Discente de Pós Graduação em Oftalmologia Veterinária Anclivepa SP

Documentos relacionados
PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Ceratoconjuntivite seca em cães

Resumo. Abstract. Médica Veterinária, Profª Drª Associada do Deptº de Clínicas Veterinárias, UEL, Londrina, PR.

Ceratoconjuntivite seca associada a degeneração de retina e esclerose nuclear em cadela. Relato de Caso

Palavras-chave: Stades, Hotz-Celsus, Blefaroplastia, Entrópio, Cão. INTRODUÇÃO

pupila Íris ESCLERA CORPO CILIAR COROIDE ÍRIS HUMOR VÍTREO LENTE RETINA CÓRNEA NERVO ÓPTICO

REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN: Ano IX Número 18 Janeiro de 2012 Periódicos Semestral

DIAGNÓSTICO CLÍNICO E HISTOPATOLÓGICO DE NEOPLASMAS CUTÂNEOS EM CÃES E GATOS ATENDIDOS NA ROTINA CLÍNICA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVIÇOSA 1

TÍTULO: UTILIZAÇÃO DE PAPEL DE FILTRO MELLITA COMO ALTERNATIVA PARA AVALIAÇÃO DO TESTE DE SCHIRMER EM CÃES

CERATOCONJUNTIVITE SECA EM CÃO DA RAÇA PINSCHER KERATOCONJUNCTIVITIS SICCA IN DOG OF THE PINSCHER BREED

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA DISCIPLINA DE ESTÁGIO CURRICULAR EM MEDICINA VETERINÁRIA

TRANSPOSIÇÃO DO DUCTO PAROTÍDEO EM CÃES Autor: Dr. João Alfredo Kleiner MV, MSc

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS PPGVET

PROLAPSO DA GLÂNDULA DA TERCEIRA PÁLPEBRA EM CÃO RELATO DE CASO

Cistos de íris em um canino: relato de caso

[DEMODICIOSE]

Tilosina Tartato. Antimicrobiano.

Revista de Ciência Veterinária e Saúde Pública

Sumário RESUMO INTRODUÇÃO MATERIAIS E MÉTODOS RESULTADOS CONCLUSÃO E DISCUSSÃO... 17

MICROBIOTA CONJUNTIVAL EM CÃES CLINICAMENTE SADIOS E CÃES COM CERATOCONJUNTIVITE SECA

ATENDIMENTO CLÍNICO E CIRÚRGICO DE OFTALMOLOGIA VETERINÁRIA

PROTRUSÃO DA GLÂNDULA DA TERCEIRA PÁLPEBRA EM CÃO -RELATO DE CASO 1

Aspectos clínicos do entrópio de desenvolvimento em cães da raça Shar Pei

PROPTOSE EM CÃES E GATOS: ANÁLISE RETROSPECTIVA DE 64 CASOS. (Proptose in dogs and cats: retrospective analyses of 64 medical records)

ANEXO IV CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DAS PROVAS E RESPECTIVAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SABER MAIS SOBRE OLHO SECO

FRESH TEARS LIQUIGEL

AVALIAÇÃO DA TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR EM CÃES OBESOS RESUMO

DIFERENTES RESPOSTAS AO TRATAMENTO CLÍNICO NA CERATOCONJUNTIVITE SECA EM CÃES. Franca UNIFRAN, Franca-SP, Brasil

ALLERGAN PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

Programa para Seleção Clínica Cirúrgica e Obstetrícia de Pequenos Animais

UFRRJ INSTITUTO DE VETERINÁRIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM CIÊNCIAS CLÍNICAS

FÍSTULA ORONASAL OCASIONADO POR DOENÇA PERIODONTAL GRAVE EM CAES

Professora Especialista em Patologia Clínica UFG. Rua 22 s/n Setor aeroporto, CEP: , Mineiros Goiás Brasil.

PRODUÇÃO LACRIMAL EM CAVALOS SUBMETIDOS AO BLOQUEIO ANESTÉSICO PALPEBRAL UTILIZANDO ROPIVACAÍNA, LEVOBUPIVACAÍNA OU LIDOCAÍNA

CORRELAÇÃO ENTRE A CITOLOGIA ASPIRATIVA COM AGULHA FINA E HISTOPATOLOGIA: IMPORTÂNCIA PARA O DIAGNÓSTICO DE NEOPLASIAS MAMÁRIAS EM CADELAS 1

STILL. ALLERGAN PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA Solução Oftálmica Estéril diclofenaco sódico (0,1%) BULA PARA O PACIENTE. Bula para o Paciente Pág.

ELETRORETINOGRAFIA. A realização do exame de ERG

ALLERGAN PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Aspectos cirúrgicos no tratamento de tumores hepatobiliares caninos: uma revisão

U IVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRA DE DO SUL FACULDADE DE VETERI ÁRIA DISCIPLI A DE ESTÁGIO CURRICULAR EM MEDICI A VETERI ÁRIA

BIOMICROSCOPIA ÓPTICA

RESTASIS ALLERGAN PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

TÍTULO: EFEITO DA TERAPIA PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICA SOBRE O CONTROLE GLICÊMICO EM INDIVÍDUOS COM DIABETES TIPO2 E PERIODONTITE CRÔNICA: ENSAIO CLÍNICO

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA ANTIBIOTICOTERAPIA OFTÁLMICA NA SUPERFÍCIE OCULAR DE CÃES

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Neoplasias de glândulas perianais em cães

Uma simples técnica para detectar metrite

Estudo quantitativo da lágrima pelo teste de fenol vermelho na população brasileira

Mini ebook DOENÇAS OFTALMOLÓGICAS NA TERCEIRA IDADE ALERTAS E RECOMENDAÇÕES

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

Microbiota conjuntival de cães hígidos e com afecções oftálmicas

FÓRUM VET. Outubro 2012 Nº 2. Avaliação de Nova Formulação de Ração Terapêutica para uso em cães com doença Valvar Degenerativa Mitral: Aspectos

GAMEDII HISTÓRIA EQUIPE GAMEDII AGRADECIMENTOS:

Patologia Clínica e Cirúrgica

OCORRÊNCIA DE ANTECEDENTES FAMILIARES EM PACIENTES COM DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS NO ESTADO DE GOIÁS

[CUIDADOS COM OS ANIMAIS IDOSOS]

Caracterização das manifestações oftálmicas odontogênicas em cães e gatos

NEO FRESH. (carmelose sódica)

LACRILAX. (carmelose sódica)

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ. Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde. Curso de Medicina Veterinária. Camila Buss CERATOCONJUNTIVITE SECA

ATROPINA 0,5% e 1% ALLERGAN PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA. 5 mg/ml de sulfato de atropina - solução oftálmica contendo frasco plástico gotejador de 5 ml

de Estudos em Saúde Coletiva, Mestrado profissional em Saúde Coletiva. Palavras-chave: Reações adversas, antidepressivos, idosos.

INFLUÊNCIA DO TEMPO DE ARMAZENAMENTO DA AMOSTRA SOBRE OS PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS DE CÃES

ALLERGAN PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE PACIENTES COM ESCLEROSE MÚLTIPLA EM GOIÂNIA, GO, BRASIL.

Osteoporose secundária. Raquel G. Martins Serviço de Endocrinologia, IPO de Coimbra

TÍTULO: ÍNDICE DE CONICIDADE EM ADULTOS SEDENTÁRIOS DA CIDADE DE CAMPO GRANDE-MS

Mastite ou mamite é um processo inflamatório da glândula mamária causada pelos mais diversos agentes. Os mais comuns são as bactérias dos gêneros

Resumo. Izabel Carolina Raittz Cavallet [a], Antônio Felipe Paulino de Figueiredo Wouk [b]

CLASSIFICAÇÃO DO TESTE DE CRISTALIZAÇÃO DA LÁGRIMA EM EQUINOS HÍGIDOS E SUA CORRELAÇÃO COM A AVALIAÇÃO DA SUPERFÍCIE OCULAR.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ MARIA CECÍLIA DE LIMA RORIG

EDITAL Nº23/2012 (RETIFICADO)

EDITAL Nº 67/ GR/UEMA

Efeito do Uso Tópico de Açúcar Cristal na Cicatrização Corneana em Coelhos

CIRURGIÃO. Dr. Lucas Dehnhardt CRMV

ALLERGAN PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

AVALIAÇÃO DOS EFEITOS CARDIOVASCULARES DA DEXMEDETOMIDINA, ISOLADA OU ASSOCIADA À ATROPINA, EM FELINOS

TÉCNICA CIRÚRGICA DE ENUCLEAÇÃO REVISÃO DE LITERATURA SURGICAL TECHNIQUE ENUCLEATION - REVIEW OF LITERATURE

FACULDADE DE VETERINÁRIA DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA CLÍNICA VETERINÁRIA

TÍTULO: ELETROCARDIOGRAMA COMO DIAGNÓSTICO NA SUSPEITA DE POSSÍVEIS CARDIOPATIAS EM PSITACÍDEOS DA ESPÉCIE NYMPHICUS HOLLANDICUS

RELATO DE CASO OFTALMOLÓGICO CIRÚRGICO DE UM PORQUINHO DA ÍNDIA Cavia porcellus. Introdução

[DERMATITE ALÉRGICA A PICADA DE PULGAS - DAPP]

[ERLICHIOSE CANINA]

OFLOX ALLERGAN PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA. Solução oftálmica estéril

COMO O ULTRASSOM OCULAR PODE AUXILIAR ANTES DA CIRURGIA DE CATARATA? M.V. PhD. Renata Squarzoni

ECOFILM LATINOFARMA INDÚSTRIAS FARMACÊUTICAS LTDA. Solução Oftálmica Estéril. carmelose sódica 5 mg/ml

Pesquisa com células tronco para tratamento de doenças da retina

RESUMO SEPSE PARA SOCESP INTRODUÇÃO

Recolocação cirúrgica da glândula da membrana nictitante em canídeos pela técnica de bolsa conjuntival - 23 casos clínicos

PREVALÊNCIA E FATORES DE RISCO DAS PRINCIPAIS DERMATOPATIAS QUE AFETAM CÃES DA RAÇA BULDOGUE FRANCÊS NO NORTE DE SANTA CATARINA

RESOLUÇÃO Nº 14, DE 30 DE SETEMBRO DE 2010

ABORDAGEM CLÍNICA DE BLUE EYE, ASSOCIADO À REAÇÃO PÓS- VACINAL EM CÃO RELATO DE CASO

ÁREAS: OBSTETRÍCIA, PATOLOGIA CLÍNICA CIRÚRGICA E ANESTESIOLOGIA

MANIFESTAÇÕES OCULARES DOS REUMATISMOS INFLAMATÓRIOS

OBSTRUÇÃO RECORRENTE DAS VIAS AÉREAS INFERIORES (RAO) EM EQUINOS. EQUINE RECURRENT AIRWAY OBSTRUCTION.

Edital Nº 15 de 12 de fevereiro de 2014, publicado no Diário Oficial da União de 18/02/2014.

Modalidade: Nível: Área: Introdução

Resumo Curricular Ana Vanessa R. A. Antunes

DERMATITE ALÉRGICA A PICADA DE PULGA RELATO DE CASO

ANEXO I RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO

Anemia Infecciosa das Galinhas

Transcrição:

OCORRÊNCIA DE CERATOCONJUNTIVITE SECA EM CÃES NA REGIÃO NORTE FLUMINENSE, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (Keratoconjunctivitis sicca occurrence in dogs in the North Fluminense Region, State of Rio de Janeiro) Coutinho, L. O. 1 ; Melo, J. C. 1 ; Almeida, A. J. 2 ; Guberman, Ú.C. 3 1 Discente de Pós Graduação em Oftalmologia Veterinária Anclivepa SP 2 Professora Adjunta UENF 3 Médica Veterinária- Quality Especialidades- ES leovalassari@gmail.com Palavras-chaves: CCS; oftalmologia; olho seco Introdução A ceratoconjuntivite seca (CCS), xeroftalmia ou olho seco em cães é uma afecção ocular causada por uma alteração qualitativa ou quantitativa do filme lacrimal, que pode ocorrer devido inflamação crônica das glândulas lacrimais. Em consequência dessa alteração lacrimal, desenvolve-se um processo inflamatório progressivo da superfície ocular, de gravidade variada, mas que pode ocasionar inclusive cegueira; Ribeiro et al., 2008; Williams, 2008; Giuliano, 2013). Os principais sinais clínicos são: secreção mucoide a mucopurulenta, opacidade, pigmentação e vascularização corneana, hiperemia conjuntival, desconforto ocular, prurido, e ceratite ulcerativa (Carter & Coliz, 2002). O diagnóstico se baseia principalmente nos sinais clínicos e nos exames oftálmicos, como teste lacrimal de Schirmer, tempo de ruptura do filme lacrimal, nos testes de fluoresceína, rosa bengala e lissamina verde, além de citologia esfoliativa (Maggs, 2008; Miller, 2008). A etiologia exata da CCS é desconhecida, mas acredita-se ser multifatorial (Defante Junior, 2006). Essa afecção pode ser causada por deficiências qualitativas e quantitativas do filme lacrimal, sendo bilateral ou não (Freitas, 2009). A maioria dos casos são idiopáticos e ligados à diminuição da porção aquosa da lágrima associada a fatores imunomediados (Barnet & Sansom, 1985). A enfermidade também pode estar relacionada a doenças metabólicas (Hipotireoidismo, Diabetes mellitus e Hiperadrenocorticismo), cinomose, terapia sistêmica com sulfas, uso tópico prolongado com atropina, exérese da glândula da terceira pálpebra, 141

trauma orbital e supra-orbital e perda da inervação parassimpática das glândulas lacrimais, entre outras (Hartley, 2006). Tendo em vista que a CCS é uma enfermidade comum e que há carência de estudos epidemiológicos, objetivou-se realizar o levantamento dos casos de CCS em cães na região Norte Fluminense, RJ, avaliando a predisposição das raças, sexo e idade dos animais acometidos. Material e métodos O estudo foi desenvolvido no município de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro durante o período de março a agosto de 2015. Foram acompanhados casos clínicos oriundos do atendimento do Hospital Veterinário da Universidade Federal Norte Fluminense (UENF) e de clínicas veterinárias localizadas neste Município. Para a realização deste estudo, seguiram-se as normas da Association for Research in Vision and Ophthalmology (ARVO) e foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Campos dos Goytacazes, processo nº 539230-CEUA. Além disso, todos os proprietários assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido autorizando a participação dos seus animais no estudo. Foram utilizados 100 cães de sexo, raça, idade e pesos aleatórios. Todos os animais foram submetidos ao exame clínico. Em seguida, foi realizado o exame oftálmico completo, incluindo teste lacrimal de Schirmer-1 (TLS-1), tonometria de aplanação, teste de fluoresceína e fundoscopia indireta. Os pacientes que apresentaram alterações nesses exames ou alguma afecção ocular, exceto CCS, foram excluídos do grupo experimental. O TLS-1 foi realizado com auxílio de tiras de papel-filtro milimetradas (Teste de Schirmer Ophthalmos, Ophthalmos Indústria e Comércio de Produtos Farmacêuticos LTDA. Brasil). A extremidade de 5 mm da tira foi inserida no saco conjuntival inferior dos cães, durante sessenta segundos e, então, realizada a leitura imediata da porção umedecida pelo filme lacrimal. Os valores iguais ou maiores do que 15 mm/min foram considerados como normais (Herrera, 2008), entre 10-15 mm/min como CCS subclínica e valores abaixo de 10 mm/min foram considerados CCS moderada ou grave (Gellat, 2003). 142

Os animais foram separados em grupos de acordo com os valores no TLS-1 e com a lateralidade da afecção. Após processados esses dados, foram fechados apenas três grupos, com animais que apresentaram CCS moderada ou grave, subclínicos e sem CCS. Além disso, os dados de raça, idade e sexo foram catalogados a fim de avaliar a incidência dessa afecção de acordo com essas variáveis. Os dados obtidos foram registrados, codificados e tabulados no Microsoft Excel, sendo realizada a análise estatística de frequência e percentuais. Resultados Ocorrência de CCS Com relação à avaliação da produção lacrimal e da lateralidade da afecção, 76% (76/100) dos animais apresentaram valores superiores a 15 mm/min. O restante, 24% (24/100) apresentaram valores inferiores a 15 mm/min e foram diagnosticados com CCS, sendo: 11% (11/100) apresentaram valores entre 10 e 15 mm/min unilateral e 5% (5/100) bilateral; em 4% (4/100) os resultados foram inferiores a 10 mm/min bilateral e 4% (4/100) unilateral. Raça, sexo e idade Dentre os animais diagnosticados com CCS, 17% (4/24) foram da raça Yorkshire Terrier, 17% (4/24) Buldogue Francês, 17% (4/24) Poodle, 8% (2/24) Pinscher, 4% (1/24) Terrier Brasileiro, 4% (1/24) Shih Tzu, 4% (1/24) Daschshund, 4% (1/24) American Staffordshire, 4% (1/24) Shinauzer, 4% (1/24) Buldogue Inglês, além disso, 17% (4/24) dos cães eram sem raça definida. Trinta e três por cento (33/100) dos animais avaliados eram machos e 67% (67/100) fêmeas. Porém, 63% (15/24) dos animais com CCS eram fêmeas e 33% (9/24) machos. Com relação à idade dos animais com a afecção, 50% (12/24) dos cães apresentaram idade superior a sete anos, 37% (9/24) entre um e sete anos e 13% (3/24) até um ano de idade. Discussão A CCS é uma doença ocular inflamatória crônica, que pode causar graves consequências para a saúde ocular (Giuliano & Moore, 2007; Herrera, 2008). Porém ainda 143

faltam estudos sobre a incidência da afecção, sendo que não foram encontrados estudos epidemiológicos sobre essa enfermidade no estado do Rio de Janeiro. Dentre todos os animais avaliados nesse estudo, foram diagnosticadas algumas raças predisponentes segundo Stades (1999); Crispim (2002); Koch e Sykes (2002); Gelatt (2003) e Slatter (2005) como: Yorkshire Terrier; Shih-Tzu; Daschshund; Poodle; Shinauzer; Buldogue Inglês. Porém raças como Buldogue Francês; Terrier Brasileiro (Fox Paulistinha); American Staffordshire; Pinscher e os cães sem raça definida também foram diagnosticados com CCS nesse estudo. Com relação ao sexo dos cães diagnosticados com CCS notou-se maior índice nas fêmeas, estando em acordo com Stades (1999). A maioria dos animais acometidos apresentou idade superior a sete anos, demonstrando que a senilidade é um fator predisponente para o desenvolvimento da doença (Koch & Sykes, 2002; Gellat, 2003; Slatter, 2005; Colitz 2008). Conclusões Pode-se concluir que a CCS é uma afecção comum na região norte fluminense e que deve ser considerada como diagnostico diferencial para as demais afecções oftálmicas. Além disso, o TLS-1 deve ser realizado na rotina clínica a fim de se evitar o subdiagnóstico dessa doença. O diagnóstico desta afecção vem aumentando, em virtude do maior conhecimento sobre a doença e à medida que diminuem os casos de conjuntivites de origem desconhecida. A falta de informação epidemiológica de CCS no estado e a particularidade do seu perfil epidemiológico e do seu padrão de transmissão levam a necessidade de ampliação do conhecimento. Bibliografia BARNET, K. C.; SANSOM, J. Dry eye in the dog and its treatment. Transactions of the Ophthalmological Societies of the United Kingdom, v.104,p.465-466, 1985. BERDOULAY, A.; ENGLISH, R. V; NADELSTEIN, B. effect of topical 0,02% tacrolimus aqueous suspension on tear production in dogs with keratoconjunctivitis sicca. Veterinary Ophthalmology, v.8, n.4, p.225-232, 2005. 144

CARTER, R.; COLITZ, C. M. H. The causes, diagnosis, and treatment of canine keratoconjunctivitis sicca. Veterinary Medicine - Bonner Springs then Edwardsville, v.97, p.683-694, 2002. COLITZ, C. M. H. Doenças do sistema lacrimal. In: BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunders: Clínica de Pequenos Animais, 3.ed. São Paulo, 2008. Cap.139, p.151-155. CRISPIN, S. The lacrimal system. In: PETERSEN-JONES, S.; CRISPIN, S. (Eds.) BSAVA Manual of Small Animal Ophthalmology. 2ed. England: BSAVA. 2002, Cap.6, p.105-123. DEFANTE JUNIOR, A. Ceratoconjuntivite Seca em Cães. 2006. 43 f. Monografia (Pósgraduação Clínica Médica e Cirúrgica em Pequenos Animais) - Curso de Pós-Graduação em Clínica Médica e Cirúrgica em Pequenos Animais, Universidade Castelo Branco, Mato Grosso do Sul, 2006. FREITAS, M. L. V. R. P. Ceratoconjuntivite seca em cães. 2009. Rio Grande do Sul. 56 f. Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Veterinária, Porto Alegre, 2009. GELATT, K. N. Doenças e cirurgia da terceira pálpebra do cão. In. Manual de oftalmologia veterinária. São Paulo: Manole, 2003. Cap.4, p.73-94. GIULIANO, E. A. Diseases and surgery of the canine lacrimal secretory system. In: GELLAT, K.N.; GILGER, B.C.; KERN, T.J. Veterinary Ophthalmology. 5.ed. Iowa: Blackwell publishing, 2013. Cap.16, p.912-944. GIULIANO, E. A.; MOORE, C. P. Diseases and surgery of the lacrimal secretory system. In: GELATT, K.N. Veterinary Ophthalmology, 4 ed. Oxford: Blackwell Publishing, 2007. Cap.13, p.633-661. HARTLEY, C.; WILLIAMS, D. L.; ADAMS, V. J. Effect of age, weight, and time of day on tear production in normal dogs. Veterinary Ophthalmology, v.9, p.53-57, 2006. HERRERA, D. Oftalmologia Clínica em Animais de Companhia. São Paulo: MedVet Livros, 2008. 316p. 145

IZCI, C.; CELIK, I.; ALKAN, F. et al. Histologic characteristics and local cellular immunity of the gland of the third eyelid after topical ophthalmic administration of 2% cyclosporine for treatment of dogs with keratoconjunctivitis sicca. American Journal of Veterinary Research, v.63, n.5, p.688-694, 2002. KOCH, S. A.; SYKES, J. Keratoconjuntivitis sicca. In: RIIS, R. C. Small Animal Ophthalmology Secrets. Philadelphia: Hanley e Belfus, 2002. Cap.10, p.57-60. MAGGS, D. J. Basic diagnostic techiniques. In: MAGGS, D. J.; MILLER, P. E.; OFRI, R. (Ed). Slatter's Fundamentals of Veterinary Ophthalmology. 4.ed. St Louis: Elsevier, 2008. p.81-106. MILLER, P. E. Lacrimal system. In: MAGGS, D. J.; MILLER, P. E.; OFRI, R. (Ed). Slatter's Fundamentals of Veterinary Ophthalmology. 4.ed. St Louis: Elsevier, 2008. p.157-174. OFRI, R.; LAMBROU, G. N.; ALLGOEWER, I. et al. Clinical evaluation of pimecrolimus eye drops for treatment of canine keratoconjunctivitis sicca: a comparison with cyclosporine A. The Veterinary Journal, v.179, p.70-76, 2009. RIBEIRO, A. P.; BRITO, F. L. C.; MARTINS, B. C et al. Qualitative and quantitatives tear film abnormalities in dogs. Ciência Rural, v.38, n.2, p.568-575, 2008. ROSA, A. S. Utilização do etil-cianoacrilato no tratamento da ceratoconjuntivite seca através da obstrução do ducto nasolacrimal de cães. 2011. 65f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária, Ciências Clínicas) - Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2011. SLATTER, D. Sistema Lacrimal. In. Fundamentos de Oftalmologia Veterinária. São Paulo: Roca, 2005. Cap.10, p.259-282. STADES, F. C.; BOEVÉ, M. A.; NEUMANN, W. et al. Aparelho lacrimal. Fundamentos de Oftalmologia Veterinária. São Paulo: Manole, 1999. p. 54-58. WILLIAMS, D. Immunopathogenesis of keratoconjunctivitis sicca in the dog. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, v.38, n.2, p.251-268, 2008. 146