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EXCELENTISSIMA SENHORA DOUTORA MINISTRA PRESIDENTE DO EXCELSO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Distribuição por prevenção Exmo. Sr. Dr. Ministro Edson Fachin ADI n. 5794 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA MOVIMENTAÇÃO DE MERCADORIAS EM GERAL E LOGISTICA 1, entidade sindical de grau superior de âmbito nacional inscrita no CNPJ sob o n. 11.943.166/0001-68, coordenadora dos interesses dos trabalhadores em movimentação de mercadorias em geral, com sede à SCS Quadra 7, Bloco A, Pátio Brasil Shopping, n. 100, CEP: 70.307-902, Brasília/DF, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por meio de seus advogados que esta subscrevem 2, com fundamento no art. 103, IX, da Constituição Federal, propor AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE com pedido de medida cautelar, que tem por escopo declarar a inconstitucionalidade dos artigos 545, 578, 582, 583, 587 e 602 da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho. 1 Doc. 01. Estatuto Social 2 Doc. 02. Procuração

I. DO OBJETO DA AÇÃO É o seguinte teor das normas impugnadas nesta ação: Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados.... (NR) Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas. (NR) Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação. (NR) Art. 582. Os empregadores são obrigados a descontar da folha de pagamento de seus empregados relativa ao mês de março de cada ano a contribuição sindical dos empregados que autorizaram prévia e expressamente o seu recolhimento aos respectivos sindicatos.... (NR)

Art. 583. O recolhimento da contribuição sindical referente aos empregados e trabalhadores avulsos será efetuado no mês de abril de cada ano, e o relativo aos agentes ou trabalhadores autônomos e profissionais liberais realizar-se-á no mês de fevereiro, observada a exigência de autorização prévia e expressa prevista no art. 579 desta Consolidação.... (NR) Art. 587. Os empregadores que optarem pelo recolhimento da contribuição sindical deverão fazê-lo no mês de janeiro de cada ano, ou, para os que venham a se estabelecer após o referido mês, na ocasião em que requererem às repartições o registro ou a licença para o exercício da respectiva atividade. (NR) Art. 602. Os empregados que não estiverem trabalhando no mês destinado ao desconto da contribuição sindical e que venham a autorizar prévia e expressamente o recolhimento serão descontados no primeiro mês subsequente ao do reinício do trabalho Os dispositivos apontados apresentam inconstitucionalidade material, por violação ao art. 8º, IV, bem como ao art. 149, ambos da Constituição Federal, ao exigir autorização prévia e expressa para o desconto/recolhimento da contribuição sindical obrigatória.

II- DA LEGITIMIDADE A autora se inscreve no art. 103, IX, da Constituição Federal como entidade legitimada a ajuizar ações diretas de inconstitucionalidade em defesa da categoria representada. A Confederação postulante é uma entidade sindical de base nacional que coordena e representa a categoria dos trabalhadores na movimentação de mercadorias em geral, contando com mais de 400 entidades vinculadas, dentre federações e sindicatos, tendo em sua base de representação mais de um milhão de trabalhadores. De acordo com a Lei 12.023/2009, que dispõe sobre as atividades de movimentação de mercadorias, estas são: I cargas e descargas de mercadorias a granel e ensacados, costura, pesagem, embalagem, enlonamento, ensaque, arrasto, posicionamento, acomodação, reordenamento, reparação da carga, amostragem, arrumação, remoção, classificação, empilhamento, transporte com empilhadeiras, paletização, ova e desova de vagões, carga e descarga em feiras livres e abastecimento de lenha em secadores e caldeiras; II operações de equipamentos de carga e descarga;

III pré-limpeza e limpeza em locais necessários à viabilidade das operações ou à sua continuidade. A mesma Lei exige que essas atividades sejam desenvolvidas mediante intermediação obrigatória do sindicato da categoria, por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho. Como se sabe as entidades sindicais possuem o dever constitucional de promover a defesa não somente dos direitos individuais e coletivos, mas também os interesses da categoria, conforme art. 8º, III. Por entidades sindicais entendem-se também as confederações, que atuam como órgãos representativos situados no âmbito de uma categoria. E que também possuem atribuição de promover a negociação coletiva, em razão do princípio da complementaridade. Para efetivar essas atribuições as entidades sindicais necessitam de fonte de custeio efetiva, razão pela qual as confederações são uma das destinatárias da contribuição sindical obrigatória (tal norma não foi alterada pela nova legislação). Assim, considerando que a novel legislação traz diversas modificações que acabam por impactar negativamente na organização sindical e, consequentemente, na representação sindical dos trabalhadores, tendo em vista que acaba por restringir a arrecadação de fonte de custeio que se destina à execução das prerrogativas/funções das entidades sindicais.

E considerando, ainda, que a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral congrega todos esses trabalhadores de modo a desenvolver a ação unitária e coordenada, comprometida com o bem comum, a prevalência dos interesses coletivos sobre os individuais e a promoção da justiça e da paz social, verifica-se o aspecto principal da evidência de sua representatividade e a pertinência temática entre a matéria ventilada na presente ADI. Nessa perspectiva, resta comprovada a legitimidade e representatividade da Confederação autora, bem como seu interesse processual na causa. III- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS A autora propõe a presente ação de declaração de inconstitucionalidade em relação aos artigos 545, 578, 582, 583, 587 e 602, da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho. Os referidos dispositivos normatizam a contribuição sindical, alterando a sua forma de desconto e recolhimento ao exigir autorização prévia e expressa: Art. 545. Os empregadores ficam obrigados a descontar da folha de pagamento dos seus empregados, desde que por eles devidamente autorizados, as contribuições devidas ao sindicato, quando por este notificados.... (NR)

Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas. (NR) Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação. (NR) Art. 582. Os empregadores são obrigados a descontar da folha de pagamento de seus empregados relativa ao mês de março de cada ano a contribuição sindical dos empregados que autorizaram prévia e expressamente o seu recolhimento aos respectivos sindicatos.... (NR) Art. 583. O recolhimento da contribuição sindical referente aos empregados e trabalhadores avulsos será efetuado no mês de abril de cada ano, e o relativo aos agentes ou trabalhadores autônomos e profissionais liberais realizar-se-á no mês de fevereiro, observada a exigência de autorização prévia e expressa prevista no art. 579 desta Consolidação.... (NR)

Art. 587. Os empregadores que optarem pelo recolhimento da contribuição sindical deverão fazê-lo no mês de janeiro de cada ano, ou, para os que venham a se estabelecer após o referido mês, na ocasião em que requererem às repartições o registro ou a licença para o exercício da respectiva atividade. (NR) Art. 602. Os empregados que não estiverem trabalhando no mês destinado ao desconto da contribuição sindical e que venham a autorizar prévia e expressamente o recolhimento serão descontados no primeiro mês subsequente ao do reinício do trabalho Como se sabe as prerrogativas dos sindicatos são indicadas pelo art. 8º, III, da CF/88: Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas. E para que as entidades sindicais possam desenvolver sua ação destinada a atingir os fins para os quais foram constituídas devem ser assegurados os devidos meios. Um desses meios é uma fonte de custeio segura e efetiva, como a contribuição sindical obrigatória. Pois bem. Partindo da premissa que a Constituição Federal não deve ser interpretada à luz da legislação ordinária, mas sim o contrário, a legislação ordinária é que deve ser interpretada à luz da Constituição, passaremos a analisar a contribuição sindical a partir da Carta Magna.

A contribuição sindical encontra fundamento constitucional na forma do art. 8º, IV, da CF/88 3, tendo por finalidade garantir a existência dos movimentos sindicais de trabalhadores e empregadores, sendo de acordo com o art. 8º, inciso IV, a exata razão de sua exigência como perfil de natureza tributária. Ademais, a Constituição Federal prevê a existência de cinco espécies tributárias, quais sejam: impostos (art. 145, inciso I), taxas (art. 145, inciso II), contribuição de melhoria (art. 145, inciso III), empréstimos compulsórios (art. 148) e contribuições especiais (art. 149) 4. São três as contribuições tributárias previstas no art. 149, quais sejam: as sociais, aquelas no interesse das categorias profissionais ou econômicas e as de intervenção do domínio econômico. As referidas contribuições são tributos destinados ao financiamento de gastos específicos, em razão de atividades especiais desempenhadas por determinadas entidades. 3 Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: [...] IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; 4 Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.

De acordo com Ives Gandra da Silva Martins 5, todas as contribuições enquadradas no art. 149, em todas as suas modalidades, têm natureza tributária: Todas as contribuições enquadradas no art. 149, em suas três modalidades, têm natureza tributária (...). A contribuição especial no interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, tem como nítido, claro e cristalino objetivo garantir a atuação de categorias profissionais e econômicas em defesa dos interesses próprios destes grupos, ofertando, pois, a Constituição, imposição tributária que lhes garanta recursos para que possam existir e atuar. Essa é a natureza jurídica da contribuição, que fundamenta o movimento corporativo ou sindical no Brasil, na redação da Lei Suprema de 1988, constitucionalizada que foi sua conformação tributária. Não é mais uma contribuição parafiscal ou fora do sistema, mas uma contribuição tributária, com objetivo perfil na lei maior. 5 MARTINS, Ives Gandra da Silva. A Contribuição Sindical e sua natureza jurídica. VER. TST, Brasília, vol. 8, n. 1, mar 2015.

No mesmo sentido, Eduardo Sabbag 6 explica que há dois bons exemplos de contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas: a contribuição-anuidade e a contribuição sindical. Ainda nas palavras de Eduardo Sabbag, a contribuição sindical possui inafastável feição tributária e torna-se obrigatória a todos os trabalhadores integrantes da categoria, sindicalizados ou não. Dessa forma, a natureza tributária e a compulsoriedade da contribuição sindical encontram fundamento na forma do art. 8º, bem como no art. 149 da CF/88. Eduardo Sabbag afirma 7, ainda, que a contribuição sindical não se confunde com a contribuição confederativa. Esta última desprovida de natureza tributária e, portanto, de compulsoriedade. Tal afirmação corrobora o entendimento de que tendo a contribuição sindical natureza tributária, por força constitucional, ela é consequentemente compulsória. Isso porque tributo é prestação compulsória. Segundo Paulo de Barros Carvalho, prestação compulsória quer dizer o comportamento obrigatório de uma prestação em dinheiro, afastandose, de plano, qualquer cogitação inerente às prestações voluntárias 8. Ressalte-se, além disso, que as contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas são definidas pela finalidade para a qual foram instituídas. 6 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. 7 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 672. 8 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário, 16. Ed., p. 25.

Nesse sentido, afirma Eduardo Sabbag 9 : Portanto, seus fatos geradores são irrelevantes, não sendo esses tributos concebidos como tais, em razão deles, mas do elemento finalístico que os demarca de modo indelével. Com efeito, a finalidade da contribuição sindical é justamente defender os direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, ou seja, seu elemento finalístico é a representação sindical de qualquer natureza, e essa representação independe de autorização e/ou filiação. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 81, os interesses ou direitos coletivos são aqueles transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si. Portanto, tal interesse/direito é indivisível dentro dessa coletividade, sob pena de ferir a finalidade da obrigação tributária. Isso porque as entidades sindicais cumprem funções de representação. Nas palavras de Amauri Mascaro Nascimento: O sindicato cumpre funções de representação. Desdobram-se em dois planos: o coletivo e o individual. No plano coletivo, o sindicato representa grupos, nas suas relações com outros grupos, sendo essa a sua natural atribuição. Assim, quer perante o Estado, quer perante os empregadores ou outros órgãos, cabe ao sindicato atuar como intérprete 9 SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 672.

das pretensões do grupo à frente do qual se põe e cujas reivindicações e posições encaminhará. Não só no plano coletivo, mas, também, no individual, o sindicato cumpre funções representativas, com maiores ou menores limitações: participando de processos judiciais, praticando atos homologatórios de rescisões contratuais, etc. Nessa perspectiva, todas as obrigações atribuídas às entidades sindicais pelo ordenamento jurídico brasileiro permanecem em vigor, pois a nova legislação mantém atribuições legais de assistência jurídica, social, como plano de assistência médica e odontológica, cursos de qualificação profissional, recolocação no mercado de trabalho, dentre outras, que estão estritamente ligadas com a representação da categoria e com a contribuição sindical, já que referida fonte de custeio se destina justamente à implementação de políticas de defesa dos interesses e direitos de seus representados. Ademais, a nova legislação trouxe para a organização sindical uma maior necessidade de se promover a negociação coletiva de forma efetiva. Assim, não pode se falar em restrição ao recolhimento da contribuição sindical. Ainda nas palavras Ives Gandra da Silva Martins 10 : A liberdade de associação não exclui o direito de uma categoria ser defendida por um sindicato, 10 MARTINS, Ives Gandra da Silva. A Contribuição Sindical e sua natureza jurídica. VER. TST, Brasília, vol. 8, n. 1, mar 2015.

que, ao agir, hospeda os interesses, tanto dos filiados quanto dos não filiados. Por isto, a contribuição só de filiados não se confunde com esta, obrigatória, de natureza tributária, imposta a todos de uma determinada categoria social. Nessa perspectiva, não se pode considerar constitucional dispositivos que violam o princípio da vinculação sindical à mera associação civil, pois em nenhum momento, o artigo 8º, inciso IV, da Constituição Federal excepciona, das categorias econômicas e profissionais, a contribuição de determinados beneficiários da atuação sindical, não permitindo, pois, que a lei ordinária o faça, sempre que tal exceção representar um enfraquecimento da entidade para consecução de seus objetivos. E mais, nesse sentido é a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, inclusive no Recurso Extraordinário com Agravo 1.056.912, de relatoria do Exmo. Ministro Edson Fachin, no qual se discutia se a compulsoriedade da cobrança da contribuição sindical representaria violação dos princípios da liberdade e da autonomia sindical, julgado em agosto de 2017 com os seguintes argumentos 11 : (...) Portanto, é exigível dos servidores públicos civis a contribuição sindical, conforme previsão do art. 8º, IV, in fine, do Texto Constitucional. (...) Igualmente, a jurisprudência do STF é firme no sentido de que a contribuição sindical é norma 11 Doc. 3. Integra do Voto proferido pelo Exmo. Ministro Edson Fachin no Recurso Extraordinário com Agravo n. 1.056.912.

constitucional de eficácia plena. Por conseguinte, não depende de lei integrativa para ser exigível. IV. DO CABIMENTO DA MEDIDA CAUTELAR A concessão de medida cautelar pauta-se pelos critérios consubstanciados no perigo da demora da prestação jurisdicional (periculum in mora) e na plausibilidade jurídica da inconstitucionalidade alegada (fumus boni juris). Decorre o periculum in mora o iminente prejuízo da representação sindical, principalmente, dos trabalhadores, em razão da possível escassez de recolhimento da contribuição sindical. O fumus boni juris está claramente demonstrado nesta exordial, na medida em que os dispositivos impugnados contrariam o texto constitucional ao condicionar o desconto da contribuição sindical obrigatória à autorização prévia e expressa. V DOS PEDIDOS Pelo exposto, a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadoria em Geral e Logística requer: a) com a maior brevidade possível, em decisão monocrática e sem intimação dos interessados, concessão da medida cautelar, nos termos do artigo 10, 3º, da Lei n. 9.868/1999, tendo em vista a excepcional urgência, para suspender a eficácia dos artigos 545, 578, 582, 583, 587 e 602 da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho.

b) que, ao final, seja julgado procedente o pedido, para declarar a inconstitucionalidade dos artigos 545, 578, 582, 583, 587 e 602 da Lei n. 13.467, de 13 de julho de 2017, que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho; c) ainda, a prévia oitiva da Exma. Sra. Procuradora Geral da República, a citação do Exmo. Sr. Advogado Geral da União, bem como dos representantes legais do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, para prestação de informações. Dá a causa o valor de R$ 1.000,00 (mil reais). Nestes termos, espera deferimento. ZILMARA DAVID DE ALENCAR OAB/DF 38.142 JACQUELINE AMARILIO DE SOUSA OAB/DF 35.446 Brasília, 08 de novembro de 2017.