Avaliação da substituição de placas de PMMA por PLA impresso 3D na resposta TL do CaSO 4 :Dy

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Transcrição:

Avaliação da substituição de placas de PMMA por PLA impresso 3D na resposta TL do CaSO 4 :Dy Shirlane Barbosa de Almeida 1, Caio César Santos Valeriano 1, Letícia Lucente Campos 1 1 Gerência de Metrologia das Radiações. Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares IPEN/CNEN E-mail: caio144fisicamedica@gmail.com Resumo: O CaSO 4 :Dy é um material dosimétrico produzido nacionalmente, o qual apresenta alta sensibilidade, porém, uma alta dependência energética da resposta termoluminescente (TL) na região do efeito fotoelétrico. O objetivo deste trabalho é realizar um estudo comparativo da resposta TL do CaSO 4 :Dy quando irradiado, com diferentes energias, na presença de placa de ácido polilático (PLA) impressa 3D e polimetilmetacrilato (PMMA). Os resultados obtidos indicam que o PLA apresenta uma diferente atenuação da radiação, comparada ao PMMA, indicando que deve ser levada em consideração a qualidade da impressão empregada na confecção da placa a ser irradiada. Palavras-chave: impressora 3D, dosimetria termoluminescente, dependência energética Abstract: The CaSO 4 :Dy is a dosimetric material that is nationally produced, which presents high sensibility but a high energy dependence of its thermoluminescent (TL) response at the photoelectric effect region. This study aims to compare the TL response of the CaSO 4 :Dy when irradiated, with different energies, at the presence of 3D printed plates of polylactic acid (PLA) and polymethilmetacrylate (PMMA). Results show that the PLA has a different attenuation of the radiation, when compared to PMMA, indicating that it should be taken into account the quality of the print used on PLA plates manufacture. Keywords: 3D printer, thermoluminescente dosimetry, energetic dependence 1. INTRODUÇÃO Sempre que um fósforo termoluminescente (TL) é irradiado com feixe de fótons, seja para calibração ou para medição, deve ser levada em consideração a condição de equilíbrio eletrônico, normalmente expressa em massa por área (mg/cm 2 ). Plásticos como PMMA, Teflon e Nylon são normalmente utilizados como material para obtenção de equilíbrio eletrônico, sendo recomendado colocar uma espessura maior de material do que a requerida, de modo a reduzir o erro produzido na irradiação (Cameron et al., 1968). O CaSO 4 :Dy (figura 1) é um material desenvolvido, patenteado e produzido pelo IPEN, comercializado em forma de pó e pastilhas de 6 mm de diâmetro com 0,2 e 0,8 mm de espessura, com massa respectivamente de 10 e 1 3º Congresso Brasileiro de Metrologia das Radiações Ionizantes Rio de Janeiro/ RJ, novembro 2016

50 mg (NUNES, 2008). Embora apresente alta sensibilidade, devido ao seu número atômico efetivo alto (15,3), apresenta também uma alta dependência energética da resposta TL, na região de efeito fotoelétrico. Figura1. Pastilhas dosimétricas de sulfato de cálcio dopado com disprósio (CaSO 4 :Dy). As principais propriedades dosimétricas do sulfato de cálcio são mostradas na tabela 1. Tabela 1. Propriedades dosimétricas do CaSO 4 :Dy [CAMPOS e LIMA, 1986] Material ativador Dy Número atômico efetivo (Z) 15,3 Densidade [g.cm -3] 4,93 Decaimento térmico do pico 5% ano Dosimétrico à 20ºC Tratamento pré-irradiação 300ºC/3h Visando suprir as novas necessidades do mercado, a partir dos anos 80, teve início a utilização das técnicas de prototipagem rápida. O emprego dessa tecnologia, em seus primórdios, era com a finalidade de confecção rápida de protótipos, porém, se expandiu para áreas como saúde e produção. Atualmente, a essa tecnologia é dado o nome de fabricação por adição (AM Additive Manufacturing) (Cunico,2013). Também chamada de impressão 3D, a fabricação por adição caracteriza-se por ser o processo no qual objetos físicos de três dimensões (3D) são confeccionados através da transformação de objetos virtuais em objetos sólidos por meio de uma impressora 3D. Uma impressora 3D, basicamente, interpreta um desenho 3D elaborado em qualquer sistema CAD que exporte em formato STL e o transforma em um objeto físico por meio da construção camada por camada, até que esteja finalizada sua produção (UP 3D BRASIL). Dentre os materiais usados em impressora 3D pode ser citado o PLA (ácido polilático), cuja densidade varia de 1210 kg/m 3 a 1430 kg/m 3 (Veneziani, 2015) No presente trabalho foi avaliado a resposta termoluminescente do CaSO 4 :Dy, empregando placas de PLA impresso em 3D e de polimetilmetacrilato (PMMA) de mesma espessura para obtenção da condição de equilíbrio eletrônico. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Materiais Placas de polimetilmetacrilato (PMMA), com 3 mm de espessura; Placas de ácido polilático (PLA), impressa por uma impressora 3D, com 3 mm de espessura (figura 2). 30 pastilhas dosimétricas de CaSO 4 :Dy previamente selecionadas, apresentando sensibilidade dentro de ± 5%. 2.2. Equipamentos Impressora 3D UP Modelo Plus 2 (figura 2); Figura 2. Impressora 3D UP Modelo Plus 2 (esquerda); e placa de PLA impressa (direita). Leitora termoluminescente ThermoScientific Harshaw, modelo 4500; 3 o Congresso Brasileiro de Metrologia das Radiações Ionizantes, Rio de Janeiro/RJ, novembro de 2016 2

Irradiador Panorâmico de 137 Cs marca Hopewell, com atividade de 38,11 GBq em 17/11/2014 (Figura 3); energias de raios-x utilizadas são empregadas na calibração de equipamentos de diagnóstico e radioproteção. Para todas as energias, exceto a qualidade N150, o tempo de exposição foi calculado para uma dose de 30 mgy. Esse valor de dose foi escolhido por fazer parte da curva de calibração dos dosímetros utilizados. Em razão das limitações da taxa de dose da qualidade N150, a dose aplicada foi de 10 mgy. As doses de radiação gama do 137 Cs e Co foram também de 30 mgy. Figura 3. Irradiador Panorâmico de 137 Cs Hopewell. Fonte de radiação gama do Co, com atividade de 0,339 TBq em setembro de 1999; Sistema de Raios X Pantak/Seifert com as qualidades de radioproteção e radiodiagnóstico apresentadas na Tabela 2. Tabela 2. Qualidades de Raios X do Sistema de Raios X Pantak/Seifert Qualidad e da Radiação Tensão (kv) CSR Energia (kev) RQR3 50 1,78 29,7 mmal RQR5 70 2,58 34 mmal RQR10 150 6,57 46,5 mmal N150* 150 2,4 mmcu 118 *qualidade de radioproteção Figura 4. Modo de preenchimento da placa de PLA impressa [Adaptado de UP! User Manual] As pastilhas foram acondicionadas nas respectivas placas e irradiadas no ar. 3. RESULTADOS Os dosímetros TL de CaSO 4 :Dy utilizados foram previamente selecionados (em lote) com resposta TL dentro de + 0,2% (média ponderada pela incerteza) (Taylor, 2012), sendo sua curva de resposta TL em função da dose para radiação gama do Co, mostrada na figura 5, que demonstra a linearidade da resposta TL no intervalo de dose estudado. 2.3. Metodologia As placas de PLA empregadas neste trabalho foram desenhadas utilizando o software FreeCAD e impressas no modo de menor preenchimento interno. A representação do preenchimento pode ser visto na figura 4. As 3 3º Congresso Brasileiro de Metrologia das Radiações Ionizantes Rio de Janeiro/ RJ, novembro 2016

Figura 5. Curva de resposta TL do CaSO 4 :Dy em função da dose para radiação gama do Co. Os resultados obtidos com as placas de PLA de 3mm de espessura foram comparados com os resultados obtidos com as placas de 3mm de espessura de PMMA (material utilizado como espessura de equilíbrio eletrônico na seleção e calibração do CaSO 4 :Dy com radiação gama do Co). As respostas TL obtidas para as diferentes energias foram relacionadas com a resposta TL obtida para o Co, de modo a gerar os fatores de correção para dependência energética da resposta, por unidade de dose. As tabelas 3a e 3b apresentam, respectivamente, os valores de leitura e fatores de correção para dependência energética obtidos para o PMMA e para o PLA. Os fatores de correção apresentados nas tabelas 3a e 3b foram obtidos por meio da razão da resposta TL pela dose (R TL/dose ) para cada energia. De posse desses valores, foi calculado, também para cada energia, o fator de correção por meio da equação 1. (1) corresponde ao valor obtido quando empregado a irradiação de referência com o Co. Tabela 3a. Resposta TL e fator de correção obtidos para placas de PMMA. Qualidade s de Radiação Resposta TL (uc) Fator de dependência energética Co 1,80E-05 1 137 Cs 2,03E-05 1,13 N150 1,26E-05 2,1 RQR10 1,37E-04 7,6 RQR5 1,73E-04 9,64 RQR3 1,70E-04 9,62 Tabela 3b. Resposta TL e fator de correção obtidos para placas de PLA. Qualidade s de Radiação Resposta TL (uc) Fator de dependência energética Co 1,76E-05 1 137 Cs 1,99E-05 1,13 N150 1,22E-05 2,09 RQR10 1,29E-04 7,36 RQR5 1,63E-04 9,29 RQR3 1,82E-04 10,4 A Figura 6 apresenta as curvas de dependência energética da resposta TL do CaSO 4 :Dy empregando os dois tipos de placas. Figura 6. Curvas de dependência energética da resposta TL do CaSO 4 :Dy empregando os dois tipos de placas. A partir da curva de calibração (figura 5) foi calculado o fator de calibração do lote de dosímetros, o qual foi empregado na conversão da resposta TL (uc) para a dose (Gy). Os valores de dose obtidos para os dosímetros irradiados (empregando as placas de PMMA e PLA) são mostrados na tabela 4 juntamente com suas respectivas incertezas obtidas por meio da propagação de incertezas. Os valores das doses contidos na tabela 4 foram normalizados com a dose nominal de 30 mgy de radiação gama do Co (fonte radioativa de referência), tendo sido calculada (para cada qualidade de radiação) a diferença percentual entre os valores para o PMMA e o PLA, por meio 3 o Congresso Brasileiro de Metrologia das Radiações Ionizantes, Rio de Janeiro/RJ, novembro de 2016 4

da equação 2. Sendo as diferenças menores que 10%. (2) Tabela 4. Doses calculadas empregando placas de PMMA e PLA. Dose (mgy) Qualidades de Radiação PMMA PLA Diferença percentual Co 28,3±0.00040 25,5±0.00039 9,89 137 Cs 28,3±0.00045 25,5±0.00035 9,89 N150* 9,4±0.00027 8,48±0.00055 9,79 RQR10 28,3±0.00525 25,5±0.00455 9,89 RQR5 28,3±0.00769 25,5±0.01234 9,89 RQR3 28,3±0.00215 25,5±0.00423 9,89 *A qualidade N150 recebeu uma dose nominal de 10 mgy; as demais receberam uma dose nominal de 30 mgy. 4. CONCLUSÃO Conforme o manual do fabricante a malha impressa não é totalmente sólida, de modo a existir espaços não preenchidos por PLA (figura 4). Como pode ser notado na tabela 4 as doses avaliadas para as placas de PLA são inferiores àquelas obtidas para o PMMA. Nas tabelas 3a e 3b os fatores de correção para a dependência energética nas qualidades de raios X diagnóstico (exceto RQR3) mostram que o PMMA, com a espessura adequada para o equilíbrio eletrônico para radiação do Co, apresenta fatores de dependência energética sempre maiores que para o PLA, sendo um demonstrativo de que a espessura de 3mm de PLA não é suficiente para fornecer condição de equilíbrio eletrônico para radiação do Co, com consequente sub estimativa da dose. Para o RQR 3, há o indicativo de que com uma energia baixa do feixe (29,7keV), e considerando a qualidade da impressão utilizada, a placa de PLA impressa irá apresentar uma atenuação diferenciada, provocando dessa forma uma maior dependência energética da resposta TL do CaSO 4 :Dy. Desse modo, é necessário o uso cauteloso e uma melhor avaliação das espessuras das placas de PLA impressas, de modo a que seja corrigida a influência da qualidade da impressão na equivalência do PLA ao polimetilmetacrilato. 7. REFERÊNCIAS CAMERON, J.R; SUNTHARALINGAM, N.; KENNEY, G.N. Thermoluminescent Dosimetry. Madison, Wisconsin: The University of Wisconsin Press, Ltd., 1968. CAMPOS, L.L.; LIMA, M.F. Dosimetric Properties of CaSO 4 : Dy + Teflon Pellets Produced at IPEN.- Rad. Prot. Dosim. 14, 4 (1986 ) 333 CUNICO, M. W. M. Desenvolvimento de nova tecnologia de manufatura aditiva baseado em formação seletiva de compósito. 2013. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo, São Carlos, 2013. INTERNATION ATOMIC ENERGY AGENCY. Radiation Oncology Physics: A Handbook for teachers and students. Vienna, 2005. NNDC, Brookhaven National Laboratory. NuDat 2.6 Disponível em:< http://www.nndc.bnl.gov/nudat2/> NUNES, M.G., CAMPOS, L. L. Study of CaSO 4 :Dy and LiF:Mg,Ti Detectors TL Response to Electron Radiation Using a SW Solid Water Phantom. Rad. Measurement. 43 (2008) 459-462. TAYLOR, J.R. Introdução à Análise de Erros: O Estudo de Incertezas em Medições. Porto Alegre, Rio Grande do Sul: Bookman Companhia Editora Ltda., 2012. UP3D BRASIL. Saiba Mais: Impressora 3D. Disponível em: <http://www.up3dbrasil.com.br/saiba-mais/>. Acesso em: 12 ago. 2015. 5 3º Congresso Brasileiro de Metrologia das Radiações Ionizantes Rio de Janeiro/ RJ, novembro 2016

VENEZIANI, G. R.; CORREA, E.L.; POTIENS, M.P.A.; CAMPOS, L.L.. Attenuation coefficient determination of printed abs and pla samples in diagnostic radiology standard beams. In: 8º Congresso Brasileiro de Metrologia. 29 novembro à 4 de dezembro, 2015. Bento Gonçalves, RS. Agradecimentos Os autores agradecem à FAPESP e ao CNPq pelo apoio financeiro; A empresa Eletrocell CIETEC/IPEN pela manutenção da impressora 3D; e ao LCI/IPEN pelas irradiações realizadas. 3 o Congresso Brasileiro de Metrologia das Radiações Ionizantes, Rio de Janeiro/RJ, novembro de 2016 6