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Editora Zahar Veículo: Sites Data: 27/06/2014 Tópico: Institucional Página: 00:00:00 Editoria: Saraiva Conteúdo 1 / 1 DEZ lugares para reviver Os Maias em Lisboa Clique aqui para ver a notícia no site (Não Assinado) Biblioteca Nacional Eça de Queirós Eça de Queirós deixou Portugal em 1872, com menos de 30 anos, para seguir a carreira diplomática no exterior. Grande parte de suas obras foi escrita após essa fase, contando com recordações que passou no país e memórias afetivas. Os Maias (1888) levou uma década para ser escrito e é um de seus romances que mais vivencia a capital portuguesa. Caminhar hoje pelo centro de Lisboa e procurar vestígios do século XIX pode render uma verdadeira surpresa. O SaraivaConteúdo convidou Monica Figueiredo, professora de Literatura Portuguesa da UFRJ e autora do posfácio da atual edição ilustrada e comentada de Os Maias (Zahar), para sugerir um roteiro capaz de despertar a imaginação de quem deseja viajar pela Lisboa de Eça. 1. CASA RAMALHETE Rua São Francisco de Paula (atual Rua Presidente Arriaga), Janelas Verdes (...) o Ramalhete, sombrio casarão de paredes severas, com um renque de estreitas varandas de ferro no primeiro andar, e por cima uma tímida fila de janelinhas abrigadas à beira do telhado, tinha o aspecto tristonho de residência eclesiástica que competia a uma edificação do reinado da senhora D. Maria I: com uma sineta e com uma cruz no topo, assemelhar-se-ia a um colégio de Jesuítas - Os Maias O livro abre com uma descrição detalhada da Casa Ramalhete local criado pela ficção e que nunca existiu. Eça se inspirou nos palácios da Rua São Francisco de Paula, hoje Presidente Arriaga, próximos ao Museu Nacional de Arte Antiga.

3. ESTAÇÃO SANTA APOLÓNIA A Casa Ramalhete não existe, mas é possível imaginá-la como seria nessa rua 2. ATERRO Av. 24 de Julho Perto da Casa Ramalhete encontrava-se o Aterro. De acordo com Monica Figueiredo, toda aquela região para baixo, atualmente chamada de Av. 24 de Julho, que vai dar em Belém, era chamada de Aterro a parte aterrada do Rio [Tejo]. Os personagens iam até lá para passear, refletir ou viver aquilo que a sociedade da época não os permitia. No lugar do Aterro, hoje existe a A Av. 24 de Julho - uma importante artéria da capital

Av. Infante D. Henrique Para Monica, é aqui que acontece uma das cenas mais bonitas do livro: É a última vez que o leitor tem contato com Maria Eduarda. Depois que ela descobre o incesto, é convidada a sair de Portugal. Essa, então, é a hora da despedida, em que ela aparece toda vestida de negro, com um véu no rosto. É pictoricamente muito bem feita, diz. Nuno Morão Maria Eduarda despede-se do leitor na Estação Santa Apolónia 4. HOTEL CENTRAL Praça Duque da Terceira, Cais do Sodré Apesar desse luxuoso hotel ter encerrado suas atividades em 1919, a fachada permanece original. De costas para o cais, do lado direito, é um prédio com uma série de lojas. Ele é muito importante no livro. Primeiro acontece um grande jantar que acaba em pancadaria. Depois, esse é o lugar que Carlos Eduardo vê Maria Eduarda, descendo, pela primeira vez. Ela está toda de branco, vem segurando uma cadelinha acinzentada e o sol da Ribeira bate nela uma imagem linda, relembra a professora.

6. CHIADO Até 1919, funcionava nesse edifício o luxuoso Hotel Central 5. TEATRO SÃO CARLOS Largo de São Carlos O Teatro São Carlos abriu suas portas ainda em 1793. Na época de Os Maias, era uma das salas mais prestigiadas. No teatro, muitos dos encontros e da crítica social que o Eça faz à cultura do seu tempo e à forma como as coisas eram passadas de uma maneira repetitiva, esvaziada, sem reflexão, com cópias do que se passava nos teatros franceses são recuperados o tempo todo, atesta Monica. O Teatro São Carlos ainda é um dos principais de Lisboa

Largo do Loreto (atual Praça Luís de Camões), Largo do Chiado e Rua do Chiado (atual Rua Garrett) O coração de Lisboa já pulsava no Chiado naquela época. O Largo do Loreto é recorrente no livro, principalmente por conta da estátua de Camões, dos cafés e de toda a circulação de ideias. Há uma frase de João da Ega que diz: Lisboa é Portugal! Fora de Lisboa não há nada! O país está todo entre a Arcada e São Bento. Ela resume a importância dessa cidade dentro da obra de Eça. Há também inúmeras cenas na Rua do Chiado, hoje Garrett. Era lá que ficava o café Marrare [entre os números 54 e 64] e a Casa Havanesa, local que vendia enfeites para a burguesia enriquecida, explica a professora. A Rua Garrett e a Praça de Camões são cenários de Os Maias 7. CASA DA MARIA EDUARDA Rua de S. Francisco (atual Rua Ivens), 31, 1º andar Antes chamada de Rua de S. Francisco, hoje Ivens, era aqui que Maria Eduarda vivia. É no número 31 que estava a suposta casa dela onde começa também o encontro de amor com Carlos da Maia. Mesmo que o local não exista, vale a pena passar por lá e imaginar, afirma Monica.

A casa só existiu na ficção, mas como não imaginar Maria Eduarda nesse endereço? 8. CAFÉ TAVARES Rua de São Roque (atual Rua da Misericórdia), 37 Nesse café acontecem alguns almoços do livro. Porém, aqui também era ponto de encontro de quando Eça voltava a Portugal e reencontrava seus amigos. Algumas pessoas, por inveja, começaram a suspeitar dessas reuniões. Diziam que eles eram vencidos da vida. Eça ironizou a situação e o grupo ficou conhecido por esse nome, indica Monica. Ainda hoje é possível reservar a mesa frequentada por Eça de Queirós e os Vencidos da Vida no Restaurante Tavares. O Café Tavares - hoje restaurante - foi frequentado por Eça de Queirós

9. PRAÇA DO ROSSIO Praça D. Pedro IV Cenário de touradas, feiras e outros eventos, um dos principais pontos da capital também já foi residência da família de Eça, no 4º andar do número 26. Algumas lembranças se transportaram para dentro do romance. Muitos personagens se encontram no Rossio. Sempre tem alguma coisa acontecendo por lá! É nesse mesmo local que Carlos Eduardo tem um consultório, quando começa sua vida como médico em Lisboa. É um lugar de ficção e de memória biográfica, ressalta a professora. Uma placa homenageia o escritor no número 26, onde residiu com sua família 10. PASSEIO PÚBLICO Atual Av. da Liberdade e Praça dos Restauradores Quando a Av. da Liberdade foi construída, em 1886, Eça estava fora de Portugal. Aquele lugar, que hoje é também a Praça dos Restauradores, na época, era um enorme jardim no modelo francês, chamado de Passeio Público, conta Monica. Depois da viagem de Carlos da Maia, que durou 10 anos, ele retorna a Lisboa, já com essa avenida inaugurada. É um choque pelos olhos do personagem. Ele vê que a paisagem mudou, mas a pequenez das pessoas continua a mesma. A ideia de uma cidade com uma avenida larga, pronta para o futuro, para a circulação, mobilidade e comércio, é, na verdade, uma fotografia de fachada, explica.

Avenida da Liberdade e a Praça dos Restauradores foram construídas onde originalmente era o Passeio Público Outros lugares que valem a visita Sintra Eça transforma o imaginário romântico que o século XIX ergueu em Sintra e monta uma cena de agonia, que é quando Carlos Eduardo quer forçar um encontro com Maria Eduarda. Há referência aos hotéis Nunes, em que ele fica hospedado, e o Lawrence, que está ativo e vive da imagem de Eça. Ele também descreve o Palácio de Seteais hoje um hotel de luxo. É um local belíssimo, em que ele encontra o grande poeta romântico da época, Tomás de Alencar, indica a professora. Coimbra Coimbra está sempre cortando por ausência ou por presença a vida dos personagens de Eça. No caso do protagonista Carlos da Maia, ele é um estudante da Universidade. A chamada Coimbra velha é um espaço recuperado pela obra dele o tempo todo. O Eça também se formou lá e conheceu seus amigos da maturidade, como Antero de Quental, comenta Monica.

A Vila de Sintra é um dos cenários do romance Os Maias, de Eça de Queirós Coimbra e sua universidade são presenças constantes nas obras de Eça