Anais do Simpósio de Iniciação Científica FACLEPP UNOESTE 1 RESUMOS DE PROJETOS...2

4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Prova Escrita de Conhecimentos Gerais em Química

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA E FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

OTIMIZAÇÃO MULTIVARIADA DO PROCESSO OXIDATIVO FENTON NA REMOÇÃO DE CORANTES AZO E ANTRAQUINÔNICOS

1 Escola de Engenharia de Lorena - USP

TRATAMENTO DE SOLO ARENOSO CONTAMINADO COM DIESEL UTILIZANDO MÉTODO INOVADOR DE ATIVAÇÃO PARA O PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO

2017 Obtenção da amida do ácido cinâmico através da reação do cloreto do ácido cinâmico com amônia

Termoquímica e Soluções

Teste de Laboratórios de Química I e soluções

Edital lfsc-07/2013 Concurso Público Especialista em Laboratório

PREPARO DE GOETHITAS DOPADAS COM TITÂNIO PARA REMOÇÃO DE RODAMINA B DO MEIO AQUOSO

Resolução UNIFESP 2015

II AVALIAÇÃO DA REMOÇÃO DO FÁRMACO TETRACICLINA EM MEIO AQUOSO POR PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO HOMOGÊNEO SOLAR (UV/H2O2)

DEGRADAÇÃO DA ÁGUA ÁCIDA UTILIZANDO PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS E AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE

ESTUDO DE TRATABILIDADE DA ÁGUA DO CÓRREGO DOS MAYRINK, MUNICÍPIO DE PONTE NOVA - MG

FIGURA 12 - Segundo ensaio de sedimentação

TRANSFORMAÇÕES INTRODUÇÃO À QUÍMICA

Química Orgânica Ambiental

LIXIVIADOS DE ATERROS SANITÁRIOS

PROCESSOS OXIDATIVOS AVANÇADOS

II-140 ESTUDO CINÉTICO DE DEGRADAÇÃO FOTOCATALÍTICA DO ALARANJADO DE METILA, EM UM REATOR TANQUE BATELADA, USANDO LÂMPADAS GERMICIDAS.

TRATAMENTO DE ÁGUAS CONTAMINADAS

Degradação de Cafeína por Processos Oxidativos Avançados

PHA 3418 TECNOLOGIA DE SEPARAÇÃO POR MEMBRANAS PARA TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES. Aula 8 Procedimentos de Limpeza química e Sanitização

P2 - PROVA DE QUÍMICA GERAL - 27/10/12

6º CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM PETRÓLEO E GÁS

TAREFA DA SEMANA DE 31 DE MARÇO A 04 DE ABRIL

UTILIZAÇÃO DE INIBIDORES DA REAÇÃO DE H2O2 PARA O TRATAMENTO DE LIXIVIADOS DE ATERRO SANITÁRIO ATRAVÉS DA FOTOCATÁLISE SOLAR HOMOGÊNEA POR UV/H2O2

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO DE TiO 2 NA FOTODEGRADAÇÃO DE SOLUÇÃO DE LIGNINA

K P 10. Concentração. Potência a emissão de fluorescência (F) é proporcional à potência radiante do feixe de excitação que é absorvido pelo sistema

01) (FESP-PE) Considere a equação:

Categoria Trabalho Acadêmico\Resumo Expandido. REMOÇÃO DA DQO DA VINHAÇA UTILIZANDO H 2 O 2 /UV EM DIFERENTES VALORES DE ph

Processos Oxidativos Avançados

APLICAÇÃO DO PROCESSO FOTO-FENTON NA DEGRADAÇÃO DO CORANTE REACTIVE BLACK 5

TÍTULO: APLICAÇÃO DE PROCESSO FENTON ASSOCIADO A FILTRAÇÃO EM AREIA NO TRATAMENTO DE EFLUENTE DE INDÚSTRIA ACABADORA DE COURO

P&D na PUC-Rio em Trat. Águas e Efluentes e Possibilidades de Projetos Visando ao Reuso Abril 2008

REAÇÃO FENTON E CUPRO- FENTON POR ANÁLISE VOLTAMÉTRICA in situ. Frank H. Quina (USP), Carmem L.P. S. Zanta (UFAL), Amilcar

OTIMIZAÇÃO DA ÁREA IRRADIADA E DO ARRANJO DE UM REATOR FOTOQUÍMICO TUBULAR NA DEGRADAÇÃO DO FENOL PELO PROCESSO FOTO-FENTON

5 Metodologia e planejamento experimental

Isolamento, Seleção e Cultivo de Bactérias Produtoras de Enzimas para Aplicação na Produção mais Limpa de Couros

2005 Síntese da acetonida do meso-1,2-difenil-1,2-etanodiol (2,2- dimetil-4,5-difenil-1,3-dioxolana)

Recuperação de fósforo de efluentes através da precipitação de estruvita MAP

Transcrição:

AVALIAÇÃO DE REATOR FOTO-FENTON UTILIZADO NA DEGRADAÇÃO DE POLUENTES Iara Ivana Pereira (*), Paula Rúbia Ferreira Rosa, Ana Marta Ribeiro Machado * Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, iaraivana@yahoo.com.br RESUMO Os Processos Oxidativos Avançados (POAs) têm se destacado como um conjunto de sistemas eficazes na degradação de compostos orgânicos, mineralizando-os. Dentre os sistemas de POAs disponíveis, utilizou-se o foto-fenton, que está baseado na combinação de radiação ultravioleta (UV) a uma reação Fenton. Nos estudos de degradação de poluentes desenvolvidos, buscou-se determinar as melhores condições operacionais do reator para que a máxima redução de COT (Carbono Orgânico Total) fosse obtida. Para os três contaminantes: formol, formaldeído e acetonitila, presentes na rotina de pesquisas do ambiente universitário, comparou-se a redução de COT (%) e observou-se que a máxima foi em torno de 40%. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o reator fotoquímico desenvolvido e aplicado na degradação de poluentes, pontuando-se fatores que influem na mineralização do composto, avaliada pela redução de COT (%). PALAVRAS-CHAVE: Foto-reator, Degradação, Fenton, Contaminantes. INTRODUÇÃO A questão hídrica tem ganhado espaço, de forma que, novas classes de resíduos vêm surgindo, exigindo que uma maior atenção seja direcionada a geração de resíduos que não sejam agressivos ao meio ambiente. Têm-se também, a necessidade de desenvolver metodologias que tratem os poluentes emitidos e, principalmente, no desenvolvimento de processos produtivos mais enxutos, ou seja, que consumam menor volume de água. Assim como muitas indústrias, as instituições de ensino, pesquisa ou prestadoras de serviços têm sérios problemas para lidar com seus resíduos perigosos, no entanto em escala menor, pois a maioria é gerada em laboratório, constituído, geralmente, de grande diversidade de substâncias 1. Efluentes contendo compostos orgânicos (em meio aquoso) de alta toxicidade, nos quais o tratamento biológico não pode ser aplicado, os chamados Processos Oxidativos Avançados (POA) surgem como uma alternativa para a degradação de substâncias orgânicas tóxicas não biodegradáveis, pois estes processos são baseados na geração de radicais hidroxila, substâncias altamente reativas, capazes de degradar praticamente todas as classes de compostos orgânicos 2. Os processos oxidativos se dividem em heterogêneos e homogêneos, em relação às fases no qual ocorre a geração de radicais hidroxilas. O processo foto-fenton tem sido muito utilizado com sucesso no tratamento de vários tipos de efluentes, como herbicidas pesticidas (PÉREZ et al, 2002), chorume (KIM et al, 1997), inclusive no tratamento de efluentes industriais em escala piloto (OLIVEROS et al, 1997), conforme pontua Naves (2009) 3. Este sistema homogêneo está baseado na combinação de radiação ultravioleta (UV) a uma reação Fenton, cuja geração de radicais hidroxila ( OH) é feita por decomposição de peróxido de hidrogênio (H 2O 2) catalisada por íon de ferro com valência 2+ (Fe 2+ ), em meio ácido (ph= 3,0). Apresenta vantagens tais como reagentes de baixo custo e de fácil armazenamento além de ser conduzida em temperatura ambiente. A desvantagem está relacionada ao controle de ph- o qual influi na eficiência do processo- e, ao custo operacional relacionado ao consumo energético, que se apresenta como desafio para sua aplicação em escala real. Diversos fatores influem na eficiência dos POAs, dentre eles a característica do efluente a ser tratado e sua concentração, a relação dos reagentes utilizados, a geometria do reator, o comprimento de onda e a taxa de emissão de fótons e, a profundidade da penetração da radiação 5. As fontes artificiais de radiação mais comuns para reatores fotoquímicos são as lâmpadas de vapor de mercúrio de baixa, média e alta pressão, todas com emissão de radiação UV. Estas lâmpadas são dispostas usualmente de forma que o efluente a ser tratado receba a maior concentração de fótons possível. A primeira lei da fotoquímica estabelece que somente a luz absorvida por uma molécula é utilizada efetivamente para produzir a ativação química da molécula 7. Com a finalidade de testar novas metodologias de tratamento de poluentes construiu-se um foto-reator, o qual foi utilizado para a degradação de três contaminantes sintéticos: formol, formaldeído e acetonitrila. Utilizou-se um reator com luz UV/Visível de forma que a máxima redução de COT (Carbono Orgânico Total) fosse atingida. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 1

CORPO DO TEXTO OBJETIVOS Objetivam-se neste trabalho a avaliar o reator fotoquímico desenvolvido e aplicado na mineralização de três contaminantes sintéticos, presentes na rotina de pesquisas do ambiente universitário: formol, formaldeído e acetonitrila, empregando-se POAs, de forma que a máxima redução de COT fosse atingida. METODOLOGIA Dos modelos de reatores disponíveis neste trabalho optou-se pelo reator PFR (em inglês Plug Flow Reactor), em escala de bancada, no qual a solução foi recirculada entrando pela parte inferior do reator e sendo retornada ao barrilete pela parte superior. Quatro lâmpadas de luz UV-C Philips 15W foram fixadas nas laterais do aparato experimental, conforme apresentado na Figura 1, totalizando oito lâmpadas. Figura 1: Disposição das lâmpadas no interior do reator. Fonte: D Almeida, 2015. Os tubos, por onde circulam a solução com o poluente, são constituídos de borossilicato de aproximadamente 10 mm de diâmetro interno e totalizam 12 unidades, estão localizados transversalmente ao módulo experimental. Utilizaram-se mangueiras de silicone a fim de que os tubos fossem conectados entre si e que o equipamento fosse conectado à bomba e ao barrilete. O fotorreator é ilustrado na Figura 2, abaixo. Figura 2: Desenho esquemático do Foto reator utilizado. Fonte: D Almeida, 2015 apud Kisen (2014). O volume de solução utilizado foi de 5 litros, sendo continuamente agitado utilizando-se agitador magnético, o peróxido de hidrogênio foi adicionado utilizando-se uma bomba peristáltica, ajustando-se a vazão de acordo o desejado. O sistema completo é mostrado na Figura 3, abaixo: 2 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

Figura 3: Fotorreator desenvolvido para o estudo de degradação de poluentes em escala de bancada. Fonte: D Almeida, 2015. O sulfato de ferro II (FeSO 4.7H 2O) e o peróxido de hidrogênio (H 2O 2) foram utilizados como reagentes de Fenton. O controle do ph foi realizado com soluções de ácido sulfúrico (H 2SO 4) e hidróxido de sódio (NaOH). A fim de que a reação fosse interrompida para que a amostra fosse analisada em equipamento de quantificação de COT a solução inibidora (iodeto de potássio (KI) e sulfito de sódio (Na 2SO 3)). Para estimar o peróxido residual foi utilizada a solução de monovanatado de amônio (NH 4VO 3). A metodologia utilizada está referenciada no trabalho de Kisen (2014)( 4 ). A avaliação da degradação dos contaminantes foi realizada com o auxílio de Planejamento Fatorial do tipo Box- Behnken, variando-se três fatores. Para a análise da degradação de formol as variáveis utilizadas foram: Concentração de formol, Relação Fe 2+ /H 2O 2 e intervalo de adição de H 2O 2; a vazão de recirculação foi de 19,5 L h -1 ( 4 ). Em relação à degradação de formaldeído analisou-se: razão de Fe 2+ /H 2O 2, volume de H 2O 2 e vazão de adição de H 2O 2; fixou-se a concentração de formaldeído em 254 mg L -1, com vazão de recirculação de 19,4 L h -1 ( 5 ). No ensaio de degradação de acetonitrila observou as seguintes variáveis: concentração de acetonitrila, razão Fe 2+ /H 2O 2 e volume de H 2O 2, a vazão de recirculação foi de 19,5 L h -1. Em suma, o procedimento experimental consistiu em no preparo das soluções de contaminante e peróxido nas concentrações e volumes e, quantificação da massa de catalisador desejada (sulfato de ferro II), determinados pelo planejamento experimental. Ligaram-se as lâmpadas do reator, a bomba de recirculação. Adicionou-se à solução contendo contaminante a massa de catalisador e, a cada intervalo de tempo, determinado pelo planejamento fatorial, adicionou-se uma alíquota de H 2O 2, totalizando ao final de cada reação a quantidade de H 2O 2 necessária. A reação foi iniciada com a adição de peróxido e teve duração de uma hora. RESULTADOS Os ensaios realizados no fotorreator desenvolvido apresentaram resultados que podem ser observados nas Tabelas 1a e 1b, abaixo. Tabela 1a. Comparativo da redução de TOC (%) utilizando-se o fotorreator analisado avaliando-se diferentes contaminantes - Fonte: Autor do Trabalho. Redução de TOC (%) Redução de TOC (%) Redução TOC (%) Experimentos Formol Formaldeído Acetonitrila 1 25 24.3 41,1 2 12 23,2 41,9 3 23 29.4 41,2 4 10 10,2 12,0 5 20 34,1 25,8 6 9 25,3 21,7 7 30 30,9 24,7 8 25 25,9 4,5 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 3

Tabela 1b. Continuação- Comparativo da redução de TOC (%) utilizando-se o fotorreator analisado avaliandose diferentes contaminantes - Fonte: Autor do Trabalho. Redução de TOC (%) Redução de TOC (%) Redução TOC (%) Experimentos Formol Formaldeído Acetonitrila 9 34 35,3 23,9 10 7 17,7 18,2 11 41 25,3 30,8 12 28 16,5 20,1 13 43 33,4 33,9 14 44 26,5 23,8 15 40 22,8 26,1 No fotorreator analisado utilizaram-se lâmpadas Phillips de 15 W com emissão de 254 nm, cuja disposição foi feita de forma que o efluente a ser tratado recebesse a maior concentração de fótons possível. Geralmente, utilizam-se na dissociação do peróxido de hidrogênio lâmpadas com emissão máxima em 254 nm, devido à absorção do H 2O 2 ser no máximo de 220 nm 6. No entanto, apesar da emissão ser na faixa adequada, a quantidade de energia fornecida pela fonte emissora de radiação UV pode não ser o suficiente. Sugere-se que, se possível, um ensaio verificando a intensidade da radiação recebida (actinometria) e a avaliação da substituição da lâmpada utilizada por uma maior potência, sejam realizados. De modo que, a intensidade da fonte de radiação luminosa se relaciona com o sistema foto-fenton pela redução das espécies de Fe 3+ para Fe 2+, gerando radicais hidroxila, favorecendo um aumento da taxa de degradação 2. Outros fatores a serem analisados são o tempo de reação e o catalisador utilizados. Embora o sulfato de ferro heptahidratado seja amplamente utilizado na reação de Fenton a adaptação do sistema para um catalisador de óxido de titânio suportado/imobilizado possa aumentar a eficiência do processo, assim como, se possível realizar experimentos com tempos maiores de reação. A desvantagem do aumento do tempo de reação está atrelada ao aumento do consumo energético, nesse caso, deve-se pontuar o aumento da degradação é viável em relação à questão energética. Observando-se que nos três efluentes a degradação máxima foi em torno de 40%, discute-se que vidro utilizado no interior do reator, composto de borosilicato, não é o mais recomendado, tendo em vista que este absorve radiação UV, passando apenas a visível, região não favorável à ocorrência da reação. Recomenda-se estabelecer condições de fluxo turbulento para renovar continuamente a solução nas proximidades da fonte luminosa e garantir boa eficiência do espalhamento da radiação UV no meio líquido 6. Faz-se necessário, também, conhecer os compostos intermediários da mineralização, a fim de que seja assegurado que não estão sendo formados compostos mais tóxicos do que os contaminantes submetidos à degradação, sendo interessante, se possível, a realização de bioensaios para verificação da toxicidade. CONCLUSÕES O fotorreator desenvolvido pode ser aplicado na degradação de compostos orgânicos oriundos dos laboratórios de pesquisa universitários, no entanto tendo em vista que para os três contaminantes testados a máxima degradação foi em torno de 40%, para uma hora de reação, sugere-se que sejam feitas alterações no equipamento a fim que maiores reduções de COT (%) sejam obtidas. Destaca-se que o foto-reator utilizado foi construído utilizando-se materiais de baixo custo, tornando-o viável na aplicação da degradação de soluções com baixas concentrações, em escala de bancada. O desenvolvimento e a melhoria desta metodologia são imprescindíveis no tratamento de contaminantes que não podem ser removidos por processos convencionais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Micaroni, R. C. da C. M. Gestão de resíduos em laboratórios do Instituto de Química da UNICAMP. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas. Campinas: UNICAMP, 2002. 2. Mota, A. L. N. Desenvolvimento de um reator fotoquímico aplicável no tratamento de efluentes fenólicos presentes na indústria do petróleo. Dissertação apresentada ao Corpo Docente do Programa de Pós-graduação em Engenharia Química da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal: UFRN, 2005. 4 IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais

3. Naves, F. N. Utilização de processos oxidativos avançados no tratamento de efluentes a base de resina fenólica, proveniente de indústria de tintas e derivados. Dissertação apresentada á Escola de Engenharia de Lorena para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Química. Lorena: USP, 2009. 4. Kisen, C. Y. Avaliação do desempenho de um fotorreator para o estudo da degradação de resíduos contendo formol pelo processo foto-fenton. Trabalho de Graduação apresentado ao Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de São Carlos. São Carlos: UFSCar, 2014. 5. D Almeida, S. R. Degradação de formaldeído em reator foto-fenton. Trabalho de Graduação apresentado ao Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de São Carlos. São Carlos: UFSCar, 2015. 6. Güere, C. D. G. Estudo de degradação do metil parabeno utilizando processos Fenton, foto-fenton e eletro- Fenton. Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação do Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo. São Carlos: UFSCar, 2014. 7. Frank, C. da S. Concepção, construção e avaliação de fotorreatores catalisados na degradação de carga poluente e amoxicilina em efluente hospitalar. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química. Santa Maria: UFMS, 2008. IBEAS Instituto Brasileiro de Estudos Ambientais 5