ALGODÃO BRANCO E COLORIDO SUBMETIDO À ADUBAÇÃO SILICATADA: QUALIDADE DA FIBRA Lúcio Bastos Madeiros (UFCG / lucioagron@gmail.com), Wagner Walker de Albuquerque Alves (UFCG), Ruben Guilherme da Fonseca (Embrapa Algodão), José Valmir Feitosa (UFC). RESUMO - Objetivou-se com esta pesquisa estudar o efeito da adubação silicatada sobre 5 cultivares (Camaçari, BRS 201, CNPA 8H, BRS 200 Marrom e BRS Verde) submetidos a 5 níveis de silício (0,0; 1,1; 2,2; 3,3; 4,4 g de SiO 2 por vaso de 25 kg), fatorial 5 X 5, no delineamento inteiramente ao acaso com 3 repetições. Avaliou-se o peso médio, comprimento, uniformidade, índice de fibras curtas, resistência, alongamento à ruptura e reflectância das plumas de algodão. Os resultados foram semelhantes no comprimento, na uniformidade e no índice de fibras curtas em todos os tratamentos. O peso de plumas não resultou em uma tendência, porém o maior valor (4,07 g) foi obtido com a cultivar BRS 201 no nível 1,1 g SiO 2. Resistência de fibra e alongamento à ruptura também não foi verificada uma tendência, no entanto a cultivar BRS 200 Marrom obteve os maiores valores 36,97 g tex -1 e 12,4 %, respectivamente, no nível 3,3 g SiO 2. O alongamento à ruptura da fibra do algodão foi maior quando se aplicou 4,4 g SiO 2 em todas as cultivares. Entre as cultivares de algodão colorido, a BRS 200 Marrom obteve melhor reflectância com 40 % no nível 2,2 g SiO 2. Palavras-chave: silício, algodão, pluma WHITE AND COLORED COTTON SUBMITTED TO SILICATE FERTILIZATION: LINT QUALITY ABSTRACT - The objective of this research was to study the effect of silicate fertilization on 5 cultivars (Camaçari, BRS 201, CNPA 8H, BRS 200 Marrom and BRS Verde) submitted to 5 levels of silica (0.0, 1.1, 2.2, 3.3 and 4.4 g SiO 2 per pot of 25 kg), in a completely randomized design (5 x 5 factorial). Evaluated on mean weight, length, uniformity, index of short lints, strength, rupture and reflectance of cotton. Similar result were observed for all treatments in length, uniformity and in index of short lints for cotton cultivars. The weight of lint did not show a definite tendency, however, the highest value (4.07 g) was obtained for cultivar BRS 201 in 1.1 level and differed in relation to 0.0 and cultivars Camaçari, BRS 200 Marrom and BRS Verde. Lint strength and elongation to rupture also did not verify a tendency, although, in cultivar BRS 200 Marrom highest value of 36.97 g tex -1 and 12.4 %, respectively, in level of 2.2. High levels of silica (4.4) resulted in high rupture of cotton lint. The best reflectance of colored cotton cultivars was observed in BRS 200 Marrom with 40 % in level of 2.2. Key words: silica, cotton, lint INTRODUÇÃO O algodão é um dos principais produtos agrícolas brasileiros de exportação desta forma, a melhoria na qualidade da fibra é um dos fatores que está impulsionando o algodão nacional no mercado externo (GAZETA MERCANTIL, 2005). O algodão possui a fibra vegetal de maior utilização pelo homem contemporâneo, de fácil adaptação a diversas condições de solo e clima, a mesma representa um grande impacto social quanto a geração de empregos. Sua fibra possui varias
aplicações no ramo industrial como: confecção de fios para a tecelagem, estofamentos e chapas para radiografia (CORREA, 1989). As características tecnológicas da fibra, apesar de serem condicionadas por fatores hereditários, sofrem decisiva influência dos fatores ambientais, conforme as situações de cultivo, alguns incontroláveis como as condições climáticas e outros passíveis de controle, como a fertilidade do solo, a incidência de pragas e o aparecimento de doenças (KONDO e SABINO, 1989). Estudos realizados na China e USA, segundo Lima Filho (2005), mostraram que o silício possa ter um papel na formação e no alongamento da fibra e, possivelmente, no desenvolvimento da parede secundária, daí há de se realizar novos estudos quanto a qualidade da fibra do algodão. Assim, o objetivo dessa pesquisa foi estudar o efeito da adubação silicatada (Silicato de cálcio e magnésio) sobre peso médio, comprimento, uniformidade de comprimento, índice de fibras curtas, resistência, alongamento e reflectância do algodão. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido com vasos, em casa de vegetação do Departamento de Engenharia Agrícola e Ambiental UFCG Campina Grande PB. Foram testados cinco níveis de silício (0,0; 1,1; 2,2; 3,3; 4,4 g SiO 2 por vaso de 25 kg) e 5 cultivares (Camaçari, BRS 201, CNPA 8H, BRS 200 Marrom e BRS Verde), usando o delineamento inteiramente ao acaso, com 4 repetições. Após 140 dias de germinação, os capulhos foram colhidos para análise da fibra. As variáveis avaliadas envolvendo uma melhor qualidade da fibra obedeceram às normas ISO 139 cujas amostras de pluma permaneceram 24 horas no Laboratório de Tecnologia de Fibras e Fios da Embrapa Algodão, para aclimatização (BOLSA DE MERCADORIAS E FUTUROS, s.d.; FONSECA, 2003), após este procedimento, determinaram-se, pelo equipamento HVI (High Volume Instruments) sete características intrínsecas da fibra, quais sejam: comprimento, uniformidade de comprimento, índice de fibras curtas, resistência, alongamento à ruptura, reflectância e índice de fiabilidade. Os resultados foram interpretados com base em SANTANA e WANDERLEY (1995). RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 verifica-se a análise de variância para os parâmetros tecnológicos da fibra do algodão, onde se observa que houve efeito significativo entre as cultivares para as variáveis peso médio de plumas, comprimento, resistência, alongamento e reflectância, já para as variáveis, uniformidade de comprimento e índice de fibras curtas não houve efeito significativo entre as cultivares testadas. Para as doses de silício no solo houve efeito significativo para as variáveis, comprimento, uniformidade de comprimento, resistência e alongamento, onde observa-se nas figuras 4, 5 e 6 as médias onde verifica-se que não houve uma tendência significativa a nenhum modelo matemático. Não houve, efeito das doses de silício nas variáveis restantes peso médio de plumas, índice de fibras curtas e reflectância. Para a interação dos dois fatores estudados, só houve efeito significativo para a resistência à ruptura. Tabela 1. Análise de variância do peso médio de pluma (PM), comprimento (COMP), uniformidade de comprimento (UNI), índice de fibras curtas (IND), resistência (RES), alongamento (AL) e reflectância do algodão (REF), Campina Grande, 2005.
Quadrados Médios FV GL PM COMP UNI IND RES AL REF Cultivares 4 6,832** 6,367* 5,353 ns 0,445 ns 211,652* 14,276** 8,238** Níveis de Si 4 1,497 ns 8,533** 8,353* 1,234 ns 26,345** 4,020* 0,5 ns Cultivares x Níveis 16 0,728 ns 3,442 ns 4,170 ns 0,513 ns 19,043** 2,073 ns 0,578 ns Resíduo 50 0,646 2,040 2,707 0,641 9,919 1,486 0,391 CV(%) 27,58 4,69 1,93 22,55 10,73 12,82 13,54 Níveis Cinco níveis de silício (0,0; 1,1; 2,2; 3,3; 4,4 g de SiO2 por vaso de 25 kg); Cultivares Cinco cultivares de algodão (Camaçari, BRS 201, CNPA 8H, BRS 200 Marrom e BRS Verde) */**/ ns significativo aos níveis de 5 e 1% e não significativo respectivamente. Entre as cultivares o peso médio de plumas foi maior para a cultivar BRS 201 com 4,07 g diferindo estatisticamente em relação às outras cultivares Camaçari, CNPA 8H, BRS 200 e BRS Verde. Para as variáveis resistência de fibra e alongamento à ruptura, a cultivar BRS 200 Marrom obteve os maiores valores 36,97 g tex -1 e 12,4 %, respectivamente, diferindo estatisticamente em relação às outras cultivares. Foi observado que a aplicação de doses elevadas de silício (4,4 g SiO 2 ) resultou em maior alongamento à ruptura da fibra do algodão em todas as cultivares (Fig. 1). A menor reflectância, entre as cultivares de algodão colorido (Fig. 2), foi verificado na BRS 200 Marrom com valor de 40 % no nível 2,2 g SiO 2, porém diferindo apenas do nível 0,0 g de SiO 2. Entre as cultivares de fibra branca, houve semelhança entre os tratamentos (Fig. 3). Alongamento à ruptura (%) 14 12 10 8 6 4 2 0 Nív eis de silício (g SiO2 por v aso) Figura 1. Doses de silício sobre o alongamento à ruptura.
Cultivares de Algodão Colorido Reflectância (%) 80 70 60 50 40 20 10 0 69 62 59 60 56 49 44 45 40 43 Níveis de silício (g SiO 2 por vaso) Marrom Verde Figura 2. Doses de silício sobre a reflectância de cultivares de fibras verde e marrom. Cultiv ares de Algodão Branco Reflectância (%) 85 80 75 70 65 60 81 81 79 80 79 81 79 76 76 77 69 80 79 79 78 Nív eis de silício (g SiO2 por v aso) Camaçari BRS201 CNPA8H Figura 3. Doses de silício sobre a reflectância de cultivares de fibra branca. 34 Comprimento (mm) 33 32 28 27 33 33 32 32 28 Níveis de silício (g SiO2 vaso-1) Figura 4. Doses de silício sobre o comprimento da fibra do algodão.
88 Uniformidade (%) 87 86 85 84 83 82 81 86,57 86,13 85,73 85,43 83,73 87,13 85,43 84,97 84,63 83,90 85,83 85,17 84,47 83,63 82,00 85,80 84,40 84,20 83,57 82,90 86,73 86,33 85,73 85,57 84,87 Níveis de silício (g SiO2) Figura 5. Doses de silício sobre a uniformidade da fibra do algodão. Alongamento à ruptura (%) 13 12 11 10 9 8 7 6 12,37 11, 10,97 10,77 10,47 10,47 10,40 11,27 9,73 9,87 8,97 9,13 9,33 8,90 9,43 9,27 8,87 9,03 8,53 8, 8,13 8,07 8,00 8,13 7,97 Níveis de silício (g SiO2 vaso-1) Figura 6. Doses de silício sobre o alongamento a ruptura da fibra (%) do algodão. CONCLUSÕES 1 - Comprimento, uniformidade, índice de fibras curtas, peso médio de plumas, resistência de fibra e alongamento à ruptura das cultivares tiverem resultados semelhantes entre os tratamentos; 2 - O alongamento à ruptura da fibra do algodão foi maior quando se aplicou 4,4 g SiO 2 em todas as cultivares. Entre as cultivares de algodão colorido, a cultivar BRS 200 Marrom obteve a melhor percentagem (40 %) de reflectância quando se aplicou 2,2 g SiO 2.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS GAZETA MERCANTIL. Panorama setorial. Segunda-feira, 20 de abril de 2005, p. A14, disponível em:: <www.panoramasetorial.com.br>. KONDO, J. I.; SABINO, N. P. Classificação tecnológica do algodão. v. 2. Campinas: Instituto Agronômico, 1989. 42 p. BOLSA DE MERCADORIAS E FUTUROS. Resultados de testes no HVI e sua interpretação. São Paulo, s.d. não paginado. CORRÊA, J. R. V. Algodoeiro: informações básicas para seu cultivo. Belém: EMBRAPA UEPAE, 1989. p. (Documento, 11). FERREIRA, P. V. Estatística experimental aplicada à agronomia. 3.ed. Maceió: EDUFAL, 2000. 421 p. FONSECA, R. G. da. Análise de fios equipamentos e aspectos relevantes de qualidade. Campina Grande: EMBRAPA CNPA, 2003. (Circular Técnica, 69). LIMA FILHO, O. F. de. Produtividade e manejo do solo: o caso do silício. Embrapa Agropecuária Oeste. Disponível em: http://www.socitrus.com.br/silicio.htm SANTANA, J. C. F. de; WANDERLEY, M. J. R. Interpretação de resultados de análise de fibras efetuadas pelo instrumento de alto volume (HVI) e pelo finurímetro-maturímetro (FMT2). Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, 1995. 9p. (Comunicado Técnico, 41).