AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DOS MORADORES DA COMUNIDADE DO FIO NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ/RN SOBRE A TOXOPLASMOSE Knowledge evaluation of citizens in community of Fio in Mossoró/ RN about Toxoplasmosis Raphael Magno Silva SOARES 1 ; Nilza Dutra ALVES 2 ; Kayana Cunha MARQUES³; Vanessa Kaliane Nunes da COSTA 4 ; Diego Trindade Pegado MENDES 3 ; Marcelo Cavalcante FARIAS 4 1 Pós graduando em Ambiente, Tecnologia e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Semi-árido. magno_medvet@hotmail.com 2 Docente da Universidade Federal Rural do Semi-árido. nilza@ufersa.edu.br. ³Discente de graduação da Universidade Federal Rural do Semi-árido. kayanamarques@hotmail.com
Introdução É perceptível que nos últimos anos houve um aumento na aquisição de animais de companhia, principalmente de cães e gatos na área urbana. Esse fato pode ser explicado pelos benefícios que tal convívio proporciona aos serem humanos. No entanto, a criação inadequada, o desconhecimento dos fundamentos sobre a guarda responsável, associados ao baixo grau de instrução e a escassez de legislação, altera os padrões de crescimento populacional de cães e gatos, o que afeta diretamente o bem estar de todos os envolvidos e possibilita o aumento nas taxas de transmissão de doenças (LIMA e LUNA, 2012), com destaque para as zoonoses. Dentre elas a toxoplasmose que é uma doença, causada por um parasita que infecta naturalmente o homem, os animais selvagens e domésticos, e os pássaros. Essa doença tem importância em saúde pública, principalmente, pelas alterações que causam nos fetos humanos, e de importância em produção animal pelas perdas por aborto (FIALHO et al., 2009). É importante salientar ainda, que os maiores índices de infecção para toxoplasmose foram encontrados no nordeste do país, incidência acima de 75% da população (BAHIA-OLIVEIRA et al., 2003). Desta forma considerando-se a necessidade de pesquisas sobre a toxoplasmose, o estudo visou obter informações a respeito do conhecimento da população da comunidade do Fio de Mossoró/RN acerca da toxoplasmose, sua forma e modo de transmissão, buscando promover a orientação adequada e conscientização da população, a respeito da doença. Material e Métodos O estudo foi realizado no período de dezembro de 2014 a janeiro de 2015. O local para o desenvolvimento da pesquisa foi a comunidade do Fio próximo ao bairro de Santa Delmira, em Mossoró-RN, a qual apresenta uma população carente e sérios problemas de infraestrutura básica. Constou da aplicação de 207 questionários composto por questões fechadas e abertas, contendo em algumas delas espaço para o registro da opinião do participante da pesquisa. Estaria apto a participar da pesquisa pessoas que residissem na Comunidade do Fio, com idade mínima de 18 anos, de ambos o sexo, independente do grau de escolaridade. Os questionados assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) confirmando sua participação voluntária na pesquisa. O questionário enfatizou a respeito do conhecimento da população da comunidade sobre a toxoplasmose, modo e forma de transmissão da doença. Os dados obtidos foram analisados com auxílio do Microsoft Office Excel (Versão 2007, Redmond, WA), e analisados de modo descritivo. Resultados e Discussão Inicialmente, indagamos aos questionados se os mesmos já tinham conhecimento a respeito da toxoplasmose e observou-se que 88% (182) afirmaram não ter ouvido falar
na doença e 12% (25) afirmaram já ter ouvido falar. Esse fato gera preocupação considerável tanto para a saúde médica, como médica veterinária. Pois, não conhecer sobre o tema, implica na qualidade de vida e consequentemente na saúde da população como um todo. Quando questionado aos moradores da comunidade do Fio a respeito da participação dos animais de companhia (cães e gatos) na transmissão da toxoplasmose para os seres humanos, 93,5% (196) não sabiam e 5% (8) afirmaram conhecer a participação do gato para a transmissão da doença, e 1,5% (3) afirmam que ambos (cães e gatos) participam do ciclo de transmissão da doença (Figura 1). Hill e Dubey (2002) relataram que apenas 1% da população de gatos libera em algum momento da vida os oocistos. Portanto, as formas de transmissão precisam ser esclarecidas para a população desta comunidade, pois a transmissão em humanos geralmente ocorre através da ingestão de água ou alimentos contaminados com oocistos excretados por fezes de gatos infectados, pela ingestão de carne crua, mal cozida contendo oocistos, ou por transmissão congênita através da placenta infectada (LOPEZ et al., 2000; WONG e REMINGTON et al., 1994). Assim, observa-se que a ocorrência da toxoplasmose está intrinsecamente ligada com o meio ambiente, tendo em vista que os oocistos além de infectar demais fatores, estes são altamente resistentes a condições ambientais, favorecendo assim, o contágio ao ser humano (MONTAÑO et al., 2010). No que diz respeito ao modo de transmissão, 97% (201) dos moradores da comunidade do Fio não sabiam como era transmitida a toxoplasmose, 2% (4) afirmaram que podia ser transmitida através do contato pelas fezes do gato e 1% (2) através de mordedura e arranhadura (Figura 2). Assim, o que pode ser observado com esses dados é a existência de precariedade da população no que diz respeito ao conhecimento sobre tal doença e o seu modo de transmissão, o que acaba tornando-os estes sujeitos susceptíveis ao risco de contrair e expor a doença. Portanto, o conhecimento sobre o que é toxoplasmose, suas formas de transmissão e medidas preventivas, proporciona diminuir a contaminação e manifestação da infecção, e consequentemente minimiza sua ocorrência e danos a saúde da população. Milano e Oscherov (2002) citaram que o conhecimento sobre toxoplasmose mostrase importante para não se adquirir a infecção, todavia, esse conhecimento referente à infecção nem sempre, ou dificilmente alcança toda a população que é exposta ao risco constante de contração como é o caso da comunidade pesquisada. Conclusão De acordo com os dados obtidos nessa pesquisa é possível concluir que: a população da comunidade do Fio mostrou carência de informação a cerca da forma e modo de transmissão da toxoplasmose. Desta forma é necessário a interferência dos
órgãos publicas para orientação da comunidade sobre essa doença. Referências Bibliográficas BAHIA-OLIVEIRA, L. M. G.; JONES, J. L.; AZEVEDO-SILVA, J.; Alves, C. C., ORÉFICE, F.; ADDISS, D. G.. Highly endemic, waterborne toxoplasmosis in north Rio de Janeiro state, Brazil. Emerging infectious diseases, 9 (1), (2003). FIALHO, C. G.; TEIXEIRA, M. C.; ARAÚJO, F. A. P. Toxoplasmose animal no Brasil. Acta Scientiae Veterinariae. v. 37, n. 1, p. 21-23, 2009. LOPEZ A,; DIETZ V.J.; WILSON M,; Preventing Congenital Toxoplasmosis. Morb Mort Week. Report 49: 57-71, 2000. LIMA A. F. M.; LUNA S. P. L. Algumas causas e consequências da superpopulação canina e felina: acaso ou descaso?. Revista de Educação Continuada em Medicina Veterinária e Zootecnia do CRMV-SP / Journal of Continuing Education in Animal Science of CRMV-SP, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 32 38, 2012. MILANO, L. S.; OSCHEROV, E. B. Contaminación por parasitos caninos de importância zoonotica em playas de laciudad de Corrientes, Argentina. Parasitol Latino, v. 57, n. 3-4, p. 21-28, 2002. HILL, D. E.; DUBEY, J. P. Toxoplasma gondii: transmission, diagnosis and prevention. Clinical Microbiology and Infection. v. 8, n. 10, p. 634-640, 2002. MONTAÑO, P. Y.; CRUZ, M. A.; ULLMANN, L. S.; LANGONI, H.; BIONDO, A. W. Contato com gatos: um fator de risco para a toxoplasmose congênita? Clínica Veterinária, n. 86, p. 78-84, 2010. WONG S.Y.; REMINGTON J.S. Toxoplasmosis in pregnancy. Clinical Infectious Diseases, 18: 853-861, 1994. Palavras chave: Toxoplasma gondii, Cães, Gatos, Zoonose. Key words: Toxoplasma gondii, Dogs, Cats, Zoonosis.
Figura 1: Conhecimento dos moradores a respeito da participação dos animais de companhia na transmissão da toxoplasmose. Fonte: SOARES, 2015. Figura 2: Modo de transmissão da toxoplasmose segundo os questionados. Fonte: SOARES, 2015.