O legado do Império e a proclamação da República

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Transcrição:

EAE0420 Formação Econômica e Social do Brasil II O legado do Império e a proclamação da República Prof. Dr. Guilherme Grandi

Crítica à visão contemporânea dos cronistas Relato/testemunho histórico. Interpretações superficiais construídas por meio de depoimentos. História factual baseada em documentos testemunhais. Destaque aos personagens da cena política. Visão passional/viesada/tendenciosa. Ausência de distanciamento histórico/carência de uma análise objetiva dos acontecimentos. Duas versões contraditórias: monarquista e republicana.

A geração de 1930 e o movimento de 1889 Desenvolvimento dos estudos de história econômica. Novas bases para uma análise mais objetiva dos fatos a partir de uma nova problemática e de novas fontes de informação. A queda da Monarquia passa a ser explicada pela inadequação institucional do país diante de um conjunto de transformações sociais e de mudanças de caráter estrutural da economia.

Novo olhar I: Caio Prado Jr.... o regime monárquico revelando-se incapaz de resolver os problemas nacionais a contento, a começar pela emancipação dos escravos, de cuja solução dependia o desenvolvimento da nação, perdera prestígio sendo derrubado por uma passeata militar.

Novo olhar II: Nelson W. Sodré A proclamação da República é o resultado portanto de profundas transformações que se vinham operando no país. A decadência das oligarquias tradicionais, ligadas à terra, a abolição, a imigração, o processo de industrialização e urbanização, o antagonismo entre zonas produtoras, a campanha pela federação contribuíram para minar o edifício monárquico e para deflagrar a subversão. Os setores mais progressistas, eliminando o trabalho escravo, esposando relações capitalistas de produção, ansiando por reformas, opunham-se aos setores estacionários e retrógados que apoiavam a Monarquia e eram apoiados por ela. Interessados em monopolizar o aparelho do Estado, os grupos progressistas deram acolhida às ideias mais avançadas: a abolição, reforma eleitoral, federação e finalmente República. Ao lado do núcleo progressista das classes rurais, colocaram-se as classes médias, desejosas de participação política, igualmente favoráveis a mudança de regime. A República resultou, assim, da aliança entre grupos ativos da classe média e representantes do setor mais dinâmico da classe senhorial.

Em suma: O movimento de 1889 resultou da inadequação do quadro institucional à nova realidade econômica e social que vinha se delineando desde 1870. Nesse sentido, é preciso entender as mudanças que se processaram na sociedade e que levaram à solução revolucionária e ao golpe.

Reparos às versões tradicionais: Abolição e República A primeira não é causa da segunda. Ambas são sintomas de uma mesma realidade. São repercussões, no nível institucional, de mudanças ocorridas na estrutura econômica do país. No máximo, pode-se dizer que a abolição precipitou a queda da Monarquia.

Abolição Afetou os setores menos dinâmicos do país, como os fazendeiros das áreas decadentes (Rio de Janeiro e Vale do Paraíba paulista) que se viam impossibilitados de evoluir para as novas formas de produção. Os setores mais progressistas (fazendeiros do Oeste Paulista) vinham se preparando desde meados dos anos 1880 para a utilização do trabalho livre imigrante.

População total e estrangeira Censo A. População total B. População estrangeira (1.000 habitantes) (1.000 habitantes) B/A 1972 10112 383 3,8% 1890 14334 714 5,0% 1900 17436 1279 7,3% 1920 27500 1590 5,8%

Brasil e SP: número de imigrantes Período Brasil SP SP/Brasil (%) 1884/1887 145.880 53.023 36,3 1888/1890 304.054 157.781 51,9 1891/1900 1.129.315 733.335 64,9 1901/1920 1.469.095 857.149 58,3 Fonte: Villela e Suzigan, 1973, p. 269.

Entradas dos principais grupos de imigrantes no Estado de SP 1.200.000 1.000.000 800.000 Italian 600.000 400.000 Portuguese Spanish Japonese Total 200.000 0 1872-1879 1880-1889 1890-1899 1900-1909 1910-1919 1920-1929 1930-1939

Partido Republicano e o papel do exército Embora pequeno o n. de inscritos nos quadros do Partido, não se pode desprezar a quantidade daqueles que simpatizavam com a causa republicana. Semelhante à bandeira da emancipação durante o período pré-independência (negação do estatuto/pacto colonial). A República sempre fora uma aspiração nacional, desde os tempos da colônia. A ideia de que aos militares cabia a salvação da pátria se generalizou no âmbito do exército a partir da Guerra do Paraguai. Influência do pensamento positivista nos meios militares.

Movimento/ideal republicano Interesses identificados com as classes médias urbanas: transformação das instituições jurídicas e políticas. Visava instituir a igualdade jurídica e a possibilidade de representação política das classes médias (impossibilitada pelo regime eleitoral censitário que vigorou durante o Império).

A questão militar e a solução federativa A primeira resultou da crescente divergência entre os militares do Exército e o poder imperial. Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto defendiam a instituição de um Poder Executivo forte e centralizado. A primeira Constituição republicana (1891) foi uma pá de cal nas aspirações dos militares: - estrutura federalista de cunho liberal, inspirada no modelo norteamericano; - dotou de autonomia administrativa as antigas províncias (denominadas agora como estados); - definiu o presidencialismo como o sistema político de representação da República Federativa do Brasil.

A Primeira Constituição Republicana (1891) Para Rui Barbosa, era preciso da uma forma constitucional ao país para garantir o reconhecimento da República e a obtenção de crédito no exterior. A Constituição foi promulgada pela Assembleia Constituinte em 24 de fevereiro de 1891. Instituiu o Estado laico, consagrou a República federativa liberal e estabeleceu a tripartição do poder. Sistema do voto direto e universal : eram considerados eleitores os homens maiores de 21 anos, exceto analfabetos, mendigos e praças militares.

O ciclo militar do início da República Eleito indiretamente pela Assembleia Constituinte em fevereiro de 1891, o primeiro Presidente da República, marechal Deodoro da Fonseca, renunciou, em novembro, após fechar o Congresso e propor a revisão da Constituição. O vice, marechal Floriano Peixoto, baixou o tom e propôs um acordo com a elite política de SP. Em 1894, Floriano foi sucedido na presidência pelo paulista Prudente de Morais.

A singularidade dos fazendeiros do Oeste Paulista Preponderavam nos quadros do PRP. Com a República, esperam controlar o poder de maneira mais eficaz. Representavam a zona pioneira que se convertera na região mais rica do país, cujo desenvolvimento econômico favorecia o espírito de empresa, propiciando as inovações e as experiências e facilitando a adesão às ideias novas. O fazendeiro desta área, distinguia-se pelo espírito progressista: procurava aperfeiçoar os métodos de beneficiamento do café, tentava substituir o escravo pelo imigrante, subscrevia capitais para ampliação da rede ferroviária e para a criação de organismos de crédito. Era um pioneiro, ativo e empreendedor.

Política econômica nos anos 1890: o encilhamento Outra herança monárquica, segundo Rui Barbosa: a crise do encilhamento. Processo especulativo ocorrido na Bolsa de Valores do RJ em decorrência das excessivas emissões bancárias de notas inconversíveis e lastreadas em títulos públicos (Lei bancária de 17 de janeiro de 1890). A consequência mais evidente, além do crédito farto, do surgimento de empresas fictícias e da alta inflacionária, foi a brusca desvalorização cambial de 1891.

Política econômica nos anos 1890: o encilhamento Em setembro de 1890, o papel-moeda emitido já havia crescido cerca de 40% em relação ao estoque em 17 de janeiro (Franco, 2014, p. 39). Em setembro desse ano, o papel-moeda emitido atingiu o valor de 289 mil contos de réis e, em junho de 1891, este valor chegou a 535 mil contos, um crescimento de cerca de 80%. Foi só em meio a revolta da Armada, no RJ em 1893, que a especulação na Bolsa encontrou o seu desfecho final.

Taxas de variações anuais (%) Ano Papel-moeda em poder do público Depósitos à vista Meios de pagamento Base monetária 1889-34,1 34,7-12,2-1,6 1890 51,3 199,6 123,7 50,3 1891 90,9 68,0 75,9 66,4 1892 24,6-48,3-21,0 11,0 1893 14,1-14,0 2,6 13,3 1894-1,7 20,7 6,0 10,4 1895 3,0 1,3 2,3-5,7 1896 6,4-12,6-0,9 7,5 1897 0,5 49,6 17,2 6,0 1898 7,2-14,7-2,4 2,7 1899-2,3-7,6-4,3-5,4 1900-2,4-34,1-14,2-4,2 Fonte: Abreu et al. 2014, Anexo estatístico.

Política econômica nos anos 1890..., a depreciação cambial assume dimensões de crise em fins de 1891, quando a taxa cai de aproximadamente 24 pence por mil-réis em fins de 1890 para 12 pence por mil-réis no final de 1891. Em função disso, se observa uma significativa desvalorização real da taxa de câmbio, o que certamente teve papel importante em reduzir o déficit em conta corrente de uma média anual de 1,3 milhões em 1888-1891 para uma média anual em torno de 110 mil em 1892-1894. (Franco, 2014, p. 32)

Política econômica nos anos 1890: as crises cambiais de 1891 e 1898 A taxa de câmbio se manteve excessivamente desvalorizada até o final de 1895, quando houve uma quebra na tendência ascendente da capacidade para importar. Piora dos termos de troca vinculada ao colapso dos preços do café. Boom cafeeiro motivado pelo câmbio excessivamente depreciado. Em 1895-96, o aumento do déficit em conta corrente inaugura um período crítico para as contas externas brasileiras. A razão serviço da dívida/exportações chegou a 21% em 1896-97. Aliado ao estancamento dos fluxos de capitais para o país, observa-se uma nova crise cambial em 1898-1900.

Situação externa (US$10 6 ) Ano Balança comercial Saldo em conta corrente Conta capital e financeira Dívida externa consolidada 1889 22,2-4,1 60,2 151,2 1890 11,5-8,7 26,7 150,2 1891 7,6-8,0 3,0 148,6 1892 22,1-0,2 13,8 146,7 1893 28,1 2,2 13,9 162,7 1894 16,3-4,3 3,5 160,0 1895 16,4-11,2 36,4 193,5 1896 2,2-24,4 24,5 195,4 1897 14,1-11,3 11,7 196,6 1898 7,1-18,0 28,6 195,9 1899 14,5-10,5 39,2 204,2 1900 57,1 30,0 36,7 214,7 Fonte: Abreu et al. 2014, Anexo estatístico.

O primeiro governo civil do período republicano Instalado em fins de 1894, Prudente de Morais (presidente) e Rodrigues Alves (ministro da Fazenda) buscam estabelecer um acordo financeiro com os Rothschild visando prover recursos para o serviço da dívida e evitar pressões sobre a taxa de câmbio. Alguns empréstimos foram feitos, mas rapidamente consumidos.

O primeiro funding loan Pelo acordo de junho de 1898 estabelecido entre o governo brasileiro e a Casa Rothschild, o Brasil suspendeu as amortizações da dívida externa por 13 anos, enquanto os juros desta dívida se constituiriam em um novo empréstimo, paulatinamente sacados durante três anos junto aos credores à medida em que o país necessitasse fazer os pagtos e, deste modo, consolidou-se os juros de diversos empréstimos contraídos anteriores. Como condicionalidade prevista no acordo, o presidente Campos Sales e o ministro Murtinho aceitaram aprofundar a ortodoxia da política econômica interna, passando a política monetária a ser fortemente contracionista e adotando um programa de saneamento econômico.