DIREITO FISCAL INTERNACIONAL 2016/2017 INFORMAÇÕES GERAIS Coordenador: JORGE BACELAR GOUVEIA Regente: RITA CALÇADA PIRES Ano lectivo: 2016/2017 Curso: 2º CICLO Semestre: 2º SEMESTRE ECTS: 6 Contacto do docente: rita.pires@fd.unl.pt Horário: 16h-30-17h45 2ª feira Sala 11 15h-16h15 3ª feira Sala 5 16h30-17h45 3ª feira Sala 5 CONTEXTUALIZAÇÃO NA FORMAÇÃO JURÍDICA A unidade curricular auxilia @ alun@ a construir uma formação especializada na área jurídicoeconómica. O estudo do Direito Internacional Fiscal surge como Unidade Curricular opcional, disponível aos alunos de mestrado em Direito Público, em Direito Internacional e Europeu, bem como Direito dos Mercados Financeiros. Pressupõe o estudo prévio da unidade curricular Direito Fiscal. Após a análise do funcionamento geral e das regras do sistema fiscal, depara-se o aluno com a oportunidade de estudar aprofundadamente as questões fiscais fundamentais suscitadas na arena internacional. O estudo do Direito Internacional Fiscal está orientado para a formação de um jurista completo que pretenda saber como o Direito Público e o Direito Internacional trabalham a imposição tributária, como o cidadão se relaciona com o imposto em termos internacionais e quais os efeitos económicos desta figura, para lá dos seus efeitos sociais. Unidades curriculares que auxiliam o aluno na compreensão da matéria: Direito Fiscal; Direito Financeiro Público (Direito Financeiro e Fiscal; Finanças Públicas); Macroeconomia; Economia Pública; Direito da União Europeia; Direito da Economia; Análise Económica do Direito; Direito Internacional Público
CONTEXTUALIZAÇÃO DAS MATÉRIAS A ESTUDAR Numa sociedade contemporânea onde a intervenção pública persiste como importante e onde existe uma forte dependência do imposto como via para arrecadar a receita pública necessária à citada intervenção do Estado, pretende-se que @ alun@ conheça e apreenda o fenómeno impositivo no quadro de acção internacional derivada da globalização e da crescente mobilidade resultante desse processo. Contudo, o olhar sobre os fenómenos internacionais do imposto não é feito de modo descontextualizado, procurando-se integrar o estudo dos vários problemas entre si e do impacto que estes têm na arrecadação de imposto individual de cada Estado. OBJETIVOS E COMPETÊNCIAS A ADQUIRIR OBJECTIVO GERAL Apesar de a soberania tributária continuar a ser apresentada como um dos principais elementos caracterizadores do Estado Nacional Contemporâneo, as relações internacionais e a sempre crescente mobilidade das pessoas e dos factores de produção torna imprescindível reconhecer a relevância das dinâmicas tributárias internacionais. Pretende-se trabalhar para a compreensão do universo da tributação internacional, apreendendo o fundamental sobre os princípios e as regras que constituem o Direito Internacional Fiscal, distinguindo-o claramente do Direito Fiscal Internacional, encarado esse como normas internas sobre as conexões extraterritoriais. O objecto de análise é a tentativa de identificar qual o sentido na edificação de um sistema fiscal internacional que regule as relações tributárias contemporâneas, explorando as respostas que têm sido avançadas nesse domínio, sobretudo através da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE). Alguma análise é efectuada quanto à identificação de alguns aspectos da União Europeia (UE), ainda que o mote de análise da unidade curricular não seja o Direito Fiscal da União Europeia. OBJECTIVOS ESPECIFICOS 1. Identificar as situações de dupla tributação, conhecendo a forma de as prevenir, atenuar ou eliminar, com base quer nas convenções quer na lei nacional; 2. Conhecer as figuras da fraude e da evasão fiscais internacionais e as formas de as combater, bem como a realidade do planeamento fiscal internacional; 3. Apreender as respostas internacionalmente construídas para as situações de práticas fiscais prejudiciais, relacionando-as com a harmonização fiscal;
4. No âmbito das novas tecnologias, designadamente no domínio do comércio electrónico, saber quais os problemas fiscais internacionais colocados e potenciais vias de resposta; 5. Reflectir sobre a questão do apoio ao desenvolvimento no âmbito fiscal internacional. PROGRAMA Módulo I O Direito Internacional Fiscal como necessidade em face das relações económicas e financeiras contemporâneas 1. Globalização, mobilidade e plurilocalização 2. Os elementos de conexão 2.1. Residência 2.2. Fonte 3. Os princípios norteadores do Direito Internacional Fiscal 4. As fontes e os actores do Direito Internacional Fiscal Módulo II As grandes áreas do Direito Internacional Fiscal 1. Dupla Tributação 1.1. Conceito e tipologias de dupla tributação 1.2. Breve incursão sobre o seu aparecimento e desenvolvimento 1.3. Causas 1.4. Problemas suscitados pela dupla tributação e que devem ser combatidos 1.5. Meios de eliminação: os acordo para evitar e eliminar a dupla tributação (ADT) 1.5.1. Rede de acordos bilaterais vs acordos multilaterais 1.5.2. Funções e conteúdos base dos ADT 1.5.3. A questão do treaty override 1.5.4. A relação entre ADT e Direito da União Europeia 1.5.5. A importância do procedimento amigável e a potencialidade da arbitragem 1.6. Métodos de eliminação ou atenuação 2. Fraude, Evasão e Planeamento Fiscais Internacionais 2.1. Aproximação conceptual: a negra trilogia internacional fraude, evasão e planeamento fiscal agressivo 2.2. Causas 2.3. Consequências 2.4. Exemplos de esquemas evasivos 2.5. Algumas formas utilizadas para combater o lado negro da fiscalidade internacional 2.5.1. Intervenção unilateral 2.5.2. Lógica da cooperação internacional 2.5.3. Combate internacional aos paraísos fiscais 2.6. Algumas reflexões sobre os trabalhos desenvolvidos pelas organizações internacionais 3. Competitividade Fiscal e Práticas Fiscais Prejudiciais. Ainda a questão da Harmonização Fiscal Internacional 3.1. Competitividade Fiscal e Práticas Fiscais Prejudiciais 3.1.1. Conceitos e importância 3.1.2. Terminologia 3.1.3. Âmbitos 3.1.4. Espécies 3.1.5. Instrumentos 3.1.6. Causas e Veículos
3.1.7. Prós e Contras 3.1.8. Meios obstaculizantes 3.1.9. Trabalho desenvolvido pelas organizações internacionais 3.2. Harmonização Fiscal Internacional 3.2.1. Contexto e conceito. Figuras afins 3.2.2. Espécies e diferentes escopos 3.2.3. Objectivos, condições e obstáculos 3.2.4. Consequências 3.2.5. Instrumentos de harmonização 3.2.6. Breve referência ao processo da União Europeia 4. Tributação do Comércio Electrónico 4.1. Breves precisões iniciais. Delimitação do tema 4.2. Análise concreta dos problemas 4.2.1. Devemos tributar o comércio electrónico? 4.2.2. São as regras actuais da fiscalidade internacional suficientes para garantir a tributação do comércio electrónico? 4.3. Relatórios recentes sobre o tema na OCDE e na União Europeia 5. Apoio Fiscal ao Desenvolvimento 5.1. Tipos de auxílio fiscal, via OCDE 5.1.1. 1ª fase: auxílio fiscal ao investimento privado nos países em desenvolvimento 5.1.2. 2ª fase: assistência fiscal MÉTODO DE AVALIAÇÃO Exame escrito BIBLIOGRAFIA ESSENCIAL BIBLIOGRAFIA Para começar - Enciclopédia de Direito Internacional, Coimbra: Almedina, 2011: entradas de sobre Direito Internacional Fiscal; Dupla Tributação; Concorrência Fiscal Prejudicial; Evasão Fiscal Internacional; Paraísos Fiscais e Protecção do Investimento Internacional Alberto Xavier, Direito Tributário Internacional. Coimbra: Almedina, 2011, 2ª Reimpressão da 2ª Edição Actualizada (Módulo I e Módulo II na dupla tributação e na fraude e evasão e fiscais), Tributação Internacional do Rendimento Empresarial gerado através do Comércio Electrónico. Desvendar mitos e construir realidades. Coimbra: Almedina, 2011 (Módulo I e Módulo II no comércio electrónico) Paula Rosado Pereira, Princípios do Direito Fiscal Internacional Do paradigma Clássico ao Direito Fiscal Europeu. Coimbra: Almedina, 2010 (Módulo I) Manuel Pires, Da dupla tributação jurídica internacional sobre o rendimento. Lisboa: Centro de Estudos Fiscais, 1984 (Módulo II na dupla tributação) Ana Paula Dourado, A tributação dos rendimentos de capitais: a harmonização na comunidade europeia. Cadernos de Ciência e Técnica Fiscal. Lisboa: Centro de Estudos Fiscais, 1998 (Módulo II na harmonização) OCDE, Harmuful tax competion. An emerging global issue. 1998 (disponível em http://www.oecd.org/tax/transparency/44430243.pdf ) (Módulo II nas práticas fiscais prejudiciais) http://www.oecd.org/tax/tax-global/taxanddevelopment.htm (conferir material contido nesta página da OCDE) (Módulo II no apoio fiscal ao desenvolvimento)
http://www.oecd.org/ctp/beps/ (Módulo II nas práticas fiscais prejudiciais e fraude, evasão e planeamento fiscal agressivo e comércio electrónico) BIBLIOGRAFIA ESTRANGEIRA SUPLEMENTAR Angharad Miller e Lynne Oats, Principles of International Taxation. Bloomsbury Professional Ltd, 2012, 3ª ed. Brian J. Arnold e Michael j. McIntyre, International Tax Primer. Kluwer Law International, 2002, 2ª ed. Roy Rohatgi, Basic International Taxation, Vol I. Londres: BNA international Inc., 2005, 2ª ed. Klaus Vogel, On double taxation conventions : a commentary to the OECD-, UN-, and US model conventions for the avoidance of double taxation on income and capital, with particular reference to German treaty practice. Londres, Haia, Nova Iorque: Kluwer Law International, 3ª edição ELEMENTOS DE APOIO (lista não exaustiva) Modelo de Convenção Fiscal sobre o Rendimento e o Património. Comité dos Assuntos Fiscais da OCDE. Versão portuguesa do Centro de Estudos Fiscais (mas atenção às alterações posteriores). Versão original, em inglês, Model Tax Convention on Income and on Capital: Condensed Version 2014 (http://www.oecd.org/ctp/treaties/2014-model-tax-conventionarticles.pdf mas faltam os comentários que são essenciais) United Nations Model Double Taxation Convention between Developed and Developing Countries (actualizada em 2011 disponível em http://www.un.org/esa/ffd/documents/un_model_2011_update.pdf ) IBFD International Tax Glossary, 6ª edição O processo de aprendizagem apresenta ainda duas ferramentas suplementares: Em todo o processo de aprendizagem recomenda-se a consulta dos materiais disponíveis no TWITTER, em @RitaPirestweet. Através dessa consulta @ alun@ poderá identificar e sistematizar a ligação entre a matéria cientificamente estudada com a realidade, pois oferecem-se conteúdos reveladores das discussões existentes nessa plataforma digital sobre temas tratados na unidade curricular. Notar que o objectivo é @ alun@ identificar tópicos fiscais nas discussões e notícias partilhadas, tal como ter contacto com áreas de intersecção com o Direito Fiscal, designadamente, Direito Financeiro Público, Segurança Social e Economia Social. A utilização da plataforma e seus conteúdos pretendem auxiliar a completar a visão global que @ alun@ deve adquirir com a aprendizagem do Direito Fiscal; Por forma estimular a ligação do ensino à investigação, dando a conhecer os potenciais novos caminhos de interacção entre as temáticas fiscais e as financeiras públicas, as da segurança social e as das políticas públicas sociais, recomenda-se igualmente a exploração da PLATAFORMA DIGITAL DE INVESTIGAÇÃO ILAB LABORATÓRIO DE IDEIAS SOBRE A INOVAÇÃO SOCIAL NOS DOMÍNIOS FINANCEIRO, FISCAL, DA SEGURANÇA SOCIAL E DA ECONOMIA SOCIAL (http://ilab.cedis.fd.unl.pt), cuja coordenação é responsabilidade da regente da unidade curricular. Enfatizando a necessidade de @ alun@ compreender a complexidade e a interdisciplinariedade do Direito Fiscal, o objectivo assenta no estímulo
de leituras dos artigos e demais trabalhos apresentados na plataforma de investigação da NOVA Direito Lisboa, 12 de Fevereiro de 2017