CLONAGEM IN VITRO VIA CULTIVO DE MERISTEMA DE PIMENTEIRA-DO-REINO: ASSEPSIA E ESTABELECIMENTO DE CULTURA

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Transcrição:

Anais do 7º Seminário de Iniciação Científica da UFRA e 13º Seminário de Iniciação Científica da EMBRAPA 01 a 04 de dezembro de 2009 CLONAGEM IN VITRO VIA CULTIVO DE MERISTEMA DE PIMENTEIRA-DO-REINO: ASSEPSIA E ESTABELECIMENTO DE CULTURA Joyce vieira da Silva PINHO Oriel Filgueira de LEMOS, Hérica Santos de Oliveira Resumo A cultura da pimenteira-do-reino tem grande importância econômica no Brasil, mas há restrição de cultivo devido a vulnerabilidade genética da mesma à doença fusariose causada pelo fungo Fusarium solani f. sp.piperis. A forma de propagação vegetativa é disseminadora da doença e métodos de controle da doença são pouco exitosos. Programas de melhoramento em execução visam gerar híbridos resistentes à doença em questão, além de agregar características agronômicas competitivas. Doenças viróticas ocorrem em todas as cultivares e há necessidades de limpeza clonal dessas cultivares via cultura de tecidos. Há dificuldades de obtenção de explantes assépticos devido a problemas de bactérias e fungos endógenos. Este trabalho teve por objetivo o estabelecimento de meristema (<1,0 mm) in vitro para a limpeza clonal via micropropagação. A partir de plantas originadas de estacas, meristemas (apicais e laterais) foram excisados a partir segmentos nodais e apicais, previamente submetidos a diferentes tratamentos de assepsia. Os meristemas foram inoculados em meio básico de cultura MS suplementado com BAP 0,5 mg.l -1 e AIA 0,2 mg.l -1. As respostas dos meristemas das diferentes cultivares foram avaliadas quanto a oxidação e contaminação, e os explantes verdes foram transferidos para meios frescos visando a diferenciação de brotos. Dos meristemas de nove cultivares utilizadas, apenas alguns das cultivares IAÇARÁ e genótipo 239 apresentaram desenvolvimento satisfatório. As demais não desenvolveram, oxidaram e/ ou sofreram contaminação por fungos e/ ou bactérias. Palavras-chave: limpeza clonal, Piper nigrum L.; micropropagação. Área do conhecimento: Ciências Agrárias; Sub Área: Agronomia; Linha de pesquisa: cultura de tecidos. Introdução O Brasil é o quarto maior produtor e exportador mundial de pimenta-doreino, com produção estimada de 33.000 t em 2008, o que confere grande importância econômica da cultura para o país. A fusariose, causada pelo fungo Fusarium solani, assola as plantações de pimenta-do-reino principalmente pela predisposição genética dos vegetais propagados de forma vegetativa para os plantios comerciais. Ademais, as doenças viróticas (PYMoV e CMV) estão colocando em riscos todas as cultivares, uma vez que todas são susceptíveis. 1 Acadêmica do curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará. Bolsista Pibic CNPq/ Embrapa. Email: joycepinho.bio@gmail.com; 1 Dr. Pesquisador A da Embrapa Amazônia Oriental. Tv. Enéas Pinheiro, s/n, Marco. CEP: 66095-100 - Belem, PA. Email: oriel@cpatu.embrapa.br 1 3 Mestranda do curso de agronomia da UFRA; hericaeng@yahoo.com.br;

Assim, o melhoramento genético vegetal, que tem como principal objetivo desenvolver novas cultivares resistentes às doenças e com características agronômicas desejáveis pelos produtores tem contemplado novas técnicas e tecnologias para o avanço na obtenção de resultados, sendo desenvolvidas e aplicadas à pimenteira-do-reino. As técnicas de cultura de tecidos têm sido aplicadas para a clonagem de plantas, desenvolvimento de protocolos para regeneração de plantas visando a transgenia, e o desenvolvimento de marcadores moleculares do tipo microssatélites para os estudos da diversidade genética e auxílio aos programas de melhoramento genético. Considerando os avanços das viroses em pimenteira-do-reino e susceptibilidades ao PYMoV e CMV, estudos de limpeza clonal estão sendo desenvolvidos em laboratório para a clonagem e limpeza de plantas das cultivares via cultura de meristemas. O objetivo deste trabalho foi definir as condições adequadas para o estabelecimento da cultura in vitro de meristemas a partir de gemas e ápices caulinares de plantas originadas de estacas. Materiais e Metodos A pesquisa visou o desenvolvimento de novas plantas a partir de meristemas apicais e laterais. O processo experimental foi realizado no Laboratório de Biotecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias Embrapa Amazônia Oriental, Belém, Pará. Os meristemas utilizados foram obtidos através de corte de gemas laterais e apicais de Piper nigrum com auxílio de bisturi cirúrgico, todos provenientes de oito cultivares: IAÇARÁ, APRA, KOTANADAN, PERUNKÓIDI, BRAGANTINA, 239, GUAJARINA, CINGAPURA e KUTHIRAVALLY. O meio de cultura utilizado foi o meio MS, BAP 0,5 mg.l -1 e AIA 0,2 mg.l - 1, com adição de sulfato de streptomicina 100 mg.l -1, carvão ativado 0,2% e phytagel 0,2%, e ph ajustado para 5,8 previamente à autoclavagem a 121 o C por 20 minutos.. Para evitar a contaminação do material, algumas soluções foram necessárias na assepsia: fungicida Derosal 0,1%, Cloreto de Mercúrio 0,1%, sulfato de streptomicina 100 mg.l -1 e Mercaptoetanol 50 mm. A assepsia foi dividida em três partes: Campo: Corte da planta em casa de vegetação, em pequenos segmentos nodais e apicais e imersão em ácido cítrico (50mM). Laboratório: Lavagem em água corrente e sabão neutro; Imersão em fungicida derosal 0,2% por 20 minutos; Câmara de Fluxo Laminar: Os meristemas ficaram em álcool 70% por 1 min e em seguida foram imersos em solução de Cloreto de Mercúrio 0,1% por mais 10 min; Após isto, foram aplicadas cinco lavagens com água destilada autoclavada, imersos em solução de Sulfato de Streptomicina por mais 20 min. Por fim, os meristemas foram colocados em solução de Mercaptoetanol 50 mm (antioxidante). À medida que os cortes foram feitos, gotas de Mercaptoetanol e Sulfato Streptomicina foram

aplicados nos tecidos. Os meristema com auxílio de lupa esteriomiscrópio foram excisados e inoculados em meio de cultura de estabelecimento e mantidos em sala de cultivo, sob fotoperíodo de 16 h luz. dia -1, com intensidade de luz de 25 μmol. s -1.cm -2 e temperatura de 25 3º C. Resultados e Discurssão Segundo (Kerbauy, 2008), o cultivo de meristemas é uma das maneiras mais eficientes para livrar plantas de microorganismos patogênicos endógenos como vírus, micoplasmas, fungos e bactérias, causadores da degenerescência das cultivares. Diante desse contexto, foram inoculados meristemas de nove cultivares de Piper nigrum L, todavia, apresentaram elevadas taxas de contaminação, inicialmente dominadas por fungos (Tabela 1). Diante disto, temos que, Moino Junior 2000, encontrou altas taxas de contaminação por fungo na cultura de abacaxizeiro, através de micropropagação de tecidos via meristema. Após a primeira transferência, a partir dos meristemas sobreviventes da primeira etapa de estabelecimento, as contaminações por fungos intensificaram-se (Tabela 2). Contudo, alguns meristemas observados com início de contaminação continuaram desenvolvimento. Tabela 01. Ocorrência de contaminação e oxidação de meristemas cultivados em meio MS, suplementado com BAP 0,5 mg.l -1 e AIA 0,2mg.L -1, após duas semanas de cultivo. N de Contaminação Contaminação meristemas contaminados por fungos por bactérias oxidados Iaçará 30 07 06 01 30 Bragantina 30 04 04-30 Apra 30 04 03 01 30 239 30 02 02-30 Kottanadan 30 09 08 01 30 Perunkóidi 20 03 03-20 Kuthiravally 20 09 08 03 20 Guajarina 20 - - - 20 Cingapura 20 03 03-20 Dentre os meristemas sobreviventes foi observado o desenvolvimento meristemático de meristemas de duas cultivares, IAÇARÁ e 239, após dois meses de cultivo. Ressalte-se que a presença do carvão ativado foi mantida no meio de acultura até a segunda transferência com o propósito de tornar mais efetiva a ação dos reguladores de crescimento, BAP e AIA, no desenvolvimento dos meristemas. As novas tentativas de cultivo de meristemas não foram exitosas devido à contínua e alta taxa de contaminação, principalmente por bactérias, e em poucos casos por fungos. Na cultivar APRA, aparentemente, os tratamentos de assepsia foram mais efetivos, mas ocorreu alta índice de oxidação, o que dificultou o desenvolvimento do meristema (Tabela 3). Apesar dos explantes apresentarem oxidação, a mesma não limitou o desenvolvimento das plântulas, quando ocorreu.

A cultivar 239 apresentou bom desempenho na primeira avaliação, por isso foi inoculada em maior número posteriormente. Contudo, os meristemas apresentaram tanto contaminação por bactérias quanto por fungos. Há grande ocorrência de fungos e bactérias endógenas em tecidos de pimenteira-do-reino, principalmente da primeira. Como o desenvolvimento do fungo é mais rápido, nos primeiros dias de cultivo, observou-se baixa ocorrência dos dois agentes simultaneamente, mas as bactérias foram mais difíceis de serem controladas e portanto, houve predominância como agente contaminante. A fim de evitar a ocorrência das bactérias, os meristemas foram imersos em solução de sulfato de streptomicina por 20 minutos, o que, aparentemente, tem apresentado eficácia no controle das contaminações causadas por bactérias. Tabela 02. Comportamento de meristemas in vitro em meio de cultura MS, suplementado com BAP 0,5 mg.l -1 e AIA 0,2mg.L -1, após 30 a 45 dias de cultivo. N de meristemas contaminados Tipo de contaminação oxidados Iaçará 07 04 Fungo 07 14 07 Fungo 14 Bragantina 08 01 Fungo 08 18 03 Fungo 18 Apra 06 01 Fungo 06 20 09 Fungo 20 239 10 - - 10 18 01 Fungo 18 Kottanadan 08 - - 08 13 01 Fungo 13 Perunkóidi 17 05 Fungo 17 Kuthiravally 11 05 Fungo 11 Guajarina 20 03 Fungo 20 Cingapura 17 05 Fungo 17 Figura 1. Cultivo de meristema em meio básico MS, BAP (0,5 mg.l -1 ) e AIA (0,5 mg.l - 1 ), carvão ativado 0,2% sob ponte de papel: a) meristema oxidado; b) meristema estabelecido e em desenvolvido; c) meristema em desenvolvimento e com a base oxidada; e d) meristema com diferenciação de folíolos e com a base oxidado.

Tabela 3. As cultivares inoculadas de Piper nigrum e suas contaminações por tipo de agente durante as atividades. Total Contaminação Bactéria Fungo Bactéria / Fungo Oxidação Kottanadan 20 15 13 2 0 20 Iaçará 20 14 14 0 0 20 Apra 20 9 7 1 1 20 239 30 30 14 13 3 30 Kuthiravally 20 19 3 14 3 20 Bragantina 10 10 8 0 2 10 Perunkóidi 20 20 16 0 4 20 Observações: 1. A contaminação por Fungos foi observada, em média, entre um e cinco dias após a inoculação. 2. As contaminações por Bactérias ocorreram após uma semana da inoculação. 3. A oxidação ocorre, geralmente, no mesmo dia, mas também pode ocorrer após dois dias da inoculação. Houve evidências de que é necessário o uso de bacteriostático para o controle de bactérias e que fungos puderam ser controlados mais eficiente, mas houve tendência de oxidação dos tecidos dos explantes. Foi observado que se controlado a contaminação e a oxidação for reduzida há grandes possibilidade de sucesso de clonagem de plantas via meristemas de plantas de pimenteira-do-reino. Conclusão Com o controle da contaminação e a redução da oxidação há desenvolvimento dos meristemas in vitro de pimenteirado-reino in vitro em meio básico MS suplementado com AIA 0,2 e BAP a 0,5 mg.l -1. Os meristemas das cultivares IAÇARÁ e 239 são mais responsivos; e o uso de antibiótico, sulfato de estreptomicina e fungicida do tipo derosal são promissores no controle de fungos e bactérias no cultivo de meristema a partir de plantas de propagação vegetativa. Referências Bibliográficas KERBAUY, G. B.; Fisiologia Vegetal - 2ª Ed. 2008. MOINO JUNIOR, A. Produção de fungos, vírus e bactérias entomopatogênicas. In:. Bueno, V.H.P. (Ed.) Controle biológico de pragas: produção massal e controle de qualidade. Lavras: UFLA, 2000. p.175-186. OLIVEIRA, H. S. de; LEMOS, O. F. de. Ajustes, adaptação e desenvolvimento do processo de micropropagação em espécies de pimenta nativas da Amazônia e cultivares de Piper nigrum L. In: III Seminário de Iniciação Científica da Ufra e IX Seminário de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Oriental. 2005