ANÁLISE DO SOFTWARE PSIM POR MEIO DA IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL DE MÉTODOS CLÁSSICOS DE MPPT PARA PAINEIS FOTOVOLTAICOS

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Transcrição:

ANÁLISE DO SOFTWARE PSIM POR MEIO DA IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL DE MÉTODOS CLÁSSICOS DE MPPT PARA PAINEIS FOTOVOLTAICOS Leonardo Rosenthal Caetano Silva 1, Marcelo Pansani Freitas 2, Marcio Augusto Tamashiro 3, Anderson Rodrigo Piccini 4, Geraldo Caixeta Guimarães 5, Jaqueline Oliveira Rezende 6, Larissa Marques Peres 7 1,5,6,7 Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia MG, 2 Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Paracatu MG, 3,4 Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia do Tocantins, Palmas TO 1 leonardo.rosenthal@hotmail.com, 2 marcelopansani@iftm.edu.br, 3 tamashiro@ifto.edu.br, 4 anderson@ifto.edu.br, 5 gcaixeta@ufu.br, 6 jaqueline.oliveirarezende@gmail.com, 7 larissaa_mp@yahoo.com.br Resumo - Este artigo apresenta a implementação de dois métodos clássicos de MPPT bastante conhecidos, por meio do software comercial PSIM. Pretende-se assim testar as principais funcionalidades desse programa, além de servir como um guia prático de uso inicial destinado a alunos e professores de Engenharia Elétrica. Palavras-Chave Método da condutância incremental, método perturba e observa, MPPT, PSIM. ANALYSIS OF PSIM SOFTWARE VIA COMPUTER IMPLEMENTATION OF CLASSICAL METHODS OF MPPT FOR PHOTOVOLTAIC PANELS Abstract - This paper presents the implementation of two well-known classical methods of MPPT, through of the commercial software PSIM. The aim is to test the main features of this program, and also to serve as a practical guide for initial use for students and faculty of Electrical Engineering. 1 Keywords Incremental conductance method, perturb and observe method, MPPT, PSIM. I. INTRODUÇÃO A quantidade de energia produzida por um sistema fotovoltaico depende da taxa de irradiação solar e da temperatura do local onde é instalado. No Brasil, as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte são as que possuem o maior potencial de aproveitamento da energia solar. A região Sul dentre todas as regiões é a menos privilegiada, entretanto ainda possui taxas de irradiação melhores do que aquelas encontradas na Alemanha [1] ou em outros países que empregam largamente a energia solar fotovoltaica, conforme verificado no Atlas Solarimétrico do Brasil do ano 2000 [2]. Apesar da alta incidência de raios solares em todo o território nacional ao longo do ano, a energia solar gerada aqui é mínima. Conforme observado nos informes gerais da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) de junho de 2013, tal geração não chega a 0,1% da demanda geral de energia do Brasil [3]. Outros países do mundo, mesmo em condições naturais mais desfavoráveis estão mais avançados na exploração dessa fonte renovável, como exemplo: Alemanha, Itália e Espanha, onde em 2011 apresentaram um consumo anual de energia solar de 37,5 Terawatt-hora (TWh), representando 67,4% de todo o consumo mundial [4]. Uma resolução publicada pela ANEEL, em abril de 2012, deverá estimular a produção de energia elétrica no Brasil por meio da geração fotovoltaica. Trata-se da Resolução Normativa (REN) 482/2012 da ANEEL [5], que define o Sistema de Compensação como um arranjo no qual a energia ativa injetada por alguma unidade consumidora, com microgeração ou minigeração distribuída, é cedida à distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo de energia elétrica ativa dessa mesma unidade consumidora ou de outra unidade de mesma titularidade. Apesar das vantagens da geração fotovoltaica através do uso de painéis fotovoltaicos, a eficiência desse tipo de conversão de energia ainda é baixa, e desta forma, torna-se necessária a utilização de técnicas para a obtenção da máxima potência possível (MPPT Maximum Power Point Tracking) desses painéis [6][7]. Vários métodos para a extração da máxima potência são encontrados na literatura [6][7][8][9]. Como exemplo, tem-se os métodos da Tensão Constante, da Tensão de Circuito Aberto, de Curto-Circuito por Pulsos, Perturba e Observa, da Condutância Incremental, Hill Climbing, Beta, Correlação de Ripple, métodos baseados em inteligência artificial, entre outros. Dentre esses, destacam-se dois métodos bastante eficazes, quando comparados com os demais, [10] além de serem de fácil implementação: Método Perturba e Observa (P&O), e Método da Condutância Incremental. Este artigo irá apresentar os dois métodos clássicos acima mencionados, bem como as suas implementações no software PSIM. Pretende-se assim demonstrar as vantagens desse software para a realização de estudos sobre sistemas fotovoltaicos, além de servir, para estudantes e professores, como guia inicial de utilização do PSIM. 1

II. MÉTODOS CLÁSSICOS DE MPPT A. Método Perturba e Observa O método Perturba e Observa (P&O) opera de forma periódica, incrementando ou decrementando a tensão de saída terminal do painel fotovoltaico (PV), e comparando a potência obtida no ciclo atual com a potência do ciclo anterior [11]. Caso a potência aumente, o sistema de controle muda o ponto de operação naquela direção; caso contrário, muda o ponto de operação na direção oposta [11]. Além disso, a tensão terminal do PV é sempre alterada e quando o painel opera no ponto de máxima potência (MPP) ocorrem oscilações na potência de saída em torno do seu valor máximo, o que resulta em perdas de potência [11]. Os métodos de P&O podem ser divididos em P&O clássico, otimizado e de três pontos [8]. O P&O clássico opera com perturbações fixas; em relação ao método otimizado, uma média de diversas amostras de potência é usada para ajustar dinamicamente a magnitude da perturbação; já no P&O de três pontos, são usados três pontos distintos da curva potência versus tensão, para determinar a direção e magnitude da próxima perturbação [8]. A Figura 1 [12] apresenta o fluxograma do algoritmo do P&O clássico. Fig. 2 Curva P-V com ponto de máxima potência. O fluxograma do algoritmo desse método de MPPT é mostrado na Figura 3 [10]. Fig. 3 Fluxograma do algoritmo do método de condutância incremental clássico. III. SOFTWARE PSIM Fig. 1 Fluxograma do algoritmo do método P&O clássico. B. Método da Condutância Incremental Este método é baseado no fato de que a inclinação da curva de potência do painel solar é nula no MPP, positiva à esquerda e negativa à direita (vide Figura 2) [7]. Uma vez alcançado o MPP, as perturbações são encerradas até que se observem alterações na corrente do painel. Desta forma, não ocorrem oscilações na potência do PV e o passo de incremento determina a velocidade do método [7]. Também pode ser usado passo variável para melhorar a eficácia deste método. Este método também é muito utilizado pela sua eficácia e apresenta bom desempenho diante de variações rápidas das condições meteorológicas [8]. PSIM, segundo o desenvolvedor, é um dos simuladores mais rápidos para o campo da eletrônica de potência. Esse software utiliza um forte algoritmo dedicado a circuitos elétricos [13]. É capaz de simular circuitos de controle nas várias formas: circuito analógico, diagrama de blocos da função de transferência no domínio s ou z, código C personalizado, ou no Matlab/Simulink. A sua biblioteca de controle fornece uma lista abrangente de componentes e blocos de funções, o que torna possível construir praticamente qualquer esquema de controle de forma rápida e conveniente. Possui diversos módulos adicionais opcionais para atender às necessidades específicas em diversas aplicações, tais como acionamentos de motores, controle digital, energia renovável, ou suporte a DSP (Digital Signal Processing) e FPGA (Field-programmable Gate Array). Esses módulos fornecem aos usuários a flexibilidade para adaptar o PSIM para suas 2

necessidades, e aumentar significativamente a sua capacidade. Entre outras características do PSIM destacam-se [13]: Interface gráfica de usuário intuitiva e de fácil utilização; Interatividade que permite a alteração de parâmetros e visualização de tensões/correntes durante a simulação; Simulação de sistemas conversores de potência e controle grandes e complexos em um curto espaço de tempo; Compilador C embutido que permite a digitação de código C diretamente, sem compilar. Tem como requisitos de sistema um mínimo de 128MB de memória RAM e cerca de 135MB de espaço em disco disponível para a sua instalação. Roda no Microsoft Windows XP, Vista, 7 ou 8. Desta função de transferência, pelo método de Cohen- Coon, foi calculado os valores da constante proporcional e da constante de tempo integral de um controlador PI na forma dependente, também utilizando o programa Calculadora de PID. Os parâmetros do controlador PI encontrados foram, respectivamente, Kp = 1722,494 e Tr = 0.00001. O gráfico da função controlada é visto na Figura 6. IV. IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL DOS MÉTODOS DE MPPT A construção de circuitos elétricos, eletrônicos e de controle é semelhante, e tão fácil quanto a maneira utilizada no Matlab/Simulink. Para a implementação dos dois métodos de MPPT foi utilizado o esquema indicado na Figura 4. Fig. 4 Esquema comum da implementação dos métodos de MPPT. Os principais blocos utilizados estão listados na Tabela I. A implementação de cada um dos algoritmos de MPPT (ver Figuras 1 e 3) em código C encontram-se listados na Tabela II do Anexo. Para a sintonização do bloco PI, nos modelos de P&O e de condutância incremental, foi aplicado um degrau de zero a mil unidades na irradiação solar do sistema. Pela medida da potência máxima gerada nas fotocélulas e com a resposta de potência na saída da linha, pode se descobrir a função de transferência do sistema, visto na Figura 5 e na Equação 1. Foi utilizado o método de Hägglund, utilizando o software Calculadora de PID [14]. Fig. 6 Sistema fotovoltaico sob degrau sintonizado. Tabela I Blocos utilizados na implementação de cada MPPT Bloco Nome Função Label Rotula e vincula pontos comuns de sinais elétricos dos esquemas implementados Utilizado para definir a frequência de atualização Zero-order do código do método P&O, hold cujo valor simulado é de 1000 Hz Simplified C Block Summer Proportional- Integral controller Disponível para escrita simplificada do algoritmo para solução de um determinado problema em código C. No caso do esquema implementado são utilizados duas entradas (x1 e x2) e uma saída (y1) Somador de sinais. No caso do esquema implementado, este bloco está funcionando como um subtrador Implementação computacional do controlador proporcionalintegral (PI) Limiter Limitador de sinal Comparator Comparador de sinais Fig. 5 Sistema fotovoltaico sob degrau sem sintonia. Triangularwave voltage source Ground Fonte de tensão de onda triangular. No caso do esquema foi utilizado como referência de sinal para o comparador Terminal de referência de tensão (1) 3

V. SIMULAÇÃO E RESULTADOS Para a realização das simulações foi utilizado o mesmo sistema fotovoltaico com conversor CC-CC do tipo Buck (abaixador de tensão), apresentado na Figura 7. Esse circuito, já com todos os parâmetros configurados, é um dos exemplos disponíveis no módulo Renewable Energy do PSIM. Houve apenas a substituição do bloco de controle original pelo apresentado na Seção IV, Figura 4. Fig. 7 Sistema fotovoltaico simulado. A Tabela III apresenta os principais blocos utilizados na montagem desse sistema fotovoltaico. Os blocos do tipo label nomeados de Vin e In foram inseridos para a obtenção, respectivamente, da tensão e corrente de saída do módulo fotovoltaico, e aplicação de seus valores na entrada do circuito de cada MPPT. Diversos blocos do tipo Voltage probe foram colocados para a obtenção dos sinais de irradiação (S), potência máxima gerada (Pmax), tensão de saída (Vcell) e potência real gerada (Po) pelo painel fotovoltaico. Este último foi obtido por meio da utilização do bloco Multiplier que realiza a multiplicação dos valores de tensão e corrente de saída do painel. A Figura 8 apresenta o sinal de irradiação simulado. As Figuras 9 e 10 apresentam, respectivamente, as potências reais geradas (em azul) em cada um dos métodos de MPPT, em comparação a potência máxima gerada (em vermelho) pelo painel fotovoltaico. Tabela III Blocos utilizados na implementação do sistema fotovoltaico Bloco Nome Função Simulation Control Voltage probe Current probe Square-wave voltage source DC voltage source Current sensor Voltage sensor Multiplier Solar module (physical mode) Disponível para definir configurações básicas da simulação, como passo de tempo e tempo total. Para a realização das simulações esses tempos foram ajustados, respectivamente, para 1us e 0.4s Utilizado para a captura e a impressão posterior do sinal elétrico, em um ponto determinado do circuito Utilizado para a captura e a impressão posterior da corrente elétrica, em um ponto determinado do circuito Fonte de tensão de onda quadrada. No sistema simulado foi utilizado para gerar valores de irradiação alternada e na forma quadrada, com frequência de 5Hz Fonte de tensão DC. No sistema simulado foi utilizado para gerar o valor fixo da temperatura e também a tensão de saída de referência do conversor Buck Medição da corrente em um ponto determinado do circuito Medição da diferença de potencial elétrico em dois pontos distintos do circuito Multiplicador de sinais Módulo fotovoltaico (modelo físico), com entradas para valores fixos ou variáveis de irradiação (S) e de temperatura (T). Dispões ainda de terminais de saída DC e para verificação de sua potência máxima gerada Capacitor Capacitor Fig. 8 Sinal da irradiação simulado. Inductor Diode Indutor Diodo On-off switch controller Chave controlada on-off Fig. 9 Gráfico das potências geradas pelo método P&O. MOSFET switch Chave MOSFET com acionamento pelo terminal de gate 4

Fig. 10 Gráfico das potências geradas pelo método da condutância incremental VI. CONCLUSÕES A utilização do software PSIM, pelos menos para esse tipo de simulação, apresenta-se como uma ótima opção. A forma disponível para a criação de circuitos elétricos, eletrônicos e de controle, semelhante ao Matlab/Simulink, realmente permite a realização dessa tarefa de forma rápida e precisa. A possibilidade da escrita e inserção de código C na simulação ampliam em muito as funcionalidades desse software. Outra constatação a partir dos gráficos das Figuras 9 e 10, obtidos com o PSIM, é que os dois métodos são satisfatórios para a se encontrar a melhor transferência de potência para a unidade consumidora. Apresentam resultados semelhantes, rápidos e com bom aproveitamento de potência, desempenho e fácil aplicação. O rastreamento de potência é extremamente eficiente, com perda de aproximadamente 3,5% [10] nos dois métodos. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o suporte financeiro da CAPES e também o apoio fornecido pelas instituições de ensino envolvidas neste trabalho (IFTO, IFMG e UFU). REFERÊNCIAS [1] SALAMONI, I. T.; RÜTHER, R. O potencial brasileiro da geração solar fotovoltaica conectada à rede elétrica: análise de paridade de rede. IX Encontro Nacional e V Latino Americano de Conforto no Ambiente Construtivo - ENCAC. Ouro Preto, MG: [s.n.]. 2007. p. 1658 a 1667. [2] COORDENADOR CHIGUERU TIBA. Atlas Solarimétrico do Brasil: Banco de Dados Terrestre. Recife: Universitária da UFPE, 2000. [3] ANEEL. Informações Gerais 2 Trimestre de 2013. Agencia Nacional de Energia Elétrica - ANEEL. Disponivel em: <http://www.aneel.gov.br/arquivos/ PDF/Z_IG_Jun_2013.pdf>. Acesso em: 17 out. 2013. [4] OS 10 países que mais usam energia solar no mundo. Exame.com, 2012. Disponivel em: <http://exame.abril.com.br/meio-ambiente-e-energia/ noticias/os-10-paises-que-mais-usam-energia-solar-nomundo#1>. Acesso em: 17 jul. 2013. [5] ANEEL. Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional PRODIST. [S.l.]: [s.n.], 2012. [6] DESAI, H. P.; PATEL, H. K. Maximum point algorithm in PV generation: An overview. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON POWER ELECTRONICS AND DRIVE SYSTEMS - PEDS, 7., 2007, Bangkok. Proceedings Bangkok: IEEE, 2007. p. 624-630. [7] ESRAM, T,; CHAPMAN, P. L. Comparison of photovoltaic array maximum power point tracking techniques. IEEE Transactions on Energy Conversion, New York, v.24, n.2, p. 439-449, 2007. [8] FARANDA, R.; LEVA, S.; MAUGERI, V. MPPT techniques for PV systems: Energetic and cost comparison. In: POWER AND ENERGY SOCIETY GENERAL MEETING - PESGM, 9., 2008, Pittsburgh. Proceedings Pittsburgh: IEEE, 2008. p. 1-6. [9] JAEN, C.; MOYANO, C.; SANTACRUZ, X.; POU, J.; ARIAS, A. Overview of maximum power point tracking control techniques used in photovoltaic systems. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ELECTRONICS CIRCUITS AND SYSTEMS - ICECS, 15., 2008, Malta. Proceedings Malta: IEEE, 2008. p. 1099-1102. [10] BRITO, Moacyr A. G.; Junior, Luigi G.; SAMPAIO, Leonardo P.;CANESIN, Carlos A, Avaliação das Principais Técnicas para Obtenção de MPPT de Painéis Fotovoltaicos. UNESP, 2010. [11] HUSSEIN, K. H.; HOSHINO, T. OSAKADA, M. Maximum photovoltaic power tracking: an algorithm for rapidly changing atmospheric conditions. IEE Generation, Transmission and Distribution, United Kingdom, v. 142, n. 1, p. 59-64, 1995. [12] SEGUEL, Julio Igor López. Projeto de um sistema fotovoltaico autônomo de suprimento de energia usando técnica MPPT e controle digital. UFMG, 2009. [13] PSIM Simulation Software. Disponivel em: <http://www.psim-europe.com/psim.php>. Acesso em: 11 jun. 2014. [14] ROSENTHAL, Leonardo C. S.; RODRIGUES, R. B. Calculadora de PID. UNIUBE, 2012. 5

ANEXO static float P = 0; static float Pant = 0; static float deltap = 0; static float V = 0; static float Vant = 0; static float deltav = 0; static float VRef = 16; static float I = 0; static float delta = 0.1; V = x1; I = x2; P = V*I; deltap = P - Pant; deltav = V - Vant; if (deltap > 0) Vant = V; Pant = P; y1 = VRef; Tabela II Implementação em código C de cada método de MPPT P&O Condutância incremental static float V = 0; static float Vant = 0; static float deltav = 0; static float VRef = 16; static float I = 0; static float Iant = 0; static float deltai = 0; static float delta = 0.1; if(deltav > 0) VRef = VRef + delta; VRef = VRef - delta; if(deltav > 0) VRef = VRef - delta; VRef = VRef + delta; V = x1; I = x2; deltav = V - Vant; deltai = I - Iant; if (deltav!= 0) if ((deltai/deltav)!= (-I/V)) if((deltai/deltav) > (-I/V)) VRef = VRef + delta; VRef = VRef - delta; if (deltai!= 0) if(deltai > 0) VRef = VRef + delta; VRef = VRef - delta; Vant = V; Iant = I; y1 = VRef;