MONITORAMENTO DA SUSCETIBILIDADE DO CAPIM-AMARGOSO AO HERBICIDA GLYPHOSATE NO SUL DE MINAS GERAIS

Documentos relacionados
PERSISTÊNCIA DE SULFENTRAZONE EM SOLO SECO ESTIMADA POR BIOINDICADORES

CONTROLE QUÍMICO DE DIFERENTES POPULAÇÕES DE Digitaria insularis (CAPIM-AMARGOSO)

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DO CAPIM-AMARGOSO COM BASE EM DIAS OU UNIDADES TÉRMICAS

MANEJO DE PLANTAS DANINHAS APRESENTANDO PERDA DE SENSIBILIDADE AO GLYPHOSATE NA CULTURA DO MILHO RR

ESTRATÉGIAS DE MANEJO DE PLANTAS DANINHAS COM PERDA DE SENSIBILIDADE AO GLYPHOSATE NA CULTURA DO MILHO RR

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 822

RESPOSTA DE BIÓTIPOS DE Borreria latifolia DO SUDOESTE DO PARANÁ E NORTE DE SANTA CATARINA AO HERBICIDA GLYPHOSATE

Identificação e controle de biótipos resistentes de Digitaria insularis (L.) Fedde ao glyphosate 1

O que é resistência de plantas daninhas a herbicidas?

Avena fatua RESISTENTE AO HERBICIDA CLODINAFOPE-PROPARGIL: PRIMEIRO CASO NO BRASIL

CONTROLE DE CAPIM-AMARGOSO COM DIFERENTES MISTURAS

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 625

Avaliação de dose resposta em biótipos de buva resistentes ao glifosato 1

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 971

INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

Crescimento do Capim-Amargoso (Digitaria insularis) no Sul de Minas Gerais com Base em Unidades Térmicas 1

HERBICIDAS ALTERNATIVOS PARA O CONTROLE DE BUVA RESISTENTE AO GLYPHOSATE EM DIFERENTES ESTDIOS DE DESENVOLVIMENTO

CONTROLE DE SOJA TIGUERA COM DIFERENTES DOSES DE ATRAZINE EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis

RECOMENDAÇÃO DA DOSE DE BORO, EM SOLO HIDROMÓRFICO, PARA A CULTURA DO RABANETE.

RESPOSTA DE DUAS POPULAÇÕES DE Rottboellia exaltata A HERBICIDAS APLICADOS EM PRÉ-EMERGÊNCIA

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUL DE MINAS GERAIS CÂMPUS MACHADO. Acácio Gonçalves Netto

Curvas de dose-resposta comparativas entre os biótipos resistente e suscetível de capim-amargoso (Digitaria insularis) ao herbicida glyphosate 1

SUPRESSÃO QUÍMICA DO CRESCIMENTO DE Panicum maximum CV. ARUANA CULTIVADO EM CONSÓRCIO COM A SOJA

Palavras-chave - Sorghum bicolor, tolerância, controle químico, plantas daninhas.

O que é resistência de plantas daninhas a herbicidas?

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ALGODÃO

Resistência de Capim-Amargoso aos herbicidas haloxyfopmethyl e fenoxaprop-p-ehtyl em biótipos da região centrooeste.

EFEITOS DA CONVIVÊNCIA DO CAPIM-AMARGOSO NA PRODUTIVIDADE DA SOJA

POPULAÇÕES DE CORDA-DE-VIOLA (Ipomoea spp.) DA REGIÃO SUDOESTE DO PARANÁ: PRINCIPAIS ESPÉCIES E TOLERÂNCIA AO GLYPHOSATE

APLICAÇÃO DE GLIFOSATO NO CONTROLE DA REBROTA DO SORGO EM DIFERENTES ÉPOCAS DE APLICAÇÃO E DOSE

INTERFERÊNCIA DA INFESTAÇÃO DE PLANTAS VOLUNTÁRIAS NO SISTEMA DE PRODUÇÃO COM A SUCESSÃO SOJA E MILHO SAFRINHA

USO DE HERBICIDAS PÓS-EMERGENTES NO MANEJO DE PLANTAS DANINHAS EM MILHO PIPOCA

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 797

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE CONTROLE RESIDUAL DE PLANTAS DANINHAS DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NA CULTURA DO ALGODÃO

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 829

Campo Digital: Rev. Ciências Exatas e da Terra e Ciências Agrárias, v.8, n.1, p , ago, 2013 ISSN: X

Palavras chaves: Plantas de cobertura, Rendimento de grãos, Raphanus vulgaris.

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 855

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 1006

ALTERNATIVAS PARA MANEJO OUTONAL DE BUVA (Conyza sp.)

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 577 INTRODUÇÃO

Dessecação de Plantas Daninhas em Pré-Semeadura do Milho

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 1196

Autores: considerado como não seletivo, atuando apenas em pósemergência

PROGRAMAS DE MANEJO DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO FEIJÃO-CAUPI EM SINOP-MT

CLOMAZONE E PROMETRYNE UTILIZADOS EM PRÉ-EMERGÊNCIA PARA O CONTROLE DE BELDROEGA

RELATÓRIO TÉCNICO WISER TÍTULO: AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA AGRONÔMICA E VIABILIDADE TÉCNICA DA UTILIZAÇÃO DO PROGRAMA WISER NA CULTURA DO MILHO

Comissão de Controle de Plantas Daninhas Fitotoxicidade a Cultivares de Soja em Função da Aplicaçâo do Herbicida Imazapyr+Imazapic

APLICAÇÃO DE MESOTRIONE, MESOTRIONE MAIS ATRAZINE E GLYPHOSATE SOBRE PLANTAS DE LARANJA

RESUMO:Avaliou-se a influência do controle químico e mecânico de diferentes

EFICIÊNCIA DE CONTROLE QUÍMICO DE PLANTAS DANINHAS RESISTENTES AO GLYPHOSATE EFFICIENCY OF CHEMICAL CONTROL OF GLYPHOSATE RESISTANT WEED PLANTS

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 774

Vitória da Conquista, 10 a 12 de Maio de 2017

PRODUTIVIDADE DE SOJA EM RESPOSTA AO ARRANJO ESPACIAL DE PLANTAS E À ADUBAÇÃO NITROGENADA ASSOCIADA A FERTILIZAÇÃO FOLIAR

AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE MILHOS HÍBRIDOS CONSORCIADOS COM Brachiaria brizantha cv. MARANDÚ

Controle de Conyza bonariensis (L.) Cronquist

INFLUÊNCIA DA APLICAÇÃO FOLIAR DE MANGANÊS NO DESENVOLVIMENTO DA SOJA GENETICAMENTE MODIFICADA SUBMETIDA A DOSES DE GLYPHOSATE

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 863

SELETIVIDADE DOS HERBICIDAS BENTAZON E NICOSULFURON PARA Crotalaria juncea e Crotalaria spectabilis

INFILTRAÇÃO APROXIMADA DE ÁGUA NO SOLO DE TALUDE REVEGETADO COM CAPIM VETIVER EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS

MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

SOJA E MILHO RESISTENTES AO GLIFOSATO NOS SISTEMAS AGRÍCOLAS DE PRODUÇÃO SEMEANDO O FUTURO

DOSES DE SULFATO DE AMÔNIO APLICADAS EM COBERTURA E SEUS REFLEXOS NA PRODUTIVIDADE DO MILHO HÍBRIDO TRANSGÊNICO 2B587PW SEMEADO NA 2ª SAFRA

Interação de coberturas de solo e herbicidas no manejo de Conyza bonariensis resistente ao glifosato

SELETIVIDADE DO SORGO SACARINO A HERBICIDAS E O TRATAMENTO DE SEMENTES COM O BIOATIVADOR THIAMETHOXAM

ATIVIDADE RESIDUAL DE TRIFLURALIN PARA O CONTROLE DE QUATRO ESPÉCIES DE AMARANTHUS INTRODUÇÃO

INFLUÊNCIA DE BORDADURA NAS LATERAIS E NAS EXTREMIDADES DE FILEIRAS DE MILHO NA PRECISÃO EXPERIMENTAL 1

RESPOSTA DE Borreria latifólia E Richardia brasiliensis A DOSES DO HERBICIDA GLYPHOSATE EM PÓS-EMERGÊNCIA

CONSORCIO DE MILHO COM BRACHIARIA BRINZANTHA

AVALIAÇÃO DA PORCENTAGEM DE REBROTA EM SISTEMA DE PLANTIO DIRETO DE CINCO CULTIVARES DE ALGODÃO DEPOIS DE ROÇADA E APLICAÇÃO DE GLIFOSATO

Trigo como supressor de infestação de capim-amargoso 1

CAPÍTULO 2 CRITÉRIOS PARA RELATO DE NOVOS CASOS DE RESISTÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS A HERBICIDAS

EFICÁCIA DO HERBICIDA CLOMAZONE, APLICADO NA DESSECAÇÃO, NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO ALGODÃO

PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA COM POPULAÇÕES DE PLANTAS DE FORRAGEIRAS PERENES

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 869

SELETIVIDADE DE SULFENTRAZONE A MUDAS DE CAFÉ EM ESTÁDIO DE IMPLANTAÇÃO

MANEJO DE AZEVÉM RESISTENTE AO GLYPHOSATE EM POMARES DE MAÇÃ COM HERBICIDA SELECT (CLETHODIM)

Monitoring the occurrence of glyphosate-resistant sourgrass biotypes in the south region of Minas Gerais, Brazil 1

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 1118

Autores: PGA - Programa de Pós-graduação em Agronomia. Alexandre Gemelli Eng. Agr., MSc. Rubem Silvério de Oliveira Jr. Eng. Agr., Prof. Dr.

AVALIAÇÃO DA APLICAÇÃO TARDIA DE COBALTO, NA ABSCISÃO DE FLORES E COMPONENTES DE PRODUTIVIDADE DO FEIJOEIRO COMUM (Vigna unguiculata).

COMPARAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE PLANTAS DE MILHO COM DIFERENTES EVENTOS DE BIOTECNOLOGIA

Tolerância de genótipos de sorgo biomassa a herbicidas préemergentes

Avaliação de aspectos produtivos de diferentes cultivares de soja para região de Machado-MG RESUMO

CALAGEM E GESSAGEM DE SOLO CULTIVADO COM ALGODÃO NO CERRADO DE RORAIMA 1 INTRODUÇÃO

PULVERIZAÇÕES FOLIARES NA RECUPERAÇÃO DE MUDAS DE CAFÉ ARÁBICA INTOXICADAS POR GLIFOSATO 1 RESUMO

EFICIÊNCIA DE APLICAÇÃO DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE MOFO- BRANCO NO ALGODOEIRO

MANEJO DO MILHO TIGUERA RR SEMEANDO O FUTURO

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE CAFEEIRO RESISTENTE A FERRUGEM SOB USO DE IRRIGAÇÃO EM MUZAMBINHO-MG

ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA PLANTA DE CHIA SOB SOMBRITE COM DIFERENTES FONTES DE ADUBO NAS CONDIÇÕES DO SUL DE MINAS GERAIS

Enriquecimento de substrato com adubação NPK para produção de mudas de alface

ALTERNATIVAS DE HERBICIDAS NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS EM PÓS- EMERGÊNCIA NA CULTURA DO MILHO

SELETIVIDADE DOS HERBICIDAS BENTAZON E NICOSULFURON PARA Crotalaria juncea e Crotalaria spectabilis

Caraterísticas agronômicas de híbridos experimentais e comerciais de milho em diferentes densidades populacionais.

EFEITO DO GLYPHOSATE NOS COMPONENTES DE PRODUTIVIDADE DE GRÃOS EM SOJA TRANSGÊNICA COM APLICAÇÃO FOLIAR DE MANGANÊS

DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA À PENETRAÇÃO ANTES E APÓS A COLHEITA DO MILHO (Zea mays L.) CULTIVADO EM SOLO HIDROMÓRFICO 1

Susceptibilidade diferencial ao herbicida glyphosate e capacidade de rebrota de populações de capim-amargoso 1

SISTEMAS DE MANEJO DE PLANTAS DANINHAS PARA SEMEADURA DIRETA DA CULTURA DA MAMONA

FITOTOXICIDADE DE ALTERNATIVAS HERBICIDAS PARA A CULTURA DO TOMATE PARA PROCESSAMENTO INDUSTRIAL

Transcrição:

6ª Jornada Científica e Tecnológica e 3º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 04 e 05 de novembro de 2014, Pouso Alegre/MG MONITORAMENTO DA SUSCETIBILIDADE DO CAPIM-AMARGOSO AO HERBICIDA GLYPHOSATE NO SUL DE MINAS GERAIS Acácio GONÇALVES NETTO 1 ; Yago D. GOVEIA 1 ; Saul J. P. CARVALHO 2 RESUMO Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de monitorar a suscetibilidade de populações do capim-amargoso (Digitaria insularis) ao herbicida glyphosate dos municípios de Machado, Alpinópolis, Serrania e Divisa Nova MG. Foram avaliadas doze populações de capim-amargoso, oriundas de diferentes sistemas de cultivo. A suscetibilidade de cada população foi quantificada por meio de curvas de dose-resposta, com a aplicação de seis doses de glyphosate, a saber: 11520, 2880, 720, 180 e 45 g ha -1 de equivalente ácido, além de um tratamento sem aplicação de herbicida. Detectou-se suscetibilidade diferencial das populações de capim-amargoso, o que indica a existência de pressão de seleção pelo herbicida glyphosate. Os níveis de controle obtidos até o momento não caracterizam casos de resistência, de modo que medidas devem ser tomadas para evitar o agravamento da situação. INTRODUÇÃO O herbicida glyphosate tem sido utilizado por muitos anos no controle de plantas daninhas anuais ou perenes em diversos sistemas de produção, de forma que é considerado o herbicida de maior importância mundial (FAIRCLOTH et al., 2001; BLACKSHAW e HARKER, 2002). O aumento na adoção de sistemas de produção conservacionistas (plantio direto) e a maior flexibilidade para aplicação do produto em culturas geneticamente modificadas (transgênicas) resultaram em maior risco de seleção de biótipos resistentes de plantas daninhas, por consequência da maior pressão de seleção imposta (NEVE et al., 2003; CHRISTOFFOLETI et al., 2008). No Sul de Minas Gerais, ainda não há casos confirmados de resistência de plantas daninhas ao glyphosate, contudo, comumente, o manejo de plantas daninhas em lavouras cafeeiras está fundamentado em repetidas aplicações deste herbicida. Este ambiente é extremamente favorável à seleção de populações de plantas daninhas resistentes, o que deve ser cuidadosamente monitorado. Desta forma, este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de monitorar a suscetibilidade de populações do capim-amargoso (Digitaria insularis) ao herbicida glyphosate em municípios do Sul de Minas Gerais. 1 Alunos de Graduação em Agronomia; Instituto Federal do Sul de Minas Gerais - IFSULDEMINAS, Câmpus Machado, Machado - MG. E-mail: acaciogn@agronomo.eng.br 2 Professor, IFSULDEMINAS, Câmpus Machado, Machado - MG. E-mail: sjpcarvalho@yahoo.com.br.

2 MATERIAL E MÉTODOS Todo o trabalho foi desenvolvido em casa-de-vegetação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, Campus Machado MG (21º 40 S; 45º 55 W; 850 m de altitude). Ao todo, foram avaliadas doze populações de capimamargoso, oriundas de diferentes sistemas de cultivo (aplicações de glyphosate, área urbana e pousio), coletadas nos municípios de Machado, Alpinópolis, Serrania e Divisa Nova - MG (Tabela 1). Por limitações físicas, todo o trabalho foi dividido em duas etapas independentes. A primeira etapa foi realizada no segundo semestre de 2013, avaliando sete populações de capim-amargoso; enquanto a segunda etapa foi realizada no primeiro semestre de 2014, avaliando cinco populações. Nas duas etapas, as parcelas constaram de vasos de 1 L, preenchidos com mistura de substrato comercial (casca de Pinus, turfa e vermiculita) e vermiculita (3:1; v:v), devidamente fertilizado, com densidade média de dez plantas por vaso, sem deficiência nutricional ou hídrica. Não houve interesse em comparar as populações, mas de apenas avaliar a suscetibilidade das mesmas ao glyphosate, considerando parâmetros agronômicos e a literatura científica. Para tanto, a suscetibilidade das populações foi quantificada por meio de curvas de dose-resposta. Para cada população, o delineamento experimental adotado foi o de blocos ao acaso, com seis tratamentos (doses) e cinco repetições, totalizando 30 parcelas. Foram aplicadas seis doses de glyphosate, a saber: 16D, 4D, D, 1/4D, 1/16D e ausência do herbicida. Nas quais, D = 720 g ha -1 de equivalente ácido de glyphosate. Tabela 1. Populações amostrais de capim-amargoso, município de coleta, coordenadas geográficas e altitude. População Município Coordenadas Geográficas Latitude Longitude Altitude (m) A Machado 21 39' 55" 45 51' 05" 876 B Machado 21 43' 05" 45 53' 32" 909 C Machado 21 40' 15" 45 55' 03" 849 D Machado 21 36' 56" 45 57' 15" 970 E Machado 21 43' 01" 45 57' 07" 853 F Machado 21 40' 53" 45 55' 49" 859 G Alpinópolis 20 47' 58" 46 21' 39" 790 H Serrania 21 34' 31" 46 08' 50" 955 I Divisa Nova 21 33' 20" 46 10' 54" 825 J Serrania 21 29' 28" 46 03' 03" 870 K Serrania 21º 29' 36" 46º 02' 59" 882

3 Em ambas as etapas, realizaram-se aplicações de herbicida sobre plantas em estádio de menor suscetibilidade, conforme ocorre no campo, ou seja, após pleno perfilhamento. Para tanto, foi utilizado pulverizador costal de precisão, pressurizado por CO 2, acoplado a barra com duas pontas do tipo TeeJet 110.02, posicionada a 0,50 m dos alvos, com consumo relativo de calda de 200 L ha -1. Foi avaliado o controle percentual e a massa seca residual de cada população, aos 28 dias após aplicação (DAA) dos tratamentos. A massa seca foi corrigida para valores percentuais por meio da comparação da massa obtida nos tratamentos herbicidas com a massa da testemunha, considerada 100%. Os dados foram analisados por meio da aplicação do teste F na análise da variância. As curvas de dose-resposta foram ajustadas ao modelo de regressão não-linear do tipo logístico, conforme modelo adaptado por Carvalho et al. (2010): 100 y = x 1 + D50 Em que: y = porcentagem de controle ou massa seca residual; x = dose do herbicida (g ha - 1 ); D 50 é a dose de glyphosate que proporciona 50% de resposta da variável (controle ou redução de massa); e α é a declividade da curva. Visando-se a eficácia agronômica dos tratamentos, também foi calculado matematicamente DL 80, ou seja, a dose de herbicida necessária para controle de 80% da população ou para redução de 80% da massa de matéria seca. α RESULTADOS E DISCUSSÃO Aos 28 DAA, todas as populações foram perfeitamente controladas pelo herbicida glyphosate (Tabela 2). O maior valor de DL 50 foi identificado para a população F, da ordem de 241 g ha -1, na segunda etapa. Ainda, o maior valor de DL 80 foi reconhecido para a população I, da ordem de 725 g ha -1, na segunda etapa. Segundo Rodrigues e Almeida (2005), a dose de glyphosate recomendada para controle do capim-amargoso é variável entre 720 e 1440 g ha -1. Ou seja, neste trabalho, todas as populações foram adequadamente controladas com a dose recomendada do produto (Tabela 2). Em concordância, na análise da massa seca, novamente a população F foi aquela que necessitou de maiores doses absolutas de glyphosate para redução de massa em 80%, em relação à testemunha sem aplicação, da ordem de 1.312 g ha -1 de glyphosate na segunda etapa (Tabela 3). Considerando-se as doses utilizadas para controle ou redução de massa em 80%, não foram identificados casos de resistência nas populações avaliadas.

4 Contudo, com frequência, o capim-amargoso exige aplicação de doses de glyphosate superiores àquelas recomendadas para adequado controle de outras espécies da família Poaceae. Timossi et al. (2006) observaram que a aplicação de 1440 g ha -1 de glyphosate promoveu controle satisfatório da comunidade infestante, porém, não evitou o rebrote do capim-amargoso. Tabela 2. Parâmetros estatísticos 1 para o controle do capim-amargoso após aplicação de diferentes doses do herbicida glyphosate, avaliado aos 28 DAA. Machado - MG, 2014 População Parâmetro Estatístico DL 50 α DL 80 R² Primeira Etapa A 227,460-3,340 344,479 0,996 B 224,589-2,851 365,228 0,994 C 196,039-1,970 396,239 0,993 D 236,279-4,644 318,469 0,997 E 207,706-3,363 313,671 0,999 F 207,007-3,120 322,814 0,999 G 239,123-3,311 363,461 0,999 Segunda Etapa H 158,563-1,423 420,043 0,994 I 236,914-1,239 725,295 0,997 J 198,804-1,703 448,698 0,998 K 161,079-1,547 394,655 0,997 F 241,089-1,482 614,364 0,999 1 Modelo matemático: y=100/(1+(x/d 50) α ); DL 50 = dose de ingrediente ativo que promove 50% de controle; α = declividade da curva; R² = coeficiente de determinação; DL 80 = dose que promove 80% de controle. Correia et al. (2010), constataram suscetibilidade diferencial de populações de capim-amargoso ao herbicida glyphosate, o que evidenciou o início da seleção de populações desta espécie resistente ao produto. Neste sentido, desde 2011, tem sido divulgados relatos de resistência do capim-amargoso ao herbicida glyphosate (CARVALHO et al., 2011). Assim sendo, justifica-se o monitoramento de populações de capim-amargoso submetidas a repetidas aplicações do herbicida glyphosate.

5 Tabela 3. Parâmetros estatísticos 1 para a massa de matéria seca do capim-amargoso após aplicação de diferentes doses do herbicida glyphosate, avaliada aos 28 DAA. Machado - MG, 2014 População Parâmetro Estatístico DL 50 α DL 80 R² Primeira Etapa A 301,503 2,453 530,554 0,986 B 124,585 1,140 420,328 0,991 C 117,878 1,032 451,673 0,998 D 233,008 1,320 666,004 0,993 E 173,739 1,883 362,770 0,991 F 183,838 1,782 400,213 0,929 G 193,501 3,002 307,069 0,996 Segunda Etapa H 140,581 1,034 537,266 0,983 I 151,965 0,787 884,606 0,988 J 242,544 0,923 1089,122 0,983 K 130,798 0,819 710,750 0,984 F 239,942 0,816 1311,973 0,995 1 Modelo matemático: y=100/(1+(x/d 50) α ); DL 50 = dose de ingrediente ativo que promove 50% da redução de massa de matéria seca; α = declividade da curva; R² = coeficiente de determinação; DL 80 = dose que promove 80% de redução da massa de matéria seca. CONCLUSÕES Os níveis de controle obtidos com aplicação de glyphosate sobre as populações de capim-amargoso (municípios de Machado, Alpinópolis, Serrania e Divisa Nova - MG) não caracterizam casos de resistência, de modo que medidas devem ser tomadas para evitar o agravamento da situação. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao CNPq pela concessão de bolsa ao primeiro autor e ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas - IFSULDEMINAS, por fomentar o desenvolvimento deste trabalho.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLACKSHAW, R.E.; HARKER, K.N. Selective weed control with glyphosate in glyphosateresistant spring wheat (Triticum aestivum). Weed Technology, v.16, n.4, p.885-892, 2002. CARVALHO, L. B.; CRUZ-HIPOLITO, H.; GONZÁLEZ-TORRALVA, F.; ALVES, P.L.C.A.; CHRISTOFFOLETI, P.J.; DE PRADO, R. Detection of sourgrass (Digitaria insularis) biotypes resistant to glyphosate in Brazil. Weed Science, v. 59, n. 2, p. 171-176, 2011. CARVALHO, S.J.P.; DIAS, A.C.R.; SHIOMI, G.M.; CHRISTOFFOLETI, P.J. Adição simultânea de sulfato de amônio e ureia à calda de pulverização do herbicida glyphosate. Planta Daninha, v.28, n.3, p.575-584, 2010. CHRISTOFFOLETI, P.J.; GALLI, A.J.; CARVALHO, S.J.P.; MOREIRA, M.S.; NICOLAI, M.; FOLONI, L.L.; MARTINS, B.A.B.; RIBEIRO, D.N. Glyphosate sustainability in South American cropping systems. Pest Management Science, v. 64, n.4, p.422 427, 2008. CORREIA, N.M.; LEITE, G.J.; GARCIA, L.D. Resposta de diferentes populações de Digitaria insularis ao herbicida glyphosate. Planta Daninha, v.28, n.4, p.769-776, 2010. FAIRCLOTH, W.H.; PATTERSON, M.G.; MONKS, C.D.; GOODMAN, W.R. Weed management programs for glyphosate-tolerant cotton (Gossypium hirsutum). Weed Technology, v.15, n.3, p.544 551, 2001. NEVE, P.; DIGGLE, A.J.; SMITH, F.P.; POWLES, S.B. Simulating evolution of glyphosate resistance in Lolium rigidum. II. Past, present and future of glyphosate use in Australian cropping. Weed Research, v.43, n.6, p. 418-427, 2003. RODRIGUES, B.N.; ALMEIDA, F.S. Guia de herbicidas. 5.ed. Londrina, 2005. 592p. TIMOSSI, P.C.; DURIGAN, J.C.; LEITE, G.J. Eficácia de glyphosate em plantas de cobertura. Planta Daninha, v.24, n.3, p.475-480, 2006.