UNIVERSIDADE PARANAENSE UNIPAR LUCIENNE BORIN LIMA DEFENSORIA PÚBLICA: ESTRUTURA E O ADEQUADO FUNCIONAMENTO COMO GARANTIA AO CIDADÃO HIPOSSUFICIENTE NA JURISDIÇÃO PENAL MESTRADO EM DIREITO PROCESSUAL E CIDADANIA UMUARAMA 2007
LUCIENNE BORIN LIMA DEFENSORIA PÚBLICA: ESTRUTURA E O ADEQUADO FUNCIONAMENTO COMO GARANTIA AO CIDADÃO HIPOSSUFICIENTE NA JURISDIÇÃO PENAL Dissertação apresentada como requisito parcial para conclusão do Mestrado em Direito Processual e Cidadania, área de concentração em Processo Penal, pela Universidade Paranaense - UNIPAR. Professor Orientador: Dr. Celso Hiroshi Iocohama. UMUARAMA 2007
AGRADECIMENTOS A DEUS, Pai de amor e bondade, que todos os dias me abençoa ao amanhecer, fortalecendo os sentimentos e desejos corretos, dando paz e luz para prosseguir na missão destinada a mim. À minha família, sempre unida, que dia a dia renova minha vontade de viver. Aos meus pais, Adelson e Maysie, pelo apoio em todos as situações ao longo da minha vida, pelo amor dedicado a minha pessoa e pelo incentivo constante aos estudos. Ao meu grande amor, meu marido Silvio, que soube entender todas as ausências, as tensões e a necessidade de dedicação ao mestrado, demonstrando em todos os momentos seu amor e confiança. À tia Marlene Reis, que prematuramente nós deixou, deixando, porém, um exemplo de força de vontade, dedicação ao próximo e alegria constante, mesmo nos momentos mais difíceis da sua vida. Ao Doutor Clayton Reis, modelo de homem na vida pessoal e pública, de saber jurídico inquestionável, pela lição a ser seguida. À Denise da Silva Viégas, amiga, colega de mestrado, exemplo de Defensora Pública, pelo apoio irrestrito em todos os momentos da minha vida pessoal, profissional e acadêmica.
Ao meu Orientador, Professor Doutor Celso Hiroshi Iocohama, que não poupou esforços para minha orientação, colocando-se a disposição de maneira sempre prestativa. Ao coordenador do mestrado, Professor Doutor Jônatas Luiz Moreira de Paula, sempre solicito, pelo conhecimento jurídico dedicado a mim e aos meus colegas mestrandos.
RESUMO A assistência judiciária gratuita as pessoas carentes é preocupação antiga que atinge quase todos os povos. No início vista como caridade passou a ser encarada como direito e obrigação do Estado no século XVIII, com as declarações voltadas aos direitos do homem, apregoando a igualdade perante a lei. Com a mudança surgiu a necessidade de se prestar assistência jurídica e não somente a assistência judiciária, garantindo o acesso ao direito e não somente ao judiciário. No Brasil, atualmente, está disciplinada na Constituição Federal, no título dos direitos e garantias fundamentais, onde determina o artigo 5 o., inciso LXXIV, o dever do Estado em prestar as pessoas desafortunadas à assistência jurídica integral e gratuita. Por outro lado, o texto constitucional no artigo 134 esclarece que pertence a Defensoria Pública a incumbência de prestar a assistência prevista no artigo 5 o., inciso LXXIV, ressaltando ser a Instituição essencial à função jurisdicional do Estado, instrumento do Estado Democrático de Direito, baseado em princípios igualitários. Assim surge para o Estado a obrigação de criar, organizar e estruturar as Defensorias Públicas para assegurar a adequada prestação dos serviços, não podendo se esquivar da mesma, sob pena de estar violando o previsto na Carta Magna. No concernente a jurisdição penal, a Defensoria Pública deve prestar um serviço de excelência, tendo a obrigação de garantir uma defesa efetiva, plena, garantindo a paridade das armas entre defesa e acusação, buscando o respeito aos princípios do devido processo legal, dignidade da pessoa humana, motivação das decisões judiciais, busca da verdade
real, o princípio da inocência, contraditório e ampla defesa dentre outros. Além disso, os princípios da Defensoria Pública, as prerrogativas e garantias inerentes à profissão ajudam na prestação adequada da assistência jurídica, com uma atuação sem interferências e o respeito às dificuldades enfrentadas pelos carentes. Ademais, as Defensorias Públicas contam com defensores atuando especificamente no segundo grau de jurisdição, com núcleos especializados e com corregedorias para fiscalizar o trabalho dos defensores, o que vêm em prol de um melhor atendimento aos assistidos. Infelizmente os números trazidos apontam que as Defensorias Públicas dispõem de uma estrutura precária o que dificulta a missão de assegurar acesso ao direito aos carentes, sendo o público alvo da Instituição 70,85% da população do país. Tais números demonstram o descaso com a assistência jurídica gratuita no Brasil, e conseqüentemente com a pessoa do acusado no processo penal, já que se garante melhores condições ao Estado julgador e ao Estado acusador do que ao Estado defensor. É necessária a real autonomia funcional, administrativa e financeira para o fortalecimento e aprimoramento da Instituição. Assim, sendo a Defensoria Pública um direito das pessoas carentes, direito previsto na Carta Magna, não se pode aceitar a prestação da assistência jurídica gratuita feita por outros profissionais, como forma do Estado esquivar-se de cumprir a determinação constitucional, sendo dever do mesmo garantir a plenitude dos direitos do carente, através da implementação das Defensorias Públicas.
Palavras chaves: Assistência jurídica gratuita. Defensoria Pública. Cidadão hipossuficiente economicamente. Estado Democrático de Direito. Dignidade.
ABSTRACT