A UTILIZAÇÃO DO SIG PARA VERIFICAÇÃO DAS PRODUÇÕES AGRÍCOLAS DOS DISTRITOS DE LONDRINA - PARANÁ

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Transcrição:

A UTILIZAÇÃO DO SIG PARA VERIFICAÇÃO DAS PRODUÇÕES AGRÍCOLAS DOS DISTRITOS DE LONDRINA - PARANÁ Marcel Saab Rodrigues Manaia Aluno do Programa de Mestrado em Geografia Universidade Estadual de Londrina Email: marcelbiriba@hotmail.com Nathália Prado Rosolém Aluna do Programa de Mestrado em Geografia Universidade Estadual de Londrina Email: nathalia_rosolem@hotmail.com 1 INTRODUÇÃO A sociedade humana demonstrou nos últimos anos um enorme avanço técnico, o que fez com que entrássemos no que Milton Santos chama de meio técnico-científicoinformacional, ou seja, o espaço das paisagens cientificizadas e tecnicizadas (SANTOS, 2003, p. 162), meio em que a ciência, a técnica e a informação estão na base do funcionamento, produção, utilização e remodelação do espaço, sendo a informação o motor primordial do processo social. Esta evolução técnica pode ser perceptível na Geografia, pela utilização de novas ferramentas que auxiliam na coleta de dados sobre a distribuição geográfica de inúmeros aspectos como, a disponibilidade de recursos minerais, a divisão de propriedades, o nível de urbanização e os distintos usos do solo, entre outros. Com a introdução da informática, a partir do final da primeira metade do século XX a cartografia passou a ser assessorada pelo computador em todas as etapas, evoluindo até os dias de hoje. Com o avanço das tecnologias digitais, se desenvolveu uma multiplicidade de softwares que auxiliam a cartografia a criar soluções rápidas e sofisticadas para a construção de mapas temáticos, e é neste contexto que se insere a criação do SIG (Sistema de Informações Geográficas) e de métodos conceituais de análise do espaço de possibilidades de mapeamentos quantitativos. Atualmente, uma das técnicas mais utilizadas para a realização destas atividades é o Geoprocessamento que pode ser compreendido como o: [...] conjunto de atividade que lidam com aquisição tratamento, interpretação e análise de dados sobre a Terra e caracteriza-se por aplicações transdisciplinares em diversas áreas, apoiadas pela 1

Tema 2 - Expansão e democratização das novas tecnologias em Geografia Física: aplicações emergentes utilização de tecnologias de ponta como satélites de obserção da Terra, sensores remos, e coleta de dados através de sistema GPS entre outros. (TIMBÓ, 2001, p.19) O Geoprocessamento possui ferramentas computacionais como o Sistema de Informação Geográfica (SIG) que nos permitem a realização de análises mais complexas, em que se podem integrar dados de diversas fontes e por meio da criação de um banco de dados georeferrenciados torna possível ainda, a automatização da produção de documentos cartográficos. Segundo Carvalho e Silva (2006), o SIG é um importante instrumento de análise, visualização e interpretação do dado geográfico. O impacto desta tecnologia na geografia e em áreas afins tem sido muito grande, no qual tem muito a oferecer para se entender, apreender e explicar o espaço geográfico por meio de teorias e técnicas adequadas. O SIG dispõe aos pesquisadores uma diversidade de softwares que armazenam, manipulam e projetam mapas digitais, associando a um banco de dados informativo, que auxilia o pesquisador a gerar soluções para os problemas de análise do planejamento urbano e com isso melhor analisar seu objeto de estudo. Esta ferramenta tem sido cada vez mais utilizada para se analisar o espaço geográfico em questão e por ser um instrumento versátil, apresenta uma capacidade de capturar, armazenar, recuperar, transformar e representar espacialmente os dados do mundo real. (BARROS; BARROS; CAVIGLIONE, 2001) Os softwares de um SIG são específicos para a sua utilização no tratamento e na manipulação de dados referentes ao espaço, sendo constituído por diferentes módulos e executa diversas funções, tendo como exemplo: AUTOCAD MAP, ARC INFO, ARC VIEW, IDRISI, MAPINFO, MAXICAD, SPRING e VISION. O SPRING citado é um software gratuito desenvolvido dentro de um projeto realizado pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e DPI (Divisão de Processamento de Imagens) com a participação de alguns órgãos de pesquisa como EMBRAPA/CNPTIA, IBM Brasil, TECGRAF e PETROBRÁS que contou com o financiamento do CNPq por meio do projeto GEOTEC. (INPE, 2009) O SPRING oferece aos seus usuários um ambiente unificado entre o Geoprocessamento e o Sensoriamento Remoto que podem ser aplicados em trabalhos urbanos e ambientais. Este software é um importante aplicativo utilizado em projetos que tenham como objetivo a construção de um sistema de informações geográficas em diversas 2

temáticas aplicáveis como Agricultura, Floresta, Gestão Ambiental, Geografia, Geologia, Planejamento Urbano e Regional. Desta maneira, é possível utilizarmos do Geoprocessamento e do respectivo SIG para compreendermos as modificações que ocorrem no espaço. No caso deste presente trabalho, para o entendimento de, em que proporção e quais são as produções agrícolas realizadas nos oito Distritos de Londrina. Londrina é uma cidade de porte médio localizada na Região Sul do Brasil, no norte do estado do Paraná, possui, segundo informações do IBGE (2008), 505.184 habitantes e apresenta oito Distritos rurais, sendo eles, Espírito Santo, Guaravera, Irerê, Lerroville, Maravilha, São Luiz, Paiquerê e Warta. Cada um destes Distritos com distintas especialidades que ocorrem devido principalmente as diferentes produtividades espaciais. Entendemos aqui apoiado em Santos (2003, p. 166) que a produtividade espacial pode ser compreendida como a noção que se aplica a um lugar, mas em função de uma determinada atividade ou conjunto de atividades, categoria que se refere com maior vigor ao espaço produtivo, o que Santos (2006) indica sendo o trabalho do espaço e que mesmo assim, não minimiza a importância das características naturais do lugar. Este presente trabalho tem como objetivo geral então, a utilização das técnicas do Geoprocessamento e do respectivo SIG para compreender quais são as diferentes produções agrícolas que ocorrem nos distintos Distritos de Londrina, para que assim, se possa perceber se há uma relação entre os tipos de cultivos com as especificas produtividades espaciais de cada um. 2 DESENVOLVIMENTO Apesar de inúmeros estudos e contribuições envolvendo o pensamento da Geografia Urbana, tanto clássica quanto contemporânea, existe ainda uma lacuna quando se discute os Distritos Rurais. Muitos célebres pensadores trabalharam com a urbanização, suas hierarquias e intercomunicações, porém não se aprofundaram na discussão sobre a interface do o campo e da cidade, da qual os distritos são a melhor expressão. Pode-se inferir que a ausência de um debate específico sobre os distritos se inscreve na lógica do esquecimento coerente próprio à escolha da escala, como demonstram de maneira conjunta Racine, Raffestin e Ruffy (1980). 3

Tema 2 - Expansão e democratização das novas tecnologias em Geografia Física: aplicações emergentes Para tais autores a escala pode ser vista como um filtro que empobrece a realidade, porque privilegia aquilo que é pertinente em relação ao objetivo da pesquisa em detrimento de outras variáveis. Porém, para a satisfação dos estudiosos desta escala geográfica, existem alguns poucos trabalhos que tratam da análise dos Distritos, como é o caso do trabalho de França, Pinese, Buchmann, Alves (2009) que por meio do SIG realizou o recadastramento rural e urbano do distrito da Warta. Para a realização desta atividade os autores utilizaram da carta topográfica de Sertanópolis (IBGE/1991) com escala de 1:50.000, junto a imagem de satélite SPOT 5, sensor HRG, modo espectral Supermode, com banda única, resolução espcial de 5m e com data de passagem em 11 de novembro de 2004. O trabalho iniciou-se com a elaboração da estrutura de um banco de dados com informações referentes aos cadastros imobiliários e mobiliários, dados dos proprietários e socioeconômicos, para os lotes urbanos e dados cadastrais de certidão e dos proprietários, com suas respectivas benfeitorias e equipamentos e relações de trabalho para os lotes de área rural. Em posse do banco de dado estruturado, os autores atualizaram e corrigiram a base cartográfica fundiária pré-existente por meio do AUTOCAD e logo após pela sobreposição desta base importada no SPRING para encontrar os possíveis erros. Após as correções e atualizações da base fundiária, começaram as coletas de dados na zona rural. Foram coletados dados cadastrais não encontrados em cartório, além de dados de produção, benfeitorias, equipamentos, divisas, área de reserva legal, preservação permanente, e outros aspectos físicos da paisagem que facilitaram a identificação do imóvel e que proporcionaram uma base para apoio à produção e divulgação das potencialidades de cada propriedade, de forma precisa, aliada à caracterização ambiental da paisagem. (FRANÇA, PINESE, BUCHMANN, ALVES, 2009, p. 3820). França, Pinese, Buchmann, Alves (2009) realizaram a sobreposição da base cartográfica da área urbana com a imagem orbital, em que os polígonos que eram referentes aos lotes foram ajustados a um geo-objeto em plano de informação. Com a criação dos geo-objetos, foram produzidas tabelas externas no Microsoft Acess e convertidas em DBASE IV, para a então produção dos mapas de uso do solo rural por meio do SPOT 5 e com auxílio de trabalhos de campo. Por fim, realizaram a delimitação e o registro da imagem orbital, que passou pelo processo de pré-tratamento digital para a classificação e mapeamento em hectares 4

por lote, seguindo as respectivas ocupações: produção de cana-de-açúcar, olericultura, café, fragmento floresta, culturas anuais, campos, amendoim, frutas, pastagem, área construída e múltiplo uso. Outra análise que mesmo não estudando Distritos auxilia para a realização deste trabalho com uma classificação digital da área produzida é o de Motta, Fontana, Weber (2001). Estes autores expuseram uma estimativa de área cultivada com soja através de classificação digital com imagens LANDSAT TM-5 de uma área localizada no noroeste do Rio Grande do Sul, região de grande volume de produção de soja no Estado. Para a realização deste trabalho os autores adquiriram imagens das datas de 29 de janeiro de 2000 e 05 de fevereiro de 2000, época em que há o pleno desenvolvimento das plantas de soja na região. Os parâmetros utilizados pelos autores realizarem o georeferenciamento das imagens de satélite foi obtido por pontos de controle identificados na imagem, com o uso de cartas elaboradas pela Diretoria de Serviço Geográfico do Exército (DSG), com uma escala de 1:250.000 e projeção Universal Transversa de Mercator (UTM). Os autores classificaram digitalmente as imagens por meio de um algoritmo de classificação não supervisionado, denominado ISODATA. Sendo necessária neste processo a especificação inicial do número de classes pretendidas, a distância mínima do desvio padrão do pixel em relação a média da classe e também o número mínimo de pixel em cada um das classes. Assim que terminado o processo de classificação, foram selecionadas pelos autores algumas lavouras de soja de diferentes tamanhos e localizações cujas áreas vizinhas eram cultivadas por outro tipo de exploração E por fim: Para verificação da sua área real, foi realizado trabalho de campo, onde as lavouras selecionadas, em número de 24, foram medidas, integralmente, com o GPS de precisão topográfica MAGELLAN Promark X-CM EURO. (MOTTA; FONTANA; WEBER, 2001, p.4) Desta maneira, foi possível a verificação da estimativa de área de cultivo de soja pelo processo de classificação digital das imagens com a utilização do LANDSAT realizado por meio da análise de regressão linear entre as diferentes áreas obtidas pelos dois métodos, sendo também, verificada a significância do coeficiente de determinação. 5

Tema 2 - Expansão e democratização das novas tecnologias em Geografia Física: aplicações emergentes 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Por meio da análise das duas pesquisas discutidas no decorrer deste trabalho é possível notar a existência de algumas contribuições que analisaram a utilização do SIG para verificação das produções agrícolas em diferentes escalas. Deste modo, podemos utilizar desta nova tecnologia para ter maior conhecimento sobre o uso do solo em diferentes áreas, podendo assim, compreender a efetiva produtividade espacial do local. Como já era discutido por Câmara e Davis (2001), o Brasil, um país de dimensão continental que apresenta uma grande carência de informações adequadas sobre os problemas urbanos, rurais e ambientais, deve se apoiar no Geoprocessamento que demonstra um custo relativamente baixo para que todos possam ter contato cada vez mais com a realidade dos diferentes espaços brasileiros. 6

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROS, M. V. F.; BARROS, O. N. F.; CAVIGLIONE, J. H. SIG: uma ferramenta útil na análise urbana. In: ARCHELA, R. S.; FRESCA, T. M.; SALVI, R. F. (org.). Novas tecnologias. Londrina: Editora UEL, 2001. p. 13-36 (Série Geografia em Movimento, n. 1). BARROS, O. N. F.; BARROS, M. V. F.; CAVIGLIONE, J. H. Uma proposta para implantação do SIG na cidade de Londrina. Geografia, Londrina, v. 10, n. 2, 2001, p. 211-224. CARVALHO, S. S. de; SILVA, B. C. N. Os sistemas de informação geográfica e a questão geográfica. Geonordeste, Ano XV, nº 1, 2006, p. 50-69. DAVIS, C.; CÂMARA, G. Introdução: Por que Geoprocessamento, São José dos Campos, 2001. Disponível em: http://www.geologia.ufpr.br/graduacao/geoprocessamento2007/cap1introducao.p df. Acesso em 16 out 2009. INPE. O que é o SPRING? Disponível em: http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/index.html. Acesso em: 19 set. 2009. MOTTA, J. L. G.; FONTANA, D. C.; WEBER, E. Verificação da acurácia da estimativa de área cultivada com soja através de classificação digital em imagens Landsat, Anais X SBSR, Foz do Iguaçu, 21-26 abril 2001, INPE, p.123-129, Disponível em http://marte.dpi.inpe.br/col/dpi.inpe.br/lise/2001/09.13.11.01/doc/0123.129.055.p df. Acesso em 16 out 2009. PINESE, J. P. P.; BUCHMANN, A. C.; ALVES, E. A.; Estruturação do SIG-WARTA para realização do recadastramento rural e urbano do distrito da Warta, Londrina Paraná, Anais XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, 25-30 abril 2009, INPE, p. 3817,3824. RACINE, J. B. ; RAFFESTIN, C.; RUFFY, V. Escala e ação, contribuições para uma interpretação do mecanismo de escala na prática da geografia. Transcrito de Geographica Helvetica, 1980, v. 35, n 5. SANTOS, M. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. 2. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. 7