ESTRATÉGIAS DE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO: UM CASO PARTICULAR

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Transcrição:

ESTRATÉGIAS DE CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO: UM CASO PARTICULAR Francisca Tatiana de Oliveira Souza UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE, tatianaoliveira69@yahoo.com.br INTRODUÇÃO O clima é considerado elemento condicionador da dinâmica do meio ambiente, pois exerce influência direta tanto nos processos de ordem física, quanto biológica, assim como na sociedade de modo geral. No entanto, a chuva é o elemento do clima de maior variabilidade espacial e temporal em qualquer região e, em especial na Nordeste, uma vez que é a segunda região mais populosa do Brasil e a que dispõe do menor potencial de recursos hídricos. A maioria do subsolo é cristalino e por isso não propicia à formação de aqüíferos, sendo a água superficial a principal garantia hídrica e a precipitação pluvial a única fonte de suprimento (ALMEIDA E GOMES, 2011). A água, sendo o principal fator limitante ao desenvolvimento do semiárido nordestino e o gerador, cada vez mais intenso, de conflitos locais, necessita que a gestão integrada de recursos hídricos seja a primeira prioridade das políticas públicas (DE ALMEIDA, 2014). A falta de acesso à água é debatida como questão crítica a ser resolvida desde o início da articulação das organizações atuantes no Semiárido. Esta falta de acesso compromete não apenas a segurança hídrica e a saúde das famílias, mas também a garantia da produção de alimentos e a possibilidade de um exercício pleno da cidadania e da construção de uma vida autônoma para as famílias rurais (VENTURA, ANDRADE E GARCIA, 2014). Com o intuito de administrar essa incerteza, muitas famílias têm se voltado para iniciativas de armazenamento da água de forma a estabilizar a oferta. As famílias de agricultores, juntamente com suas formas de organização, instituições públicas e organizações não governamentais, desenvolveram várias formas para armazenamento e distribuição de água, de acordo com suas realidades, como: a) captação e armazenamento barreiros, açudes, poços, cacimbas, tanques de pedra, cisternas, tinas, latas, barragens nos rios; b) distribuição de água: calhas, latas, canais, baldes, sifões, mangueiras, sistemas elevatórios manuais e mecânicos (CURADO, DOS SANTOS E OLIVEIRA, 2014) Entretanto, para realizar a escolha das melhores estratégias para a região Nordeste, é necessário considerar-se que, há séculos as populações habitantes desta região predominantemente semiárida vêm enfrentando adversidades climáticas, representadas, principalmente, pela seca (VENTURA, ANDRADE E GARCIA, 2014). Seguindo este enfoque, o objetivo geral deste trabalho é analisar as estratégias utilizadas por

pequenos agricultores, do Distrito Santa Luzia, Picuí-PB, para proporcionarem a sua permanência e convivência com o semiárido. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada no distrito de Santa Luzia do Seridó, zona rural do município de Picuí, Estado da Paraíba (Figura 1). Figura 1 - Localização do Distrito Santa Luzia do Seridó, Picuí, Paraíba. O distrito fica localizado a 13 km da sede do município, e apresenta 1.451 habitantes, correspondendo a 7,96% da população de Picuí, estimada em 18.222 habitantes, segundo o último censo demográfico brasileiro (IBGE, 2010). O clima do local, segundo a classificação de Gaussen, é do tipo 3bTh (Mediterrâneo quente ou nordestino quente de seca média com 5 a 6 meses secos), a vegetação é do tipo Caatinga Matas Serranas (CPRM, 2005) e o solo predominante é classificado como Latossolo Amarelo Distrófico, segundo o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006), apresentando-se ácidos, medianamente férteis, bastante profundos, bem drenados e friáveis. Tais condições climáticas e edáficas fazem com que essa região seja uma das mais propensas à agricultura dentro do município de Picuí. A pesquisa aconteceu durante o mês de agosto de 2015 entre a população rural e urbana do distrito, que se deu a partir da realização de visitas aos agricultores e agricultoras para verificar as estratégias utilizadas em suas propriedades para proporcionar-lhes sua convivência com o semiárido. Para coleta dos dados foi realizadas entrevistas durante essas visitas e foram registrados também através de fotografias. Durante essas visitas, optou-se pela realização de entrevistas e registros fotográficos. Assim,

foi confeccionado um formulário com questões norteadoras, para que, através do diálogo, fossem obtidas as informações desejadas. Dessa forma, utilizou-se para coleta dos dados uma entrevista semiestruturada (TRIVIÑOS, 1987), que foi realizada com 25 agricultores e agricultoras do distrito em estudo. Após a realização das entrevistas, os dados foram tabulados, sendo realizada análise crítica dos dados qualitativos. RESULTADOS E DISCUSSÃO O Distrito Santa Luzia é uma comunidade basicamente rural, composta na sua maioria por agricultores familiares, com renda inferior a um salário mínimo. Esse povoado apresenta infraestrutura bastante simples e em alguns casos precárias, tendo como fonte primordial de trabalho a agricultura, que há vários anos prejudica a população devido aos altos índices de estiagem na região. Após as visitas, os dados foram divididos em duas categorias de acordo com o local de residência, ou seja, zona urbana ou rural. Com relação à sede do distrito, pudemos constatar que a população não dispõe de um sistema de abastecimento de água até o domicílio tão pouco uma rede de esgotos. O que acontece são o seguinte, os moradores ao construírem suas residências, constroem também fossas sépticas rudimentares para receber seus dejetos sanitários e os oriundos da cozinha e lavanderia. Por outro lado, no caso do sistema de abastecimento de água, a comunidade foi beneficiada há vários anos com um dessalinizador que fornece água potável as famílias (cozinhar e beber), conforme mostra a Figura 2 (A, B, C e D).

Figura 2- Representação do sistema de distribuição da água potável do dessalinizador (A, B, C, D). E a prefeitura disponibiliza caixas d água instaladas em pontos estratégicos para que a população possa ter acesso à água salgada para os outros diversos usos domésticos, como nos mostra a Figura 3 (A, B e C). Destacando-se que os reservatórios que abastecem estas caixas são poços artesianos e um olho d água existente na comunidade. Figura 3- Representação do sistema de distribuição da água salgada para diversos fins (A, B e C). Por sua vez, com relação à zona rural, constatou-se que grande parte dos produtores possui cisternas (do Programa Federal P1MC) e poços artesianos que os fazem superar as crises hídricas da região e possibilitar sua convivência, uma vez que esta localidade não dispõe de reservatórios superficiais a exemplo de açudes ou barreiros, tendo, portanto, que recorrer às fontes subterrâneas e precipitações quando ocorre, Figura 4 (A e B).

Figura 4- Estratégias de convivência com o semiárido na zona rural do distrito (A e B). Em relação à estas cisternas encontradas na zona rural, de acordo com Curado, Dos Santos e Oliveira (2014) foram disseminadas a partir do Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido: Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC), numa concepção inovadora e com objetivos que buscavam a construção de uma nova visão da região, fundamentada na sustentabilidade e no protagonismo dos atores sociais locais, por meio da construção de cisternas rurais para as famílias mais pobres do Sertão (CURADO, DOS SANTOS E OLIVEIRA, 2014). Portanto, evidencia-se que a população utiliza de estratégias de convivência com o semiárido bastante comum a outras localidades, pois são os recursos que estão ao seu alcance. CONCLUSÕES Fica clara a utilização de estratégias de convivência com o semiárido pela comunidade do Distrito Santa Luzia, seja área urbana ou rural, que apesar de não evidenciarmos nada inédito são os recursos e as tecnologias que estão ao seu alcance para permanecerem na região. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, H. A. de; GOMES, M. V. A. Potencial para a captação de água da chuva: alternativa de abastecimento de água nas escolas públicas de Cuité, PB. In: Congresso Brasileiro de Agrometeorologia. 2011. CURADO, F. F.; DOS SANTOS, A. S.; OLIVEIRA, M. J. Sistematização de experiências agroecológicas no território semiárido Nordeste II, Bahia. Cadernos de Ciência & Tecnologia, v. 31, n. 2, p. 349-380, 2014. CPRM - Serviço Geológico do Brasil. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água

subterrânea. Diagnóstico do município de Picuí, estado da Paraíba. Recife: CPRM/PRODEEM, 2005. 10 p. DE ALMEIDA, H. A. Água e desenvolvimento sustentável na zona rural das microrregiões do Agreste e Curimataú da Paraíba. Revista de Geografia (Recife), v. 30, n. 3, p. 82-97, 2014. EMBRAPA-EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2. ed. Rio de Janeiro: CNPS, 2006. 306 p. IBGE. Censo demográfico do Brasil. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/>. Acesso em: 25 mar. 2015. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. VENTURA, A. C.; ANDRADE, J. C. S.; GARCIA, L. F.. Tecnologias sociais de convivência com o semiárido como estratégia de mitigação/adaptação às mudanças climáticas no Brasil. Astrolabio, n. 12, 2014.