SEXTA-FEIRA SANTA SOLENE AÇÃO LITÚRGICA DA PAIXÃO DO SENHOR DIA 30 DE MARÇO DE 2018 Fiel madeiro da Santa Cruz, ó árvore sem rival! Que selva outro lenho produz, que tenha fruto igual? Leituras: Isaías 52,13-53,12; Salmo responsorial 30 (31), 2.6.12-13.15-17.25 (R/ Lc 23,46); Carta aos Hebreus 4, 14-16; 5, 7-9; João 18, 1-19, 42. Obs.: MOTIVAR O DIA DE COLETA PELOS LUGARES SANTOS COR LITÚRGICA: VERMELHO (O presidente com os acólitos entra em silêncio. O presidente faz vênia diante do altar e prostra-se em silêncio no chão. Todos se ajoelham. Após alguns instantes diz o animador:) Animador: No silêncio, vamos contemplar a fidelidade de Jesus ao Pai em seu grau máximo, passando pelo sofrimento e pela morte. Ele foi fiel ao projeto divino até o fim, até as últimas consequências. (Todos se levantam, o Presidente reza no MISSAL). 1. Situando-nos Hoje, sexta-feira santa da Paixão do Senhor, dia sagrado e solene, ao mesmo tempo sóbrio e austero. A Igreja, acompanhando os passos de Jesus Cristo, faz memória de sua Paixão e Morte na cruz. A humanidade sensibilizada e reconhecida, para diante do Filho de Deus, nascido da Virgem Maria que passou a vida fazendo o bem a todos. O justo é condenado por júri injusto: testemunhas falsas, torturas, autoridade lavando as mãos covardemente, cenas de violência e de morte. No dia de hoje, somos convidados a mergulhar nos mistérios da Páscoa da Paixão, participando da celebração da Palavra que tem como centro a narração da Paixão de Jesus, segundo João, e como ponto culminante a adoração da santa cruz, após a oração universal. A Igreja, hoje, não celebra a Eucaristia. No silêncio deste dia, contemplando e adorando o Crucificado, cheguemos ao reconhecimento de seu mistério: de fato, esse homem era mesmo o Filho de Deus. (Mc 1
15,39). Solidários com os sofrimentos do Divino Redentor e dos membros de seu Corpo, recebamos força para viver da esperança e da vitória que nasce da cruz. 2. Recordando a Palavra O Evangelho nos apresenta a narração da Paixão de Jesus, segundo João (cap. 18-19). Concluído o discurso de despedida e a oração pela unidade, Jesus se retira com os seus para o Jardim das Oliveiras. Outrora, do jardim do Éden veio a perdição. Agora, do Jardim das Oliveiras vem a salvação. O traidor conduz os guardas para o local a fim de prenderem Jesus. Depois de ter passado pelo interrogatório de Anás (Jo 18, 12-23) e do sumo sacerdote Caifás (Jo 18, 24-27), Jesus é conduzido para o tribunal romano, presidido por Pilatos, onde será julgado e condenado por acusações sem consistência. Seus acusadores apenas afirmam: Se ele não fosse um malfeitor, não o entregaríamos a ti. Pilatos, querendo se eximir da responsabilidade, provoca os judeus: julgai-o conforme vossa lei!. Os líderes dos judeus clamam por sua morte e só precisam da licença do governador para conduzi-lo à terrível morte da cruz. Pilatos, contudo, percebe que Jesus é rei, mas um rei diferente dos reis que o poder romano já havia sentenciado. Ante a verdade que não lhe interessa, Pilatos lava as mãos. Atendendo ao grito do povo, condena Jesus e liberta Barrabás. Aquele que não prevaleceu por sua condição divina, é agora humilhado e obrigado a carregar a cruz até o calvário, e ali é crucificado com outros dois. Erguido entre o céu e a terra, de braços abertos, entrega sua Mãe ao discípulo amado. Tomado por uma sede mortal, vendo que tudo estava consumado, inclina a cabeça e entrega seu espírito ao Pai. Não bastando a violência dos algozes, seu coração é atravessado por uma lança, e imediatamente jorram sangue e água. Descido da cruz por amigos, seu corpo é sepultado num jardim. Desse modo brotará a árvore da vida (Evangelho). O profeta Isaías relata o quarto canto do Servo sofredor que, na época, referia-se aos sofrimentos do povo no exílio da Babilônia. A tradição cristã, porém, vincula este cântico à Paixão de Jesus de Nazaré. O Servo de Javé orienta toda a sua luta para uma nova realidade: os opressores que convertidos reconhecerão sua culpa mediante o sofrimento do Servo, causado por eles. Eles serão salvos, libertos e curados por este mesmo Servo. Assim, a vitória final será a conversão dos opressores, alcançada pelo testemunho perseverante e fiel do Servo. É uma confissão pública e coletiva dos culpados pelo sofrimento causado ao povo (cf. MESTERS, C. A missão do povo que sofre. Petrópolis: Vozes, 1981. p. 14) (1ª Leitura). Ante a crua realidade do sofrimento, o salmista lamenta tanta dor e manifesta sua confiança na justiça de Deus que ampara os justos, atitudes que refletem o proceder de Jesus tomado pela violência e sofrimento da Paixão - Salmo 30 (31). A Carta aos Hebreus revela que Jesus Cristo, nosso Sumo Sacerdote, foi provado em todas as coisas, menos no pecado. Ele viveu profundamente a condição humana, até sua paixão e morte. Solidário com o gênero humano, Deus escutou seu clamor e se agradou de sua oferta (2ª Leitura). 2
3. Atualizando a Palavra A sexta-feira santa, no conjunto de suas celebrações litúrgicas e das expressões da religiosidade popular, nos ajuda na contemplação do mistério do sofrimento e da Cruz, que se levanta ante os olhares humanos, e faz brotar centelhas de esperança para os oprimidos pela dor. João Evangelista, o amigo de Jesus, numa narrativa repleta de detalhes e novos personagens, revela que durante todo o processo que resulta na sua condenação e morte de Cruz, Jesus é o Senhor de todos os atos. Mostra não tanto a condenação de um subversivo político, mas a hora da verdadeira glorificação do Filho de Deus. Sereno, Ele se despede de seus amigos, de sua mãe que está junto à cruz e depois entrega o espírito. Os fatos e as artimanhas políticas e religiosas das autoridades judaicas e romanas tinham por objetivo tirar a vida de Jesus. Mas na verdade, permitiram que Jesus fosse elevado para Deus. Desde sua prisão Jesus, serenamente - como cordeiro levado ao matadouro, ele ficou calado, sem abrir a boca. (Is 53,7) - entrega sua vida. Dou a minha vida para depois retomá-la. Ninguém a arrebata de mim, mas eu a dou livremente (Jo 10,17-18). Por isso, a narrativa da morte de Jesus, segundo Evangelho de São João, é feita com muita solenidade, pois, quem morre é o Senhor da vida, consciente da missão que tinha recebido do Pai. Sabendo Jesus que tudo estava consumado, inclinando a cabeça, entregou o espírito (Jo 10,17-18). Ele que tinha vindo da parte do Pai. Agora, realizada a missão que lhe fora confiada, retorna para o Pai. A narrativa do drama da paixão do Senhor revela como a força da vida e da Ressurreição já estavam presentes e atuantes na hora da própria morte. Esta se transforma em fonte de vida e de luz. Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer, produzirá muito fruto (Jo 12,24). A morte de Cristo na Cruz tornou-se uma fonte da qual brotam rios de água viva. Nela e por ela, Deus amou tanto o mundo que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (cf. Jo 3,16). 4. Ligando a Palavra com ação litúrgica A sexta-feira santa não é um dia de luto. Apesar do silêncio respeitoso, a Igreja não celebra um funeral, mas a morte vitoriosa do Senhor, geradora de vida nova para os seus seguidores. Olhando para a cruz, a Igreja canta: Vitória! Tu reinarás. Ó Cruz! Tu nos salvarás!. Neste dia em que Cristo nosso cordeiro pascal foi imolado, a Igreja, meditando a Paixão do seu Senhor e adorando a cruz, comemora o seu próprio nascimento do lado de Cristo que repousa na cruz e intercede pela salvação do mundo todo (Carta Circular da Congregação do Culto Divino: Paschalis Sollenitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais, 58. Documento Pontifício n.224) A proclamação da Palavra de Deus, em particular a narração da Paixão de Jesus Cristo segundo São João, é o elemento central e universal da liturgia da sexta-feira Santa. Da proclamação e escuta da Palavra, brota a oração de súplica a Deus para que, em sua misericórdia, recorde e santifique a Igreja, o Papa, os Bispos, os catecúmenos, os judeus, 3
todos os que creem em Jesus Cristo, os que não acreditam, os governantes e todos os que sofrem provações. Na solene adoração da Santa Cruz, trazida em procissão e apresentada à assembleia dos cristãos, a Igreja volta seu olhar para o mistério do calvário, isto é, para a obra da redenção realizada por Cristo pregado na Cruz. Não se adora a Cruz em si mesma, mas aquele que, do lenho da Cruz, doou sua vida para a nossa salvação. Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo! Vinde, adoremos! Assim, adoramos, Senhor, vosso madeiro; vossa ressurreição nós celebramos. Veio a alegria para o mundo inteiro, por esta cruz que hoje veneramos! O povo adora e aclama a vitória do amor sobre o ódio e a violência; da verdade sobre a mentira; da justiça de Deus sobre a injustiça dos poderosos. Beijando a cruz do Senhor, as pessoas manifestam seu compromisso solidário com a causa pela qual o Filho de Deus doou sua vida. Da causa de Jesus, um rei diferente: sem exércitos e sem súditos, cujo poder é o serviço, o trono é a cruz, a meta é a paz e a vida abundante para todos. Ao comungarmos seu corpo, assimilamos sacramentalmente sua entrega pela salvação da humanidade, a fim de que possamos viver o que e como ele viveu. Por esta razão, após a comunhão, o ministro reza: Ó Deus, que nos renovastes pela santa morte e ressurreição do vosso Cristo, conservai em nós a obra de vossa misericórdia, para que, pela participação deste mistério, vos consagremos sempre a nossa vida. ORAÇÃO UNIVERSAL Animador: Este é o segundo momento de nossa celebração, onde a Paixão é rezada. A Oração Universal suplica a graça da salvação divina para o mundo. Uma prece necessária para que o mundo não fique indiferente diante do sofrimento e da dor que atinge a humanidade e a dilacera em sua dignidade. Prece que alimente a coragem de ficar de pé, junto à cruz, de tantos irmãos e irmãs sofredores. (Momento de silêncio. Pode ser colocado diante do altar um pote com brasas e a cada oração jogar um pouco de incenso). Animador: Rezemos pela nossa Igreja aqui e no mundo inteiro. Leitor: Oremos, irmãos e irmãs caríssimos, pela Santa Igreja de Deus: que o Senhor nosso Deus lhe dê a paz e a unidade, que ele a proteja por toda a terra e nos conceda uma vida calma e tranquila, para sua própria glória! (Momento de silêncio) Presidente: Deus eterno e todo-poderoso, que em Cristo revelastes a vossa Glória a todos os povos, velai sobre a obra do vosso amor. Que a vossa Igreja, espalhada por todo mundo, permaneça inabalável na fé e proclame sempre o vosso nome. Por Cristo, nosso Senhor. Animador: Rezemos pelo papa N. que tem como missão coordenar a unidade da Igreja. Leitor: Oremos pelo nosso santo Padre, o papa N. O Senhor nosso Deus, que o escolheu para o Episcopado, o conserve são e salvo à frente de sua Igreja, governando o povo de Deus. 4
(Momento de silêncio) Presidente: Deus eterno e todo-poderoso, que dispusestes todas as coisas com sabedoria, dignai-vos escutar nossos pedidos: protegei com amor o Pontífice que escolhestes, para que o povo cristão que governais por meio dele possa crescer em sua fé. Por Cristo, nosso Senhor. Animador: Rezemos pelo nosso Bispo Vilson, por todo o nosso clero e pelos cristãos leigos. Leitor: Oremos pelo nosso Bispo Vilson, por todos os bispos, presbíteros e diáconos da Igreja e por todo o povo fiel. (Momento de silêncio) Presidente: Deus eterno e todo-poderoso, que santificais e governais pelo vosso Espírito todo o corpo da Igreja, escutai as súplicas que vos dirigimos por todos os ministros do vosso povo. Fazei que cada um, pelo dom da vossa graça, vos sirva com fidelidade. Por Cristo, nosso Senhor. Animador: Rezemos pelos catecúmenos, ou seja, todos os que são batizados. Leitor: Oremos pelos catecúmenos: que o Senhor nosso Deus abra os seus corações e as portas da misericórdia, para que, tendo recebido nas águas do batismo o perdão de todos os seus pecados, sejam incorporados no Cristo Jesus. (Momento de silêncio) Presidente: Deus eterno e todo-poderoso, que por novos nascimentos tornais fecunda a vossa Igreja, aumentai a fé e o entendimento dos catecúmenos, para quem renascidos pelo batismo, sejam contados entre os vosso filhos adotivos. Por Cristo, nosso Senhor. Animador: Rezemos por todas as Igrejas cristãs e pela unidade dos cristãos. Pelas comunidades evangélicas de nossa cidade e seus pastores. Pelos que oram e trabalham pela união das igrejas. Leitor: Oremos por todos os nossos irmãos que creem no Cristo, para que o Senhor nosso Deus se digne reunir e conservar na unidade da sua Igreja todos os que vivem segundo a verdade. (Momento de silêncio) Presidente: Deus eterno todo-poderoso, que reunis o que está disperso e conservais o que está unido, velai sobre o rebanho do vosso Filho. Que a integridade da fé e os laços da caridade unam os que foram consagrados por um só batismo. Por Cristo, nosso Senhor. Animador: Rezemos pelas comunidades israelitas. Leitor: Oremos pelos judeus, aos quais o Senhor nosso Deus falou em primeiro lugar, a fim de que cresçam na fidelidade de sua aliança e no amor do seu nome. (Momento de silêncio) Presidente: Deus eterno e todo-poderoso, que fizestes vossas promessas a Abraão e seus descendentes, escutai as preces da vossa Igreja. Que o povo da primitiva aliança mereça alcançar a plenitude da vossa redenção. Por Cristo, nosso Senhor. 5
Animador: Rezemos por aqueles que não Creem no Cristo. Leitor: Oremos pelos que não creem no Cristo, para que, iluminados pelo Espírito Santo, possam também ingressar no caminho da salvação. (Momento de silêncio) Presidente: Deus eterno e todo-poderoso, dai aos que não creem no Cristo e caminham sob o vosso olhar com sinceridade de coração, chegar ao conhecimento da verdade. E fazei que sejamos no mundo testemunhas fiéis da vossa caridade, amando-nos melhor uns aos outros e participando com mais solicitude do mistério da vossa vida. Por Cristo, nosso Senhor. Animador: Rezemos pelos que não creem em Deus e pelas pessoas que estão em crise de fé. Leitor: Oremos pelos que não reconhecem a Deus, para que buscando lealmente o que é reto, possam chegar ao Deus verdadeiro. (Momento de silêncio) Presidente: Deus eterno e todo-poderoso, vós criastes todos os seres humanos e pusestes em seu coração o desejo de procurar-vos para que, tendo-vos encontrado, só em vós achassem repouso. Concedei, que, entre as dificuldades deste mundo, discernindo os sinais da vossa bondade e vendo o testemunho das boas obras daqueles que creem em vós, tenham a alegria de proclamar que sois o único Deus verdadeiro e Pai de todos os seres humanos. Por Cristo, nosso Senhor. Animador: Rezemos pelos que dirigem os destinos das nações. Leitor: Oremos por todos os governantes: que o nosso Deus e Senhor, segundo sua vontade, lhes dirija o espírito e o coração para que todos possam gozar da verdadeira paz e liberdade. (Momento de silêncio) Presidente: Deus eterno e todo-poderoso, que tendes na mão o coração dos seres humanos e o direito dos povos, olhai com bondade aqueles que nos governam. Que por vossa graça se consolidem por toda a terra a segurança e a paz, a prosperidade das nações e a liberdade religiosa. Por Cristo, nosso Senhor. Animador: Rezemos por todas as pessoas que sofrem. Pelos povos indígenas ameaçados de morte, pelos sofredores das ruas de nossas cidades, pelas pessoas que estão nas prisões, pelos doentes de nossas comunidades, pelas vítimas da fome e da violência, pelos desempregados... Leitor: Oremos, irmãos e irmãs, a Deus Pai todo-poderoso, para que livre o mundo de todo erro, expulse as doenças e afugente a fome, abra as prisões e liberte os cativos, vele pela segurança dos viajantes e transeuntes, repatrie os exilados, dê a saúde aos doentes e a salvação aos que agonizam. (Momento de silêncio) 6
Presidente: Deus eterno e todo-poderoso, sois a consolação dos aflitos e a força dos que labutam. Cheguem até vós as preces dos que clamam em sua aflição, sejam quais forem os seus sofrimentos, para que se alegrem em suas provações com o socorro da vossa misericórdia. Por Cristo, nosso Senhor. ADORAÇÃO DA SANTA CRUZ Animador: Vamos iniciar nosso terceiro momento, no qual a Paixão é adorada. Vamos silenciar nossa boca e nossos pensamentos para poder olhar melhor este símbolo do amor e da fidelidade de Cristo para com o projeto do Pai. Entrada da Cruz - (Entra coberta) Presidente: (Descobrindo aos poucos a Cruz canta-se três vezes:) P. Eis o lenho da Cruz, do qual pendeu a Salvação do Mundo! Todos: Vinde, Adoremos! Canto de Adoração: (Enquanto acontece a adoração da Cruz). RITO DA COMUNHÃO Animador: Vamos iniciar nosso quarto momento no qual a Paixão é comungada. Comungar nesta celebração da Sexta-feira Santa é alimentar-se com a força da vida, para que o sofrimento e a dor não sejam capazes de derrotar a fidelidade, que deve estar no coração daqueles que fizeram sua opção por Deus e por seu Reino de amor e de justiça. Pai-Nosso Oração pela paz Comunhão Oração depois da comunhão Presidente: Ó Deus, que nos renovastes pela santa morte e ressurreição do vosso Cristo, conservai em nós a obra de vossa misericórdia, para que, pela participação deste mistério, vos consagremos sempre a nossa vida. Por Cristo nosso Senhor. Todos: Amém! (Todos se retiram em silêncio). 7