EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE INSETICIDAS APLICADOS VIA TRATAMENTO DE SEMENTE, NO CONTROLE DE Dichelops furcatus NA CULTURA DO TRIGO 1

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Transcrição:

EFICIÊNCIA AGRONÔMICA DE INSETICIDAS APLICADOS VIA TRATAMENTO DE SEMENTE, NO CONTROLE DE Dichelops furcatus NA CULTURA DO TRIGO 1 STÜRMER, G. R. 2 ; GUEDES, J. V. C. 3 ; FRANCA, J. 3 ; RODRIGUES, R. B. 2 ; BIGOLIN, M. 3 ; VALMORBIDA, I. 3 1 Trabalho de Pesquisa desenvolvido na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) 2 Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGA/UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 3 Departamento de Defesa Fitossanitária (DFS/UFSM), Santa Maria, RS, Brasil E-mail: glauber_sturmer@yahoo.com.br; jerson.guedes@smail.ufsm.br RESUMO No Rio Grande do Sul, o trigo é uma das principais culturas agrícolas. No entanto uma das limitações na produção é o ataque de percevejos. Nesse contexto, o presente trabalho objetivou avaliar a eficiência de inseticidas e doses, aplicados em tratamento de sementes, para o controle do percevejo barriga-verde em trigo. O experimento foi realizado em lavoura comercial no município de Santo Ângelo. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com seis tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram constituidos por uma testemunha e pelos seguintes inseticidas: Picus na dose de 60, 70 e 80 ml; Gaucho 600 FS na dose de 70 ml; Cruiser 700 WS na dose de 50 ml. Todas as doses foram em P.C./100 kg de sementes. O inseticida Picus nas doses de 70 ml e 80 ml de P.C./100 kg de sementes, controla Dichelops furcatus, com eficiência relativa superior a 80%, na cultura do trigo. Palavras-chave: Percevejos; Perfilhamento; Controle químico. 1. INTRODUÇÃO O trigo (Triticum aestivum) é uma planta de ciclo anual, cultivada durante o inverno e a primavera. O grão é consumido na forma de pão, massa alimentícia, bolo e biscoito. É, usado também como ração animal, quando não atinge a qualidade exigida para consumo humano. No Brasil, a área cultivada de trigo na safra 2010 é de 2.145 mil hectares e uma produção estimada de 5.350 mil toneladas (CONAB, 2010). É cultivado nas regiões Sul (RS, SC e PR), Sudeste (MG e SP) e Centro-Oeste (MS, GO e DF). O consumo anual no país tem se mantido em torno de 10 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul, o trigo é uma das principais culturas agrícolas. Na safra 2009/2010 cultivou uma área de 860 mil hectares com uma produção de 1.805 mil toneladas e um rendimento médio de 2,1 toneladas ha -1 (CONAB, 2010). O crescimento da produção e da capacidade de produzir deve-se, seguramente, aos avanços tecnológicos, pautados pela pesquisa nos seus diversos aspectos. No entanto, uma das limitações para a produtividade do trigo é os problemas fitossanitários, que ocorrem em diferentes estádios de desenvolvimento da cultura. No aspecto entomológico, os insetos causam prejuízos importantes na cultura do trigo. 1

Os pentatomídeos, popularmente conhecidos por percevejos, são principalmente sugadores de sementes e atacam plantas novas (plântulas), possuindo importância econômica em regiões produtoras de grãos (CHOCOROSQUI & PANIZZI, 2004). Um dos principais percevejos que têm demonstrado esse hábito alimentar é conhecido popularmente por barriga-verde (Dichelops spp.). Apesar da presença de Dichelops spp. em plantas cultivadas já ser conhecida (CORRÊA-FERREIRA, 1986; PANIZZI & SLANSKY, 1985; LINK & GRAZIA, 1987; CHOCOROSQUI, 2001), os primeiros registros de prejuízos econômicos aconteceram na década de 1990 e a partir de então se tornaram frequentes, com esse inseto passando a ser considerado praga inicial nas culturas do milho, trigo e soja (ÁVILA & PANIZZI, 1995; GASSEN, 1996, 2002; BIANCO & NISHIMURA, 1998; GOMEZ, 1998; SALVADORI, 2002; CHOCOROSQUI & PANIZZI, 2004). Existem duas espécies do percevejo barriga-verde, Dichelops furcatus (Fabr.) (Homoptera: Pentatomidae) e Dichelops melacanthus (Dallas, 1851) (Homoptera: Pentatomidae). Ninfas e adultos são encontrados sobre o solo, próximos à base das plantas ou sob os restos culturais da soja, e estão associados ao sistema de plantio direto, o qual fornece abrigo e alimento, resultando em crescimento populacional (PANIZZI & CHOCOROSQUI, 2000). Segundo Chocorosqui & Panizzi (2004), todas as fases de desenvolvimento do trigo são suscetíveis ao ataque do percevejo. Os danos decorrem da introdução do estilete do percevejo e da consequente sucção dos conteúdos das plantas, com provável injeção de toxinas, podendo ocorrer perfilhamento das plantas, causando prejuízos superiores a 25% na produção, podendo também ocorrer perda total (GOMEZ & ÁVILA, 2004). O controle do percevejo-barriga-verde pode ser realizado preventivamente, através do tratamento de sementes. O tratamento de semente com os princípios ativos do grupo dos neonicotinóides (imidacloprido e tiametoxan) têm apresentado eficiência superior a 87% no controle do percevejo, em avaliações realizadas até 30 dias após a emergência das plantas (WAQUIL & OLIVEIRA, 2009). O presente trabalho objetivou avaliar a eficiência de inseticidas e doses, aplicados em tratamento de sementes, para o controle do percevejo barriga-verde (Dichelops furcatus) em trigo. 2. METODOLOGIA O experimento foi conduzido em lavoura comercial de trigo, na safra agrícola 2007, no município de Santo Ângelo, RS. A cultivar utilizada foi FUNDACEP 52, semeada em linha, com espaçamento de 0,20 m entre linhas e uma densidade 60 sementes/metro linear. 2

A semeadura foi realizada em 22/04/2007. A instalação e condução da lavoura foram de acordo com as recomendações técnicas para a cultura do trigo (REUNIÃO..., 2007). O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com seis tratamentos e quatro repetições. As parcelas mediam 2 m x 30 m, ou seja, 60 m 2. Os tratamentos empregados estão listados na tabela abaixo: Tabela 1. Tratamentos e respectivas doses de ingrediente ativo (i.a.) e produto comercial (P.C.). Tratamento Produto/Concentração Doses/100Kg de sementes i.a. P.C. 36 60 PICUS Imidacloprido: 600 g de i.a./litro 42 70 48 80 GAUCHO 600 FS Imidacloprido: 600 g de i.a./litro 42 70 CRUISER 700 WS Tiametoxam: 700 g de i.a./litro 35 50 TESTEMUNHA ---- ---- ---- Os inseticidas foram aplicados às sementes imediatamente antes da semeadura do trigo. As sementes foram colocadas em sacos plásticos juntamente com os inseticidas e água (500 ml de água/100 Kg de sementes), sendo agitadas para distribuição homogênea do produto. Para avaliação da eficiência dos inseticidas, foram contadas as plantas atacadas em 100 plantas/parcela, aos 10, 20 e 30 dias após a emergência das plantas (DAE). As médias referentes ao número de plantas atacadas/parcela passou por análise de variância, e as médias, quando significativas, analisadas pelo teste de Tukey a 5%. A eficiência agronômica foi calculada pela fórmula de ABBOTT (1925). 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES A testemunha diferiu dos demais tratamentos em todas as amostragens realizadas após a aplicação dos tratamentos (Tabela 2). O inseticida Picus apresentou controle superior a 80% em todas as avaliações realizadas até os 30 DAE, exceto na dose de 60 ml de P.C./100 kg de sementes que obteve controle satisfatório até os 20 DAE (Tabela 2). Os inseticidas Gaucho 600 FS e Cruiser 700 WS, nas doses testadas proporcionaram eficiência agronômica superior a 85% em todas as avaliações realizadas até os 30 DAE. Demonstrando serem produtos padrões no controle de percevejo barriga-verde na cultura do trigo. Segundo Waquil & Oliveira (2009),os princípios ativos imidacloprido e tiametoxan tem apresentado eficiência de controle superior a 87% no controle de percevejos até 30 dias após a aplicação. 3

Verificou-se também que as maiores doses do inseticida Picus (70 ml e 80 ml de P.C/100 kg de sementes) controlam Dichelops furcatus com eficiência maior ou equivalente a Gaucho 600 FS e Cruiser 700 WS. Tabela 2. Eficiência agronômica de inseticidas aplicados, via tratamento de sementes, no controle de Dichelops furcatus, em trigo. Santo Ângelo, RS. Safra agrícola 2007. Tratamentos Doses Leitura em 100 plantas/parcela P.C.¹/100Kg R 1 R 2 R 3 R 4 Média² PC ³ Avaliação aos 10 DAE 4 PICUS 60 2 2 1 1 1,50 b 88,23 PICUS 70 0 2 0 1 0,75 b 94,11 PICUS 80 1 0 0 1 0,50 b 96,07 GAUCHO 600 FS 70 1 0 2 1 1,00 b 92,15 CRUISER 700 WS 50 2 1 1 1 1,25 b 90,19 TESTEMUNHA ---- 14 10 16 11 12,75 a ---- CV (%) 45,17 Avaliação aos 20 DAE 4 PICUS 60 3 2 1 3 2,25 b 84,21 PICUS 70 1 0 2 1 1,00 b 92,98 PICUS 80 1 1 0 1 0,75 b 94,73 GAUCHO 600 FS 70 1 1 2 1 1,25 b 91,22 CRUISER 700 WS 50 2 0 1 3 1,50 b 89,47 TESTEMUNHA ---- 17 12 15 13 14,25 a ---- CV (%) 32,15 Avaliação aos 30 DAE 4 PICUS 60 4 2 6 5 4,25 b 75,71 PICUS 70 2 2 0 2 1,50 b 91,42 PICUS 80 1 0 2 1 1,00 b 94,28 GAUCHO 600 FS 70 2 1 1 1 1,25 b 92,85 CRUISER 700 WS 50 2 1 4 4 2,75 b 84,28 TESTEMUNHA ---- 15 19 22 14 17,50 a ---- CV (%) 39,46 ¹ Produto comercial; 2 Médias, nas colunas, seguidas pela mesma letra, não diferem estatisticamente entre si (Tukey 5%); ³ PC porcentagem de controle (Fórmula de ABBOTT); 4 Dias após a emergência. 4. CONCLUSÃO Todos os inseticidas apresentaram bom desempenho no controle de percevejo barriga-verde. O inseticida Picus nas doses de 70 ml e 80 ml de P.C./100 kg de sementes, controla Dichelops furcatus até aos 30 dias após a emergência das plantas com eficiência relativa superior a 80%, na cultura do trigo. Na dose de 60 ml de P.C./100 kg de sementes controlou a praga com eficiência relativa superior 80% para o percevejo-barriga-verde na cultura do trigo até aos 20 dias após a emergência das plantas. 4

Os inseticidas Gaucho 600 FS e Cruiser 700 WS, apresentam eficiência de controle acima de 85% para Dichelops furcatus até os 30 DAE. REFERÊNCIAS ABBOTT, W.S. A method of computing the effectiveness of an inseticide. Journal Economic Entomol., Maryland, v.18, v.1, p.265-267, 1925. ÁVILA, C. J.; PANIZZI, A. R. Ocurrence and damage by Dichelops (Neodichelops) melacanthus (Dallas) (Heteroptera: Pentatomidae) on corn. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 24, n. 1, p. 193-194, 1995. BIANCO, R.; NISHIMURA, M. Efeito do tratamento de sementes de milho no controle do percevejo barriga verde (Dichelops furcatus). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 17; ENCONTRO NACIONAL DE FITOSSANITARISTAS, 8., 1998, Rio de Janeiro, RJ. Resumos... [Rio de Janeiro]: UFRRJ, 1998. p. 230. CHOCOROSQUI, V. R. Bioecologia de Dichelops (Diceraeus) melacanthus (Dallas, 1851) (Heteroptera: Pentatomidae), danos e controle em soja, milho e trigo no norte do Paraná. 2001. 160 p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba. CHOCOROSQUI, V. R.; PANIZZI, A. R. Impact of cultivation systems on Dichelops melacanthus (Dallas) (Heteroptera: Pentatomidae) population and damage and its chemical control on wheat. Neotropical Entomology, v. 33, n. 4, p. 487-492, 2004. CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento. Dados Históricos da Cultura do Trigo, 2010. CORRÊA-FERREIRA, B. S. Ocorrência natural do complexo de parasitóides de ovos de percevejos da soja no Paraná. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 15, n. 2, p. 189-199, 1986. GASSEN, D. Manejo de pragas associadas à cultura do milho. Passo Fundo: Ed. Aldeia Norte, 1996. 127 p. GASSEN, D. O percevejo barriga-verde em plântulas de milho. Passo Fundo: Cooplantio, 2002. p. 66-68. 5

GOMEZ, S. A. Controle químico do percevejo Dichelops (Neodichelops) melacanthus (Dallas) (Heteroptera: Pentatomidae) na cultura do milho safrinha. Dourados: EMBRAPA-CPAO, 1998. 5 p. (EMBRAPA-CPAO. Comunicado Técnico, 44). GOMEZ, S.A.; ÁVILA, C.J. Ameaça verde. Cultivar Grandes Culturas, v.5, n. 61, p.28-29, 2004. LINK, D.; GRAZIA, J. Pentatomídeos da região central do Rio Grande do Sul (Heteroptera). Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v. 16, n. 1, p. 115-129, 1987. PANIZZI, A. R.; CHOCOROSQUI, V. R. Os percevejos inimigos. A Granja, Porto Alegre, n.616, p.40-42, 2000. PANIZZI, A. R.; SLANSKY JR, F. Review of phytophagous pentatomids (Hemiptera: Pentatomidae) associated with soybean in the Americas. Florida Entomologist, v. 68, n. 1, p. 184-214, 1985. REUNIÃO DA COMISSÃO CENTRO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO, 2006, Planaltina Informações Técnicas para o Trigo. Embrapa Trigo. SALVADORI, J. R. Pragas de solo: evolução e manejo. Revista Cultivar Grandes Culturas, v. 44, p. 18-22, 2002. WAQUIL, J. M.; OLIVEIRA, L. J. Percevejo barriga-verde: nova prioridade das culturas em sucessão à soja. EMBRAPA Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG. 2009. 6